Preencha meu Futuro, minha Rainha (Royai) escrita por Linesahh


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde pessoal!
Eis o último e TÃO esperado capítulo dessa three-shot ^-^

Boa Leitura ♥



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Riza Hawkeye atravessou as portas de entrada do hospital após respirar fundo e repassar várias vezes em sua mente todos os movimentos necessários para recarregar uma pistola em meio a uma situação de emergência.

Na maioria das vezes pensar em armas a acalmava bem mais do que um chá de camomila. Era como um vício lembrar-se do sonoro som de "clack" quando as carregava no ambiente quieto de seu quarto; os variados impulsos que elas faziam contra suas palmas ao disparar um tiro certeiro; sentir a leve mudança de peso conforme iam perdendo munição... Era como se tudo aquilo fizesse parte do corpo da primeira-tenente.

Passou pela recepção sentindo-se um tanto ansiosa. Não havia muita gente por ali, mas as vozes altas nos andares de cima denunciavam que o local estava bem cheio. Mas isso não era surpresa; afinal, depois da grande destruição que ocorrera na cidade, muitas pessoas saíram feridas, principalmente militares.

Sem perceber, seus dedos deslizaram levemente por cima da gola de sua blusa preta. Conseguia lembrar com nitidez a sensação daquela lâmina fria e afiada deslizando por sua pele e do sangue quente jorrando ininterruptamente do local. Às vezes até mesmo conseguia sentir o cheiro forte de ferro em momentos diversos, assim como também sentir o sangue seco em suas mãos trêmulas que buscavam estancar a ferida ao máximo. Mesmo tendo se passado muitos dias desde àquilo, era como se o ferimento ainda estivesse fresco em seu corpo.

Havia sido um momento terrível. Riza nunca havia chegado tão perto da morte.

E sentiu muito medo.

Hawkeye esqueceu-se desses pensamentos após sentir um impaciente e pesado movimento em sua cintura. Discretamente e sem chamar atenção, desceu um pouco do zíper da bolsa grande que carregava, abrindo uma pequena fenda e enfiando a mão lá dentro. Logo, sentiu algumas lambidas úmidas em seus dedos.

— Black Hayate, fique quieto. — sussurrou, agradecendo por não haver tanta gente por perto. O tom mínimo de ordem em sua voz fez o animal parar no mesmo instante de se mover. Logo, Riza sentiu o corpinho dele relaxar. — Bom garoto. — um fugaz sorriu perpassou seus lábios, satisfeita.

Quando saíra de casa e estava há apenas poucos quarteirões do hospital, a mente acelerada da jovem lembrou-a vagamente de que animais não eram permitidos no edifício. Felizmente, graças a sua mania de sempre andar com algum dinheiro no bolso, Riza pôde comprar uma bolsa grande e barata em uma loja de conveniência ali perto.

Ela sabia que estava fazendo algo errado; contudo, lembrou a si mesma que nem sempre tinha que seguir todas as regras à risca. Já havia desobedecido ordens superiores de Roy Mustang um número considerável de vezes, mas, em sua defesa, todas as ocasiões em que tomou suas próprias atitudes era por tratar-se de uma situação de vida ou morte. Além do mais, não era como se estivesse levando uma bomba para um lugar cheio de pessoas doentes...

Se bem que para o segundo-tenente Breda, Black Hayate parecia estar no mesmo nível de terror que um Homúnculo...

— Tenente Hawkeye!

Riza girou os calcanhares num movimentos automático ao escutar seu nome sendo chamado por uma voz conhecida. Sem nem mesmo notar, sua mão livre deslizou até sua cintura num delírio momentâneo, esperando encontrar o cabo de sua pistola em um cinto imaginário.

Para sua admiração, era o próprio doutor Marcoh que caminhava até ela. Felizmente, ele não pareceu notar seu reflexo anterior, o que foi um alívio, pois pouparia constrangimentos de ambos os lados.

