A Crônica da Bebedeira - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - A Crônica da Bebedeira




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Sábado, 17 de setembro de 2011

Rachel observava o quanto o céu estava bonito e cheio de estrelas pela janela da BMW branca, o ar frio da noite batia contra seu rosto sorridente. Há alguns minutos estava tendo um jantar bem agradável com uma de suas melhores amigas e estava feliz.

Bom, ao menos na cabeça dela havia sido apenas um jantar, para a garota que dirigia ao seu lado aquilo tinha sido um encontro perfeito.

— Obrigada pela noite, Mony. Foi muito divertido. — disse assim que o carro estacionou em frente à residência dos Berry. — A gente se vê amanhã na escola.

— E eu não ganho beijo de boa noite? — Harmony perguntou dando um de seus sorrisos maliciosos e cheios de charme.

— Harmony, nós conversamos sobre isso não uma vez, não duas, mas várias vezes. Nós somos amigas e eu gosto da sua companhia, mas é só isso. — Rachel respondeu com firmeza e um semblante sério. — Se continuar insistindo em querer forçar um romance comigo eu vou ter que parar de sair com você porque é muito chato ter que ficar sempre batendo na mesma tecla.

— Ah, qual é, Rach? A gente sempre sai, se diverte muito, conversa sobre tudo e mais um pouco, além de que temos tanto em comum que não tem quem duvide que a gente combina. — listou enquanto apertava o volante, tentando não se exaltar. — A gente poderia ter um lance tão legal se você se permitisse parar de esperar a vadia alpha da Fabray reparar em você e ficasse com quem realmente gosta de você. Aquela piranha loira troca mais de peguete do que eu troco de calcinha.

— Não fale assim da Quinn! Ela é minha amiga também. E mesmo que eu estivesse a fim dela, isso não teria nada a ver com a gente. Eu, Rachel, não te vejo de forma romântica e ponto. Sem querer ser grossa, mas quem eu vejo ou deixo de ver desse jeito não é da sua conta. — ela replicou com o cenho franzido, então suspirou e disse. — Olha, Mony... É melhor mesmo a gente dar um tempo na amizade. Nós sempre brigamos pelo mesmo motivo e eu prefiro te dar espaço pra lidar com seus sentimentos e aceitar que nada vai rolar, do que reviver essa situação chata até que acabe a diversão de sermos amigas.

Harmony avançou sobre Rachel em um movimento rápido, fazendo-a encolher o corpo achando que seria agarrado, porém a garota de cabelo preto apenas abriu a porta e disse entre dentes. — Você que sabe.

Rachel tomou ar para dizer alguma coisa, mas logo percebeu que não havia mais nada para ser dito, então apenas tirou o cinto e saiu da BMW, entrando em casa sem nem olhar para trás, embora essa última parte tenha sido bem difícil.

Por um lado estava furiosa com Harmony por agir daquele jeito infantil sem saber levar um “não” como resposta, mas por outro também estava com raiva de si mesma, pois sabia que ela tinha razão sobre Quinn. Era um erro estar apaixonada pela lésbica mais cobiçada e pegadora do Mckinley, porém, assim como não podia simplesmente se forçar a corresponder Harmony, tão pouco conseguia deixar de ter sentimentos pela loira.

O que mais doía no coração de Rachel era saber que nunca seria vista por Quinn como algo mais que uma parceira de Glee Club e um ombrinho sempre disponível para chorar quando acabava bêbada em uma das festas de Noah Puckerman, o que acontecia pelo menos uma vez por mês sem falta. Era frustrante.

— Boa noite, querida. Como foi o jantar? — LeRoy, um dos pais de Rachel, perguntou em tom caloroso ao ouvi-la entrar pela porta.

— Se divertiu? — Hiram, o outro pai, completou.

— Foi delicioso e, sim, me diverti muito. — Rachel se forçou a sorrir por não querer tocar no assunto da briga por enquanto.

