Irmãs Lua negra - Heirs of Magic #1 escrita por Ariri


Capítulo 1
Prólogo




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Sitara e Uttara Duhn eram os nomes das garotas. Suas almas eram gêmeas, e não podiam ser mais diferentes.

Cresceram em uma família típica fora da normalidade. A mãe, Suria Sen era uma fotojornalista tão renomada quanto alvejada, o pai, Caelum Duhn era um biólogo marinho de credibilidade internacional, um casal considerado por todos como improvável de acontecer, incompreensível em todas as suas facetas. 

Graças às ocupações dos pais, cresceram viajando mares e terras, conhecendo mais locais, pessoas e culturas em sua tenra idade que a maioria do mundo nunca chegaria a sonhar. Nunca tiveram uma casa fixa, nunca tiveram uma turminha do bairro inseparável, uma escola para criarem raízes, nem mesmo muitas roupas, brinquedos ou aparelhos eletrônicos. 

Em compensação, eram crianças vivazes e espirituosas. Tinham livros a dar e vender, brinquedos excêntricos que eram como tesouros, todo conhecimento disponível a qualquer hora, e amor de sobra para acumularem. Corriam de pés de descalços por desertos e gramados e neve, nadaram em mares, rios e oceanos entre peixes e tubarões, baleias e golfinhos.

Viram o eclodir de pequenas tartarugas e as mantiveram seguras em sua trajetória ao mar. Moraram por meses em iglus, onde passavam seus dias estudando a estrutura tão inusitada e se fascinaram pela aurora boreal que iluminaram as noites. Ajudaram a alimentar pinguins em seu percurso de volta aos seus lares, onde se despediram com alegria ao vê-las em seu habitat natural.

Aos onze anos eram garotas orgulhosas de seus pais excêntricos, detentoras de incrível saber, que já haviam testemunhado erupções vulcânicas, tsunamis e furacões. Fluentes em inglês, hindi e gaélico. Eram amantes da natureza, protetoras dos seres vulneráveis, e apaixonadas por sua vida nômade, embora ficassem felizes em visitar sua avó Mab nas terras altas uma vez por ano, e se regozijavam ao ver sua família numerosa em Bombaim durante o Diwali.

Sitara tinha um dom para linguagens e era entusiasta passional pelo sânscrito, latim – para ela isso incluía as línguas latinas – hebraico e mandarim. Era uma criança enérgica, geniosa e passional, tudo a que se dedicava, era com fervor e determinação, sempre ávida por conhecimento e novas experiências. Gostava de ler os artigos que sua mãe escrevia, indignava-se com as injustiças que presenciava e sempre encontrava uma forma de posicionar-se contra elas.

Uttara preferia a calma movediça da música, em seus mais diversos instrumentos e culturas. Aprendera por conta própria a tocar o violão quando tinha apenas quatro anos, estudara piano, flauta, tambores, castanhola e harpa. Possuía um talento único que acompanhava sua paixão, e sempre carregava consigo uma pequena gaita. Amava a companhia dos animais e a tranquilidade que a traziam, não tinha disposição para conversas longas ou novos conhecidos, mas acompanhava a irmã em todas as suas aventuras, fosse onde fosse.

Fosse pelas suas individualidades, fosse por sempre esperarem mais de suas pequenas, Surya e Caelum não se surpreenderam quando uma carta chegara até eles, notificando-os de que Sitarah e Uttara eram ainda menos comuns do já evidenciado. Eram bruxas, e deveriam comparecer a uma escola de bruxaria para desenvolver suas habilidades sobrenaturais.

Relutaram tanto em se separar das filhas quanto elas de se afastarem deles, e sob tensa negociação com a famosa diretora da escola britânica, decidiram por manter seu estilo de vida andarilho. Adaptaram seus trabalhos e suas moratórias, e ano a ano, as garotas trocavam de escola.

O primeiro e desafiador ano foi passado em CasteloBruxo, na América do Sul, onde se apaixonaram pela magia. Seu segundo ano foram felizes para a maior escola de magia de todas, Uagudou, Sitarah descobriu portar Metamorfomagia, e Uttara se viu uma habilidosa legilimens. O terceiro ano das meninas foi o preferido delas, passavam o dia aprendendo em Mahoutokoro, descobriram as maravilhas do quadribol, e tornaram-se feras no esporte, à noite, retornavam para seus pais e contavam tudo de seus dias.

O quarto ano delas foi o mais confuso e divertido. Aproveitaram cada momento vivido em Ilvermorny, onde viveram na Pássaro-Trovão, garotas mais seguras de si e no auge da adolescência. Registraram-se animagas, Sitara um corvo - apesar de não precisar - e Uttara uma bela lince. Eram bruxas habilidosas, inteligentes, de coração puro, não havia o que não pudessem fazer, apenas a questão de quando o fariam.

Contudo, naquele ano coisas estranhas aconteceram. As cartas enviadas pelos pais foram diminuindo gradativamente, passaram o natal na escola, e não puderam visitar a família no festival das luzes. As cartas foram interrompidas, os professores não as permitiam sair, e as garotas aflitas, preocuparam-se com o que poderia estar acontecendo no mundo afora, mundo esse o qual conheciam cada vez menos.

Desesperadas, mas não surpresas, foram enviadas para a Escócia ao fim do ano letivo, para as terras da avó, onde viram seu mundo cair, e suas certezas desmoronarem-se. Os pais haviam desaparecido, Mab era sua responsável legal, a partir daquele ano não haveriam mais viagens ou excursões, escolas diferentes. Iriam para o local mais seguro do mundo, para a melhor e mais famosa escola bruxa.

Sitara e Uttara iriam para Hogwarts. E não gostaram nem um pouco disso.


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Notas finais do capítulo

Beijinhos.



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