— Doutor Marcoh. — cumprimentou-o num aceno educado. Estudando-o por alguns segundos, os olhos bem treinados da jovem captaram um ar de positividade nos movimentos ativos do antigo Alquimista de Cristal. Ele carregava uma maleta pequena e fina, e seu rosto, apesar da desfiguração feita por Scar, o ishvaliano, parecia leve e satisfeito.

Todos esses pontos fizeram Riza sentir um arrepio intenso na nuca e um frio gélido inundar seu estômago ao deduzir a razão de o mais velho estar bem-humorado.

O homem parou à sua frente.

— É muito bom vê-la por aqui, ainda mais no dia de hoje. — sorriu-lhe satisfeito. As palavras dele conseguiram deixá-la ainda mais ansiosa. — Acabo de vir do quarto do Alquimista das Chamas... 

O coração de Riza Hawkeye parou por um segundo.

— Ele... — seu peito subia e descia com pressa ante a breve falta de ar. Pressionou a bolsa contra seu corpo, agradecendo por Black Hayate permanecer quieto lá dentro. Recobrou o controle, contando mentalmente quantas balas eram necessárias para recarregar uma pistola-metralhadora.

Agora, mais focada, pigarreou:

— O coronel já está enxergando? — indagou calmamente.

— Podemos dizer que sim. — ante o olhar levemente questionador da mulher, ele explicou: — Pinguei algumas substâncias em ambos os olhos do Alquimista das Chamas, isso para acostumá-los melhor à claridade. O mandei continuar com a faixa por mais alguns minutos apenas. Ele só não me pareceu ficar muito satisfeito...

— Creio que está tudo certo, não, doutor? — não conseguiu esconder a expectativa em sua voz, por mais que tentasse. — Os olhos dele serão os mesmos que antes, não é?

Doutor Marcoh tranquilizou-a:

— Não se preocupe com isso, tenente Hawkeye. Assim como as pernas de Jean Havoc, os olhos de seu coronel também foram tratados pela pedra filosofal, e garanto que ambos os tratamentos foram um sucesso. — assegurou.

— Certo. — Riza sentiu seus membros relaxarem um pouco, ficando mais leves. Desviou o olhar para o corredor de onde ele havia vindo. — Eu poderia ir vê-lo agora?

— Ora, mas é claro que pode. Acredito que será bom para ele, além de que me poupará de ter que voltar daqui a pouco... — ele verificou o relógio. — Conte mais cinco minutos e então diga a ele que já pode retirar a faixa, sim? Tenho algo pendente para resolver lá em cima. — explicou, um tom de desculpas presente em sua voz.

— Sim senhor. — Riza acenou prontamente, polida.

Ele sorriu agradecido.

— Logo mais irei vê-lo. Até mais tarde.

A primeira-tenente acompanhou o homem afastar-se, seguindo pelo corredor direito e sumindo após subir as escadarias que dariam para o andar de cima. Com isso, seu pés levaram-na até o fim do setor de quartos, parando em frente ao de número cem.

Hesitou. Havia realmente feito a escolha certa? Deveria ter ficado em casa ajudando o restante da equipe com os relatórios?

O coronel realmente concordaria com sua atitude?

... E foi nesse momento que a jovem tenente Riza Hawkeye tomou uma decisão rara: fechou os olhos e calou a voz de seus pensamentos, concentrando-se somente em seu coração.

E a resposta dele para todas as suas dúvidas era apenas uma:

Sim.

 

 ◾◾◾

 

Roy Mustang já estava a ponto de jogar as ordens do doutor Marcoh para o alto quando ouviu o som da porta se abrir. A princípio, o Alquimista das Chamas pensou tratar-se do doutor, e já estava a meio caminho de perguntar se "agora poderia, enfim, tirar aquela porcaria dos olhos", quando, de repente, desistiu de concretizar o ato.

O motivo foi claro. Roy já estava acostumado com todos os sons da entrada decorada do velho Marcoh: seus calçados de couro pisavam com força no piso e ele nunca deixava a porta fechar-se totalmente, somente deixando-a encostada. Além do mais, ele sempre dizia a mesma frase ao entrar "Olá novamente, Sr. Mustang"; o que, obviamente, não aconteceu.