— Oh. — os dois homens responderam em uníssono, ambos percebendo que havia algo de errado com sua filha.

— Que bom, meu amor. — Hiram disse rápido antes que o marido tivesse tempo de falar qualquer coisa, então pegou a mão dele e o olhou comunicando sem palavras “calma, quando ela se sentir à vontade vai falar conosco”.

LeRoy pigarreou e disfarçou também. — É, que bom. Mas imagino que você deve estar cansada e quer ir dormir.

— Sim! É verdade! Eu estou exausta! — exclamou ela com um pouco mais de ênfase que o necessário, logo em seguida encenando um bocejo e indo beijar a testa dos dois. — Boa noite, pai. Boa noite, papai. Amo vocês. Amanhã conversamos mais.

— Também te amamos. — responderam ao mesmo tempo outra vez.

Logo ela correu para o andar de cima e suspirou de alívio por ser filha de quem era. Seus pais estavam fingindo que não perceberam que havia algo errado e ela fingia não saber disso, pois no fundo os três sabiam que ela falaria com eles no próprio tempo, graças à criação que deram a ela, sempre respeitando seu espaço.

Rachel tentou tirar tanto Harmony quanto Quinn da mente ao tomar banho para dormir, mas não resistiu a vestir uma camiseta que havia “roubado” da loira há alguns dias e se inebriar com o cheiro dela até cair no sono. Droga, estava tão caidinha por ela.

No entanto, estar tão apaixonada não a impediu de enterrar o rosto em um travesseiro para poder abafar todos os xingamentos em que conseguia pensar ao ser acordada três e trinta e nove da madrugada com os gritos de uma Quinn bêbada em frente à residência dos Berry.

— Rachel Barbra Berry, vai logo abrir a porta pra sua amiga antes que ela acorde todos os vizinhos. De novo. — LeRoy esbravejou, estava muito irritado por aquela situação já estar tão recorrente que poderia até ser chamada de rotina. — E, por favor, diga a ela que quem não sabe beber, deve beber apenas leite.

— Tá bom, pai. — Rachel respondeu saltando da cama, então calçou os chinelos, vestiu um hobby e saiu resmungando.

— Rachel, minha melhor melhor melhor amiga desse mundo inteirinho. — Quinn gritou a plenos pulmões assim que a viu se aproximar.

— Shiiiii. Para de escândalo que já tá tarde. — mandou enquanto a arrastava para dentro da casa com dificuldade.

— Opa. Foi mal aí, Rach. — respondeu soltando uma gargalhada grogue e cambaleando ao tentar andar em linha reta, mas logo em seguida começou a choramingar. — Ai, Rach, eu to tão triste. Eu to muito, muito, muito, muito, muito...

— Quinn!

— Desculpa. Muito triste.

— Deixa eu adivinhar. — Rachel resmungou, bufando irritada ao tentar subir as escadas com a amiga bêbada. — Você tá apaixonada?

— Sim, Rach, sim. Eu to fodidamente apaixonada. — Quinn se lamentava sem parar de choramingar, dificultando ainda mais a subida. — Mas o pior nem é isso.

— O pior é que você tá apaixonada por uma menina que não te ama de volta. — Rachel continuou a resmungar, dessa vez conseguindo puxá-la com mais facilidade pela força do ódio.

— Sim, Rach, sim. Mas ela é tão linda. Tão perfeita. Eu não conseguiria não amar ela pra sempre, sempre e sempre. — a Fabray se lamentou mais, sentindo seu corpo ser jogado na cama sem qualquer cuidado e seus sapatos sendo tirados de seus pés.

— Eu escuto isso todo mês, Q. Depois você passa o resto do mês fodendo qualquer rabo de saia que caia na porra do seu charminho barato, até você se embebedar de novo em uma das festas no Noah e vir aqui com esse papinho tosco. E isso se repete de novo e de novo. — Rachel não estava apenas brigando com ela, também estava desabafando sobre ter que cuidar de quem amava enquanto a ouvia falar de outra garota.

