Reviver: Resumo escrita por LaviniaCrist


Capítulo 3
Fase 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/796764/chapter/3

26 – Luar

.

Na ida para casa, os dois irmãos (Damian e Jason) passaram em um fastfood e agora estavam parados em um lugar tranquilo, fora dos mapas.

Jason até se arriscou a começar uma conversa, mas acabou falando algo que não deveria, o que desencadeou novamente uma crise de dores em Damian.

.

Vai ficar tudo bem — Ele tentou seu melhor para sorrir, mas não conseguia mais fingir que estava bem — E-Eu... Eu estou com você e não vou deixar mais nada acontecer... E... E eu sou seu irmão mais velho, droga! Eu deveria ter protegido você de tudo, mas eu achei que você só estava mentindo de novo... E-E...

— A lua... — o mais novo sussurrou, tentando seu melhor para estender a mão até o rosto do irmão e limpar as lagrimas que já começavam a pingar, Todd também não notou que estava chorando — ... Ela está bonita hoje — Sorriu.

Mesmo tão indefeso, Damian ainda era forte o suficiente para tentar fazer as pessoas se sentirem seguras perto dele... E era assim que Jason se sentia: seguro, perto de alguém que parecia invencível agora – mesmo estando quebrado. O irmão rebelde só queria que o “pirralho” se sentisse daquele jeito com ele também.

.

.

27 – Extra

.

Selina chega à Clínica Neurológica para tirar Alfred e Bruce de lá antes que algo aconteça com eles.

Aquele lugar não oferecia segurança nenhuma, pelo contrário, praticamente deixava as portas abertas e um tapete de boas-vindas para que os problemas entrassem lá e acometessem ainda mais os pacientes.

O problema maior, sem dúvidas, era o chefe de tudo aquilo: Dr. Garner.

.

— CHEGA DE MENTIRAS! — Ele atirou o médico sobre os equipamentos, já o considerava mais perigoso do que seus inimigos habituais — O QUE FEZ COM O MEU FILHO!?

— Exames! Exames para saber o que ele tem! — tentou se explicar — Eu achei algo, mas preciso de mais tempo para conseguir fazer uma biópsia na região! — começou a tentar se levantar, ficou surpreso quando Selina estendeu a mão para ele — Ele está descansando agora!

— Damian está seguro longe de você e vai continuar assim! — A gata o jogou aos pés do morcego, estava igualmente furiosa com aquele médico fajuto.

.

.

28 – Chegada

.

A chegada de Jason e Damian na mansão causou grande alegria ao irmão mais velho, Dick. Tim teve uma reação completamente desastrosa ao mais novo.

Assim como Todd no começo, o nerd da família desconfiava que a falta de memória era apenas uma desculpa para que Damian não arcasse com as responsabilidades pelo que fez – antes de sofrer o acidente. Provavelmente tal pensamento era desencadeado pelo vício em cafeína.

.

— E por que você sequestrou o Damian!? — Apesar da irritação, Dick tentava controlar a voz.

— ... Saudades, algo assim — ergueu os ombros.

— Wow! — Tim parou de colocar seu amado pó de café na xícara e olhou para os outros — Ok, está acontecendo! Só desse jeito seria capaz do Jason falar algo como isso! — Colocou uma colherada de pó na boca — Aliás, você deveria ter sequestrado o Bruce também, preciso falar com ele sobre as linhas divergentes — disse enquanto mastigava o pó – os estalos eram claramente audíveis.

— ... Deveríamos ligar para a Stephanie e avisar que o Timmy está quebrado — Jason sugeriu.

.

.

29 – Alta

.

Finalmente em casa, Bruce resolveu ter uma longa conversa com os filhos. Apontou as falhas e as boas escolhas, mas principalmente: aproveitou o momento para tentar diminuir o peso da culpa que carregava sobre os ombros.

.

— Damian, pode me perdoar?

— ... Por quê? — O pequeno encarou um ponto qualquer no chão. Ele sabia o motivo daquele pedido, mas queria entender o que Bruce tinha feito de errado – porque ele se considerava o único culpado por algo, não o pai.

— Por ter mantido você naquele lugar contra a sua vontade; por ter deixado você ficar com medo; por não ter notado nada de errado... — Bruce sentia o coração falhar a cada vez que falava um dos motivos, sentia-se um monstro tal como Dr. Garner. Ele realmente havia negligenciado aquela criança.

