Fases escrita por Nena Machado


Capítulo 1
Fases




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Fase um: Aos 11

Lily Evans tinha uma tradição. Desde que sua mãe finalmente tinha deixado ela ir e voltar da escola de bicicleta sozinha, toda vez depois da aula ela pedalava até o fliperama que tinha há quatro quadras do colégio e jogava Pacman. Aquele não era o jogo mais legal disponível ali, mas era o único que os adolescentes chatos deixavam ela jogar, então ela aproveitava os 15 minutos que ela tinha até precisar pegar a bicicleta e ia para casa para não levantar suspeitas em sua mãe.

Ela fez isso por seis meses todos os dias religiosamente, e ficou tão boa que a lista de recordes da máquina pertencia todos a ela, que se orgulhava muito todas as vezes que olhava e via o “Lils” do início ao fim.

O problema é que durante o verão sua mãe não a deixará ir ao fliperama, alegando que aquele não era um lugar adequado para uma menininha da sua idade. Por isso Lily passou todo o seu primeiro dia de aula torcendo para aquilo acabar o mais rápido possível. Olhando para o relógio de segundo em segundo, esperando ansiosa para que o sinal batesse e ela pudesse ir na maior velocidade possível para o jogo.

Justamente por isso ela ficou extremamente chocada quando chegou no canto pouco movimentado do lugar e encontrou um menino magricela com os cabelos mais bagunçados que ela já tinha visto na vida sentado na máquina que ela tanto amava.

— Quem é você?

— Ah, eu... – o garoto tirou os olhos da máquina, a encarando confuso e Lily notou que ele usava óculos. – eu sou James Potter.

Antes que Lily pudesse perguntar mais alguma coisa porem, a máquina apitou alto anunciando que James perdeu a partida.

— Ah, que droga você me fez perder. – ele reclamou, mas para completo choque de Lily na tela pediu seu nome e, assim que ele colocou “Jay”, observaram juntos a lista atualizar com sua pontuação em terceiro lugar. – E você é...?

— Lily Evans. – ela respondeu ainda chocada com o menino que mal chegou e já estava tirando seus recordes.

— Ah, Lils, não é? Você parece ser muito boa – ele elogiou sorrindo animadamente. – eu sempre jogava no fliperama da cidade que eu morava antes.

— Você também parece ser muito bom – ela respondeu apontando para a lista de recordes sendo exibidos na tela da maquila. – conseguiu um terceiro lugar nos recordes que coloquei ai nos últimos meses.

James não pareceu envergonhado com a alfinetada, muito menos com raiva, pelo contrário parecia muito feliz em a esta conhecendo, e Lily deduzido que talvez ela fosse a primeira amiga que ele fazia no novo lar. Sentiu aos poucos a antipatia que a tomou ao vê-lo na máquina passar e pensou que talvez fosse bom ter alguém com quem vir ao fliperama, já que suas amigas nunca topavam ir com ela.

— Será que eu consigo te ganhar? – ele perguntou a olhando desafiadoramente.

— Acho que só tem uma forma de descobrir. – Lily responde, empurrando James para o lado para competir pelo lugar com ele a frente da máquina.

Fase atual

Lily Evans estava no sofá com um pote de sorvete quando escutou a porta ser aberta. Ela não ficou com medo, pois sabia bem que só havia duas pessoas que tinham uma chave daquela porta: sua amiga Marlene Mckinnon, que tinha conhecido na universidade e passado a dividir o apartamento quando a mesma foi expulsa do dormitório ao explodir uma panela de pipoca. E Lily sabia que isso era bem improvável já que ela devia estar em um avião quase chegando na França para visitar sua família, ou James Potter. Seu amigo de longos anos com quem ela não conversava pessoalmente há quase um ano.

Então não, ela não ficou com medo, apenas apavorada com a possibilidade de vê-lo cara a cara já que na última vez que isso aconteceu ela o chamou de babaca egocêntrico. James parecia mais ou menos o mesmo da última vez que ela o viu, o que era bem chato já que eles meio que tinham brigado. Claro eles já tinham feito uma vídeo chamada e conversado sobre a briga (meio que coagidos pelo amigo Sirius Black) e estavam de boa agora, mas desde então vinham conversando por mensagem apenas, ele não tinha ido a visitar nenhuma vez e por isso ela também não fez questão de conhecer seu apartamento.

— Oi – ele diz timidamente ao fechar a porta para em seguida sacudir as duas sacolas que trazia na mão. – trouxe o Xbox One e chocolate.

— Você não precisava ter vindo – foi a resposta de Lily, talvez um pouco seca demais para um cumprimento e por isso tentou se corrigir. – viajou por quase três horas pra gente jogar juntos?

Lily costumava brincar que a amizade dos dois tinha tido algumas fases. Tinham passado pelo fim da infância, pelos primeiros interesses amorosos, pelos corpos amadurecendo, pelas escolhas ruins, pelos problemas familiares... o ponto é que a fase que eles estavam agora era a que mais incomodava a menina.

Era aquela fase estranha do início da vida adulta, onde vamos deixando de lado algumas coisas e deixando outros entrar em uma rotina monótona. E se Lily fosse bem sincera ela poderia admitir que estava com medo de entrar na lista de coisas abandonadas.

— Não, eu viajei quase três horas para dar um pouco de apoio para minha grande amiga Lily – ele respondeu revirando os olhos ao se aproximar da TV para conectar os fios necessários. – desde sempre nos passamos por esses momentos jogando vídeo game e comendo chocolate, esse meio que é nosso jeito, não é uma briguinha besta que vai nos impedir agora.

Ele senta no sofá ao lado dela, lhe entregando um controle junto a uma barra de chocolate brando com pedaços de biscoito, que ele sabia bem que era seu predileto. Lily se permitiu sorrir, sentindo a nostalgia da situação, e pegando o controle oferecido começou o jogo.

Fase dois: aos 12

James ganhou um Nintendo DS de aniversario, mesmo seus pais tendo uma boa condição financeira foi preciso que ele e Lily pedisse muito por aquilo e prometessem não ficar acordados até tarde jogando nem passar muito tempo no aparelho. Seus pais achavam fielmente que ambos ainda eram muito novos para ganhar aparelhos eletrônicos, então foi preciso gastar muitos discursos e olhos pidões para conseguir. Foi uma conquista suada.

Era por isso, e unicamente por isso, que Lily agora encarava o amigo com raiva enquanto ele mostrava o brinquedo para seus novos amigos. Sirius Black, Remus Lupin e Peter Pettigrwe, grrr, Lily nunca tinha sentido tanta raiva de alguém que ela nem mesmo conhecia direito.

Lily e James iam finalmente estudar na mesma escola, depois de meses de amizade. Como James se mudou no meio do ano escolar, ele tinha continuado estudando no colégio antigo até esse momento, e com a horrível rotina de acordar bem mais cedo do que ela e chegar mais tarde o Nintendo tinha sido o substituto para eles não precisarem mais fugir para o fliperama. Agora eles estavam eufóricos para ter mais tempos juntos. Mas ai ele conheceu aqueles... garotos, grrr.

— Se você continuar encarando, eles vão notar. – avisou Mary, a colega de turma com quem Lily sempre almoçava, mas que não era tão próxima assim para ser chamada de amiga. Mary nunca aceitaria ir no fliperama com Lily.

— Não estou olhando nada. – recrutou Lily com um pouco mais de brutalidade do que pretendia.

— Céus, garota, você é ciumenta, hein.

Mas aquilo não era verdade, ou pelo menos Lily achava que não. E para provar seu ponto, depois que as aulas acabaram, ela pegou sua bicicleta e seguiu para casa sem esperar por James.

Tinha um mês que as aulas tinham começado, e no início foi tudo como um sonho, ela e ele sentavam um ao lado do outro, conversavam baixinho durante as aulas, jogavam qualquer coisa no almoço e depois iam juntos para casa de um dos dois, para fazer o dever de casa e brincar mais um pouco.

Só que aí começou a educação física, onde meninos ficam separados das meninas, e ele fez amizade com Remus. Lily o conhecia de vista da biblioteca, ele também gostava de ler assim como ela, então de início ela não se importou quando ele sentou com eles no almoço, foi agradável até e eles convenceram James a ler Crepúsculo. Porem logo depois Sirius também passou a sentar junto com eles, e então de alguma forma Peter se infiltrou também.

De repente James passou a sentar no fundo da sala com os outros meninos, e então misteriosamente parecia não ter mais espaço para Lily na mesa do almoço. James nem pareceu sentir sua falta. Dessa forma ela decidiu que não ia sentir a falta dele também.

Ela tinha finalmente conseguindo engatar um bom ritmo na leitura do romance que tinha pego do quarto da sua irmã quando sua porta foi escancarada por um James muito agitado.

— Lily! Você sumiu na hora da saída! – ele praticamente gritou. - Sirius está se gabando por ter ganhado de todo mundo no Mortal Kombat: Armageddon, você precisa dar uma surra nele.

— James, meu livro! – ela gritou quando o garoto se jogou em sua cama de qualquer jeito, amassando algumas páginas no processo.

— Vamos, levante dai - ele falou a empurrando nem um pouco delicadamente.

— Mais que merda – reclamou a garota, caindo da cama e arrancando uma gargalhada de James pelo uso da palavra que foi proibida pelos pais de ambos. – Não quero jogar, e menos ainda com Black.

— Porque?

— Porque não! – certo, talvez ela estivesse com um pouquinho de ciúmes.

— Porque não, não é resposta! – ele argumentou ridiculamente.

— Eu apenas quero ficar aqui lendo, - ela recrutou, como sempre parecendo ter total razão do mundo. – vai lá brincar com seus amiguinhos.

Lily observou quando James fez o mesmo bico que ela via quando tia Eufemia negava algo ao filho, observou enquanto James cruzada os braços com força e batia um pé no chão para dar ênfase a frase:

— Você está muito chata!

Para em seguida virar as costas e sair do quarto. Logicamente, a menina não ia deixar isso barato.

— E você é um mimado que não sabe ouvir não – ela quase gritou ao segui-lo quase correndo, porem antes de chegar a porta ouviu a voz baixa de alguém falar.

