Vital Signs escrita por CDJ


Capítulo 6
Parte 2 - Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

A Parte 2 acontece em Cold Oak, no fim da segunda temporada quando todos os jovens iguais a Sam se reúnem na cidade fantasma. Mudei várias coisas para adaptar a história.



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Sam - Terceira Pessoa


 Sam estranhou quando Eve apareceu procurando por ele, fungando descontroladamente e fazendo o chão tremer ao seu redor. Ela chegou até ele e Jake e ficou andando de lá para cá, até conseguir se acalmar para não quebrar nada.

 - Discuti com aquela ruivinha. Aparentemente, ela tem o mesmo poder que eu. Ela me perguntou por que eu acho que a morte é uma coisa boa. Como eu ouso gostar de morte. Ora, como eu ouso. Eu não gosto! Eu quero que esses filhos da mãe morram e parem de nos atormentar. E eu vou usar meu poder para matá-los se tiver que fazer isso. Estou errada? Eles são do mal – disse ela, apressadamente, andando de um lado para o outro, subindo e descendo o volume de sua voz.

 No fim, ela parou encarando Sam que não sabia a resposta para as incertezas dela. Ele nem tinha a resposta para as próprias incertezas, como poderia saber as dela? Jake conseguiu puxar um pedaço de metal pesado e desapareceu no caminho até a casa. Ele deve ter percebido que aquela discussão era entre os dois.

 - Você não está errada – disse Sam, colocando as mãos nos bolsos.

 Ela relaxou os ombros e esfregou a testa violentamente.

 - Não gosto da morte, Sam. Você disse que tem visões de morte, não é? E disse que me viu – ela ergueu a cabeça e atingiu-o em cheio com suas esmeraldas preciosas – O que você viu?

 Sam pigarreou e se aproximou dela, puxando-a pelo braço para fazê-la se sentar ao seu lado no chão batido de terra. Ele queria lhe contar tudo o que havia acontecido, mas tinha medo de ser muito para ela. Pior ainda, ele tinha medo que ela desse conta de tudo que podia fazer e tentasse mesmo matar humanos. Ele respirou fundo; resolveu encarar o teto e evitar as esmeraldas.

 - Eu vi você entrando em seu apartamento e conversando com Jasmine. Você dizia que havia visto ela e Alex juntos. Ela tentou se explicar, mas você só ficou mais brava – Sam pausou e voltou os olhos para ela – Na minha visão, você explodia o cérebro dela e simplesmente não parecia humana. Foi uma das piores visões da minha vida e eu tive medo por Jasmine. Mas quando eu consegui te encontrar, não sei, foi diferente. O seu olhar na visão era muito diferente do que o seu olhar normal. Eu me dei conta de que você não conseguiria matar nem uma mosca, mas te segui mesmo assim. Acho que eu estava com mais medo por você do que por Jasmine. Eu imaginava a culpa que você ia sentir depois que a matasse. E foi isso que me fez te parar. Se eu fosse racional, teria deixado você naquela rua para morrer sozinha. O motorista que te atropelou não ia parar para te socorrer. Se eu fosse racional, você já estaria morta. Mas algo em você me fez abrir os olhos, me fez sentir dor ao ver o seu rosto machucado. Tive que te ajudar.

 Sam parou e respirou. Nunca havia tido uma conversa tão intensa e objetiva com alguém, nem mesmo com Dean. Nunca tivera uma conversa aberta, em que pudesse contar todos os seus sentimentos a alguém. Eve era esse alguém, Eve o fazia se abrir. Eve tinha as portas do paraíso, seus olhos esmeralda. Eve tinha o caminho até o céu, seus lábios. E eles estavam mais longe do que ele queria. Um segundo depois, ele puxou seu queixo e encostou seus lábios nos dela, mas esse novo beijo não foi calmo e suave no início. Foi quente e selvagem desde o momento em que eles se tocaram. Eve passou do chão para seu colo em milésimos e eles acharam lugares para colocar as mãos rapidamente e evitar um exibicionismo.