Em vez disso, o que adentrou seus ouvidos foi o som de passos leves e suaves, a porta fechando-se lentamente em seguida, algo ruidoso sendo colocado no chão e, por fim, o sonoro e longo abrir de um zíper.

Antes que pudesse tomar qualquer atitude, assustou-se ao sentir algo roçar em suas pernas. Em meio segundo, Mustang imaginou todos os tipos de coisas horríveis que aquilo poderia ser: uma fera, um dragão, ou até mesmo um Homúnculo que ressuscitara...

— Au!

... Até ouvir o tão familiar latido.

— Black Hayate? — sua voz saiu coberta de incredulidade e surrealismo. Procurou-o com a mão e sentiu o pelo macio e fofo do cãozinho que já não via há um tempo. Logo, sentiu a língua molhada do animal deslizar por sua palma, como se lhe cumprimentasse. — Ora, ora, o que faz aqui? — sem se conter, abriu um descontraído sorriso. Ergueu o tronco, direcionando a cabeça para a porta, onde acreditava estar o responsável por trazer o cachorro até ali.

Tendo alta ciência das duas únicas pessoas mais próximas de Black Hayate, surgiu-lhe a dúvida cruel:

Hawkeye ou Fuery?

Decidindo por não decepcionar-se tanto, arriscou:

— ... Sargento-mestre, é você?

— Bom dia, Coronel. — a voz feminina tão familiar e agradável ecoou pelo quarto, surpreendendo o Alquimista das Chamas de uma forma única, fazendo-o sentir um misto de admiração, perplexidade e, em seu íntimo, extremo deleite ao reconhecê-la.

Afinal, somente uma pessoa era capaz de provocar tais reações diversas em Roy Mustang.

— Tenente Hawkeye. — pronunciou seu nome com prazer. — Achei que não viria hoje.

A primeira-tenente demorou um pouco para respondê-lo. Pelos sons, Roy deduziu que ela estava guardando a provável coisa em que havia trazido Black Hayate sem a permissão do hospital — tal atitude que deixou-o admirado, confessava. Conseguia captar cada movimento que ela fazia; cada passo firme; cada inspiração profunda...

— Eu consegui adiantar algumas coisas, assim pude arrumar um tempinho para vir. — a resposta dela foi rápida e convincente no ponto certo, frustrando minimamente o alquimista. Se pudesse ao menos ver seus olhos naquele momento, saberia encontrar a verdade neles contida.

— Que bom. Eu não achei que realmente apareceria... e fico feliz em ver que estava errado. — confessou e, não soube se foi delírio seu, mas pareceu escutar um fraco suspiro de alívio vindo da mulher. Assumindo uma posição mais relaxada, tocou no assento da cadeira ao lado da cama. — Sente-se aqui, tenente.

Já esperando uma resposta negativa, assim como sempre acontecia quando a convidava para assentar-se, foi com singela surpresa que escutou os passos dela aproximando-se dele, para em seguida o arrastar dos pés do assento frisarem suavemente contra o piso, denunciando que ela aceitara seu pedido.

Definitivamente, hoje era um dia especial.

Como se para ter certeza de que ela estava logo à sua esquerda, Roy tocou suavemente em seu braço, recolhendo a mão em seguida. Ela estava tão perto, dava para sentir bem sua respiração... e ela encontrava-se, estranhamente, um pouco acelerada.

— Coronel... — ela deu uma pausa, na qual Roy prestou intensa atenção. Seu tom esboçava dúvida. — Encontrei com o doutor Marcoh lá fora, e ele me disse que já passou aqui um pouco mais cedo. Ele disse que tudo está correndo muito bem, mas... Eu tenho que saber pelo senhor como está se sentindo exatamente. — admitiu o que, aparentemente, a estava incomodando.

Roy não soube bem a sensação que o acometeu ao escutá-la dizer tais palavras que, em sua essência, exibiam preocupação; somente pôde classificá-las como sendo algo positivo para seu interior.