— Eu disse que ela não gostava da gente.

Lily saiu do quarto e deu de frente com Sirius, Remus e Peter no corredor da sua casa, ela os encara chocada por alguns minutos, antes de ser virar para o amigo.

— Você os convidou para entrar?

— Tecnicamente, sua mãe fez isso. – respondeu Remus, e Lily identificou que foi ele que falou antes também.

— Potter, você não pode chamar garotos para o meu quarto. – ela continuou, ignorando o outro rapaz que prontamente revirou os olhos.

— Porque não? – perguntou James parecendo genuinamente confuso. – eu vivo no seu quarto e sou garoto.

— Você é diferente!

— Qual é, Evans, - Sirius falou chamando sua atenção ao revirar os olhos. – Não vamos roubar suas calcinhas.

— Tenho certeza de que você não sairia vivo se tentasse – ela respondeu prontamente, arrancando gargalhadas de Remus e Peter, ao ponto que James confirmou enfaticamente com a cabeça.

Sirius pareceu momentaneamente confuso, como se não fosse acostumado com meninas respondendo suas alfinetadas, por fim decidiu apenas por um desafio.

— Pois me parece que você apenas não quer perder vergonhosamente para mim. – ele respondeu passando as mãos pelos cabelos cacheados de forma dramática. – Assim não corre o risco de James querer te trocar por alguém mais legal e com cabelos mais bonitos!

Lily ficou chocada com a fala, tanto porque achava um ultraje a possibilidade de James querer troca-la quanto ao fato de saber que seus cabelos naturalmente ruivos eram relativamente raros.

— Me passa o Nintendo, James.

Naquele dia Sirius descobriu que não deveria brincar com uma Lily enciumada.

Fase atual

Lily aproveitou que James estava jogando uma partida sozinho e finalmente criou coragem para abrir o WhatsApp, a rede social que ela ignorava desde as 15h da tarde quanto o cara com quem ela estava namorando tinha colocado um status besta sobre esta disponível novamente. Não tinha nenhuma mensagem pedindo para reata, e ok, ela não estava triste com isso, nenhum pouco, era apenas mais um relacionamento entre os vários que não deu certo...  Em compensação tinha várias notificações das amigas.

Putas aproveitando as férias + Lily

Mamãe Alice

Então Lily ta sozinhas na fossa? (15:23)

Vamos voltar pra Londres e ter 5 jogos novos (15:23)

PORQUE ELA NÃO SABE LIDAR COM OS PROBLEMAS (15:23)

Musa inspiradora

A forma da Lily lidar com problemas é trabalhando (15:23)

Papai Frank

Lene esta certa, é a forma dela (15:24)

Eu preferia que ela assistisse uma comedia romântica e chorasse? (15:24)

Provavelmente, mas cada um lida de uma forma... (15:24)

Pelo menos ela lida de uma forma que pode ganhar dinheiro (15:24)

Musa inspiradora

LILY (20:56)

Aparece e avisa que ta viva (20:56)

Mamãe Alice

Ah pronto (00:03)

Vai ter jogo novo ainda hoje (00:03)

Vocês podiam parar de me criticar (01:32)

Pelo menos um pouquinho (01:32)

Musa inspiradora

Ala a madame fazendo a sonsa (01:32)

Some e só fala isso (01:32)

Fez uma historia da gente metendo porrada no macho? (01:33)

Menos Lene (01:33)

Nem liguei o notebook, na verdade (01:33)

James chegou aqui um pouco depois de mim (01:34)

Estamos todo esse tempo jogando (01:34)

Musa inspiradora

Nossa, depois dessa vou ate atualizar o nome do grupo

Musa inspiradora mudou o nome do grupo para

Putas chocadas com Lily relaxando

Lily riu revirando os olhos. Os amigos insistiam que ela trabalhava demais, e talvez isso fosse verdade mesmo. Mas o que ela poderia fazer? Tinha conseguido um estágio bom, que pagava bem, e só a escravizava um pouquinho. Tinha que aproveitar a chance ainda mais considerando que só estava no início da faculdade.

Entretanto antes que Lily pudesse responder algo se justificando pela milésima vez, James puxou o celular de sua mão e o jogou no outro sofá.

— Será que você poderia me dar um pouquinho de atenção, Lily Evans? – ele reclamou morrendo de propósito para a encarar com severidade.

— Eu só estava avisando minhas amigas que estou bem. – ela argumentou.

— Você passou mais vinte minutos no facebook vendo vídeo de filhotes. – ele acusou apontando um dedo para ela, que revirou os olhos. – será que não podia avisa-las nesse tempo?

Bom, ele estava certo, ela tinha passado bastante tempo olhando as outras redes sociais, e talvez, sim, estivesse dando mais atenção para o celular do que para ele. James tinha vindo de bem longe para encontrá-la e dar o apoio que podia, tinha trazido o vídeo games que acompanhava a amizade deles desde o início.

James tinha feito exatamente o que eles sempre fizeram um pelo outro. O único ponto é que isso não tinha rolado muito no último ano, e ela não sabia bem como devia reagir. Eles tinham se afastado depois de entrar para a faculdade, inicialmente por causa de toda a distância e as obrigações de vida adulta. Depois apenas se tornou rotina, conversavam pelo celular e se marcavam em memes, mas não se viam mais como antes, no máximo nas reuniões de família.

Lily ficava bem chocada de James não se sentir exatamente como ela: confusa. Ao mesmo tempo era maravilhoso estar ao lado dele, ter sua companhia e saber que ainda podia contar com seu amigo, e ainda assim era estranho esse contato próximo e físico depois de tanto tempo, como se eles tivessem de alguma forma perdido o ritmo.

Mas, bom, ela tinha consciência que nunca retomariam o ritmo se continuassem se evitando de forma tão infantil. Ele tinha ido até ali, tinha dado o primeiro passo, era hora da Lily dar o próximo.

— Certo, certo, vamos lá então – ela falou depois de um tempo, pegando o controle que estava abandonado na mesa de centro. – coloque para dois jogadores.

Fase três: aos 13

Lily estava distraída, tão distraída que já tinha perdido três vezes seguidas para James e nem mesmo parecia se importar com isso. Ele já tinha notado que algo estava acontecendo é claro, mas tentou esperar pelo momento que ela decidisse contar.

— Beleza, o que raios esta acontecendo? – ele perguntou no segundo seguinte sem se aguentar mais. – Lily esse é a quarta partida que você perde e tudo o que faz é colocar chocolate na boca e olhar esse celular maldito!

A garota corou um pouco de vergonha.

— Não esta acontecendo nada, - ela respondeu totalmente na defensiva. - mamãe apenas quer que eu volte para casa mais cedo hoje e estou de olho no horário.

Ela estava mentindo, James sabia disso e Lily sabia que ele sabia, mas sustentou o olhar julgador dele mesmo assim. Eles não mentiam um para o outro, nunca até aquele momento e Lily pediu aos céus para ele apenas respeitar o espaço dela e não ficar chateado. Mas claro que ela não podia contar com Sirius para isso.

— Qual é ruiva, você está escondendo algo – ele falou prontamente.

Lily grunhiu e revirou os olhos, uma atitude padrão quando Sirius Black estava por perto.

— Eu odeio quando você vem jogar com a gente.

— Não, ama quando venho porque James está ficando fraco e você o ganha fácil. – bom, ele estava certo, e Lily sabia que ele estava certo. – e mais você me ama, é por isso que é a única menina permitida dos marotos.

Ela revirou os olhos mais uma vez para aquele nome de grupinho ridículo que eles tinham inventado.

— Eu não sou um de vocês, - ela corrigiu prontamente. – é vocês que querem me forçar a isso apenas porque sou a única que consegue aturar vocês por mais de meia hora.

Antes que Sirius pudesse pensar em uma resposta adequada o celular de Lily tocou em cima da mesa, a fazendo correr para pegar. Só que ela não praticava muitos esportes, ao contraponto que James e Sirius eram do time de futebol, então foi fácil eles passarem na frente dela e pegar o celular.

— Me devolvam agora! – ela mandou ficando vermelha de raiva.

— Só depois de descobrirmos o que esta acontecendo – respondeu Sirius, levantando os braços para o alto para evitar que Lily alcançasse o aparelho.

Sirius joga o celular para James, que conhece sua senha, e em seguida segura Lily para evitar que ela posso alcançar o garoto que muito provavelmente o devolveria assim que visse seus olhos verdes revoltosos.

— Isso é uma completa invasão de privacidade! – reclamou Lily quase aos gritos.

— “Olá, Lily, adorei demais sair com você pra tomar um sorvete ontem, queria saber que você quer ir de novo amanha. Ass: Amos Diggory.” – James termina de ler em voz alta a mensagem e a olha com os olhos arregalados. – Você saiu ontem com o Diggory?

Sirius é um pouco mais dramático, faz um barulho de engasgo e a solta em choque.

— Ai, meu, Deus! – Lily concluiu que Sirius é uma velha fofoqueira. – Me conta tudo!

— Fomos tomar um sorvete, como a mensagem diz. – ela responde puxando o celular da mão de James para responder dizendo que concorda em sair de novo.

— Isso parece um encontro pra mim. – afirma Sirius colando sua cabeça na dela para ler a sua resposta antes dela terminar de enviar.

— Sai para lá.

— Mas... Diggory é... ele é mais velho. – James parece confuso, completamente sem saber o que esta acontecendo. – ele tem 15 anos!

— Já vou fazer 14 anos em poucos tempo, é apenas um ano de diferença. – Lily responde prontamente. – e não é como se estivéssemos namorando, apenas...

— Apenas...?

— Nos beijamos – ela completa baixinho.

Sirius solta um gritinho empolgado.

— A primeira do grupo a beijar! – ele fala se sentando ao seu lado com um grande sorriso. – Conta como é! Tem muita baba? Como se sabe o que fazer? É estranho ter outra língua na sua boca?

— Credo, Sirius.

— Credo? Você nos contou sobre sua primeira menstruação!

