Estudo do Caso de Helena Bertinelli escrita por EVE


Capítulo 1
Desvia os teus olhos de mim, porque eles me perturbam.


Notas iniciais do capítulo

Talvez, eu tenha gostado muito do filme da Harley Quinn e as Aves de Roupinha, principalmente da Caçadora/Helena Bertinelli... como pode observar.



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Dinah observa a situação inesperada. A responsável pela morte de vários assassinos em Gotham, sentada na cadeira próxima à janela da lanchonete, compartilhando batatas fritas. Dinah podia concordar com Montoya, rir com Harley, ainda assim, estava tão alheia a conversa, pois, analisava o temível Assassino da Besta oferecendo suas respostas curtas ou aquela costumeira face de incompreensão: dois vincos entre as sobrancelhas e lábios levemente abertos.

Harley e Montoya partiram para fechar a conta.

No recém alcançado momento de silêncio, seu olhar se demora na mulher à sua frente. Ela percebendo a atenção, retribui com os lábios curvados para cima, mas ainda fechados, um pequeno sorriso iluminando seu rosto por breves segundos, mas suficiente para não o esquecer, assim como o olhar de castanho profundo, mas tão esquivo. Dinah tentou seguir o rápido movimento daqueles olhos, ora diante dos seus, para depois, nas mãos debaixo da mesa. Enfim, Dinah permaneceu surpresa, mas satisfeita com o despertar de alguns bons pensamentos: 1) foram poucas ocasiões que viu o sorriso suave de Helena e 2) ser, talvez a razão de uma delas.

No estacionamento da lanchonete, ela encontrou um assunto. Armas. Helena falava baixo e levemente entusiasmada. Mas, o sol já estava se esvaindo e os raios remanescentes adentravam nas íris castanhas e Dinah perdia o total interesse na diferença entre arcos e bestas.

Os olhos de Helena. O sorriso de Helena.

Ela necessitava de segundos pensamentos e talvez, manter-se suave em seu desejo.

Dias depois, suas amigas estavam em uma boate e ela sentia-se expansiva na pista de dança, a meia luz e bastante álcool eram suficientes para ganhar atenção de Helena, deslocada, no bar. Mas, ansiava não somente pela atenção dela, mas pelo toque, boca e bem... foda-se a cautela.

No final da noite, ela toma as mãos de Helena e a retira da multidão. A luz azul do corredor vazio sobre ela, nas sobrancelhas franzidas e lábios entreabertos e estupidamente convidativos. Súbita, ela invade o espaço de Helena e recebe o suspiro dela nos lábios. "Tão linda." Ela sussurra, enquanto as pontas dos dedos roçavam as linhas daquela boca.

Ela poderia confessar tudo com o auxílio da vodca, como por exemplo, o quanto queria ser fodida pelos mesmos lábios contra a parede daquele corredor.

Finalmente, Dinah inicia um beijo com o mesmo vigor de um viajante sedento que acha o oásis. Ela explora por alguns segundos a boca da outra mulher, mas nada encontra além de uma língua que não correspondia ao seu entusiasmo.

Quando separadas, Dinah é premiada com grandes olhos em alerta, uma Helena de punhos fechados contra o corpo, respirando uísque e trêmula em suas mãos. E então, percebe o grande erro e anda alguns passos para trás, "Desculpa." diz, afastando-se de sua tentação.

"Não, eu...eu que–" Helena murmura, o semblante concentrado e ainda trêmulo.

"Não assim, não desse...jeito." Com os olhos fixos no chão, Dinah foge.

Na manhã seguinte, Dinah a encontra com olhar baixo, a princesa estoica da máfia, arredia que evita sua presença e respondia em seco às perguntas de Montoya.

No final do dia, estática à frente da porta 207, respirando a crescente ansiedade da passagem dos segundos. Dinah bate suavemente na porta e é recebida por aquela figura conhecida, não houve palavra alguma, apenas os comuns vincos entre as sobrancelhas.

"Posso entrar?"

Na ausência do álcool, ela adentra o cômodo com os passos comedidos. Helena retira a besta debaixo do balcão da cozinha, pronta para qualquer emergência e Dinah a observa em silêncio.

"Por favor, só pare." pede.

