The Vision and the Scarlet Witch Show escrita por Vanilla Sky


Capítulo 2
Ato I – Parte 2 – Wanda


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, gente!
Quando postei o primeiro capítulo, já tinha boa parte do segundo escrito, por isso resolvi adiantar e postar hoje, hehe.
Espero que eventuais leitores estejam bem ^^
Os capítulos dessa fanfic são beeem compactos, e para mim esse modelo será melhor para postar o máximo possível antes da série!
A ideia inicial era escrever somente três grandes capítulos, mas resolvi fragmentar e trazer mais coisas que queria trabalhar. Espero que estejam gostando do arco da Wanda!
Aproveitem o capítulo ♥



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O doce cheiro de lírios acordou Wanda naquela tarde de sexta-feira. Coçando os olhos com as mãos, ela sentiu uma presença muito familiar ao seu lado, tão próximo que ela podia perceber ainda que não estivesse completamente desperta. Com a palma da mão, ela tateou o corpo adjacente e o abraçou, aninhando-se no seu colo, e, em resposta, recebendo um delicado beijo na testa.

— Acordei você?

Visão ainda estava com as roupas de super-herói, deitado na ponta oposta da cama em que Wanda tão pacificamente dormia. Ela moveu o corpo um pouco para o lado, subindo no tronco dele, encostando o estômago no seu abdômen sintético e negando com a cabeça, um sorriso travesso nos lábios.

— Essa mudança de fuso que não me dá um horário certo para descansar, sabe?

“Não, Wanda, é lógico que ele não sabe. Ele é um robô. Não vai saber da mudança de fuso.”

— ... Você sabe que eu consigo ler sua mente, não é?

— Oh, não. – Wanda riu e se acomodou no colo de Visão, encaixando seu rosto na pele sintética de seu pescoço. – Você vai descobrir todos os meus planos malignos de dominação mundial.

— Esses eu já sei. Todos. – Ele levou a mão ao queixo da moça, levantando o rosto para que ela o encarasse. – Mas eu entendo da mudança de fuso, pois essa exata mesma mudança que não a deixa dormir também me faz esperar mais para ver você.

O mais doce dos sorrisos brotou nos lábios de Wanda, os olhos semiabertos dado o sono possuindo seu corpo. Ela se aproximou do rosto dele, e viu que o sintozóide fazia o mesmo, roçando os lábios deles devagar, a sensação de calor subindo pelo peito da moça quando finalmente o beijou. Era um beijo delicado e sem pressa, pois, naquele instante específico, eles tinham todo o tempo do mundo para deixar o amor se alastrar por seus corpos e sentir o aconchego que um trazia ao outro, especialmente depois de tantos meses pela estrada.

— Gostou do arranjo de lírios?

— Uhum...

Um estalar de dedos repetido três vezes trouxe Wanda de volta, vendo uma mulher na faixa dos 30 anos irritada na frente do balcão.

— Terra para Wanda! – Sua voz estridente soou pela loja, levemente irritada pela moça estar novamente sonhando acordada no trabalho. – Perguntei se você gostou do arranjo de lírios.

O nariz arrebitado de Wanda logo sentiu o aroma familiar vindo de um vaso nas proximidades, ao final da grande bancada de madeira. O recipiente azul combinava com as flores, e fê-la lembrar do próprio cachepô com os lírios que recebera de Visão em uma das viagens pela Europa cerca de um ano e meio antes.

Seu próprio grito advindo do sonho da noite anterior ainda ecoava em sua mente, mas ela sabia que, se quisesse ter alguma independência e não depender da família de Clint para sempre, precisava daquele emprego, portanto, devia evitar problemas que envolvessem o uso desmedido de seus poderes. Ela considerou até mesmo fácil ter um trabalho, já que não eram todos que gostariam de empregar uma imigrante Sokoviana que nem ao menos possuía visto de permanência estadunidense, porém que as autoridades não incomodavam em respeito à sua utilidade na batalha contra Thanos.

Quando foi fazer a entrevista com uma mulher um pouco mais velha que ela, Wanda estranhou ser a única candidata para a vaga de atendente do balcão. Foi recebida com um sorriso sincero de Agnes, dona de uma loja de livros pequena no meio da cidade. Parecia uma ilha, uma pequena casa de madeira perdida no meio do mar de prédios e construções de concreto da cidade. Com certeza ela percebeu o tremor na voz de Wanda, as mãos escondidas sob o casaco, o terror estampado nos olhos dela, temendo ser descoberta como a antiga integrante dos Vingadores a qual precisara viver exilada por um longo período; mas resolveu não se manifestar sobre isso, oferecendo a vaga como se Wanda tivesse sido escolhida por uma força superior.

E talvez tivesse, mesmo.

— Os lírios estão lindos, Agnes. E muito cheirosos.

Contente com a resposta, ela curvou os lábios em um sorriso.

— Como está o movimento na livraria hoje? Tudo tranquilo? A mulher que encomendou a coleção de Cinquenta Tons de Cinza voltou para buscar o box?