 Eve não sabia se ela queria mais Sam do que ele a queria. Ela só sabia que eles se queriam e se mereciam, porque não se conheciam e combinavam melhor do que um casal que passara mais de setenta anos juntos. Era como se, porque eram desconhecidos, as coisas fluíam rápida e naturalmente. O beijo se acalmou e eles aproveitaram por mais um tempo seus lábios juntos. Quando estes se descolaram, o desejo de juntá-los novamente prevaleceu.

 - Quando você se foi, eu achei que uma porta havia se fechado para mim. Eu nem conheço você, Sam Winchester, mas eu te quero na minha vida para sempre – disse Eve com os olhos brilhantes.

 - Não posso te dar para sempre – ele começou, com um triste brilho nos olhos – porque não sei o que vai acontecer amanhã ou daqui a três anos. Mas posso prometer que, enquanto estivermos no mesmo lugar, eu estarei na sua vida.

 - Eu aceito – e ela se inclinou para beijar os lábios dele mais uma vez.

 

 Sam e Eve se desgrudaram após alguns minutos e caminharam de mãos dadas até a casa onde estavam “hospedados”, mas suas mãos se separaram ao entrarem no quarto abafado. A ruiva que antes havia discutido com Eve passou por ela e foi para fora, deixando apenas um rastro de seu perfume enjoativo. Eve respirou fundo e tentou ao máximo ignorá-la, mas foi forçada a segui-la. Ela tinha que se explicar, tinha que explicar que não gostava de mortes, mas que era preciso. Ela estava numa situação de matar ou morrer, e ela não queria morrer. Não agora que Sam estava do seu lado.

 - Ei, ruiva – chamou ela com desgosto.

 A garota estava de costas para ela, mas virou a cabeça assim que ouviu sua voz.

 - O que você quer? – perguntou, atormentada.

 Seus braços se apertaram mais sobre seu corpo e ela virou a cabeça novamente. Eve se aproximou e passou por ela, encarando o sol do fim de tarde. Seus olhos claros falharam um pouco àquela luz. Ela definitivamente preferia a noite; a luz das estrelas era mais convidativa.

 - Não gosto da morte, mas preciso matar para sobreviver – comentou.

 - Eu prefiro morrer – ela disse, com uma voz embargada.

 - Eu já quis isso, acredite em mim – começou Eve e se virou para encará-la – Você não sabe pelo que eu passei. Suas habilidades começaram apenas há mais de um ano, não é?

 Ela esperou pela confirmação da garota para continuar a falar.

 - Pois é. Você tem sorte. Eu nasci com as minhas. O demônio que nos colocou aqui, o cara dos olhos amarelos, me contou que eu sou a mais perigosa entre todos vocês. Que o que eu tenho é uma dádiva – Eve riu, debochada, sem humor algum – Como se eu quisesse um dom como esse. E acredite, eu não quero. Ele também me contou que não matou minha mãe como fez com a maioria dos outros. Não, ele não fez isso. Ele deixou esse trabalho pra mim. Aos quatro anos, eu matei minha própria mãe. Meu pai se matou uma semana depois, porque ele sabia exatamente o que eu era. Minha família inteira se desestruturou. Meus irmãos foram separados e adotados muito antes de mim. Eu encontrei a família mais nojenta que existe e fui obrigada a trabalhar para eles. Eles me batiam, sabia?

