Minha Âncora escrita por CM Winchester


Capítulo 6
Capitulo 5




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No sábado andei pelo closet observando cada opção. Eram tantas.
"Pode me dar uma dica de onde vamos?"
"Ai vai deixar de ser surpresa."
"Vestido ou calça?"
"Adoraria vê-la de vestido, mas talvez você prefira ir de calça."
Olhei de novo minhas opções. Eu não iria a um primeiro encontro de calça. Não mesmo.
Agarrei uma saia marrom de camurça, regata preta. Fui tomar um banho para relaxar. Coloquei uma meia calça preta e vesti a roupa que eu tinha deixado separada. Me olhei no espelho e gostei.
Entrei no closet e peguei uma jaqueta jeans depois virei para a parte dos sapatos. Apesar de ter vários eu só usava meu coturno e meu tênis diariamente. Os outros eram em ocasiões especiais.
Escolhi um ankle boots e o calcei.
Quando terminei de me arrumar Isaac enviou outra mensagem.
"Estou te esperando no portão."
Desci as escadas enquanto autorizava o segurança a deixa-lo entrar. Ele estacionou o carro na frente da mansão e eu desci as escadas já entrando no carro.
— Oi. - Falei assim que fechei a porta.
— Oi. Casa legal. - Olhei para a mansão.
— É. Deve ser.
Ele ligou o carro e dirigiu para fora.
— Deve ser legal morar lá.
— Mais ou menos. É meio solitário na verdade.
— Acho que é tudo menos solitário.
— Já ouviu a frase em que diz que as vezes a gente esta rodeado de pessoas, mas se sente solitário?
— Ouvi, mas nunca entendi bem.
— São só empregados, Isaac. Eles não conversam comigo. Não são meus amigos, são só pessoas que trabalham lá. - Revirei os olhos. - Passei minha vida toda tentando conversar com eles, mas... É complicado. E eles não ficam por muito tempo. Nada esta realmente bom para meus pais. - Entortei a boca. - As pessoas acham que ser rica, viver em uma mansão é ótimo. O lugar dos sonhos. Mas não é. Você não convive com os pais, é criado pelos empregados. Desde pequena tem a grande responsabilidade de seguir os passos dele. É um tormento na verdade. Tenso.
— Sinto muito.
— Tudo bem. Só gostaria que as pessoas entendesse meu lado as vezes. Não é um sonho ter a minha vida acredite.
— Mas tem seu lado bom.
— Tem. Mas... Mel diz que vivo em cárcere privado.
— Mas se eles fossem tão controladores assim não estariam deixando você sair comigo.
— Eles já devem ter toda a sua vida em uma papel nesse momento. E eles acreditam que vamos sair, ficar, curtir, talvez transar, mas não vai ser nada serio.
— Você não me iludiu. Foi bem sincera. E se algo acontecer depois desse encontro? Ou você é imune a paixão?
— Não sou. Não sei o que amar alguém, quando descobrir talvez tome as rédeas da minha vida.
Ele estacionou em frente um boliche.
— Sabe jogar?
— Mais ou menos. Acho que devo ter vindo aqui umas duas vezes com a Mel.
— Não é um grande programa?
— É diferente. E eu gosto de coisas diferentes. - Sorri.
— Mas seus pais podem ter minha vida toda em um papel mesmo?
— Podem. - Ri. - Eles conseguem tudo em um estalar de dedos. Por que tem algo a esconder?
— Talvez. - Sorriu. - Estou pensando se conto hoje ou deixo para outro dia.
— Talvez eu descubra quando chegar em casa. Acho melhor saber por você não acha? Gosto de fazer meus próprios julgamentos.
— Assassinaram meu pai. E... Por um tempo fui o único suspeito.
— Mas você fez isso?
— Eu... Achei que tivesse feito. Aquele dia foi meio confuso, mas... Não. Foi um ex aluno que mandou mata-lo. Ele não era uma boa pessoa.
— Ok. Obrigado por compartilhar isso comigo. - Ele sorriu.
— Você é demais sabia?
— É primeira vez que dizem isso, mas acredito que é verdade. - Sorri antes de abrir a porta do carro. - Vamos nos divertir então? Vou querer um hambuguer e batata fritas com refrigerante.