— Eu precisava que alguém olhasse minha bunda para me avisar se estivesse suja de sangue! – ela respondeu cruzando os braços. – Aff, preciso de amigas mulheres.

— Eu só quero saber...

— Eu não quero saber. – James interrompeu Sirius bruscamente. – Não quero saber de nada disso, não acho que ele é o cara certo para você, Lily.

Lily e James se encaram por alguns segundos, ele passando toda a raiva que sente por ela ter beijado Diggory e nem mesmo ter contado e ela passando a mensagem que não precisa contar tudo da sua vida e nem da sua aprovação para algo. A tenção é tanta que até mesmo Sirius sabe que é hora de ficar calado.

— Vamos, Sirius, - Lily fala por fim. – Me acompanhe até em casa que eu te conto tudo o que você quiser saber.

Fase atual

Lily tem ciência que está a tempo demais encarando James, mas ela não consegue evitar. Fazia meses da última vídeo chamada que eles fizeram, e James parecia incrivelmente diferente. Não na aparência, tirando alguns quilos a mais e uma barba curta, na aparência ele estava igual, mas tinha uma coisa na postura, na forma como ele se portava.

Ele está feliz, ela nota, seu sorriso está tão grande que marca as pequenas covinhas nas bochechas. E ele está tocando nela, tocando mais do que normalmente tocaria. Ou será que isso era apenas a mente maliciosa de Lily?

Porque afinal era estava olhando tanto para boca dele? Ou notando como meus braços se tocavam durante o jogo.

— Pronto, metade calabresa metade peperone, e uma coca gelada? – ele pergunta logo depois de desligar o telefone ao terminar o pedido da pizza que eles brigaram por vinte minutos para escolher o sabor. – Porque você está me encarando?

— Você está muito bonito sabia? – Lily responde antes de se controlar e em seguida fica vermelha de vergonha. – quero dizer... ah... deve está arrasando muitos corações por ai.

— Quem me dera – ele responde rindo parecendo nem ligar para o elogio de Lily. – você sabe que eu sou um bebê emocionado.

— Nada de casinhos para você então?

— Você é a parte assanhada dessa relação Lily – ele afirma categoricamente. – agora me conte, o que deu errado dessa vez?

Ela suspira, se jogando de volta no sofá e passando as pernas sobre as dele.

— Aparentemente eu estou trabalhando demais e não dou atenção para ele, deve ser verdade já que ele é o segundo cara que diz isso.

— Ou talvez você apenas ainda não encontrou alguém que entende seu lado. – James responde passando a mão distraidamente pelas coxas de Lily

Ela se concentra nesse carinho despretensioso, sentindo um leve formigamento na pele. Nada demais, não é como se ela nunca tivesse sentido algo assim com James antes. A verdade é que ele sempre foi um rapaz muito bonito, e como ele próprio falou Lily é a parte assanhada da relação, então ela já pensou em como seria ficar com ele algumas.

Céus, quem ela queria enganar, a verdade é que Lily Evans já pensou em como seria sentar naquele homem mais vezes do que é realmente saudável para a amizade. E sinceramente, nem guindaste a tiraria de cima dele no dia que ela conseguir fazer isso.

— E como vai a faculdade? – ela pergunta sutilmente. – entrei no seu perfil recentemente e notei que não tem atualização há um tempinho há.

— É difícil escrever por prazer quando se tem o tempo todo mil coisas para escrever por obrigação. – ele reclama.

James não costumava reclamar da faculdade para Lily, na verdade não costumava falar nada sobre a faculdade para ela, tudo o que ela sabia era o que ela lia em seu twitter.

— Pois trate de voltar a escreve fanfic logo, - ela respondeu, tentando soar naturalmente. – quero saber o que vai acontecer quando o Edward descobrir que a Bella fugiu para ter a Reneesme.

Fase quatro: aos 14

Lily passou muito tempo daquele ano na casa do James, dormia lá frequentemente e tentava ao máximo ficar longe de casa. A verdade era oficial agora: os pais de Lily estavam se divorciando.

Primeiro as brigas tinham ficado cada vez mais feias, tonando os últimos meses muito difíceis para as irmãs que ouviam os gritos escondidas atrás da porta, eles sempre tentaram manter os problemas escondido das filhas, mas nem mesmo isso estavam conseguindo mais.

Então tinham finalmente decidido pelo divórcio, conversaram com as meninas logo após o jantar. Lily aceitou a situação melhor do que Petúnia, enquanto a mais velha chorava sem parar e mais nova apenas avisou que ia dormir na casa de James e pegou a bicicleta.

Por sorte ela fazia isso com tanta frequência que já tinha uma gaveta com suas roupas no quarto de James (assim como ele também ganhada um espaço em sua casa), então ela pode tomar um banho e colocar um pijama confortável antes de ajudar o amigo a levar lençóis e travesseiros para a sala.

James tinha ganhado um Playstation 2, e naquela semana eles estavam jogando Naruto: Ultimate Ninja 2 sem parar. Ele tinha roubado todos os chocolates possíveis da cozinha, e agora estavam sentados no tapete comendo mais do que a tia Euphemia tinha permitido e jogando uma partida atrás da outra enquanto conversavam sobre os acontecimentos.

— Eu apenas nunca imaginei que pudesse chegar nesse ponto. – contou Lily enquanto apertava os botões freneticamente. – ele brigavam o tempo todo nos últimos meses, mas pensei que fosse só uma fase, que depois tudo fosse ficar normal.

— Sinto muito por isso, Lils – James respondeu se inclinando ao notar que tinha começado a perder. – Como você está se sentindo com isso tudo?

— Não sei. – ela responde – não quero ter que escolher um lado, me dividir entre duas casas e nos feriados.

A conversa é interrompida com Lily ganhando a partida, ela larga o controle do tapete para tirar sarro de James que joga a cabeça para trás e grunhe com frustação.

— Eu deixei você ganhar em respeito ao momento doloroso que você esta passado – ele fala imediatamente.

— Não minta, James, - ela responde sorrindo pela primeira vez – é feio mentir.

James joga em Lily um punhado de jujubas que lhe acertam o cabelo e o rosto, mas ela consegue pegar uma com a boca.

— Sabe o que eu pensei na hora que eles contaram? – Lily pergunta retoricamente alguns momentos depois quando eles deram uma pausa no jogo para dividir uma barra de chocolate. – Que eles ficaram juntos por 25 anos, e agora parece para mim que se o casamento deles não foi para sempre, talvez nada nesse mundo seja.

— Isso não é verdade, - James disse a puxando para um abraço meio desajeitado. – eu e você somos pra sempre. Vamos ser amigos para sempre. Eu prometo.

Lily sorriu minimamente, torcendo com todas as forças que isso fosse verdade porque ela não imaginava mais sua vida sem James.

Fase atual

Lily colocou uma serie qualquer para passar enquanto ela e James comiam a pizza e tomam a cerveja que Marlene deixou na geladeira.

— Sabe o que me deixou realmente chateada? – pergunta Lily, depois da terceira garrafa. – eu achei que dessa vez ia dar certo, tipo, realmente achei que ia rolar aquele tchã, que nos íamos nos apaixonar loucamente e tal.

— Então você estava apaixonada? – pergunta James de forma debochada. – Então a pedra de gelo da Evans tem um coração? Oh, preciso ligar para Sirius e falar que eu ganhei a aposta!

— Não! – ela responde rindo e alongando a palavra. – não estava apaixonada por ele, e francamente, James, apenas mais um ano e você perde esse aposta, Lily Evans não vai amar ninguém antes dos vintes. Acho que vou ter que recorrer aos planos dos 40, querido.

James rir profundamente, lembrando perfeitamente quando eles no auge da adolescência estavam convencidos de que nunca achariam ninguém, e fizerem o acordo de se isso acontecer ficarem juntos.

— Não fale assim, eu estou esperando ansiosamente por isso – ele falou se fingindo de apaixonado e parando o coração de Lily por um segundo como sempre acontece quando tocavam no assunto. – Afinal de contas já escolhi nossa casa e congelei meus espermatozoides saudáveis para nos termos o Harry.

— Pelos menos, meu filho vai ter uma enorme herança.

— Pelo menos, meu filho vai ter os olhos verdes mais lindos que já vi na vida. – James sorri, mas Lily congela.

Ele realmente tinha flertado com ela? Ou isso era coisa das cervejas que ela tinha tomado. Tinha certeza de que era forte o suficiente para aguentar umas latinhas sem delirar e James Potter jamais flertaria com ela. Certo?

Claro, ela já flertou com ele algumas vezes durante a vida, principalmente quando começou a surgir essa quedinha por ele lá nos seus 14 anos, mas ele nunca flertou de volta, apenas entendia que era tudo fruto de brincadeiras e flertes sem fundos de verdade.

James abriu outra cerveja, completamente alheio a confusão na cabeça de Lily, e ela aproveitou o momento para postar o meme do Salsicha “pane no sistema, alguém de desconfigurou” no Twitter.

— Mas você não estava gostando nem um pouquinho dele? – ele perguntou simplesmente.

— Sim, um pouquinho sim, quero dizer ele é lindo, te mostrei fotos dele. E beija muito bem mesmo, e o oral daquele homem, meu deus...

— Informação de mais, Evans. – James interrompeu, parecendo levemente perturbado. – Ceus, esta pensando que esta falando com o Sirius é?

— Você é muito careta, James. – ela respondeu rindo, mesmo que a essa altura ela apenas citasse sua vida sexual para ve-lo corar. – Sinto falta de Sirius nesses momentos, ele me entenderia.

— Vou contar que você disse que sente a falta dele e ele nunca mais vai esquecer disso. – James afirmou, louco para mudar de assunto.

Lily deu um grunhindo e revirou os olhos para a ameaça, sabendo bem o que incomodava James. Mais de uma vez ela pensou que aquilo poderia ser ciúmes, afinal ele não se importava de Sirius contando sobre suas aventuras, mas ela já passou da idade de se iludir que de alguma forma ele nutre algum interesse nela.

— Vamos voltar a jogar, Potter.