Wanda escondeu uma risada, conferindo o extrato do caixa.

— O movimento está bem tranquilo. E a mulher chegou aqui uns cinco minutos depois de mim para buscar o box.

 – Ela parecia meio desesperada, mesmo.

Wanda devagar fechou um exemplar de “Orgulho e Preconceito” aberto na bancada em sua frente. Nos dias mais calmos, ela gostava de escolher algum exemplar e folhear as páginas sem pressa, imaginando cada detalhe da história. Agnes espiou por cima do balcão e disse, antes de levar as sacolas em suas mãos para os fundos da loja:

— Esse livro é bom.

Levantando-se da banqueta de madeira, Wanda pegou o livro e levou-o de volta para as estantes, tateando com os dedos as lombadas das diversas obras expostas até achar o local correto para devolvê-lo.

— É muito bom, sim. Lembro de já ter folheado algumas vezes, mas deve ser a primeira vez que realmente leio.

O suave aroma dos lírios brancos logo cedeu espaço ao cheiro das páginas de livros novos empilhados pelo local. A livraria era pequena, com somente um corredor em formato de “U” e duas grandes prateleiras que iam do chão ao teto branco, com vários exemplares best sellers expostos em ilhas pelo meio do caminho até os fundos da loja, onde Wanda e Agnes possuíam uma pequena sala para almoçar e guardar seus pertences. A moça aproveitou a ausência de clientes no interior do estabelecimento para sentar-se sobre um aparador o qual não possuía nenhum livro e escutar as palavras de sua chefe.

—  Já achou seu Sr. Darcy, Wandinha?

Para Wanda, desacostumada a ter contato tão próximo com as pessoas, o jeito amável que Agnes a tratava era um sopro de ar fresco o qual trazia certa ansiedade em seu peito. Os apelidos, sorrisos amáveis, não procurar saber mais sobre sua vida pretérita e ter confiança suficiente para deixá-la sozinha em sua loja pareciam demais para duas pessoas com mera relação profissional. Ela riu, sem graça, da pergunta de Agnes, e disse enquanto mirava o outro lado:

— Já, sim.

— Mesmo? Fico feliz por vocês! E como é seu pretendente, hein? – Ela passou ao lado de Wanda e caminhou em direção ao balcão, cutucando a moça com o cotovelo em seu braço repousado sobre os joelhos. Wanda estranhou a ausência de broncas por ela estar sentada tão próximo dos livros.

— Ele é legal. Sintético.

Agnes arqueou as sobrancelhas em surpresa, contudo, deu uma gargalhada sonora em seguida.

— Vocês jovens são tão engraçados! É uma época da vida tão maravilhosa, estar apaixonada por uma pessoa legal... – Sua expressão logo mudou, e ela externou um certo asco. – Mas eu não sirvo para essas coisas, por isso resolvi ficar sozinha.

Por sua vez, Wanda torceu os lábios, evitando olhar diretamente para Agnes.

— Acho que meu destino é ficar sozinha, também.

Com passos largos, a outra mulher se aproximou com olhar de pesar, o jeito de olhar que Wanda mais odiava no mundo, e pousando a mão sobre seu braço coberto por uma blusa preta de manga comprida. Sem perceber, os dedos de Wanda envolveram o tecido da roupa, as unhas esbranquiçadas pela força exercida. Ela jamais poderia contar a qualquer pessoa do que realmente se passara, apesar de a cena ainda permanecer vívida em sua mente dia após dia.

— Olha, querida... – Ela exibiu um sorriso de canto de boca. – Não existe nada no mundo que não possa ser resolvido com um pouquinho de magia.

Torcendo para que Agnes nunca mais tocasse nesse assunto, Wanda afirmou com a cabeça e olhou através da janela o movimento da rua o final daquela tarde. O nome da livraria, estampado no vidro da frente, não escondia o sol se pondo por trás dos prédios, trazendo um brilho melancólico para aquele final da tarde. Mais um dia desinteressante se passara para Wanda, tão diferente dos anos anteriores, quando tentava salvar o mundo ou fugir dele para aproveitar um pouco mais a companhia de Visão.

Alguns dias eram mais leves. Dias em que muitos clientes perguntavam sobre livros e compravam com ela, deixando Wanda ocupada por boa parte da tarde, até Agnes aparecer nos seus momentos mais apurados com um café do Starbucks em mãos junto de seu pagamento diário. Às vezes, chegava em casa cedo e jantava com a família de Clint para depois ver um filme com ele e seus filhos, e ela ia dormir, cansada, e sem pensar no que acontecera menos de três meses antes.

Outros dias, porém, ela pensava muito naquilo. Em algo que não gostava de remexer na sua caixa de lembranças. E recordar de Visão trazia consigo memórias dos dias em que tivera sua liberdade privada, das dores trazidas pelo cárcere, os experimentos nela e em seu falecido irmão. Era difícil manter a calma, mas ela estava melhorando a sua máscara para parecer tudo o que ela sempre quis ser: normal. Poder viver tranquila, com uma família feliz. Sem super poderes e o ônus de salvar o mundo.