— Sim, eu faço isso, Rach, eu faço mesmo. Mas eu to só me enganado, Rach. Eu fico com todo mundo, mas no fundo eu amo só ela. Eu sei que eu amo só ela e nenhuma outra garota é como ela, Rach. — respondeu chorando enquanto Rachel tirava sua jaqueta de couro e sua calça jeans. — E essa garota só me vê como amiga. Ela nunca vai me amar, Rach. Nunca vai me amar como eu a amo. Eu fodidamente a amo, Rach.

— Porque não pode simplesmente ficar toda caidinha assim por mim, Quinn? Resolveria todos os problemas de nós duas. — Rachel murmurou mais como se estivesse falando sozinha, torcendo para que a loira estivesse bêbada demais para entender ou se lembrar depois.

Quinn gargalhou alto e se sentou na cama, deixando o short de pijama que Rachel estava lhe vestindo no meio das coxas. — Mas de quem acha que to falando? Eu to falando de você, sua tapada linda do caralho. Eu te amo faz um tempão e eu te amo agora e eu vou te amar pra sempre. SEMPRE! Você que não tá nem aí pra mim, né Rach? Você não tá nem aí pra mim. Você fica só saindo com aquela babaca da Harmony e não me quer, não é, Rach? Você quer ficar com ela, não comigo.

— Não, Quinn, você entendeu errado. — Rachel respondeu sentindo o coração acelerar e as mãos começarem a tremer. — É que me dói demais sair com você e toda vez ter que te ver dando em cima de uma e de outra, então eu fujo de você as vezes, quando você me chama pra um lugar onde não vamos estar sozinhas. A Harmony é só uma amiga, apesar dela querer mais. Mas eu não posso dar mais que amizade pra ela porque eu amo você e só você. Sempre amei.

— Você... Você me ama também?

— Amo.

— Não brinca com meu coração, por favor, Rach. Você me ama?

— Sim, eu amo.

Quinn sorriu o maior sorriso que já havia sorrido na vida, se inclinou para beijar Rachel e então caiu no colo dela, dormindo profundamente graças a gigantesca quantidade de álcool que havia ingerido na festa de Puck.

Rachel jogou o corpo para trás e pegou um travesseiro, usando-o para abafar seu grito de frustração, mas depois acabou percebendo que dar o primeiro beijo na garota que amava em um momento de embriagues total não era nem de longe o ideal, então tirou força de onde nem sabia que tinha, ajeitou Quinn na cama para que ela não acordasse com dor e terminou de vesti-la com o short de pijama.

Dormir o que restava daquele noite foi uma tarefa difícil, a garota Berry não conseguia desligar o cérebro, só queria que as horas passassem rápido para poder falar sobre aquilo, mas também não queria que passassem porque talvez a loira não lembrasse do que havia acontecido ou talvez fosse um delírio de uma bêbada e o que ela disse não era verdade. A ansiedade quase a vez pirar, por sorte caiu no sono antes.

Já passada do meio dia quando Quinn finalmente acordou, sentindo uma dor de cabeça tão forte que parecia ter tido seu cérebro batido em um liquidificador cheio de pregos e alfinetes enquanto dormia. Mais uma vez prometeu a si mesma em pensamento que nunca mais beberia, mesmo sabendo que era mentira.

— Imaginei que pudesse estar com dor de cabeça, então trouxe isso. — a voz de Rachel chamou sua atenção, fazendo-a encarar a morena de pé ao lado da cama com um copo d’água e uma aspirina na mão.

— Obrigada, Rach. Você é um anjo que Deus colocou na minha vida. — respondeu rouca, aceitando o remédio de bom grado.