Fase cinco: aos 15

Lily notou que tinha algo errado com James assim que ele entrou em sua casa carregando o videogame em uma sacola, pois ele não jogava mais com ela todos os dias como antigamente. James tinha arrumado um novo hobby, o maravilhoso mundo das fanfics de crepúsculo. No início ela realmente ficou enciumada e revoltada em ser trocada assim, até mesmo se arrependeu de ter apresentado a saga para o amigo há tantos anos, porem depois que ela passou cerca de 20 minutos o xingando junto de Sirius (que se tornara o novo parceiro de jogos diários) chegaram a conclusão de que como amigos deviam apoiar as histórias de James.

Sendo assim Lily se viu fazendo conta em todas as plataformas de publicações apenas para acompanhar as fanfics e comentar em todos os capítulos, além de divulgar no twitter e até mesmo ter longas conversas com James para ajudá-lo a montar seus roteiros. E dessa forma, os games foram ficando de lado, aos poucos se tornando um acontecimento de momentos importantes, apenas para quando eles precisavam reviver aquele sentimento de união dos anos anteriores.

E esse era um desses momentos, ele nem precisou falar nada apenas começou a ligar os fios e Lily pegou a deixa de ir na cozinha buscar alguns doces.

Entretanto, ele não falou nada, exatamente nada. E a cada partida de (nome do jogo) que eles jogavam, Lily ficava mais preocupada. James nunca foi do tipo que se calava, nunca, estava sempre falando absolutamente tudo sobre absolutamente tudo. Suas opiniões, suas ideias, as coisas que tinham acontecido com ele e com qualquer outra pessoa. James é um tagarela, odiava o silencio e também coisas mal resolvidas, e principalmente desde que entrara na adolescência não via motivo para se calar.

Lily ficou preocupada com isso, porque só poderia ser algo realmente sério para que ele ficasse assim, com uma ruguinha adorável entre as sobrancelhas indicando que estava pensativo. Estaria pensando em como contar algo para ela? Será que os tios Potter’s estavam bem no casamento? Será que era algo de saúde, alguém estava doente? Será que tinham inventado algum boato sobre Lily?

Ela sentiu o coração acelerar, porque na realidade tinha uma coisa que estava acontecendo nos últimos meses que poderia ser realmente preocupante caso de alguma forma de espalhasse. Poucas pessoas sabiam desse dilema que Lily vinha encarando, e ela ainda não tinha conversado sobre com o James.

— Eu peguei o Sirius e o Remus se beijando. – ele falou do nada interrompendo os pensamentos apavorados de Lily.

— Hã, o que? – ela perguntou confusa.

— Fui na casa do Sirius, os pais dele viajaram sabe, e Remus estava lá, não pensei em bater na porta do quarto porque ne... -  o garoto larga o controle, desistindo totalmente do jogo e se jogando frustrado no sofá. - o que eles poderiam esta fazendo que eu não pudesse ver?

Lily não sabia o que falar, ela não sabia o que devia fazer.

— Você tem algo contra isso? – ela perguntou hesitante. – duas pessoas do mesmo sexo se beijarem?

— Não. – ele respondeu com convicção e Lily soltou a respiração que ela nem sabia que estava segurando. – é que... eles são meus melhores amigos! É como se você e Sirius se beijassem.

Lily sentiu o rosto corar de vergonha pela sugestão de James.

— James, não vai mudar nada, - ela respondeu revirando os olhos. - Sirius é apaixonado por Remus há anos, e continuou sendo seu amigo.

— O que você...? Você... – James ficou chocado, os olhos arregalados e levou alguns segundos para conseguir formular uma frase adequada. – Você sabia!

É a vez de Lily não saber o que falar, não sabendo como contar uma das verdades que ela andou escondendo de James.

— Sirius me pediu ajuda para fazer uma experiência. – ela começa sutilmente. – algo que só eu poderia ajudar, não vocês.

Considerando o fanfiqueiro que James já era ela imaginava que ele entenderia, porem o rapaz continuou a encarando, de olhos arregalados e sobrancelhas unidas.

— Ele me pediu para a gente se beijar, para poder descobrir se ele gostava de beijar garotas. – ela falou em um folego só, e recebeu um arfar chocado como resposta. – Bom, ele não gosta.

— Então... Então... – Lily deixa James absorver a informação. – Então vocês também se beijaram!?

— Você só focou nessa parte da frase? – ela pergunta rindo pela primeira vez desde que James entrou na casa.

— Mas ele ficou com aquela garota no inicio do ano, - James tirou os óculos apertando os olhos com os dedos aos tentar lembrar o nome da moça. - a Alisson!

O garoto observou o borrão que era Lily balançar a cabeça negativamente.

— James, era o Alisson. – ela pegou as mãos de James, tentando acalma-lo um pouco. – Na verdade ele nunca disse que era uma menina, vocês que deduziram isso. Como já tínhamos nos beijados nessa época, eu perguntei para ele depois, e ele me disse que era um rapaz.

— Ele... conversou com você? – James colocou imediatamente os óculos de volta para poder ver o rosto da amiga direito. – ele tinha te contado mesmo, não apenas deixado entender nas entrelinhas?

— A gente conversou muito nos últimos tempos. – Lily confidencia.

— Então porque ele não quis conversar comigo?

A forma como ele fala, parecendo magoado pelo amigo não ter confiado, é que parte o coração da Lily. Ela puxa James para um abraço, que aceita prontamente e encosta a cabeça no peito da amiga para receber cafuné.

— Você sabe como Sirius é, ele estava assustado, a família dele é uma bosta preconceituosa e o subconsciente dele diz que todo mundo vai agir com ele igual como a família. – ela responde, tentando colocar em palavras o que ela notou, mas o rapaz nunca assumiu. – Além do mais, é mais fácil conversar com alguém que está passando pelo mesmo problema.

Os dois ficam naquela posição por mais alguns minutos, enquanto James absorve as palavras ditas pela amiga. Ele não estava com raiva, nem tinha algo contra os amigos terem um relacionamento, apenas não entendia porque não foi contado a ele.

— O que você quer dizer com “passando pelo mesmo problema”?

James ouviu o coração de Lily acelerar e tentou se afastar para ver seu rosto, porem ela não deixou, mantendo os braços firmes em volta do seu corpo.

— Ano passado, eu beijei a Mary numa festa da escola. – ela conta de uma vez aproveitando que não precisa olhar nos olhos do amigo para fazer isso. – Não contei para ninguém porque não sabia como dizer que beijei uma menina e que gostei, gostei muito. Mas Sirius tinha visto, depois ele veio conversar comigo, dizer que sabia e que eu não precisava ter medo de ficar sozinha, porque ele sempre estaria comigo.

“Eu estava tão confusa, me perguntava se eu realmente tinha gostado de beijar Amos ou se só estava empolgada por ser um primeiro beijo. Conversamos muito nesses meses, pesquisamos coisas na internet, relatos de outras pessoas e ele me contou sobre como se sentia. Então quando ele sugeriu fazer o teste, eu topei porque eu também queria saber se eu ia gostar. Eu sou bissexual, James.”

Fase atual

James usou o banheiro do compartilhado do apartamento para tomar um banho, como era a primeira vez que ele ia visita-la, Lily precisou revirar suas coisas atrás de alguma camisa velha que ela roubou de algum dos amigos (provavelmente Sirius a julgar pela mão desenhada que mostrava o dedo do meio) e uma calça de moletom folgada.

Já eram quase cinco horas da manhã, e incrivelmente ela não estava com sono ainda, então pegou o notebook para trabalhar um pouco no roteiro para o RPG que deve ser entregue para o professor do grupo de pesquisa assim que acabar as férias.

— Ah, eu não acredito! – gritou James entrando no quarto com o cabelo molhado respingando agua em Lily ao se jogar na cama ao lado dela. – Você não vai trabalhar hoje!

— James! – gritou Lily de volta em protesto enjugando as gotas de agua do computador.

— Desliga! Agora!

Mesmo rindo da sua cara de mandão, Lily obedece e desliga o notebook logo após salvar as alterações no documento. James aproveita e arruma o travesseiro para se deitar melhor, mesmo sabendo que em pouco minutos a sua amiga ia dar um chilique por causa de estar molhando tudo.

— Vamos lá, já está quase amanhecendo, estamos quase sóbrios – ele começou não tão sutilmente. – Esta afim de contar o que de fato aconteceu agora?

Ele observou Lily suspirar e tomar tempo colocando o notebook lentamente na escrivaninha, depois suspirar mais uma vez, encostar a cabeça na cabeceira da cama.

— O mesmo que aconteceu com a Kat, de novo, mais uma vez – ela falou revirando os olhos. – eu comentei algo sobre uma ex e ele surtou. Eu honestamente achava que ele sabia que eu era bi, sabe? Quer dizer, esta na minha bio do instagram! Tenho fotos em eventos e passeatas LGBT+. Por isso nunca pensei em sentar e ter uma conversa, e bla bla bla.

James pega a mão de Lily, sabendo muito bem como aquilo terminava, não era a primeira vez que ela passava por algo assim.

— Eu só fico frustrada entende? – Lily se deita na cama evitando olhar nos olhos de James. - Não é porque eu sinto atração por homem e mulher que eu quero obrigatoriamente me relacionar com os dois ao mesmo tempo!

— Eu sei disso, e você também sabe – James respondeu puxando a manta na beira da cama com o pé. – um dia, não vai demorar muito, você vai encontrar alguém que também sabe disso, alguém que não vai se deixar levar por qualquer preconceito ridículo.

— Eu só to ficando meio cansada disso.

— Qual é? Você tem apenas 19 anos, garota, ainda tem muita gente por ai com quem você pode tentar.– James recruta dando um impulso para se sentar na cama. – Normalmente eu sou o emocionado que fica na fossa.

— É sempre esclarecedor conversar com você – ela responde rindo, parando subitamente ao olhar para o travesseiro que o amigo estava usando. – Ah, James, serio, que você realmente molhou todo meu travesseiro, cara, qual é?!

— Então, vamos dividir a cama como antigamente? – ele pergunta, dando um sorrisinho sínico ao explicitamente ignorar a garota. – quer dizer é bom que pelo menos não vai ter ninguém entrando no quarto surtando achando que esta sendo corno.

