ONE-SHOT escrita por Tixa


Capítulo 1
ONE-SHOT "Vai ser uma menina, linda como a mãe!"


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!
Foi uma ideia que me passou pela cabeça.



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Suspiro, sentada há apenas dez minutos na cadeira desconfortável da sala de espera. Detestava salas de espera, mas principalmente hospitais. Mas aquela era diferente, uma sala de espera de obstetrícia era sempre diferente. Ali respirava-se vida, o ambiente não era pesado e quase todas as mulheres exibiam grandes barrigas e grandes sorrisos. Eu ainda espera para exibir a minha grande barriga, mas já exibia um grande sorriso.

Passo a mão pela minha pequena barriga. Dezasseis semanas do mais puro amor. Dou um pequeno sorriso quando me lembro que até há uma semana não tinha qualquer barriga. Mas, de repente «BOOMM», um dia acordei de manhã e ali estava a maior prova da minha gravidez. Já não dava para esconder, e eu adorava isso. Escusado era dizer que a maior felicidade vinha do Jay. Estava em êxtase com a minha gravidez. Se o nosso casamento o tinha deixado em grande felicidade e realização da minha gravidez tinha sido o pleno para o Jay. Era gozado dia e noite por todos na Inteligência devido ao grande sorriso que não lhe saía dos lábios. E eu, simplesmente adorava isso. Não podia ter imaginado um marido melhor. E agora estava ansiosa para o ver no papel de pai.

Bem, no fundo éramos dois com grandes sorrisos nos lábios. Porque eu não parava de sorrir cada vez que acariciava a minha pequena barriga. Era uma das minhas ocasiões preferidos do dia, sempre que tinha um momento a sós com a minha barriga. Ficava encantada enquanto a acariciava com a mão onde estava o grande anel de noivado juntamente com a nossa aliança de casamento. Eu estava a viver um sonho e nunca mais queria sair dele.

A grande sala de espera estava lotada. Quase todas as cadeiras estavam ocupadas por mulheres grávidas e os seus acompanhantes. Suspiro mais uma vez e espreito o meu telemóvel. A última mensagem do Jay na minha cabeça. Iria chegar atrasado. Eu só esperava que ele chegasse a tempo. Despreocupadamente percorro mais uma vez os olhos pela sala e acaricio a minha barriga sentindo algo leve lá dentro. Desconfiava que era o meu bebé a mexer.

Mais uma pessoa chega, e por momentos tenho a sensação que conhecia aquela mulher de algum lado. Olho melhor novamente. Sim, definitivamente conhecia aquela mulher. No meu campo de visão, a ir em direção ao balcão das consultas estava precisamente a Erin Lindsay. Congelo durante alguns segundos enquanto a sigo com os olhos. Agradeço mentalmente o facto de estar no fim da sala e ter uma fila inteira de pessoas há minha frente. Pergunto-me o que ela estava a fazer no andar da obstetrícia, mas principalmente o que estava a fazer em Chicago. Será que estava grávida? Deduzo que está a trabalho quando a vejo a chegar ao balcão e mostrar o distintivo a uma enfermeira. Após alguns minutos de conversa agradece e sentasse numa cadeira.

Penso durante algum tempo nas opções que tinha. Não me sentia na obrigação de a ir cumprimentar. Mas principalmente não sabia até que ponto ela estava informada da vida que tinha deixado em Chicago.

Passam-se mais alguns minutos, e eu tentava a todo o custo não olhar na direção onde ela estava. Sentia-me um pouco nervosa, não sabia porquê, mas sentia. Por momentos começo a sentir-me observada e naquele momento sei que a Erin já me viu. Enchendo-me de coragem olho na direção dela o mais despreocupadamente que consigo.

Observamo-nos durante aquilo que pareceu uma eternidade, mas sei que não passaram de alguns segundos. Vejo o reconhecimento a passar-lhe nos olhos e a certeza de que realmente me conhecia. E eu tenho diante dos meus olhos a ex-namorada, quase noiva, do meu marido. Inconscientemente levo um dedo aos meus anéis e rodo-os no dedo. Naquele momento a Erin dirige-me um sorriso discreto e um leve acenar de cabeça. Como se de um espelho se tratasse faço precisamente o mesmo movimento.