— Foi para o meu bem, não foi? — Apesar de já estar com os olhos marejados só por se lembrar, Damian queria encarar toda aquela experiência terrível como um “mal necessário”.

.

.

30 – Jardim

.

Damian estava brincando no jardim como uma criança feliz e normal. Já Bruce, ele estava mais estressado do que nunca por ser acusado várias vezes de ser um pai irresponsável enquanto tentava apenas relaxar um pouco enquanto lia e tomava uma caneca de café.

.

— E o que querem que eu faça? Force ele a comer? Já forcei ele a fazer coisas demais! — Bruce deixou o jornal de lado — Ele só queria ficar brincando lá fora e eu só queria tomar o meu café em paz!

— Eu posso ficar com ele e... — Antes que Grayson conseguisse completar, Bruce o interrompeu:

— Ninguém vai ir ficar com o Damian! Eu estou vendo ele perfeitamente daqui: ele está feliz fazendo sei-lá-o-que naquele jardim! O que custa deixarem o meu filho brincar!? O que custa me deixarem ler o jornal!?

.

.

31 – Extra

.

Selina e Bruce observavam as “crianças” da casa brincarem no jardim, felizes, enquanto tomavam uma limonada gelada servida por Alfred.

O momento em família só teve fim quando o mordomo notou que algo estava os observando de um dos arbustos. Na mesma hora, Bruce foi identificar o invasor: Jonathan Kent.

.

— Não fiz por mal... — Com os olhos marejados, o pequeno voltou a encarar os próprios pés.

— Sei que não — Bruce suspirou, apertou as têmporas e tentou pensar em algum jeito razoável de resolver aquilo — ... O que acha de vir aqui um outro dia, brincar com ele?

— Eu posso ir pegar as minhas coisas em um minuto! — Superboy sorriu, parecia revigorado — Finalmente vamos terminar a partida de videogame e posso trazer minha lição de casa também para ele me ajudar e...! — ele começou a disparar, contando nos dedos todas as coisas que esperou tão ansioso poder fazer quando o amigo melhorasse, acordasse.

— Jon... — Bruce o chamou em um tom mais sério — Será outro dia, quando Damian estiver melhor. E você precisa entender que ele perdeu a memória, então talvez não queira fazer todas as coisas que faziam antes...

.

.

32 – Cafeína

.

Alfred estava cansado e, a pedido de Timothy, vai descansar e deixa os dois mais jovens da casa sozinhos.

Apesar de ficar perto de Damian, Tim parecia mais um carrasco do que um irmão mais velho... culpa do excesso de cafeína e o estresse causado por cálculos complicadas, com a ajuda de várias ligações nas piores horas de pessoas preocupadas com o pequeno Dami.

.

— O que aconteceu, Jay? — perguntou tentando controlar a irritação, mas bastou algumas palavras do outro rapaz para ele ficar ainda mais irritado — Eu não me importo se você está vindo ou não, não precisava avisar! Você nunca liga pra avisar algo assim, o que deu em você!? ...Quê!? É claro que ele está bem, eu não acredito que ligou só pra isso! — Drake apertou a têmpora, tentando se controlar de novo.

— É o Jason? — Damian perguntou baixinho, esperançoso que pudesse falar com o irmão mais velho.

— Fica quieto — Tim respondeu ao pequeno, voltando a atenção apenas para o telefone — Não, não falei com você! ... Não sei se já notou, mas ele não é um bebê! ... Não, Jason, eu não estou tratando ele mal! Eu sei como cuidar do mentiroso perfeitamente bem!

.

.

33 – Choque

.

Um pequeno mal-entendido fez Timothy ficar ainda mais irritado com o irmão mais novo e, assim, causar a pior sequência de acidentes desastrosos que a mansão Wayne já presenciou.

.

— Do jeito que as coisas estão, só podem melhorar — Dick murmurou, tentando se desprender da janela.

— Eu pensei exatamente a mesma coisa quando a luz apagou no meio do meu banho e agora a minha vida tá essa merda: o pirralho vai morrer logo agora que começamos a nos dar bem...! — O rebelde da família chegava a ter lagrimas escorrendo pelo rosto enquanto lamuriava sobre a vida. Mesmo assim, além do limite do que conseguia suportar, ele fez o melhor para virar o irmãozinho de lado para que não se engasgasse.

— Jay... — Dick tentou dar um de seus sorrisos otimistas — Pensa bem: o que poderia dar errado agora além de tudo isso?