Fase seis: Aos 16

James encarava as garotas fixamente, tão fixamente que sua visão ficava turva de vez em quando. Ele não conseguia entender exatamente o que o incomodava naquela cena e rezava para todos os deuses que ele nem acreditava pedindo que não fosse o fato de das duas estarem de mão dadas e trocando sorrisos que fizesse seu estomago ficar embrulhado.

Afinal, o que queria dizer se ele estivesse enjoado de ver Lily flertando com alguém? Ceus, ele não queria nem pensar no caso, já foi difícil o suficiente ter que escutar Lily contar que não era mais virgem na sua frente, principalmente com Sirius fazendo mil perguntas para ela. Mais uma vez Lily era a primeira do grupo há fazer algo emocionante da adolescência, aff, que enorme novidade.

— Cara, para com isso ou elas vão começar a achar que você está encarando por elas serem um casal lesbico! – brigou Sirius, dando um tapa na cabeça do amigo.

— Lily é bi – ele resmungou de volta, mas mesmo assim desviou o olhar a tempo de ver o amigo revirar os olhos. – aparentemente Lily vai engatar em outro namoro.

— Você conhece Lily, ela nunca passa muito tempo solteira – respondeu Sirius simplesmente dando de ombros. – Ela não é como eu cujo coração tem dono desde sempre.

Sirius encenou dramaticamente como se seu coração fosse atingido por uma flecha, fazendo James rir um pouco mais do que o seria normal graças ao álcool que estava agora em sua corrente sanguínea.

Os pais de Sirius estavam viajando, e isso somado ao fato de que a barba do rapaz tinha crescido e ele arrumado uma identidade falsa bem convincente, resultou na primeira festa regada a bebidas alcoólicas. E isso revoltou em uma Lily desinibida o suficiente para beijar Katherine no meio da sala, arrancando gritos e risadas dos adolescentes em volta.

— Não faz essa cara. – brigou Sirius mais uma vez ao ver o amigo revirar os olhos.

— Eu só não quero que ela se machuque. – James respondeu, mesmo que nem ele próprio acreditasse naquela desculpa.

— Céus, você precisa pegar alguém, - afirmou Sirius, fazendo o amigo o encarar em descrença. – é serio, eu quero dizer pegar alguém de verdade, beijinhos bestas em público não valem, James!

— Não sei exatamente como você espera que eu faça isso hoje – debochou apontando para si mesmo – não sou um exemplo de adolescente pegador cara, eu me deixei influenciar pelos romances que escrevo.

— Não hoje, aqui bebe isso – respondeu Sirius, entregando um copo suspeito a ele. – hoje o seu grande amigo aqui vai te arrumar alguém legal.

James gostaria de poder afirmar que aquela realmente foi uma noite incrível, que ele realmente ficou com uma garota linda do último ano, que ele realmente foi pego aos amassos com ela no quarto do irmão caçula de Sirius. Mas ele não conseguia lembrar de nada disso, apenas ouvia o que os amigos afirmaram para ele no dia seguinte, enquanto ele vomitava as tripas e pedia para eles falarem mais baixo, sem acreditar em nada, ou preferindo não acreditar.

Ele passou a maior parte do dia seguinte na cama, depois de ouvir um longo sermão da mãe que não tinha acreditado na mentira de ter comido algo estragado. A dor de cabeça estava horrível, a boca tinha o pior gosto que ele já tinha sentido, e os olhos mal conseguiam abrir mesmo com as cortinas fechadas. Por isso ele literalmente gemeu em desgosto ao ouvir a não tão sutil voz da Lily quando ela entrou no quarto.

— Nossa, você está acabado mesmo.

Ele quis falar “sim, por favor me mata logo e acaba com meu sofrimento”, mas saiu algo como “Hããããã, huuuum grrrrr”. Lily apenas riu dele, e até mesmo no seu estado mais lastimável, James pode notar que era um riso forçado.

— O que aconteceu? – ele perguntou, sem descobrir a cabeça que estava enfiada debaixo do edredom.

— Bom, eu tinha vindo aqui atrás daqueles jogos de apoio emocional, mas acho que vou me contentar com o casulo na cama. – e sem dar tempo para James se preparar, Lily se deitou ao seu lado, puxando as cobertas sobre ela também.

A primeira coisa que James notou foi os olhos vermelhos, Lily não era uma pessoa dada a choros, na verdade o garoto só a viu chorar em três momentos ate ali: a primeira de dor quando ela foi pega por uma cólica realmente forte, a segunda quando eles foram ver Amanhecer parte dois no cinema e assistiram a suposta morte de Carlisle Cullen, e a terceira quando a irmã se mudou com a mãe para os Estados Unidos a deixando sozinha em Londres com o pai.

— O que aconteceu? – ele perguntou de novo, dessa vez serio e desperto, pois de Lily Evans estava chorando, era porque a coisa era seria.

— Kat terminou comigo. – ela respondeu em um sussurro, fazendo James escancarar a boca em um perfeito ‘o’ – ela me mandou mensagem hoje de manha, ela terminou por mensagem, você consegue acreditar?

— Mas... mas... vocês pareciam tão bem ontem!

— E estávamos! – a garota respondeu parecendo frustrada. – foi a primeira vez que tínhamos ficado em público, e ela é a primeira garota que eu quero namorar serio, cara, eu me assumir para o meu pai pensando no nosso relacionamento. E então ela me manda uma mensagem idiota, dando um motivo mais idiota ainda para terminar tudo.

— O que ela disse? – James perguntou, para logo em seguida corar. – ah, quer dizer, se não quiser contar...

— Disse que não tem condições de se preocupar com concorrência vindo dos dois lados. – Lily o interrompeu.

James ficou em silencio por alguns segundos, tentando entender o que aquela frase significava, porem ele ainda não estava recuperado da bebedeira, e mesmo assim precisou pedir uma explicação para a ruiva.

— Quando você passou mal, eu e Remus fomos socorre-lo, - ela disse, revirando os olhos. – você precisa aprender o significado da palavra limites, James. Mas, o ponto é que depois que terminou de vomitar as tripas, deitamos você na cama do Sirius, e eu fiquei ali para ter certeza que você não ia, sei lá, se afogar no próprio vomito. Kat nos viu dormindo quando foi se despedir de mim. Aparentemente, ela acha que se eu gosto de homem e de mulheres, agora que estou... estava com ela, em algum momento ia sentir falta de estar com um homem, e ai... ia trai-la.

— Isso é tão idiota! – exclamou James.

— Mas é o que ela acha! – Lily se encolhe e James pode ver seus olhos se encherem de lagrimas. – E se todos acharem isso?

Fase atual.

James e Lily dividiram a última barra de chocolate na cama, mesmo que James odiasse comer qualquer coisa aonde ia dormir. Eles assistiram o sol nascer através da janela no quarto de Lily, rindo ao recordarem coisas da juventude.

— Serio, eu nunca na minha vida vou rir mais do que com a imagem de Sirius Black, vestido de fada madrinha dançando ballet com a pequena Nymphadora. – lembrou Lily fazendo James rir tanto ao ponto de se babar.

— Quem imaginaria que aquele brutamontes ia ter tanta coordenação motora não é mesmo? – respondeu James limpando o rosto. – Sirius fica um bobão com ela.

— Todos nós ficamos, aquela garota é maravilhosa – respondeu Lily prontamente. – e pelo que eu me lembro, Sirius não foi o único que passou vergonha naquele show de talentos não é mesmo, Jay?

James jogou o ultimo pedaço de chocolate na boca e cobriu o rosto com as mãos. Rindo só de lembrar daquele dia ridículo.

— Eu sou um cara emocionado, ninguém pode me julgar por ter feito uma serenata naquele dia. – ele falou argumentando. – Meu Deus, não sei porque eu era tão louco pela Gween.

— Bom, ela era bonita, inteligente, tinha olhos azuis maravilhosos, e de acordo com você próprio tinha um talento especial para fazer um boqu... – James pulou em cima de Lily, tampando sua boca para impedi-la de terminar a frase.

— Ah, não, isso era a opinião de um jovem sem nenhuma experiência, - ele quase gritou, embora risse assim como Lily. - hoje meus padrões estão mais elevados.

— Com sua enorme pesquisa de campo de um total de três mulheres?

— Sim, mas as outras duas foram um outro nível, vai. – ele afirmou e a moça prontamente confirmou, pois isso era verdade. – afinal, nenhuma delas tentou me afastar de vocês.

Eles ficaram em silencio por alguns minutos, lembrando daquele tempo difícil na amizade. James ficou com ela por exatos cinco meses, tempo no qual a garota fez de tudo para afasta-lo dos amigos. Ela detestava Sirius, tinha um ciúme absurdo de Lily, achava que Remus era um pobretão e que o Peter era um inútil. James acordou um dia e notou que não conversava mais com os amigos há semanas, e não sabia como resolver esse problema. Ele sentia tanta falta deles, mas ao mesmo tempo gostava tanto do que tinha com a namorada...

Mas ai um dia ela fez um comentário preconceituoso, e James concluiu que não queria ficar do lado de alguém assim.

— Não importa mais, no fim você fez o certo – Lily respondeu finalmente. – Vamos dormir, James.

Ela puxou o lençol para si, e sorriu para o amigo. James sorriu de volta aproveitando a deixa para puxar a amiga para um abraço.

— Sim, os namoros vão e vem, mas os amigos ficam.

Fase sete: aos 17

 Quando Lily ouviu a campainha tocar ela não esperava que fosse algum de seus amigos. Todos eles tinham descoberto sobre a chave reserva que ficada escondida em uma pedra no vaso da entrada, e simples assim passaram a usa-la para invadir a casa sempre que preciso.

Por sorte o pai dela não se importava, na verdade desde a mudança de Petunia, Sirius passava mais tempo na casa do que o Sr. Evans, que estava sempre viajando a trabalho, obrigando Lily a aprender a se virar sozinha.

