Vital Signs escrita por CDJ


Capítulo 2
Parte 1 - Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

A Parte 1 acontece na segunda temporada, em meio aos episódios que Sam descobre sobre os outros como ele que foram marcados por Azazel.



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Eve - Primeira Pessoa

 

 Minha cabeça simplesmente não funcionava mais. Juro que se eu não soubesse automaticamente o caminho de casa, teria simplesmente ficado na rua para evitar pensar. Eu precisava de uma aspirina e uma bolsa de água. Talvez férias, mas ainda era primavera.

 Meu celular tocou uma música alta demais para o meu gosto e eu fui obrigada a atender. O número era desconhecido e eu tinha certeza que era alguém que havia discado errado.

 - Alô? - falei, tediosamente.

 - Seu namorado trai você – disse a outra voz no telefone.

 Não reconheci quem era, mas parei abruptamente. Agora eu estava realmente nervosa. 

 - Quem é? - perguntei, a raiva subindo e fazendo meu cérebro encolher ainda mais.

 - Não importa – respondeu a voz ríspida – Seu namorado te trai com sua melhor amiga, a Jasmine.

 Esfreguei a testa novamente e fechei os olhos, fazendo uma careta. Meus olhos estavam começando a se encher de lágrimas mais uma vez. Que droga. Eu odeio essa dor e odeio quem me liga a noite para me fazer uma brincadeira tão sem graça como aquela.

 - Que brincadeira é essa, hein? Olha, eu não tenho tempo ou atividade cerebral o suficiente para prestar atenção em você agora.

 - Estou falando a verdade. Se quiser ignorar, vá fundo. Eu sei que você está grávida dele.

 Foi nessa hora que eu abri os olhos e obriguei minha dor de cabeça a ir embora. Fosse quem fosse, essa pessoa sabia muito sobre a minha vida.

 - Quem é que está falando?

 - Já disse que não importa. Seu namorado está agora mesmo no Telloni's, no andar de cima, fodendo Jasmine Heathers. Se eu fosse você, ia lá para acabar com a farra deles.

 Eu fiquei sem fala e não impedi as lágrimas de caírem.

 - Foi só um aviso – e então a pessoa desligou na minha cara e me deixou com minhas lágrimas e minhas preocupações sozinha, como sempre estive.

 

Sam - Terceira Pessoa

 

 Sam a seguiu pelas ruas até que a viu parar abruptamente e pegar algo em seu bolso. Tratou de se esconder para não ser visto, mas manteve um olho para não perdê-la de vista. Ela parecia estar falando com alguém no celular, mas ainda parecia estar com dor de cabeça, pois esfregava a testa sem parar. Algum tempo depois ela parou e abriu os olhos. Quando deixou o braço cair e, junto com ele, o telefone celular, lágrimas vazavam de seu rosto e molhavam sua face. Sam teve vontade de abraçá-la, mas ignorou o sentimento.

Um segundo depois ela se virava para a calçada e abria a boca para vomitar.

 Sam sentiu que devia ajudar, era o mínimo que podia fazer para alguém que parecia tão mal. Apesar da cena que ele havia visto ainda o atormentar, a garota estava desolada. Ele saiu das sombras e chegou até ela, inclinou-se um pouco e puxou seus cabelos para que não a atrapalhassem.

 - Ei, você está bem? - ele perguntou, querendo soar normal.

 Ela não subiu o rosto para encará-lo, mas ele não sabia se era porque ela estava tendo outra crise de dor de cabeça ou de vômito. Esperou até que ela erguesse o corpo e o olhasse para voltar a falar com ela.

 - Não – ela respondeu, fraca.

 Se Sam não tivesse bons reflexos ela teria caído no chão, pois seu corpo amoleceu logo em seguida, mas ele a segurou. Ela o abraçou – um completo desconhecido – e chorou lágrimas de dor e indignação. Vendo-a daquele jeito, Sam se perguntou se não era o certo deixar Jasmine morrer.

 - Desculpa, eu não devia ter feito isso – ela disse, se esquivando dele – Desculpa, eu tenho que ir, tenho que...

 - Meu nome é Sam Winchester e eu estava dentro do restaurante. Vi que você estava mal e te segui para saber se precisava de ajuda. Meu irmão e eu estamos lá dentro, você não quer que a ajudemos?