Foi a única coisa que Richard disse antes do tiro de uma espingarda ecoar do lado de fora.

.

.

34 – Extra

.

Depois de tamanho caos, restava colocar as coisas em ordem.

Damian e os irmãos estavam relativamente bem, o que possibilitou uma conversa amena antes que respostas fossem exigidas para o que aconteceu enquanto Batman esteve fora.

.

— Disse que as luzes apagaram quando estava no banho, Jason, o que aconteceu?

— Damian resolveu quebrar a máquina de café expresso da cozinha — Tim respondeu pelo irmão — Aposto que ele colocou alguma coisa no meu café que me fez dormir, quando eu acordei ele já tinha feito tudo! Bruce, ele é um monstro! Ele está mentindo e...!

— Quando ele acordou? — Alfred perguntou, logo depois fazendo mais algumas indagações importantes: — Lembrou de dar o remédio a ele? Quando ele começou a ter uma crise?

— Eu esqueci dos remédios... — Drake suspirou, apertando as próprias têmporas — Ele acordou um pouco depois de ter ido pra cama, ele até que estava quieto, mas foi só o Jason ligar que ele começou!

.

.

35 – Ciúmes

.

Dick, movido pelos ciúmes porque Jason agora era portador do cargo de “irmão preferido” de Damian, se afastava cada vez mais da realidade e se entregava às lembranças de como o irmão mais novo era.

Ficava horas em longas conversas com amigos - que ainda não sabiam a verdade - como se estivesse certo de que o antigo Damian nunca mais apareceria. Estelar foi a escolhida do dia para a conversa fúnebre.

Já Damian, ele encarava esse afastamento de uma outra forma:

.

— ... Minha mãe está ocupada também?

— Normalmente ela e o Bruce estão juntos e...

— Não essa mãe... — o mais novo o interrompeu mais uma vez — A minha mãe de verdade. Ela também está ocupada?

— Damian...

— Meus amigos, eles estão ocupados?

— Dami...

— Eu tenho amigos?

— Guri, eu sei que você deve estar estranhando ninguém vir ver você, mas precisa entender que você ainda não pode ficar recebendo visitas e...

... Ninguém gostava de mim antes, estão parando de gostar de novo... — A voz do pequeno já estava chorosa — ... Meu pai só vive ocupado, a minha mãe Selina... Você... Agora o Jason... — Ele olhou para Dick, estava se esforçando para não começar a chorar — ... E eu nem sei o que fiz de errado!

.

.

36 – Brinquedo

.

Bruce estava estressado e com uma dor de cabeça terrível – pressão alta mais uma vez. Motivos é que não faltavam:

Selina saiu às pressas de casa para se encontrar com Lois depois de um telefonema misterioso; Coringa estava à solta novamente em Gotham; Damian se recusava a comer...

Dick teve a brilhante ideia de usar um “brinquedo” (um protótipo de drone espião com defeito) como chantagem para fazer o pequeno jantar antes de ir dormir. Ele só não esperava que tal ideia esgotasse o pouco de paciência que Bruce ainda tinha:

.

— Eu não estou com fome e eu não quero brinquedo nenhum — Damian disse sério, surpreendendo a todos por parecer ter “voltado a si” de um momento para outro — Eu já tenho treze anos, não quero brinquedos.

— Você quem sabe, gremlin... — Timothy, longe de parecer ofendido, apenas sorriu de canto e continuou: — Mas não é um brinquedo qualquer... Na verdade, é até bom que você não queira: um pirralho feito você não saberia usar!

— Saberia sim! — o pequeno estava com as bochechas avermelhadas.

— Du-vi-do... — silabou lentamente, implicando com o irmão.

— Já chega vocês dois! — Bruce interferiu, esgotado e com o humor ainda mais prejudicado — Tim, pegue o tal brinquedo! E Damian, é melhor comer tudo o que está no prato antes que o seu irmão volte! — Disse sério, sem brechas para oposições.

.

.

37 – Extra

.

Dick precisa sair de madrugada, aproveitando que o irmão mais novo está dormindo e provavelmente não vai notar a falta dele.

Estelar havia o chamado com urgência até a Torre. Ele só não esperava que teria de passar por um interrogatório, já que na última vídeo-chamada entre os dois (Ciúme), ela acabou vendo que Damian estava acordado e, aparentemente, bem.