Saltei do carro e fechei a porta, nós entramos no boliche e trocamos nossos sapatos. Tinham bastante alunos da escola ali. O boliche era um lugar conhecido que os adolescentes gostavam de se encontrar para se divertir.
Minhas primeiras duas tentativas foram um horror, Isaac riu bastante de mim. Mas não me senti incomodada. Na verdade me senti bem como nunca tinha me sentido antes. Ele era divertido. Não parecia estar fazendo para me agradar ou impressionar. Parecia ser verdadeiro. E isso o deixava mais legal ainda.
E ele era bonito. Aqueles olhos azuis. Aquela boca avermelhada.
— Quer ajuda? - Perguntou me observando.
— Vai ficar atrás de mim e me ajudar como nos filmes clichês?
— Se for preciso sim. É bom, um clichê as vezes. Vem. - Me ajudou a enfiar os dedos na bola direito e me conduziu para lançar a bola.
Ela derrubou todos os pinos e eu gritei saltando nele e o abraçando.
— Obrigada.
— Sempre que quiser. - Sorriu indo pegar sua bola.
Quando nosso lanche chegou, nos sentamos para comer.
— Então como era Beacon Hills?
— Cidade pequena, mas bem movimentada.
— E amigos?
— Deixei alguns para trás.
— Namorada? - Riu olhando para o refrigerante a sua frente passando os dedos pela latinha.
— Não era bem uma namorada. Estávamos... Nos conhecendo melhor. Mas ela foi assassinada. Chris era o pai dela.
— Beacon Hills parece ser mais que movimentada. - Comentei e ele assentiu. - Então foi por isso que mudou-se?
— Acho que sim. Eu não tinha raízes. Não tinha família. Quando Chris resolveu vir morar na França por um tempo me convidou para vir junto. Era um recomeço. Aceitei. Preciso me encontrar.
— E esta se encontrando?
— Ainda me sinto perdido. - Riu.
— Perdido as vezes é bom. Quando olho para você me sinto perdida.
— Isso é bom ou ruim?
— É bom, mas sinto que vai bagunçar tudo.
— Bagunça é bom as vezes. - Sorri.
Ele se inclinou e beijou meus lábios, levei a mão para seu rosto sentindo sua pele. Se afastou e sorriu.
— E sua família?
— Bom... Somos só nós. Meu pai era dos Estados Unidos e mudou-se para a França quando era criança. Minha mãe nasceu na França, mas é descendente de Brasileiro. Eu nasci aqui. Conheço muitos lugares do mundo. Mas prefiro aqui. É minha casa.
— E você sabe falar inglês?
— Sei inglês, francês, português. Italiano tambem. Amo visitar a Itália.
— É primeira vez que conheço algo diferente. Costumes, comida. São diferentes, mas a gente se acostuma. Falar Francês que é mais difícil.
— Mas você fala muito bem.
— Ainda me enrolo as vezes. E ainda tenho sotaque.
— Sotaque é legal. Mas posso te ensinar a falar francês caso você queira. - Assentiu. - Tenho um irmão mais velho, não o vejo há dois anos. Esta nos Estados Unidos tocando em uma banda. É a ovelha negra da família. - Revirei os olhos.
— Não sabia que tinha um irmão.
— Ele é só um ano mais velho que eu. Brigou com nossos pais, largou tudo e foi viver em Nova York. Ser um astro da musica. Sinto falta dele, as vezes. Sempre fomos bem unidos, apesar de não concordar em nada. - Riu e eu sorri.
— E namorado? Você parece ser uma garota bem desejada na escola. - Entortei a boca.
— Nenhum namorado. E sim. A maioria quer um casamento bom, os outros só querem um pouquinho de fama. Babacas.
— Por que acha que eu não sou igual?
— Você se mostrou um babaca. Mas... Você não é igual a eles. Eu ser rica, te assusta. Me desejar, te incomoda. Acertei?
— Sim. Achei que você nunca iria querer um pé rapado igual a eu.
— Não quero saber da sua conta bancaria ou qualquer coisa do tipo.
— Eu já entendi isso. - Se aproximou e beijou meus lábios de novo. - Já quer voltar?
— Podemos jogar mais um pouco. Acho que peguei o jeito. - Riu assentindo.


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