Helena atende o seu pedido; descansa a besta na mesa e permanece na espera com a respiração suspensa. Ainda assim, ela roubava as palavras de Dinah, essa Helena, vestida com uma simples regata branca de alças finas, calça moletom e rosto limpo. Na noite passada, Dinah quis tantas coisas dela, mas somente o rápido pensamento que a Helena de suas lembranças turvas, seria uma levemente bêbada e desconfortável em suas mãos, foi suficiente para se afastar.

"Sobre ontem..." Dinah começa e logo, as sobrancelhas de Helena calmas levantam-se, mas retornam ao descanso. "Uh. Bem, eu gostaria de pedir desculpas pelo modo como eu tentei beijar você e..."

"Qual é, você é uma adulta." Montoya diz sobre os óculos escuros, preparando algo que parecia ser uísque, café preto e antiácido.

"E que ia se aproveitar de uma amiga bêbada." Dinah murmura, as palavras abafadas pelas mãos cobrindo o rosto e a dor na cabeça como um grande sino de catedral.

"E por isso, vai pedir desculpas, ao invés de fingir que nada aconteceu. Você simplesmente não pode chegar e beijar uma pessoa..." ela sente o olhar sugestivo de Dinah, "Não, eu não sei como as coisas funcionam hoje, mas eu acho sim que talvez você tenha intimidado a garota. Vai saber se é disso que ela gosta," Montoya bebe um gole da bebida, "Na verdade, ninguém sabe! A garota parece uma máquina de matar, não bebe, não fuma, quase não fala. E você morrendo de amores por ela. Apenas, por favor, converse com ela. Simples! Como as pessoas normais fazem."

Quando Montoya disse, pareceu mais simples, confessar algo quando qualquer emoção é quase inconcebível na face de Helena. E com toda e qualquer palavra suspensa naquele cômodo, Dinah se sentiu suficiente.

"Então, é isso," as mãos vão para os bolsos da calça, "Eu vejo você amanhã." e um primeiro passo é dado, seguido de vários outros em direção à porta do apartamento.

"Espere."

Ela escuta a voz de Helena e suas mãos param na maçaneta e quando move o corpo em direção do som, encontra uma Helena já próxima e de respiração ofegante. Dinah ainda tentando compreender a rápida mudança de situação, também decide não fugir, mas novamente, ela espera ações de Helena; Dinah recebe apenas uma expiração forte e olhos rápidos analisando o seu rosto e quando finalmente eles encontram os seus, Helena anda devagar alguns passos soltos para trás.

"Não, eu-" ela diz para os pés descalços na procura de algo, além de balançar a cabeça em constante negação.

"Eu...nunca," com a voz firme, Helena tenta dizer, mas as palavras são puxadas de volta para o seu peito, e limpa as mãos úmidas na calça, "...e ontem, eu-".

Cuidadosa, Dinah se aproxima das murmurações de Helena, desfaz o punho fechado dela e lá deixa sua mão. Aparentemente, sendo o silêncio mais fácil de embalar do que palavras ou qualquer expressão. Poucas coisas conseguiu ler na face confusa da mulher que evitava sua atenção, com os olhos fixos no chão. "Queria." Helena termina como sussurro, o ar preso nos pulmões.

Dinah encontra o colar com um pequeno pingente de cruz que Helena escondia sob as roupas pretas, mas agora, brilhava na luz do apartamento e Dinah sorri para o objeto, antes de olhar para Helena.

Se Cristo tivesse visto o rosto de sua amiga, as bochechas aquecidas, aquele olhar focado e quente que recebia em seus lábios ou as lindas mechas selvagens que enquadravam seu rosto afiado, talvez até ele gostaria de beijá-la; mas Cristo estava morto e quem estava frente aos lábios de Helena era Dinah.

"Então, deixa eu recomeçar," ela acaricia a mandíbula de Helena e com o rosto dela entre as mãos, pergunta se podia beijá-la.

Helena assente e seus olhos fecham-se em espera e Dinah beija aquela boca, o contato suave e demorado em cada pedaço rosado, e por fim, entrega um aviso melhor que murmurações e palavras nervosas.

Quando abre os olhos, Dinah contempla uma Helena ainda de olhos duramente fechados, dedos fortes no seu quadril e outros apertando a barra de sua camisa. E lento, ele aparece, o sorriso de Helena.


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