.

— Eu não menti: Damian ainda não acordou... — o tom dele foi duro, foi o necessário para Kori o encarar uma vez mais — O que acordou foi uma criança que não lembra de nada, que chora por tudo e chegou ao ponto de gostar mais do Jason do que de mim... — apesar de certa graça no final, ele deixou a tristeza transparecer na voz — O Damian que conhecíamos não acordou e eu nem sei se vai acordar algum dia... — Ele suspirou e continuou, trêmulo e choroso: — ... e mesmo se acordar, não vai poder ser o Robin de novo...

— ... Por quê? — ela sussurrou.

— Aconteceu logo depois que ele acordou, quando começamos a comemorar... — Dick se permitiu sentar-se no sofá do quarto, seria uma longa história — Foi quando notamos que ele tinha perdido a memória.

.

.

38 – Extra

.

Alfred se revezou em checar Damian e trabalhar no novo protótipo de drone espião. Porém, uma ligação do Robin Vermelho o fez deixar tudo de lado: Batman estava em apuros, capturado por Coringa – o palhaço tinha feito um novo Gás do Riso muito pior e com efeitos mais nocivos.

O mordomo assumiu o controle remoto do Batmóvel e fez todo o possível para ajudar o Cavaleiro das Trevas, mas infelizmente ele não conseguiu salvar quem realmente era a vítima:

.

Não é você, é ela...! — Coringa sorriu e pegou algo no bolço do terno, um detonador — Sabe o que dizem: a curiosidade matou a gata! — Ele riu, um riso escarnico e incontrolável que ecoou por todo o lugar. Ele pressionou o detonador contra uma das bochechas de Batman, que estava imobilizada em um sorriso forçado.

A tela, que antes mostrava Selina, foi preenchida por uma luz forte e laranja antes de perder o sinal.

Havia acabado.

.

.

39 – Extra

.

Em seu último dia de vida, Selina precisou ir até Metrópole para ajudar Lois Lane (Brinquedo) a investigar um possível esquema de contrabando de produtos químicos nas docas de lá.

A gata só não esperava que ela e a amiga estivessem entrando em mais uma das brincadeiras do Coringa. Até o último segundo, Mulher Gato acreditava que aquela armadilha fatal era para o Batman e não para ela.

.

— Mãe, eu juro que não desobedeci por mal!

A jornalista finalmente focou a visão na direção da porta e lá estava seu filho, trajando a “fantasia” de Superboy, com a capa enrolando parte de Selina, que estava nos braços dele... aquilo parecia um mal sinal.

— ... Está... — Lois precisou interromper a pergunta para dar uma risada baixa e enfim continuar: — ... Viva?

Os lábios dele se encolheram em uma linha fina. O olhar caiu sobre a moça que segurava nos braços, com a capa que cobria o que já não podia mais ser reconhecido como um corpo. A jornalista teve uma crise de risos enquanto algumas lágrimas fugiram dos olhos, só tornando aquele momento ainda pior.

.

.

40 – Lustre

.

Damian acordou de madrugada, sozinho, sofrendo com uma terrível dor. Como não havia ninguém para socorrê-lo, o pequeno esperou até que tudo melhorasse por conta própria.

Quando isso finalmente aconteceu, ele já estava sem sono e aproveitou para brincar com o pequeno pássaro de brinquedo que Timmy havia dado à ele.

Infelizmente, brincar com aquele Robin mecânico foi a pior ideia que ele poderia ter tido, pois Robin morreu pela segunda vez:

.

... O Robin morreu — constatou quase sem voz.

Foi a única coisa que a criança conseguiu falar antes de se deixar cair no chão, se contorcendo de dor enquanto segurava a cabeça mais uma vez. Se mais cedo ele não queria chorar porque já havia sentido dores piores, agora ele queria gritar até não ter mais fôlego, já que aquela com certeza era a pior dor que já sentiu na vida: lasciva, aguda, como pontadas de um picador de gelo na cabeça.

Por mais que tentasse chamar por ajuda, a voz simplesmente não saia.

Sentia como se a cabeça fosse explodir a qualquer momento.

Todavia, não foi a cabeça dele que explodiu e sim o pássaro com o problema de superaquecimento – depois dos avisos, piados, terem sido negligenciados. Os cristais despencaram primeiro, lançando pequenos cacos como em uma chuva, e depois a corrente do lustre começou a ceder – fragilizada pela explosão.