Perco noção do tempo e das coisas há minha volta. Vejo-me a recuar quase oito anos, para a altura em que a mulher sentada no outro lado da sala, deixou Chicago de forma inesperada. Encaro-a novamente, mantém os olhos em mim sem qualquer pudor.

— “Hailey Halstead.” – Dou um pequeno salto. Assusto-me com o entoar do meu nome naquela sala. Antes de desviar os olhos da Erin consigo ver a surpresa no seu olhar. Definitivamente ela não sabia que o meu sobrenome tinha mudado. Com uma grande coragem levanto-me, e por segundos tenho um último reflexo de quando ela bate com os olhos na minha barriga. Choque. Tristeza. Ciúme. Talvez algum arrependimento? Duas cadeiras ao lado encontro a pessoa que me chamou.

— “Natalie.” – Sorrio, enquanto me dirijo à médica. À medida que me aproximo os olhos da Natalie arregalam-se e um grande sorriso encontra os seus lábios.

— “Hailey! Estás linda.” – Coloca uma mão na minha cintura quando me aproximo dela. – “A última vez que te vi não tinhas barriga.” – Conclui.

— “Foi de um momento para o outro.” – Explico com um grande sorriso enquanto acaricio a minha barriga.

— “O Jay deve estar louco” – Graceja. – “Por falar no Jay, pensei que ele vinha à consulta.”

— “E vem Natalie, ou vinha pelo menos.” – Concluo com uma expressão desgostosa. – “Algo sucedeu na Inteligência e enviou-me uma mensagem a dizer que ia chegar atrasado.” – Concluo tristemente.

— “Certo, então vamos fazer assim. Vamos entrando e vamos ao peso, medidas da barriga e tudo ao qual o pai não é preciso, entretanto pode ser que ele chegue.” – Propõe.

— “Parece-me perfeito.” – Concordo com um grande sorriso.

Preparo-me para seguir a Natalie, e só então dou conta de que a Erin assistiu a toda a nossa conversa. Assim que entramos no consultório esqueço tudo o que ficou lá fora e concentro-me apenas no que estava ali a fazer. Entre perguntas e respostas, dúvidas, e algumas gargalhadas, acabamos por fazer a parte da consulta em que o Jay faria menos falta.

— “Bom, a mim parece-me tudo certo por aqui, a gravidez está a correr bem.” – Esclarece com um largo sorriso. – “Agora só falta o pai para fazermos a ecografia e tentarmos saber o sexo do bebé.”

— “Ah sim, prefiro não fazer se ele não vier.” – Explico. – “Se o Jay sabe que fizemos a ecografia sem ele, nem quero pensar.” – Dou uma breve gargalhada com o pensamento.

— “Ainda continuam as apostas sobre o sexo do bebé?” – Pergunta a Natalie.

— “Ah! Nem queiras saber. Toda a Inteligência entrou na aposta, incluindo o Voight e a Trudy. Até o Will apostou forte com o irmão em como seria um menino.” – Dou de ombros e mais uma vez não consigo evitar uma gargalhada.

— “O Jay continua convicto numa menina?” – Graceja a médica.

— “Natalie, eu temo que se não for uma menina o Jay entre em depressão.” – Divago com um arregalar de olhos. Ambas damos uma gargalhada estridente.

O meu marido estava convicto desde o primeiro momento que esperávamos uma menina. Desde que lhe contei a novidade e ele olhou para mim. Após me presentear com um grande sorriso, a primeira coisa que disse foi: “Vai ser uma menina, linda como a mãe.” E assim seguia ele dizendo a tudo e todos. Até que, como forma de o provocar toda a Inteligência começou a apostar dinheiro, e prendas, no sexo do nosso bebé.

— “Ainda continua com o…” – Assume uma postura séria e projeta uma voz de homem. – “Vai ser uma menina, linda como a mãe.” – Imita a voz do Jay.

— “Sim, sem dúvida.” – Esclareço com um largo sorriso enquanto abraço a minha barriga.

Decido esperar pelo Jay na sala de espera.

— “Hailey!” – Sou chamada no corredor, assim que saio do consultório. Fico petrificada no sítio onde paro, não por ter sido chamada, mas por conhecer a voz. Uma voz que não ouvia há anos. Respiro fundo antes de me virar e encarar a mulher que me chamava.