Lily não gostava de ser solitária, ela odiava o silencio, e infelizmente nos últimos meses era assim que ela vivia. E ela era egoísta ao ponto de se sentir aliviada quando as brigas de Sirius com a família o faziam passar uma semana ou duas dormindo na casa da amiga, e mais de uma vez ela o convidou para morar ali definitivamente, afinal, o pai nem mesmo iria notar e o quarto de Petunia estava livre.

Remus e Peter a visitavam constantemente também, mas eles tão pouco eram cortes, entravam na casa com a mesma naturalidade que Sirius. Mas tinha uma pessoa que não entrava ali há muito tempo e que Lily sentia muita falta.

James estava namorando, quer dizer, ele parecia feliz, e Lily estava feliz por ele. Mas desde que isso começou ele vinha se afastando cada vez mais, nunca tinha tempo para os amigos, nunca podia ficar sozinho com Lily, os jogos foram ficando cada vez mais espaçosos até que pararam de existir. Ele nem mesmo mandava mais os capítulos da fanfic para Lily revisar, ela descobriu através das plataformas que a namorada estava betando agora.

Trocada.

Era assim que ela se sentia. E tentava desesperadamente não sentir. A verdade é que Lily estava a cada dia notando que todos a deixavam em algum momento, nenhum namoro durava mais que seis meses, a mãe e Petúnia foram para o outro lado do mundo, o pai nem parava em casa, e agora James.

Se não fosse Sirius com ela, e ela com Sirius... os dois estavam passando por problemas, e com James afastado, os dois tinham se apoiado mutualmente de uma forma que jamais teriam imaginado antes. Tinham virado uma dupla infalível, sempre juntos.

Então quando a campainha tocou naquela tarde, ela jurava que era Regulus querendo saber se o irmão ia voltar para casa dessa vez. Sirius tinha chegado ali duas horas antes, apenas doze horas depois de voltar para casa, com olhos vermelhos e lagrimas ainda escorrendo pelo rosto, ela tinha cuidado do corte que ele fez com os próprios dentes nos lábios, tinha separado roupas limpas que já ficavam pela casa e feito ele tomar um calmante depois do banho.

— Ele está dormindo, não vou acorda-lo – Lily falou assim que abriu a porta, mas não era o irmão caçula de Sirius ali, e sim alguém que ela não trocada uma palavra há pelo menos três meses. – James?

— Bom saber que Sirius estar bem. – ele respondeu sem nenhuma sombra de sorriso. – sei que você deve estar com muita raiva de mim, mas quando eu soube do Sirius e ele se recusou a me atender, precisei vim aqui.

Era estranho ter James parado ali na sua porta, era como se eles tivessem se separados por anos e não por poucos meses.

— Eu posso entrar? – ele perguntou parecendo sem graça. – gostaria de conversar com você.

— Ah, claro, claro, desculpa – ela falou, parecendo acordar de um sonho e finalmente notar que ainda estava na porta de casa.

Lily o levou ate o sofá, pedindo para ele falar baixo, pois Sirius estava dormindo no quarto de Petunia.

— Como ele esta? O que aconteceu?

— Você realmente não sabe? – Lily perguntou de volta, realmente chocada com o fato. – Quer dizer, como você não sabe? A escola toda esta sabendo!

— Eu não conversei muito com as pessoas nos últimos tempos.

— Os pais de Sirius descobriram sobre ele ser gay, especificamente, Bellatrix tirou foto dele beijando Remus. – ela contou suspirando. - Esta tudo um inferno desde então.

— Quando foi isso?

— Foi há uns seis meses na verdade, mas ele só contou para gente tem três. – Lily o olha nos olhos, parecendo lembrar que devia estar com raiva do garoto. - Sabe, naquele dia que ele te procurou e você estava ocupado demais com Gween, para dar atenção para ele.

James sente o impacto da frase tão forte que se inclina para trás.

— Eu achei que era apenas Sirius sendo dramático.

— Não era.

Os dois ficam em silencio por vários minutos, apenas encarando a TV que passava um epsodio qualquer de desenho para preencher o vazio. James então olhou para aquele vídeo game, que costumava ser dele, mas que no último ano ele tinha deixado ficar na casa da ruiva. Como ele tinha chegado naquele ponto? Em menos de um ano, ele tinha basicamente perdido todos os amigos, não sabia que Lily estava praticamente vivendo sozinha, não sabia pelo que Sirius estava passando com a família em casa, não sabia que Remus tinha sofrido um acidente de carro ate encontra-lo sem querer nos corredores e notar a perna enfeixada.

— Remus me contou tudo hoje. – ele falou finalmente depois de quase vinte minutos em silencio. – eu não consigo acreditar que deixei isso chegar ate aqui, eu nem sei como foi para eu me afastar assim, tudo por causa de uma garota? Ela nem é tudo isso, ficava monopolizando meu tempo e controlando tudo. Eu não estava aqui para apoiar vocês, não estava aqui no momento que vocês mais precisaram. Me desculpa, Lily.

Ela sabia que ele tinha sido sincero, sabia que ele realmente tinha apenas perdido as rédeas da própria vida por causa do deslumbre pela primeira namorada. Mas mesmo assim, naquele momento ela não conseguiu falar nada, ela nem sabia o que James esperava que ela falasse.

— Eu... eu... eu vou conversar com Sirius também, e com Peter, pedir desculpas, vocês são meus melhores amigos no mundo, não tenho nenhuma explicação para o meu comportamento estupido, apenas posso pedir desculpar e dizer que se vocês quiserem eu gostaria de tentar me reaproximar. – ele afirmou categoricamente, gesticulando mais do que o normal para dar ênfase. – Eu nunca, nunca, mais foi fazer algo do tipo de novo, se tem uma coisa que eu aprendi é que amigos vem antes de namoro.

Se passaram mais dois minutos em silencio, tempo no qual o cérebro de Lily trabalhava assiduamente tentando decidir o que falar naquele momento, parecia que tanto tempo tendo apenas conversar superficiais com as pessoas tinham minado seus talentos comunicativos.

— Eu acho que vou indo então. – falou James por fim, se levantando e começando a andar rumo a porta. – acho que você vai querer absorver o que eu disse, qualquer coisa pode me mandar mensagem, ainda tenho o mesmo número.

Lily sentiu o coração acelerar, porque ela sabia bem que precisava falar algo ali, naquela hora, se não depois seria mais difícil. Ela abriu a boca algumas vezes enquanto via James se aproximar cada vez mais da porta, mas apenas quando ele já a tinha aberto que ela conseguiu dizer algo.

— James, - ele se viril imediatamente, o rosto transparecendo o enorme alivio por ela tê-lo chamado. – hã... eu... quer dizer, você quer jogar Ultimate Marvel vs. Capcom 3? Eu acabei de comprar.

E com isso James suspirou aliviado, Lily Evans não era muito boa em se comunicar, mas se ela estava convidando-o para jogar vídeo game era porque ela estava disposta a perdoa-lo.

Fase atual

Lily acordou no dia seguinte com o barulho de James bagunçando a cozinha do apartamento, ela sorriu com a nostalgia que sentiu naquele momento. James era uma pessoa matinal, mesmo quando ia dormi ao nascer do sol, no máximo as 9:00h ele já estava fora da cama. E absolutamente todas as vezes ele se vestia em total silencio para não incomodar a amiga que ele sabia gostar de acordar tarde, saia do quarto na ponta dos pés, e ai chegava na cozinha e fazia uma barulheira doida para conseguir fritar uns ovos mexidos que ele insistia que era omelete e queimar o bacon.

Com o pensamento de que ela realmente queria comer algo bom, Lily levantou da cama e seguiu para a cozinha torcendo para ainda dar tempo de impedir James de tentar chegar perto do fogão.

— Você! Levanta as mãos onde eu possa ver e se afasta da frigideira lentamente. – ela falou assim que chegou na cozinha, ao passo que James realmente seguiu suas ordens, levantando as mão que tinham dois ovos cada. – É mais seguro você ligar a cafeteira e colocar a mesa, James.

— Sim, por favor – ele respondeu prontamente passando os ovos para Lily que rio abertamente. – Qual é, não vale isso, você mora basicamente sozinha desde os 15 anos!

— Desde os 16, na verdade.

— Não sei porque você quis dividir apartamento, podia está muito bem sozinha.

Ela rio, sem querer falar de novo que não queria fazer o pai pagar um apartamento para ela, que se sentia melhor ali onde podia pagar as despesas com seu próprio trabalho sem sentir que depende de alguém.

— Como você ainda está vivo sem saber fazer café da manhã?

— O apartamento pode ser meu, mas a cozinha é do Sirius. – ele responde prontamente. – serio, mês passado eu esqueci um chá no fogo e queimou o fundo da panela, então ele pregou uma placa escrito “Proibida a entrada de James Potter” na porta da cozinha.

Lily rir abertamente, isso é exatamente a cara de Sirius. Ela que o ensinou a cozinhar, no período de um mês que ele morou em sua casa antes de ir morar com James quando a faculdade começou, e no fim, o aluno superou o mestre. Agora ela adorava quando ele avisava que ia visita-la no final de semana já pensando nos pratos magníficos que ela ia comer.

Um silencio confortável se forma enquanto eles trabalham, Lily faz omelete de queijo com presunto e frita o bacon, James prepara o café e tira o suco de laranja da geladeira. Em pouco tempo os dois estão sentados juntos na pequena mesa da cozinha.

— Então, passamos a noite toda falando de mim, mas e você como esta romanticamente falando? - James revira os olhos para a pergunta de Lily. – Qual é, você passou todo o primeiro ano de faculdade namorando a Melissa, ficou arrasado quando terminaram, mas agora é o segundo ano de faculdade e você nem estagia todos os dias, deve ter indo em um monte de festas.

— Sim, fui, e sim até fiquei com uma ou duas meninas como você bem sabe – ele responde terminando o suco e batendo as mãos para limpar as migalhas. – mas você me conhece, ruiva, não deu o tchã.

— James, não é preciso tchã para dar umazinha.

— Queria ser mais como você. – ele responde ironicamente. – Mas eu preciso ter sentimento para ter tesão.