.

.

41 – Póstumo

.

Coringa havia ganhado: Selina estava morta, Batman estava em frangalhos e Robin Vermelho incapacitado.

Alfred estava tentando cuidar dos enfermos no laboratório, lutando contra a teimosia de Bruce para mantê-lo quieto e contra o tempo para formular um antidoto eficaz para Timothy.

Porém, a prioridade mudou de um momento para o outro quando Jason surgiu na Batcaverna carregando o corpo sem vida da criança da casa.

.

— USA AQUELA COISA DE NOVO!

— Não posso usar aquilo, não depois dos danos colaterais e...! — Alfred se calou quando Jason apontou uma de suas armas para ele. O mordomo conhecia aquele rapaz bem o suficiente para saber o quão fora de si estava para fazer aquilo — Mestre Jason...

— Damian. Está. Morrendo. — disse lentamente, pressionando o último botão que precisava com a parte do carregador da pistola — Você vai salvar ele de novo, Alfie — avisou, mirando novamente para o mordomo enquanto uma câmara com um líquido esverdeado surgia da parede falsa.

— ... Mestre Jason, os danos colaterais foram muito extensos!

— SALVA ELE! — grunhiu e atirou em um dos visores próximos ao mordomo — SALVA O MEU IRMÃO!

.

.

42 – Extra

.

Dick não fazia ideia de todo o caos que assolava a família.

Ele ainda estava com Estelar quando a conversa dos dois foi interrompida por um alerta de invasão: se tratava do Superboy tentando salvar uma das vítimas de Coringa.

O garoto mal conseguia falar devido ao nervosismo.

Dick pensou que aquele corpo era de Lois, mas a verdade era ainda mais difícil de aceitar:

.

— Não, não... não, não, não...! — repetiu, se deixando cair no mesmo estado de desalento que aquela criança.

— ... Conhece ela? — Ravena perguntou quase em um sussurro.

... Selina! — Dick suspirou, deixando algumas lágrimas fugirem.

.

.

43 – Remediar

.

Batman estava quebrado física e psicologicamente.

Apesar do estado lamentável no qual se encontrava, ele se preocupava muito mais com os filhos do que consigo mesmo. Só se entregou à angustia quando não tinha nenhuma outra opção.

Entretanto, Lois – que estava lá para receber a cura do Gás do Riso - não deixaria que um bom e velho amigo ficasse em um estado tão deplorável por tanto tempo:

.

— Precisa se recuperar sim! — Ela o interrompeu mais uma vez, driblando as tosses apenas para chamar a atenção dele: — Olha só esses machucados nas suas costas! — Se levantou e se aproximou mais de Bruce – a essa altura, ela já nem se lembrava mais que precisava ficar com a máscara de respiração.

— Mãe... — Jon a chamou tão baixo quanto conseguiu – se Lois estava começando a ficar assustada, Superboy já estava certo de que o Batman triste é mais assustador do que ele irritado.

— A Selina se arrisca pra arrumar um jeito de te ajudar e para quê? Pra você ficar aí, fazendo esse drama todo, ao invés de só dormir um pouco!? Se você piorar, quem é que vai cuidar dessas crianças? Alfred, como sempre!? Você que é o pai deles!

— Mãe, acho que ele ainda não sabe sobre...

— Ela está morta, meu filho em coma, um está péssimo e o outro saiu descontrolado de casa! Acha que eu consigo dormir!?

— Consegue!

.

.

44 – Extra

.

A pedido de Batman, Asa Noturna foi procurar por Jason. O rebelde da família estava descontrolado e poderia acabar se machucando...

Estelar o ajudou na busca, sendo a encarregada de ir busca-lo quando Oráculo finalmente conseguiu localizá-lo. Diferente dos outros, a alienígena se preocupava muito mais em “como ele estava” do que “o que ele fez”.

.

— Não importa o que fale, eu não vou voltar! — avisou em alto e bom som, dando uma tragada no cigarro e liberando a fumaça depois.

— ... Esse carro... — Estelar encarou o veículo — Roubou ele?

— Eu achei ele...

— Onde? Aqui?

— Na garagem da mansão...

— ... E sua motocicleta?

— Sei lá... — Deu mais uma tragada no cigarro, liberando a fumaça e logo depois entornando o pouco de líquido que tinha em uma das garrafas na boca — Pode estar estacionada em algum lugar, explodida ou no fundo do oceano, como é que eu vou saber? — Riu — Essa droga de alarme não me deixa pensar direito.