— “Erin.” – Cumprimento.

— “Estava relutante se deveria de te falar.” – Não respondo. Apenas lhe dirijo um leve aceno de cabeça. – “Como estás?” – Pergunta com alguma cautela.

— “Estou bem, e tu Erin?” – Retribuo.

— “Também obrigada.” – Hesita. – “Como estão todos? Perdi contacto…” – Explica num tom de voz mais baixo.

— “Estão todos bem. Muita coisa aconteceu desde que foste embora. Devias de lhes falar, certamente que têm saudades.” – Termino num tom mais amigável.

— “Já passou muito tempo, seria estranho agora.” – Faz uma leve pausa. – “Devido à forma como saí, resolvi afastar-me de tudo e todos que me lembrassem Chicago. Apenas falo com o Hank o que não será tanto como ele gostaria.” – Suspira. – “Ao início ele bem tentava contar o que se passava, mas a certa altura cortei quase completamente com ele e pedi para não me contar mais nada sobre a unidade.” – Explica um pouco sem jeito. – “Desculpa, não deveria estar a maçar-te com isto.” – Pede sem jeito.

— “Não tens que pedir desculpa Erin. Mas se me permites, devias de falar mais com o Voight, ele não tem ninguém, o mais próximo de família que ele tem desde que partiste somos nós. A Inteligência.” – Concluo.

— “Eu sei, e agradeço-vos imenso por isso.” – Dirige-me um sorriso sincero. – “E por sabê-lo parto do princípio de que o grande Hank Voight vai ser avô!” – Aponta para a minha barriga. Não o diz como uma pergunta, prova disso é a de que continua. – “Hailey Halstead.” – Desta vez aponta para a minha mão esquerda que descansava em cima da minha barriga.

— “Muita coisa aconteceu desde que partiste Erin. E sim, Halstead.” – Confirmo com um sorriso sincero. – “Simplesmente aconteceu alguns anos após a tua partida.” – Eu não tinha nada para lhe explicar.

— “Há cerca de três anos atrás, um dia… liguei para o Hank, e ele estava com bastante pressa.” – Diz num tom de voz quase sussurrado. – “Em tom de brincadeira perguntei o motivo da pressa.” – Respira fundo antes de continuar. – “Ao qual ele me responde: Vou ao casamento do Jay.” – O tom de voz ainda mais baixo faz-me pensar que conta aquele episódio com alguma tristeza. – “Nunca quis saber quem era a sortuda, mas agora sei.” – Termina com um sorriso triste.

— “Sim, estamos casados há três anos” – Confirmo não deixando espaço para mais perguntas sobre aquele assunto.

— “Como é que ele está Hailey?” – Ganha coragem para finalmente fazer a pergunta que tanto queria. O que me deixa um pouco irritada.

— “Queres perguntar como é que ele ficou ou como está agora Erin?” – Exalo fortemente. – “É que se quiseres saber, posso muito bem contar-te a forma como o deixaste acabado e de como, durante meses, ou talvez anos, tentei concertar a ferida aberta que deixaste.” – Falo com alguma raiva. – “Agora se perguntas como ele está atualmente, penso que já não é da tua conta, mas se te interessa saber, creio que já não o conhecerias.” – Culpa, era o que via nos olhos dela após terminar o meu desabafo.

— “Compreendo, estás no teu direito em dizer isso tudo, mas…” – Somos interrompidas por uma pessoa que chega a correr e se atira a mim.

— “Ei minha pequena diz-me que cheguei a tempo.” – Sou “atropelada” pelo meu marido. – “Já tiveste a consulta?” – Pergunta impaciente com as mãos uma de cada lado da minha cara. – “Desculpa, tivemos uma apreensão de drogas, e…” – Faço um pequeno carinho na sua bochecha esquerda e chamo-o com cautela.

— “Jay…” – Digo num tom baixo enquanto faço sinal para trás dele. Assim que se vira, prende a respiração.

— “Jay Halstead.” – Sussurra com emoção a mulher à nossa frente.

— “Erin Lindsay.” – Exterioriza com uma voz seca e controlada. Mas eu sabia que estava chocado e surpreendido, conhecia aquele homem melhor do que ninguém.

— “Já sei que vais ser pai, parabéns!” – Corta o silêncio constrangedor que ficou entre os dois.