— Ah, não – Lily começa a rir absurdamente e joga uma bolacha no amigo. – eu te garanto que não! Tesão é pura biologia, apenas você deixa sua mente muito presa nas suas fanfics James, deixa rolar.

Lily levanta para começar a tirar a mesa, fazendo o amigo prontamente levantar para ajudar a limpar toda a bagunça. De forma natural e mecânica eles se dividem nas tarefas, enquanto um coloca a louça na máquina de lavar, outro guarda as coisas da geladeira, passando um pelo outro rapidamente como se fizessem isso no pequeno espaço diariamente.

— Eu quero deixar rolar, sabe, eu realmente gostaria de histórias para contar e experiências vividas, Lils. – ele responde enquanto coloca o que sobrou do pão e da bolacha de volta para o armário. – Talvez eu ainda não tenha achado a menina que vá me fazer ter vontade de ter sexo casual.

— Não acho que a ideia de sexo casual é para ser feito com uma menina especial – responde Lily erguendo as sobrancelhas fazendo James jogar o pano que limpou a mesa em sua cara. – Urgt. Eu apenas estou dizendo que te conheço, James, você é romântico, mas é fechado. Devia tentar se abrir mais se quer tanto viver um romance universitário.

— Vai ver eu não faço legal, e todo mundo já sabe disso e por isso nenhuma menina se interessa.

— James Potter, - Lily quase se engasga rindo. – eu já ti seus smuts, tenho certeza que você deve fuder muito bem.

Lily se deleita ao observar a vermelhidão tomar conto do rosto do amigo.

— Para de implicar comigo – ele reclama, arrancando outra gargalhada. – Maldita hora que te mandei essa história.

— Você precisava de alguém experiente dando opinião.

Fase oito: aos 18

A tarde estava tão quente que James rezava para o pai terminar de limpar a piscina logo, ao mesmo tempo ele estava bem tranquilo sentado na sala de Lily enquanto escrevia a última cena da sua atual fanfic sobre Reneesme. Ele desviou o olhar para a amiga, que estava sentada no chão ao lado de Sirius, os dois jogavam Star Wars Battlefront.

— Não, não, não. – grita Sirius parecendo desesperado, fazendo James olhado bem na hora que ele tentar tapar a visão da ruiva com uma das mãos sem largar o controle nem desviar a visão da TV.

— Black! – ela grita de volta, se jogando de costa no chão e empurrando o garoto com pés para manter suas mãos longe do seu rosto. – Para já de roubar e jogue honestamente!

O jogo apita, anunciando que Lily ganhou de novo, pela quarta vez seguida, fazendo Sirius grunir e James rir abertamente.

— Chega, desisto. – Sirius fala, largando o controle do jogo e prendendo os cachos em um coque perfeitamente arrumado para não amassar o cabelo. – sinto pena dos seus colegas de faculdade, você vai ser a primeira da turma, sem dúvida.

— Sirius, de novo, não é porque escolhi ser programadora de vídeo game que as provas vão ser jogar vídeo game. – respondeu Lily revirando os olhos. – Você não perturba James falando que suas provas vai ser atualizar as fanfics.

— Se dependesse disso, ele nunca se formaria. – respondeu Sirius prontamente ao sorrir debochadamente para o amigo que revirou os olhos. – Qual é, James, eu ainda quero saber se a Alice vai contar pro Jaspier que o bebê é dele!

— Ela não vai, ele acha o exame de DNA e fica muito chateado. – James responde sem nem tirar os olhos da tela do notebook.

Sirius engasga com o ar, tamanha surpresa. Lily gargalha da sua cara, plena pois já tinha levado esse spoiler muito antes de James começar a escrever a historia.

— Que cruel, meu pequeno James. – ela comentou.

— Menos cruel do que ele merecia. – respondeu o garoto, abaixando a tela do computador e revirando os olhos mais uma vez. – esta me infernizando desde que o verão começou.

Desde o início do verão há duas semanas, Sirius estava na casa da Lily, permanentemente até o dia da ida para a faculdade junto de James, com quem ia dividir um apartamento. Lily porem ia para outra faculdade, a uma longa distância. E usando como desculpa o fato de que ela não o veria diariamente mais, Lily finalmente convenceu o amigo a sair de casa, mesmo não querendo deixar o irmão sozinho no ambiente toxico.

James também estava sempre por ali, aproveitando cada minuto que tinha na companhia da amiga, porem isso implicava em encontrar Sirius também, e nos últimos tempos isso era uma tarefa no mínimo maçante.

— Ainda dar tempo sabe. – provoca Sirius dando um sorrisinho.

— Tempo de que? – pergunta Lily o olhar confuso saltando de um amigo para o outro.

— De não ser o único virgem na faculdade, oras.

— Lily, por favor explica para o Sirius que eu não vou transar com uma garota apenas porque ele decidiu que somos almas gêmeas. – implora James, chegando até a juntas as mãos na frente do rosto. – Por favor, eu não aguento mais.

— Sirius, pare de perturbar James, isso é algo que ele, e apenas ele, decide. – ela falou seria para o garoto, que revirou os olhos, mas ela sabia que ia acatar a ordem, ela sempre foi boa em controlar Sirius. – E pare de achar que sabe quem é perfeito para quem. Não é porque você e Remus finalmente se acertaram que de repente todo mundo tem que estar comprometido com o amor da sua vida.

Sirius e Remes tinham finalmente assumido um relacionamento sério, há exatos três meses, o que proporcionou a experiência de irem no baile de formatura juntos, tinham inclusive escolhido faculdades próximas para não precisarem de um relacionamento a distância. E desde então Sirius parecia achar que era a supremacia da intuição amorosa e tentava juntas todos os casais possíveis.

— Eu não faço isso! – negou Sirius inutilmente.

— Ah, não? – perguntou James, virando para ele pela primeira vez desde que fechou o notebook. – e o encontro as cegas entre Alice e Frank? Você nem contou quem era porque já sabia que eles não iam aceitar!

— Eles então indo para o terceiro encontro, então acho que fiz algo certo.

— Beleza, e eu e Dorcas? – argumentou Lily. – Você jurou que ela tinha dito era afim de mim, me obrigou a chama-la para sair, e no fim ela é hetero.

A lembrança de Lily realmente vermelha de vergonha e tentando se justificar para a garota faz James e Sirius riem. Mesmo que a garota tenha levado numa boa, isso não impediu Lily de dar uns tapas no amigo mentiroso, nem impediu de ficar com raiva das risadas de novo.

— Quer saber, mudei de ideia, arruma alguém para o James – ela fala cruzando os braços. – Tenta o Peter, acho que eles combinam.

— Já tentei, - responde Sirius prontamente ainda rindo. – Mas James é hetero demais pra tentar experimentar uma brotheragem.

— Desculpa ser o hetero do grupo? – respondeu James indignado.

— Sabe, vocês dois podiam tentar. – ele fala juntando alguns doces do chão.

— O que? – perguntou os outros dois juntos.

— Um relacionamento. – Sirius explica de boca cheia. – quer dizer, vocês se conhecem, são amigos há anos, se completam mais do que qualquer pessoas que eu já vi, incluindo eu e Remus. Além de que James tem o sentimentalismo que falta para Lily e Lily a experiência que falta para James. Casal perfeito, eu shippo.

A explicação deixa os dois paralisados, em completo choque, nenhum sabe o que dizer, muito menos quer responder por primeiro. E principalmente não sabe o que falar estando na frente do outro. Lily sabe bem que em qualquer outro momento ela toparia, mas olhando para o James paralisado não soube dizer exatamente se ele saberia lidar com algo leve no envolvimento assim. Ele se recupera mais rápido, para sua sorte.

— Não diga bobagens, Sirius! – enfatiza jogando uma almoçado no amigo. – além do mais, eu meio que estou saindo com alguém. Sabe a Melissa com quem foi ao baile...

E simples assim, eles mudam de conversa, focando no relacionamento em ascensão de James, e Lily não precisa responder nada. Mesmo que aquilo tenha ficado em sua mente pelos próximos meses.

Fase atual

Como James tinha dado toda atenção para ela e passado a noite toda jogando, Lily decidiu o segundo dia deveria ser algo que ele gostasse mais. Então ele esconheu uma série adolescente qualquer e ligaram a televisão na Netflix. Eles fizeram pipoca doce e salgada e trouxeram um lençol para a sala.

— Sabe, acho que você tem razão – fala Lily depois de um longo tempo em silencio.

— O que? Agora você concorda comigo que foi muito sem noção? – pergunta James pausando a serie prontamente, pois tinha passado os últimos minutos reclamando de como aquele roteiro estava preguiçoso e perecível. - Pelo amor de Deus, olha a cagada que ela fez, agora tem duas dela, uma no inferno e uma no mundo normal, serio que ela acha mesmo que isso vai dar certo? Foi um final bosta e preguiçoso, parece ate que não conseguiram pensar em outra solução para...

— Não. – a garota interrompe o que sem dúvida seria outro discurso interminável do amigo. – James, todos sabemos que você e boa parte das pessoas naquele site são escritores com ideias incríveis, mas não era isso.

— O que era então?

— Talvez você esteja certo sobre se envolver para sexo casual com alguém especial. – ela responde, arrancando do amigo uma careta. – Ah, qual é, pensa bem, durante todos esses anos eu me envolvi com diversas pessoas, diferentes tipos, idades e sexo. E nunca deu em nada.

— Meu método também não é lá muito bom, ruiva. – ele afirmou enchendo a boca de pipoca. – Afinal estou sozinho.

Eles ficaram em silencio por um tempo, pensando no assunto, até que Lily começa a rir baixinho.

— O que? O que foi?

— Nada, só lembrei de uma coisa. – responde, tentando desviar o olhar.

— Ah, não, fala agora o que era! – ele pede, deixando o balde de pipoca de lado para fazer cócegas na amiga, sabendo bem que em poucos segundos ela ia ceder.

— Esta bem, está bem. – ela grita em seguida, já totalmente sem folego e James para imediatamente, a olhando em expectativa. – apenas lembrei de algo que Sirius disse há uns anos, sabe, que seu sentimentalismo e minha falta de vergonha na cara se daria bem juntos.