.

.

45 – Limbo

.

Passou-se uma semana para que Damian finalmente acordasse. Felizmente, não demorou meses como da vez anterior em que o Poço de Lazaro artificial foi utilizado.

Porém, ao longo da semana, Damian despertou apresentando algumas personalidades diferentes daquela doce e meiga que tinha nos últimos dias. A mais perigosa de todas só poderia ser descrita como uma criatura completamente irracional e cheia de ódio:

.

Ao invés de fazer mais perguntas, a gata apenas correu para onde os enteados estavam. Ela ignorou os dois enquanto buscava por algo nas bancadas – por mais difícil que fosse desprezar os grunhidos que o pequeno rosnava enquanto tentava se soltar.

— Segura o seu irmão com um pouco mais de força... — pediu se abaixando próxima à Damian, injetando o líquido de uma seringa nele.

... Essa coisa não é meu irmão — o rapaz retrucou.

— Tim...

... Ele não é o Damian.

— É só um efeito colateral — ela tentou soar otimista.

— Essa coisa não é um efeito colateral! — Ele esperou até que Selina afastasse a seringa novamente para soltar a criança — Essa coisa nem parece saber que está aqui!

.

.

46 – Remorso

.

Todos se sentiam culpados por negligenciarem Damian mais uma vez. Felizmente ele estava bem, coisa que só servia para lembra-los de que se algo acontecesse novamente, poderiam não ter tanta sorte.

O pequeno, diferente de todos, achava que o único culpado era ele mesmo, por ter desobedecido aos mais velhos.

.

— Pai...

— Não.

— Mas eu nem falei nada ainda...! — Damian o encarou surpreso.

— Não precisa me pedir desculpas.

— Mas pai...!

— Já disse que não, Damian — Bruce o interrompeu em um tom um pouco mais sério. Quando o pequeno finalmente se aquietou no abraço mais uma vez, ele continuou: — Eu é que fui um péssimo pai brigando com você por nada... eu só...

— Não sabe lidar com crianças? — Dick tentou completar.

— É autoritário? — Tim também ofereceu ajuda.

Grayson estalou um dos dedos, como se chegasse à resposta perfeita:

— É inconsequente!

— ... Eu acabo ficando nervoso por não saber agir com você, filho — Bruce preferiu ignorar os comentários anteriores — Antes era mais fácil porque eu te tratava como trato os seus irmãos. Mas era errado, você é novo demais para ser tratado como um adulto... — Apertou mais ainda o filho contra si. Se não fosse um pequeno resmungo de Damian, talvez ele continuasse apertando aquele garoto se esquecendo completamente da força que tinha... — Desculpe... Eu... não costumo abraçar muito e...

— Tudo bem, minha mãe já me amassou um monte de vezes hoje! — O pequeno sorriu, encarando o pai com os olhos verdes brilhando como nunca.

.

.

47 – Amarelo

.

Damian teve pesadelos.

Em uma tentativa de conseguir compreender o que aquelas imagens assustadoras significavam, ele resolveu desenhar antes que se esquecesse.

Mesmo que não conseguisse entender agora, mais tarde, quando voltasse ao normal, entenderia.

.

— Terminei! — o pequeno anunciou, sorrindo. Estava orgulhoso de si mesmo— algo que não sentia há muito tempo.

— E o que exatamente você desenhou? — Drake usou de um tom um pouco mais ríspido do que o normal. Não fez por mal, só não conseguia entender o porquê de mais uma cópia de papel amarelo com uma mancha – não fazia sentido algum.

— Desenhei isso... — Damian segurou a folha com cuidado devido à tinta fresca e mostrou para o irmão.

— Eu sei, grem... Dami. Eu sei que você desenhou isso, mas eu quero saber o que é.

— ... É uma explosão.

.

.

48 – Extra

.

Novamente, Bruce Wayne estava em repouso forçado. O acumulo de estresse e culpa sobre os ombros estavam o deixando pior do que qualquer luta contra o crime.

Felizmente, Selina usou de seus métodos extremos para conseguir fazê-lo entender que nem tudo era culpa dele. No final, os dois já estavam conversando casualidades de forma amena, como uma família de verdade:

.

— Eu não sabia que... — Buscou pelas palavras que poderia usar — que realmente gostava de cuidar do Damian. Eu achei que só se sentia obrigada pelo mal-entendido de ser “mãe” dele...