Ela curvava a boca em descontentamento quando ouviu um sino, indicando um cliente adentrando o estabelecimento. Wanda pulou do lugar onde estava sentada e correu para a porta, os saltos da bota preta emitindo sons baixos ao encontrarem o piso de madeira. O homem terminava de fechar a porta quando a voz dela ecoou pelo local:

— Bem-vindo à Livraria da Bruxa. Você precisa de ajuda...

Quando a figura se virou e exibiu seu melhor sorriso para a simpática jovem com aparência gótica, Wanda jurava estar novamente em frente à Visão. Os olhos azuis brilhantes e o cabelo loiro bagunçado, juntamente com a roupa formal, eram exatamente iguais ao de seu amado. Ele estava ali, na frente dela novamente, a poucos palmos de distância. Sentindo os olhos marejarem, ela só conseguiu sussurrar:

— Vizh...?

O simpático homem encarou-a, confuso. Certamente não era quem Wanda estava aguardando, alguém que não iria mais voltar. Uma singela lágrima escorreu de seu rosto quando ela pousou a mão na boca aberta, surpresa pelo erro estúpido que cometera. Ela precisava agir, depressa, antes que repetisse a cena daquela manhã e fizesse os livros caírem das estantes pelo descontrole temporário de seus poderes.

O tom de voz suave de Agnes ajudou-a por um instante:

— Querida, já está próximo do seu horário. Eu posso ajudar o cavalheiro aqui.

Abalada, Wanda assentiu com a cabeça e dirigiu-se aos fundos da loja, para guardar seu avental e pegar sua bolsa. Permitiu-se demorar um pouco, aguardando o moço deixar o local antes de despedir-se de Agnes e desejar-lhe um bom descanso.

O ar fresco do início da noite preencheu os pulmões de Wanda com alívio. O rápido bater de seu coração logo cedeu espaço a momentos de calmaria após a inundação de pensamentos em sua mente. Mantendo a bolsa de ombro próxima do corpo, pensou no que fazer, e achou melhor passar em um mercado próximo antes de pegar o ônibus para ir embora. Clint já oferecera diversas vezes de buscá-la no trabalho, mas o transporte era frequente para aquela região remota, surpreendentemente, então ela sempre recusava. E, além disso, comer algo gorduroso poderia ajudá-la naquele momento.

Enquanto pensava em qual marca de batata frita deveria comprar e como iria mantê-la escondida dos filhos de Clint e Laura, sua linha de raciocínio foi abruptamente interrompida por uma mulher passando ao seu lado, tão rapidamente que ela demorou a perceber sua presença, apenas sentindo-a quando já estava alguns passos à frente, e, no chão ao lado de Wanda, ela deixara uma pilha de revistas, presumidamente histórias em quadrinhos. Ela estranhou aquilo e, imaginando que a mulher misteriosa buscasse vendê-las para a livraria, falou em voz alta antes que ela virasse a esquina:

— Desculpe, moça, mas não aceitamos livros usados aqui! – Vendo que ela não estava voltando para buscar as revistas, aumentou o tom: – Você deve procurar um sebo!

A enigmática figura, vestida elegantemente com um vestido e um chapéu com abas longas, parou e olhou para trás. Wanda não conseguia ver o seu rosto dado a distância entre elas e a borda de tecido do chapéu cobrindo parcialmente sua face. Depois, apenas sibilou algumas palavras, as quais Wanda não precisou fazer força para ouvir, mesmo com todo o barulho advindo da rua:

— Não são para venda. – E sumiu, deixando Wanda com uma pilha de revistas aos seus pés, sem saber o que fazer.

Ela olhou para os lados e pensou em voltar para a livraria, porém Agnes estava ocupada nos fundos e Wanda não gostaria de atrapalhá-la, especialmente envergonhada após confundir um cliente com alguém totalmente diferente. As revistas estavam cobertas com um papel de aspecto leitoso, impedindo que ela lesse o título das obras. Respirando fundo, ela juntou o amontoado do chão e levou-o em seus braços, virando para a direita e caminhando enquanto olhava o interior de seu local de trabalho através da janela.

Muitas vezes, quando Agnes não estava na loja e Wanda ficava até mais tarde arrumando os livros bagunçados sobre os balcões, ela deixava a mente vazia para usar seus poderes com segurança e colocá-los exatamente de volta do lugar de onde saíram. A sensação de arrumar os exemplares usando sua telecinese era incrível, e aproveitava para se acostumar novamente aos poderes que pouco tinha coragem de usar. Ver todos aqueles livros flutuando sobre sua cabeça traziam-lhe uma alegria inexplicável, e ela gostaria de ter alguém junto com ela para mostrar seu progresso.

Por uma fração de segundo, Wanda pôde jurar ter visto Agnes fazer a exata mesma coisa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado de ver mais sobre o emprego da Wanda! O próximo capítulo vai deixar as coisas beem interessantes ♥ até breve!



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