— Acho que não foi vergonha na cara que ele falou.

— Enfim... só me veio a mente.

Lily levanta rapidamente para levar os baldes de volta para a cozinha, tentando não deixar na cara a forma como ela já foi muito afim de James. Era algo que ela não sabia como ele iria lidar, eram amigos, cresceram juntos, tinham inúmeros acontecimentos que iam mudar totalmente se ele descobrisse sobre isso. Ele era sentimental e emocionada, era melhor não arriscar colocar algo do tipo no meio da amizade.

— Sabe a gente devia tentar. – James grita da sala, onde ele colocou a serie para rodar de novo.

— O que? – ela pergunta automaticamente se recriminando por ter tocado no assunto.

— Sexo casual com alguém especial – ele responde simplesmente.

Lily faz um som qualquer de concordando e pega dois copos de suco para acalmar o salgado da pipoca.

— Então? – pergunta James assim que ela se senta no seu lado e entrega um dos copos para ele, recebendo um olhar confuso de Lily. – Sabe, você é alguém especial para mim, Lily.

Ele dá um sorrisinho de leve ergue as sobrancelhas, pela primeira vez na vida Lily não sabe dizer se James estar falando serio ou tirando uma com sua cara.

— Você esta me chamando para transar casualmente? – ela pergunta.

— Sim.

— Você esta falando serio? – ela pergunta de novo fazendo ele rir da sua cara. – Quer dizer, normalmente seria você que diria que isso ia estragar a amizade, que o que temos é muito precioso para estragar assim, bla bla bla.

James rir abertamente antes de responder.

— Eu acho que o que temos é muito precioso, e justamente por isso lidaríamos com isso numa boa, - ele deu de ombros a olhando mais intensamente do que nunca. - deu certo para Remus e Sirius.

— Porque eles se amavam!

— Acho que cada história começa de sua própria forma. – ele responde simplesmente. – Mas se isso é você me dando um fora sutilmente...

— É claro que não, - ela responde um pouco mais alto do que o normal.

— Quanta certeza, Evans.

— Garoto, você é o único maroto que ainda não beijei, - ela brincou para aliviar o clima. – Estou tendo a oportunidade de uma vida.

— Espera, o que...?

— Não, não. – interrompeu colocando a mão em sua boca. – Não pergunta, só me beija.

Lily se ajeitou no sofá enquanto James aproximava. Se eles pensaram que seria estanho se beijar depois de tantos anos de amizade se enganaram totalmente. O beijo começou tímido e calmo, mas rapidamente se tornou algo feroz e faminto. Como se eles esperassem por isso há muito tempo, o que de certa forma era verdade.

James pela primeira vez se sentia realmente confiante, pois não era apenas uma garota ali, era sua melhor amiga, com quem tinha uma intimidade mais do que com qualquer outra pessoa. Se tinha alguém com quem ele queria fazer isso era com ela, o que era estranho, pois ele nunca tinha pensado na possibilidade ate o momento.

O coração de Lily batia tão forte que ela tinha certeza que James devia ouvi-lo por causa da proximidade. Ela nem conseguia acreditar que isso estava mesmo acontecendo, sempre teve uma paixonite besta pelo amigo, mas jamais cogitou que em algum momento podia ser reciproco. Ela sentia todo o corpo formigar em euforia.

Em poucos minutos Lily se viu deitada no sofá com James sofre ela beijando seu pescoço de forma que a fazia suspirar. Subitamente ela lembrou da regra nada de atos sexuais no sofá, e conseguiu pensar o suficiente para afastar sua boca da de James.

— Vamos para o meu quarto.

Naquele momento James nem cogitaria contrariar.

Fase nove: aos 19.

A primeira coisa que Lily quis fazer ao acordar foi olhar no celular para saber se seu namorado, ou melhor ex namorado, tinha mandado alguma mensagem pedindo desculpa. Mas ela se controlou, porque sabia que ele não tinha mandado mensagem, ele deixou bem claro que não queria mais nada com ela. Ao invés disso ela pegou o celular para ligar para Sirius.

Durante o primeiro ano da faculdade ela tinha feito isso algumas vezes. Pela primeira vez na amizade todos os amigos estavam comprometidos, acontece que James e Peter são do tipo que ficam muito otimistas quando estão namorando, e Remus é simplesmente racional de mais, porém Sirius... Bom, se você quer xingar alguém a pessoa a quem se ligar deve ser Sirius, ele já xingou pessoas que nem conhecia em nome da amizade.

 O celular dele deu diretamente na caixa postal, mas ela não desanimou, sabia que nesse horário ele provavelmente estava tomando café da manhã com James, então ligou para o numero residencial que sabia que eles só mantinham por causa dos pais de James. Este tocou apenas duas vezes aquele de ser atendido.

— É o James, quem fala?

— Hã, James? É... é Lily. – ela respondeu, mesma sabendo que ele ia reconhecer a sua voz, podiam não se ver desde o natal do ultimo ano, mas ainda era ela, assim como ele era ele. – Hã, Sirius estar?

Se eles ainda eram eles, porque era tão estranho falar atualmente? Tinham ido para faculdades distantes, logo no inicio do primeiro ano James assumiu namoro com a mesma menina que foi ao baile de formatura e tinha entrado para um projeto onde estava escrevendo contos, além do mais Lily também namorou algumas vezes, e tinha arruma dois estágios ao mesmo tempo. Não é que eles não fossem mais amigos, apenas... não estavam num período de maior proximidade. Coisa passageira, eles tinham certeza, apenas o período de adaptação com as novas obrigações.

— Sirius viajou de madrugada, ruiva. – ele respondeu, tentando soar natural, sem transparecer o quanto seu coração acelerou ao ouvir a voz da amiga pela primeira vez em algum tempo. – Ele vai passar o feriado com Remus e os pais dele. O que você queria, posso ajudar?

— Ah, tinha esquecido que hoje já começava o feriado, ainda vou trabalhar agora pela manhã, sabe... – ela respondeu como desculpa, soltando um suspiro em seguida. - de boa, Jay, não é nada demais, só queria jogar conversa fora.

— O que aconteceu? – ele perguntou diretamente. – eu te conheço garota, aconteceu algo.

— Apenas, estou solteira novamente. – ela falou sinceramente. – Nada demais ou de novidade, mas seria bom xingar a alma dele um pouco.

— Não sou tão bom em xingamentos quanto Sirius, mas tenho certeza que dou para o gasto – James falou e ela pode sentir o sorriso que ele dava com a frase. – Agora, quem esse idiota pensa que é para não se arrastar atrás de você?

Lily sorrio, não era uma tentativa tão boa assim, mas ele estava tentando, e não custava nada ela tentar também. Então pelos próximos 20 minutos ela se dedicou a falar mal do ex com James, a contraponto que ele concordava com tudo e afirmava que não tinha mesmo ido com a cara dele quando eles fizeram aquela vídeo chamada para se conhecerem.

James sentia falta da amiga, claro eles tinham um grupo no WhatsApp chamado “Marotos e ruiva” onde conversavam todo dia e contavam todas as notícias, então ele sabia de tudo da vida dela e não podia reclamar de saber algo depois ou pelo Instagram. Mas isso é diferente de ver, de poder olhar para ela enquanto mostra um capitulo novo, ou de jogar qualquer jogo que ele sabia que ela ganharia apenas pelo prazer de estarem juntos. Sentia falta de dividir um balde de pipoca e uma manta enquanto assistiam um filme besta do qual James ia reclamar dos furos de roteiro sem parar.

Foi pensando nisso que assim que desligaram o telefone, com Lily alegando que precisava correr para chegar no trabalho, que James soube o que tinha que fazer. Ele ainda tinha a chave reversa, da época que Lily deu para casos de emergências, mesmo que apenas Sirius tenha utilizado ao ir visita-la. Era algumas horas de viagens, mas o carro dele está na garagem, e Lily só voltava do trabalho de tarde, o que dava tempo de sobra para ele terminar o conto que precisava e enviar para a professora.

Estava decidido, James ia finalmente cumprir o que prometia desde o ano anterior, estava na hora de ir visitar a amiga, e levar o videogame e chocolate.

Nova fase

Acordar nu na cama da sua melhor amiga deveria ser bem mais estranho, pensou James ao acordar pela segunda vez no dia. Lily não estava na cama, e por um momento ele se perguntou quais as chances de ela ter se arrependido do que fizeram, mas concluiu que não quando a garota entrou no quarto tranquilamente vestindo apenas uma camisa de velha.

— E então, qual o plano? – ela perguntou se jogando na cama ao seu lado. – Vamos conversar sobre o que fizemos ou é para fingir que nunca aconteceu nada?

— Fingir que nunca aconteceu não é uma opção – ele respondeu sem saber se poderia puxa-la para seus braços decidiu começar a conversa pelo básico. – esta arrependida?

James gostaria de estar de óculos para poder ver nitidamente seu rosto e saber se ela mentiria ou não, mas teria que se contentar em analisar sua voz

— Nenhum pouco. – ela respondeu prontamente sorrindo para ele, que teve a certeza de que ela estava sendo sincera. – foi ótimo pra mim.

— Então... quais as chances de acontecer de novo? – James pergunta sorrindo finalmente cedendo ao desejo e a puxando para perto, Lily rapidamente de aconchegou no abraço.

— Bom, infelizmente ainda moramos há três horas um do outro...

— Detalhe.

— Teremos que nos contentar com finais de semana e feriados prolongados – Lily continuou como se ele não tivesse falado nada. - Podemos tentar levar assim, sabe, uma amizade colorida, sem compromisso, sem rótulos, apenas amigos que curtem juntos.

— Eu acho perfeito. – ele a aperta mais um pouco.

Sabiam que tinham apenas mais algumas horas juntos, que em breve ele já teria que pegar estrada para chegar no apartamento antes de virar o dia, que provavelmente teriam que se organizar para conseguirem outro momento completamente a só como esse. Então restava apenas aproveitar.

— Vamos começar uma nova fase no nosso relacionamento.


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