— Eu adoro ser a mãe dele, talvez não tanto quanto o Dick... — Soltou uma risada que logo conteve, afinal, o rapaz estava atrás da porta esperando a reconciliação dos dois, provavelmente ouvindo a conversa — ... Mas eu amo aquele pirralho ciumento.

— E quanto ele voltar ao normal? Como você acha que ele vai... reagir?

— Bem! — Sorriu — Ele tem medo de que eu roube a sua atenção ou que... — ela desviou o olhar — ... que nossos filhos roubem o lugar dele, então... — Pigarreou.

— ... Nossos filhos? — Ele ergueu uma sobrancelha.

.

.

49 – Cicatriz

.

Jason preferia ficar fora de casa combatendo o crime ao invés de apenas esperar o irmãozinho acordar.

Como último grande feito, explodiu um dos galpões com produtos químicos contrabandeados. No processo, acabou sendo afetado pelo Gás do Medo.

Não havia uma cura perfeita, apenas medicamentos que faziam o rapaz dormir e tentar relaxar. Quando acordava, ele se entregava à um verdadeiro pânico de tudo e todos... exceto seu amado irmãozinho e suas dúvidas infantis:

.

— Não se importa com cicatrizes?

— Claro que não, elas me deixam mais bonito... — Novamente ele se forçou a sorrir. Respirava rápido, em uma tentativa desesperada de manter o controle.

— ... Acha mesmo isso? — Damian o encarou com os olhos verdes repletos de curiosidade.

— Que eu sou bonitão? Claro que sim!

— Eu também acho, mas não isso... — disse com uma risada adorável no final — As cicatrizes, não acha elas feias?

.

.

50 – Crises

.

A crise de pânico de Jason piorou exponencialmente quando Bruce e Alfred o encontraram. Os dois mais velhos estavam preocupados com Damian perto do irmão – ele estava descontrolado, poderia acabar machucando a criança mesmo que sem a intenção.

No fim, ambos estavam certos: Jason machucou Damian onde mais doía, no psicológico – na mentalidade frágil e já abalada daquela criança.

.

— ... E-Eu sou um erro? — Damian encarou o irmão e depois o pai. Nenhum dos dois respondeu como da outra vez, o que tornou a mente do pequeno tão embaralhada quanto antes, ocupada para tornar aquilo uma verdade irrevogável.

Ele teria continuado naquela pequena confusão se não fosse o mordomo abrir a porta do escritório com um pontapé, roubando a atenção de todos por portar um rifle antigo.

— O único erro aqui, Mestre Damian... — Fez uma pequena pausa e mirou em Jason — ... é eu achar que vocês conseguiriam sobreviver mais de dez minutos sem mim — Atirou. Jason sossegou instantaneamente, enquanto Damian e Bruce o encaravam com pânico estampado nos rostos — Oh, não precisam se preocupar, é apenas um tranquilizante de médio porte — Sorriu — Creio que sou mais adepto aos métodos não ortodoxos.

.

.

Depois que tudo terminou, acharam melhor deixar aquela experiência traumática como apenas mais um pesadelo. Damian acreditou nisso com facilidade.

Pela manhã, o pequeno estava contente observando os irmãos, os pais... todos como uma família feliz e perfeita. Porém, havia um pequeno defeito que passou despercebido por Damian: Bruce precisava aprender urgentemente como se tornar um bom pai.

.

— Linguagem! — o pai interrompeu antes que mais alguma insanidade fosse dita — Ninguém precisa ter ciúmes, eu trato vocês exatamente igual.

— ... Com indiferença? — Jason o encarou emburrado.

— ... Com falta de diálogos, aproximações ou momentos em família? — Dick tentou fazer graça, aproveitando para irritar Bruce um pouco.

— Estão se esquecendo da decepção! — Tim avisou enquanto se aproximava deles junto à Barbara.

— Vocês falam como se eu realmente fosse tão ruim assim... — Bruce murmurou tomando mais um pouco do café.

— As vezes você consegue ser pior, B! — Barbara disse risonha. Ela e Tim ficaram atrás da cadeira onde Bruce estava sentado, conseguiam sentir o “olhar de julgamento” mesmo com ele de costas para os dois.

— Falam como se fossem anjinhos comportados e obedientes — o pai murmurou ranzinza, pegando o jornal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reviver: Resumo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.