 “Sempre que eu fazia algo errado, eu ganhava um novo hematoma. Meu querido pai adotivo tinha ficha na cadeia por posse ilegal de armas e fraude e minha mãe traficava drogas; eu era apenas mais um novo negócio para eles. Eles esperavam que eu fosse seguir a mesma carreira, que eu tivesse o mesmo cérebro danificado. Mas não. Eu fui embora aos dezoito anos e entrei na Universidade da Flórida. Lá, eu construí amigos, arranjei um namorado. Eu até tinha uma melhor amiga, a Jasmine, e meu namorado, Alex, eram as pessoas em quem eu me apoiava. Mas é claro que eu não podia ter sorte na vida. Afinal, eles estavam me traindo pelas costas. A única coisa boa nessa história toda foi ter encontrado o Sam, mas ele me explicou por que apareceu tão de súbito na minha vida. Ele teve uma visão e na visão dele, eu explodia o cérebro de Jasmine com o contato visual. Exatamente. Mas ele me parou ou hoje eu seria uma assassina. Mas adivinha? Eu sou. Matei um cachorro, quatro demônios e minha própria mãe. Quebrei mais lâmpadas em uma semana do que alguém pode quebrar em uma vida inteira. Mas tem algo bom nesse poder, por que eu estou afastando o mal. O mal, que sempre veio atrás de mim por alguma razão obscura, está se afastando de mim. Então, sim, eu gosto da morte. Gosto da morte dos que devem morrer, das coisas que não deviam existir. Não gosto da morte de coisas vivas, de coisas importantes para alguém. Eu nem mesmo sabia que tinha matado minha mãe, mas o demônio me contou. Ele até me mostrou a cena. Sabe, na morte dela, eu não estourei seu cérebro, eu estourei seus pulmões. Minha vida é muito pior do que a sua e não finja que eu estou errada. Tudo o que eu passei, tudo o que eu já vi, é demais para se deixar passar. Dois pesos, duas medidas. Sobrevivi por tempo demais para entregar as cartas e deixar de matar um bando de seres malignos. Espero que você tenha entendido o que eu quero dizer. Se não entendeu, não faz a menor diferença.”.

 E depois de dizer essas palavras, Eve caminhou pela avenida principal até sumir, tendo plena certeza que todos a ouviram e todos a ignoraram, porque ninguém podia saber exatamente como ela se sentia.

 

 

 Minutos depois, Sam estava procurando por ela. Ela achou que ele viria, mas queria fugir um pouco mais, queria viver sua dor sozinha desta vez; ele não precisava sofrer por ela. Quando ele apareceu, ela estava pronta para gritar com ele e clamar pela solidão, mas não o fez porque os olhos dele estavam apavorados.

 - É melhor ficarmos todos juntos – ele disse, a voz tremendo.

 Ela se levantou e eles caminharam juntos para o mesmo quartinho abafado. Assim que ia entrar, ela percebeu que Sam bloqueava sua visão para algo. Ele só podia estar escondendo alguma coisa, alguma coisa terrível.

 - O que aconteceu, Sammy? – perguntou ela, tentando olhar por cima da cabeça dele sem sucesso. Ele era alto demais.

 - Nada. Fique no quarto – começou ele, com a voz controlada – Não saia! Eu e Jake vamos procurar por mais demônios.

 - Então eu vou com vocês. Quero ajudar – disse ela, prontamente.

 - Você vai ficar aqui dentro – rosnou ele, sem pedidos e sem cortesia. Era uma ordem.

 - Sam – começou ela, bufando de raiva – Eu quero te ajudar!

 Ele negou com a cabeça veemente e então saiu do campo de visão dela, para que ela pudesse enxergar o que havia acontecido. A primeira coisa que ela viu foram cabelos ruivos esvoaçando em algum ponto muito alto. Ela sabia de quem eram aqueles cabelos, mas não conseguiu identificar quem era aquela pessoa pendurada lá no alto, morta. Quando ela percebeu, gritou. Era Lily e ela estava morta, completamente sem vida. Seu corpo pálido pendia imóvel, como o pêndulo de um relógio quebrado. A respiração de Eve se alastrou e ela teve que cobrir o rosto para ignorar a imagem grotesca e não chorar.


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Notas finais do capítulo

Capítulo muito tenso, foi tenso até para escrevê-lo '-' Espero que gostem



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