 

Eve - Primeira Pessoa

 

 As palavras dele soavam doces e macias, mas eu não podia. Eu tinha que saber se Jasmine estava mesmo sendo a biscate que diziam que ela era. E se Alex me amava o quanto dizia. Mas Sam parecia tão educado e sereno que eu tive que resistir muito em não segui-lo. Eu balancei a cabeça, tonta por vomitar e zonza de dor, mas não deixei por aquilo mesmo.

 - Eu sou Eve Crenshaw. Obrigado, Sam, mas tenho que ir. Desculpa – disse, me desculpando pela terceira vez em um minuto.

 - Quer que eu te acompanhe? - ele perguntou.

 Eu sei que eu não sou idiota o bastante para deixar um cara daquele tamanho me acompanhar; ele podia me estuprar a qualquer minuto ou me matar ou me roubar ou me sequestrar. Mas algo em seus olhos verdes não me deixou ficar com medo. Apenas assenti e caminhei até o Telloni's com um cara de mais de 1,90 m me acompanhando de perto.

 Meu passo estava tenso e incerto. Eu não sabia se queria realmente encontrar Alex e Jasmine, mas quanto mais eu pensava nisso, mais improvável a história me parecia. Jasmine era diferente de Alex, em todos os sentidos. Alex era comum; tinha bastante dinheiro, mas gostava de um bom canto, de uma boa comida caseira, de uma tarde com a família ou de ler um livro. Jasmine era festeira e sempre fora muito mimada, mas apesar disso, odiava a própria família. Eles simplesmente não combinavam. Eu era um meio termo entre os dois, por isso ele era meu namorado e ela era minha melhor amiga. Nós éramos um trio insosso, não havia como mudar a natureza de cada um. O lugar dos dois era ao meu lado, mas não juntos.

 O Telloni's estava fechado. Era um restaurante para casais e a maioria ia embora cedo, mas Alex tinha que ajudar a limpar e a fechar. Até hoje não sei por que ele trabalha; como eu já disse, ele tem dinheiro. Logo depois de sair do Telloni's, ele me visitava no Donny's e nós ficávamos conversando enquanto o pessoal ia se dissipando. Depois ele me ajudava a fechar e a limpar o lugar e nós íamos embora para casa. Na verdade, ele morava do outro lado da cidade, mas sempre me acompanhava até a porta do meu apartamento. Às vezes ele tinha sorte e eu o deixava entrar para que pudéssemos passar a noite juntos. Se eu estava mesmo grávida, não poderia haver outro pai para o meu filho além dele.

 Entrei pela porta falsamente trancada e esperei por Sam, meu novo grande guarda-costas. O senhor Telloni sorriu fracamente para mim e eu atravessei o salão decorado com corações até chegar à cozinha. No fundo, havia uma escada que levava até o quarto em que o senhor Telloni dormia. Subi as escadas sem fazer barulho, para não surpreender quem quer que estivesse lá.

 Minha certeza era encontrar Alex ali, procurando alguma vassoura ou coletando o lixo lá de cima para jogar também. Eu esperava ver nada além do meu namorado louro e atlético com a mesma aura geek de Sam, apenas limpando o quarto do senhor Telloni. Nada além disso. Ao chegar em certa parte da escada, eu ouvi a risada dele. E pior, a risada dela. Quem quer que tinha me ligado, sabia o que eles faziam e sabia muito bem.

 Ela estava de costas para mim, mas consegui ver que estava nua. Ele estava virado na minha direção, mas mantinha os olhos fechados. Jasmine estava no colo de Alex e riam de olhos fechados. Estavam longe da janela, mas a luz da noite refletia neles e tornava o momento mágico. Magicamente ridículo e sujo. Eu segurei o choro, mas desci as escadas correndo. Meus pés tropeçavam em si mesmos e eu pisava em falso, mas consegui não gritar até estar completamente fora do restaurante com aquela ridícula decoração atrás de mim.

 Gritei e gritei muito, até não conseguir mais sentir minhas cordas vocais. Eu tinha uma sorte de aquela ser uma área comercial ou ia parar na polícia. Sam apareceu logo atrás de mim e veio tentando me consolar, mas eu o empurrei contra a parede com uma força que não me pertencia. Minha raiva contaminava meus dutos lacrimais e minhas cordas vocais. Eu não conseguia nem respirar direito. E como se não bastasse, a dor de cabeça estava de volta com força total.

 - Olha, Eve, eu tenho certeza que... - começou Sam, envergonhado por estar ali.

 - NÃO! NÃO! Eu não quero saber o que você pensa, eu não quero saber da sua misericórdia, eu não quero, eu não quero, eu não quero.


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