— Não seja exagerada. — Rachel riu sentindo-se corar. — Toma um banhinho enquanto pego comida pra você. Vai se sentir melhor depois que comer um pouco.

— Tá bom. — concordou depois de engolir a aspirina e a agua.

Quinn sabia onde tinha toalhas limpas e havia muitas roupas suas no armário de Rachel, então não foi um problema. Logo estava saindo do banheiro já vestida e de cabelo molhado ao mesmo tempo em que a morena entrava no quarto com uma bandeja de brunch.

— Me acompanha? — perguntou ao se sentar para comer.

— Me desculpa, mas eu acabei de almoçar, então fica pra próxima. — Rachel respondeu com um sorriso meio nervoso, fazendo Quinn franzir a testa.

— Ah. Tudo bem. — disse, dando de ombro.

Rachel ficou observando-a comer, esperando que ela acabasse para poder perguntar se ela se lembrava do que havia dito, mas o tempo parecia estar passando mais devagar só para brincar com seu coração e instigar sua ansiedade, então antes que Quinn chegasse ao menos na metade do prato Rachel chamou seu nome.

— O que? — ela respondeu de boca cheia.

— Engole antes de falar, Q. É mais educado. — Rachel repreendeu com cara de nojo.

Quinn bebeu um gole de suco de laranja para ajudar o que estava em sua boca a descer e disse. — Desculpa. O que é?

Rachel fechou os olhos um instante, respirando bem fundo, então murmurou quase em um sussurro. — Você se lembra?

Quinn ergueu os olhos da bandeja e...

Quinta-feira, 12 de fevereiro de 2017

— E aí a mamãe disse sim, vocês se beijaram e foram felizes pra sempre. — Aurora, uma garotinha ruiva de nove anos, disse animada.

Beth, uma loirinha de onze anos, riu com sarcasmo e respondeu antes de qualquer uma das adultas no quarto. — Isso não é bem a cara da mamãe.

— Quem me dera tivesse sido assim, baixinha. — Quinn também riu, mas de um jeito envergonhado. — Termina de contar, amor.

— Ela me olhou com a maior cara de cachorrinho perdido e disse “eu fiz alguma merda, né? Por favor, me diz que não foi das grandes.” — Rachel respondeu, fazendo todas rirem.

— O que a senhora disse, mãe? — Aurora continuava com o olhar sonhador mesmo que a história de suas mães não fosse a mais romântica do mundo.

— Eu disse que não exatamente e que se ela quisesse mesmo saber o que ela tinha feito teria que ser em outro lugar naquela noite. Em um encontro. — admitiu ficando toda vermelha.

— Eu tive que me segurar muito pra não surtar. Vocês não tem noção de quanto tempo fazia que eu tinha uma queda gigantesca pela mãe de vocês. — Quinn disse, sorrindo o máximo que cabia em suas bochechas.

— E ela finge tranquilidade muito bem, eu não percebi nada. — Rachel riu e continuou contando a história. — Sua mamãe me olhou com o sorrisinho cafajeste e lindo que ela tem e disse “beleza, eu topo”. A noite fomos jantar em um restaurante super conceitual, que eu adorei, e conversamos de forma decente. Então ela me pediu em namoro, eu aceitei, namoramos até terminar a faculdade e sua mamãe me levou ao mesmo lugar pra me pedir em casamento.

— E foi lindo mesmo que o restaurante tivesse falido uns dois anos antes e o novo dono tenha aberto uma pizzaria comum. — Quinn comentou rindo.

— É verdade, foi um pedido lindo. — Rachel concordou, olhando-a com todo o amor do mundo.  — Depois disso nos casamos em uma cerimônia pequena e simples, só com os amigos e a família, então adotamos duas menininhas lindas e fofas que bagunçam e alegram as nossas vidas todos os dias desde então. E essa, Aurora, é a parte em que fomos felizes para sempre.

As crianças fizeram um corinho de “aaaawn” e correram para abraçar as mães.


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