— Estou muito bem, tenente, obrigado. — sua atenção foi direcionada rapidamente para os movimentos agitados de Black Hayate aos pés de ambos, mas logo retornou o foco para Hawkeye. Queria mostrar-lhe que estava bem, que estava confiante. Lembrou-se, então, do curto procedimento que Marcoh fizera consigo minutos antes e o quanto sentira-se abalado após ele terminar.

Respirou fundo.

"Sabe, tenente... — seu tom ficou carregado de intensidade, visando ressaltar a importância do que estava para revelar. — Quando o doutor Marcoh me fez abrir os olhos para pingar aquelas coisas... — deu uma curta pausa, hesitante. — Eu vi a luz. — confidenciou, sentindo sua voz tremer minimamente ante a emoção que o assolava. — Consegui enxergar algo além do preto, mesmo que por poucos segundos e que se tratassem de apenas flashes".

A respiração dela acelerou-se ainda mais.

— Isso é... uma ótima notícia, coronel! — seu timbre saiu um pouco ofegante.

— É sim. — sorriu, assentindo. A emoção que sentira ao vislumbrar ao menos um pouco das cores acompanhava-lhe até aquele instante, como um elixir de esperança. Agora, a expectativa e impaciência para contemplar tudo a sua volta com nítido foco haviam-se multiplicado por mil. As substâncias que Marco havia pingado em ambos os seus olhos davam a impressão de terem-nos dilatado bastante, mas, felizmente, a sensação de ardência já havia diminuído bem.

Tomando sua própria decisão, segurou a faixa que cobria seus olhos, preparando-se para retirá-la de uma vez.

... No entanto, sua subordinada impediu-o.

— Ainda não, coronel. — mandou.

— O quê há? — reclamou. — O doutor disse que eu já posso tirar...

— Doutor Marcoh falou para que eu contasse cinco minutos — replicou. — E ainda faltam quarenta segundos. — frisou. Mustang até mesmo conseguiu imaginá-la consultando o relógio ardilosa e eficientemente.

— Isso é realmente necessário? — ante o significante silêncio dela, o Alquimista das Chamas bufou, contrariado. — Francamente, Hawkeye...

— ... Sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um... Certo, passaram-se os cinco minutos. — sentiu ela erguer-se da cadeira, postando-se à sua frente. — Pode retirar agora.

Pego pela ordem instantânea, Roy foi consumido por um nervosismo intenso.

— ... Certo. — assentiu, erguendo-se devagar e engolindo em seco. Sentiu-a aproximar-se um passo, talvez temendo que ele vacilasse. De repente, pareceu que o ar do cômodo diminuiu drasticamente de quantidade, ficando mais denso e mais sufocante.

Respirando fundo, Roy desatou o nó da faixa, fazendo-a deslizar até o chão.

Continuou com os olhos fechados. Por um segundo, imaginou-se abrindo-os e somente tendo a escuridão como resposta. Imaginou sua derrota, conseguindo até mesmo escutar as palavras de pena do doutor Marcoh ao ver que tudo tinha sido em vão "Sinto muito, sr. Mustang... Talvez a pedra filosofal não tenha aceitado-o por reconhecer em ti o assassino de centenas de vidas ishvalianas nela contida".

Após pensar isso, toda coragem pareceu esvair-se de seu corpo. De um segundo para o outro, sentiu-se incapaz de abrir os olhos; incapaz de concluir tão simples e ridículo comando.

Sentiu-se da forma que sempre abominou ser chamado:

Um inútil.

E foi nesse momento, no meio da escuridão esmagadora e tortuosa que somente a imaginação poderia originar, que Roy Mustang foi resgatado pelas mãos afáveis de Riza Hawkeye.

Seu toque foi sutil e sem hesitações. Ela apertou levemente suas mãos, como que para incentivá-lo.

— Coronel, está tudo bem. — foram raras as vezes em que ouviu gentileza pregada em sua voz, principalmente que fosse direcionada para ele. No entanto, essa gentileza estava ali, pura e complacente, possuindo o dom de acalmá-lo. — Abra os olhos. — sussurrou.