— “Obrigado.” – É tudo o que ele responde.

— “Como estás Jay?” – Assisto com alguma impaciência enquanto a Erin tenta algum tipo de conversa com o meu marido, então tomo uma decisão.

— “Bem, vou deixar-vos a sós para conversarem, já volto.” – Digo num tom suave enquanto dou um leve aperto no braço do Jay. Sou parada quando dou o primeiro passo.

— “Onde pensas que vais Hailey?” – Paro quando recebo o mesmo gesto. Sou parada com uma mão no meu cotovelo. – “Tudo o que possa ser aqui dito, pode ser dito na tua presença!” – Recebo um olhar que me deixa sem fôlego. – “És a minha mulher, a mãe do meu filho, e eu quero que fiques comigo, o teu lugar é aqui percebes Hailey Halstead?” – Nada o deixava mais orgulhoso do que chamar o meu nome juntamente com o apelido dele. Não digo nada, apenas aceno afirmativamente e dirijo-lhe um olhar apaixonado. A intensidade do olhar que trocamos faz-me desejar que não tivéssemos no hospital, mas sim em casa. Quando percebe que não vou a lugar algum volta a sua atenção para a Erin. – “Respondendo à tua questão Erin, estou bem, aliás nunca estive tão bem na minha vida.” – Aperta a mão que agora repousava à volta da minha cintura.

Por alguns momentos, após a resposta do Jay, analiso a reação da Erin. Tenta disfarçar, mas consigo captá-la antes disso. E naquele momento esbugalho os olhos e fico sem palavras com o que acabo de constatar. Ela ainda o amava.

— “Não sabes como isso me deixa feliz.” – Diz com sinceridade e um sorriso triste. Faz uma pequena pausa. – “Jay, gostava que um dia me perdoasses pelo que fiz…” – Quase que implora.

— “Não há nada para perdoar Erin, já passaram muitos anos e a vida seguiu.” – Não posso deixar de me sentir orgulhosa da resposta que o meu marido dá. Ele estava completamente resolvido e em paz com aquele assunto. E eu acabava de ficar em paz ao ver a troca de sorrisos sinceros deles os dois.

— “Ei Hailey vamos?” – Chama a Natalie algumas portas atrás da Erin após ver o Jay.

Não trocamos mais nenhuma palavra. Apenas olhamos entre os dois e deixamos a Erin para trás.

Assim que entramos no consultório foi como se o Jay se esquecesse completamente do que tinha acabado de acontecer no corredor. Foi só ver o aparelho da ecografia e o sorriso dele voltou. Como o pai e marido presente que era, fez todas as perguntas das dúvidas que tinha. Eu só conseguia olhar para ele de forma orgulhosa e amorosa. E por fim, o que ele mais queria aconteceu, conseguimos ver o sexo do bebé.

Quase uma hora depois saímos do consultório da Natalie com novas fotos em mãos. Desta vez já conseguíamos distinguir grande parte do corpo do nosso bebé.

— “Jay! Hailey!” – Quando olho para onde vinha a voz não posso evitar um grande sorriso ao ver o Will correr na nossa direção. – “Ah! Não acredito que ainda vos encontrei!” – Finaliza ao parar ao nosso lado com as mãos nos joelhos. – “Então conseguiram ver se é menino ou menina?” – Não digo nada. Deixo essa parte para o Jay. Olho o meu marido com um meio sorriso e vejo-o encarar o Will com uma expressão séria e o levantar de uma sobrancelha. Ele estava definitivamente a gozar com o irmão. Por fim, aos poucos um sorriso começa a rasgar-lhe os lábios.

— “É uma menina, e vai ser linda como a mãe.” – Festeja enquanto salta para as costas do irmão em plena felicidade.

E eu? Completamente radiante ao ver aquela cena. Começo a segui-los quando, abraçados fazem o caminho para sair daquele piso. Não sem antes ver, a um canto a Erin Lindsay a olhar para mim com um leve sorriso. Retribuo-o.

— “Parabéns e… Felicidades.” – Deseja de forma verdadeira. O sorriso sincero mantém-se. Eu sorrio de volta. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Podem sempre dar sugestões sobre alguma ONE-SHOT que queiram que eu escreva.



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