Seguindo a confiança na voz dela, Roy tomou coragem para fazê-lo.

De súbito, sentiu-os encher de lágrimas ante o choque de luz que abateu-se sobre eles. Fechou-os novamente, afastando as mãos de sua subordinada e pressionando-os com suas próprias.

— Desculpe-me... — murmurou, constrangido e envergonhado por estar em um estado de tamanha vulnerabilidade na frente dela. — Eu só...

— Está tudo bem. — ela tranquilizou-o, compreendendo-o sem precisar de maiores explicações. Como sempre. Hawkeye esperou que ele se recuperasse para prosseguir. — Vamos, abra os olhos, coronel. Olhe para mim. — pediu baixo.

E foi exatamente esse último pedido que o fez esquecer de tudo. Num instante, todo medo, hesitação, vergonha, impotência... Todos foram embora. Restou apenas uma única coisa: o desejo de vê-la.

O desejo e a necessidade de contemplá-la.

Suas pálpebras levantaram-se lentamente, semicerradas à princípio, acostumando-se com a claridade assim como os primeiros vislumbres que um recém-nascido tem do mundo pela primeira vez. Tudo parecia borrado, uma mistura de cores e formatos, deixando-o parcialmente desorientado e assustado.

... E foi então que enxergou a única coisa que importava. Os olhos de Riza Hawkeye.

Olhos tão expressivos e destacados; tão femininos e tão fortes; tão sensíveis e tão impactantes; tão capazes de fazer até o mais frio dos homens fraquejar ante sua mira. A cor âmbar de que sentira tanta falta de admirar estava agora fixada em sua retina, como o sol que brilha na escuridão.

... E a sensação experimentada foi exatamente a mesma que um ser humano que está se afogando sente ao ser atirado para ele um colete salva-vidas:

Sentiu-se salvo.

Em meio a toda emoção acumulada em seu interior, o Alquimista das Chamas, tomado por um impulso momentâneo e, principalmente, por seus sentimentos, envolveu sua subordinada num abraço intenso, forte e veemente. Segurou-a firme, não dando indícios de que a soltaria tão cedo.

— Eu senti tanto a sua falta, tenente... tanto... — sussurrou, sentindo que morreria se não colocasse para fora tudo que estava sentindo; todas as dúvidas, desejos e esperanças acumulados naquelas longas duas semanas em que esteve inerte numa espera sem fim, imaginando que tipo de futuro teria. Seus olhos queimaram ante o início de um contido choro.

— Coronel... — Riza o correspondeu, pressionando as pontas dos finos dedos em suas costas. Seu corpo curvilíneo e em perfeita forma estava um pouco trêmulo em seus braços. — Eu estou... estou tão feliz em vê-lo bem... — sua voz saiu embargada, o som sendo abafado após ela enterrar o rosto em seu ombro.

Roy afastou-se um pouco, querendo ver novamente a face dela. Contemplou cada detalhe, cada centímetro, cada linha de expressão, cada pontinho brilhante em seus olhos que ameaçavam escorrer a qualquer instante. Imaginar-se vivendo em um mundo onde não poderia ver todos os dias aqueles olhos era quase insuportável. Imaginar-se esquecendo o dourado de seus cabelos, a curva longa de seus cílios, a cor vívida de seus lábios...

— Quando disseram que levaram minha visão por eu ser idealista demais, desejando tanto ver o futuro... eu imaginava que tudo girava em torno do meu sonho de ser Fuher. — falou baixo, olhando-a com seriedade. — Mas, agora, vejo que estava errado em pensar que era só isso. — admirou cada traço de sua subordinada como o mais renomado crítico admira a mais bela pintura. — Perdoe-me por ter sido cego, por não ter enxergado que você é a peça que compõe o meu mais precioso desejo de um sonho que há muito estivera enterrado em meu subconsciente. O sonho de viver ao seu lado, de querê-la sempre aqui por mim, de necessitar do seu preenchimento no meu coração e no meu futuro. Continue sempre fazendo isso, Riza Hawkeye. Preencha eternamente meu futuro, minha rainha.

Hawkeye somente fez sorrir; um sorriso radiante e cheio de gratidão.

— Sempre, Roy Mustang. Eternamente.

O fio de confiança estreitou-se além dos limites enquanto seus olhos continuavam pregados um sobre o outro. Pela primeira vez desde o fim da Guerra de Ishval, o Alquimista das Chamas experimentou o mais puro sentimento de felicidade.

— Muito obrigado por ter vindo, tenente. Foi a melhor coisa que fez por mim. — agradeceu com toda intensidade que pôde juntar em sua voz.

Por fim, soltou-a gentilmente. Afastou-se um pouco zonzo depois da intensa explosão de emoções e do claro descostume de seus olhos para com o ambiente ao redor. O quarto de hospital, comumente sem graça aos olhares gerais pelas suas cores neutras, parecia tão colorido para ele, tão vívido e tão cheio de luz ...

— Au, au! — Black Hayate pulava nas duas patas dianteiras, querendo chamar a atenção dos dois adultos que pareciam estar ignorando-o. Roy ficou maravilhado ao vê-lo tão saudável e tão bem tratado, até mesmo indagando-se intimamente se ele havia crescido um pouco desde a última vez que o vira. Com o canto dos olhos, pôde ver a primeira-tenente secando os olhos discretamente com a manga da blusa.

Como se houvessem servidos de anúncio, logo após os latidos de Black Hayate se calarem, a porta foi aberta, adentrando no quarto hospitalar uma legião de pessoas com sorrisos enormes e animação evidente nas faces.

— Coronel! Viemos todos vê-lo!

O Alquimista das Chamas piscou embasbacado para todas aquelas pessoas que demonstravam tanto zelo e tanto carinho para sua pessoa, carregando refratários com iguarias e até mesmo presentes embrulhados em papéis coloridos.

Todos estavam ali: seus subordinados; Grumman e Rebecca; Major Armstrong; os irmãos Elric — Edward e um outro garoto que não saberia de quem tratava-se não fossem as evidentes semelhanças com o irmão mais velho e os traços tomados pela tão característica e tão conhecida bondade de Alphonse Elric —; madame Christmas, sua mãe adotiva; Gracia e Elicia, esposa e filha de seu falecido amigo Maes Hughes...

Todos ali. Por ele.

— Viva ao coronel! — comemoravam radiantes.

Sentindo-se o mais adorado dos homens, Roy Mustang olhou para cada pessoa presente no recinto com extrema gratidão. Ver seus subordinados reunidos depois de tanto tempo fez-lhe sentir-se, enfim, completo.

Tinha de volta Kain Fuery, seu peão insubstituível; Heymans Breda, sua torre inabalável; Vato Falman, seu bispo destemido; Jean Havoc, seu cavalo valente...

E, por fim, seus olhos buscaram por ela. A mulher que tinha o dom de sempre estar por perto e salvá-lo de qualquer situação; a mulher que sorria a sua frente, reunida com todas aquelas pessoas e segurando Black Hayate sobre seus braços gentis e ao mesmo tempo letais; a mulher dona dos mais extraordinários olhos que já vira, capazes de tirá-lo da mais densa e cruel escuridão.

Riza Hawkeye.

Sua eterna rainha. 


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Notas finais do capítulo

Pessoal, primeiramente, quero dizer que me emocionei muito escrevendo essa pequena fanfic. Royai é um casal que ultrapassa os limites dos sentimentos puros, da confiança mútua, do amor eterno. Foi muito importante para mim escrever algo sobre eles, principalmente considerando que sou uma novata no universo de Fullmetal Alchemist.
E por isso, peço a opinião sincera de vocês, leitores: vocês acham que eu levo jeito para escrever sobre eles? É importante para mim saber disso para, assim, quem sabe, levar à diante algumas ideias que tenho em mente sobre esse shipp. Agradecerei muito por suas opiniões ^-^

Agora me despeço com um adeus (ou até breve).
Bye!



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