Em busca de abrigo escrita por meriesha


Capítulo 1
Um


Notas iniciais do capítulo

oi! há uns meses eu fui jogar paws: shelter 2, e apesar de ser bem curtinho e linear, eu fiquei inspirada pra retratar tudo de forma escrita. se alguém estiver lendo, espero que goste!



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Vagarosamente abriu seus pequenos olhos. Não conseguia ver muito, pois lutava contra o sono; somente o céu azul e o verde vibrante das árvores do lado de fora da toca, e os olhos amarelos e brilhantes de sua mãe, Nora, protetores como sempre. Sentia calor de todos os lados. E melhor, sentia-se acolhida. Sabia que junto a si também estavam seus irmãos, embora não tivesse forças para se mover e olhá-los, todos vigiados pela grande lince de pelos escuros. Ela grunhiu, cuidadosamente lambendo seus pequenos tesouros, e todos os filhotes miaram em resposta, miados agudos e tão delicados quanto eles próprios. Inna observou sua mãe por mais algum tempo, a qual olhava para a grande imensidão do lado de fora. A filhote pensou no quanto adorava sair e cheirar tudo o que podia. Fazia pouco tempo desde que ela e seus irmãos se tornaram crescidos o suficiente para poderem acompanhar sua mãe, então se cansavam depressa, porém aproveitavam cada minuto. Nora achava adorável, de certa maneira. Ainda eram tão pequeninos, mas logo estariam fortes e resistentes para poderem ir consigo a qualquer lugar, observando a forma correta de se caçar e de evitar o perigo.

Inna ansiava pelo momento em que sairia da toca novamente, o mero pensamento lhe trazia comichões nas patas, as quais queria utilizar para tocar a grama macia, os troncos de árvore e as flores. Nora percebera que ela parecia ser a filhote mais curiosa de sua ninhada de quatro, porém também poderia ser apenas a animação do momento, e em breve ficaria mais calma.

Na verdade, isso não aconteceria. Já era parte da essência da pequena felina ter curiosidade e astúcia, querer explorar o vasto mundo em que vivia, que, naquele momento, parecia tão pequeno. Não podia ser ingrata, contudo. Afinal, seu mundo outrora era uma mera toca. Havia se expandido de forma grandiosa, e observou novas formas e cores que nunca viu antes. Aquilo iluminava seu coração, e a fazia querer ainda mais. Mas tais experiências teriam de ficar para outra hora ― estava perdendo a batalha contra o sono, e, sinceramente, não queria mais ter que manter os olhos abertos. Sua mãe lambeu suas orelhinhas, indicando que estava segura e deveria dormir logo. E assim o fez.

 

Dias depois, o Sol imperava no céu, era uma linda tarde de primavera. O clima estava fresco, e uma brisa calma fazia a grama dançar sobre a terra. Nora estava levando seus filhotes para explorar ainda mais a área. Curiosos a tudo em sua volta, distraiam-se facilmente, fazendo com que a mãe lince tivesse constantemente que miar para chamar a atenção dos quatro, que velozmente corriam o mais perto possível da fêmea.

Eles andaram um pouco, atentos a cada farfalhar de folhas, a cada pio dos pássaros, que cantarolavam suavemente, até chegarem em um pequeno bosque, cheio de inúmeras flores e pequenas borboletas. Anika, a filhote de pelos mais claros da ninhada, quase brancos, rapidamente se posicionou para tentar atacá-las. Num súbito salto, não conseguiu, e o pequenino inseto saiu voando. Seus irmãos deram singelas risadinhas enquanto brincavam entre si, e Nora se deitou no chão, observando amorosamente aquelas quatro bolinhas de pelo as quais tanto amava. Lembrava-se de quando nem ao menos conseguiam abrir os olhos, e agora estavam querendo caçar insetos e correndo uns atrás dos outros. Ronronou para si mesma, alegre, e até mesmo orgulhosa.

― Anika, você precisa ser mais silenciosa se quiser capturar uma borboleta. ― Ela ensinou, calmamente, enquanto Jouko se aproximava de si, desejando receber lambidas. Ele tinha uma cor muito similar a sua, um castanho escuro bonito, e adorava receber atenção e carinho de Nora.

Anika ouviu os conselhos da mãe, e miou em resposta, buscando segui-los com sua próxima vítima. Inna e Soren fitavam-na distraidamente, estavam se divertindo mais tentando derrubar um ao outro na terra, até que ouviram a fêmea de pelos claros gritar “Consegui!”, com uma borboleta já na boca. Os três ficaram encantados, nenhum deles havia conseguido caçar um inseto antes. Nora lambeu seu focinho, parabenizando-a pelo ato, e então todos os filhotes estavam tentando apanhar borboletas.

Logo, Jouko e Soren já haviam obtido êxito na tarefa, e mostravam, com orgulho, o frágil animalzinho para a mãe, que sorria. No entanto, Inna continuava nas tentativas, insatisfeita pelo fracasso. Não se sentia uma exímia caçadora, e nem pensava em ser, mas queria mostrar que conseguiria completar aquele simples objetivo. O que era para ser uma mera brincadeira, tornara-se uma intensa competição em sua mente.

― Não precisa se apressar, Inna. Controle-se, respire fundo e foque em seu alvo. ― Nora explicou, tentando tranquilizá-la. Era capaz de farejar seu estresse com facilidade.

Com a cabeça mais calma, ignorando os quatro pares de olhos que a miravam, a pequena filhote cor de creme se concentrou o máximo que podia em uma borboleta grande azulada. Estava pousada numa das flores, abrindo e fechando as asas de forma despreocupada. Imaginou que seu tamanho facilitaria a captura, já que quanto menor, mais fácil de escapar. Devagar e balançando sua pequena cauda de um lado para o outro, saltou e pegou a delicada criatura nas patas. Cheia de pompa, foi até a mãe e os irmãos mostrar que completara a tarefa que criou para si mesma, e logo comeu o inseto.

― Estou feliz que todos vocês conseguiram pegar uma borboleta hoje. Estão aprendendo depressa. ― A fêmea sorriu, e seus filhotes sorriram em retribuição, satisfeitos com os elogios. Adoravam ver sua mãe caçando coelhos ou outros pequenos mamíferos, e se perguntavam se um dia também fariam tal proeza.

Os quatro voltaram a brincar entre si, mordiscando e arranhando uns aos outros, correndo para lá e para cá. A tarde estava realmente agradável, e Nora estava contente de vê-los saudáveis. Não havia conseguido presas tão boas pela manhã, e se preocupava de não ser o suficiente para alimentar a voraz fome dos animaizinhos em crescimento, entretanto, eles pareciam bem. Pegaria algo melhor no dia seguinte, tinha certeza. Aérea em seus pensamentos, notou um ou dois bocejos dos filhotes. Em breve anoiteceria.

― Bom, está na hora de irmos. Foi um longo dia, não acham? ― Chamou.

― Mas já, mamãe? ― Inna protestou, seus irmãos soltavam miados contraditórios. Nada com que Nora não soubesse lidar, a volta para a toca era sempre repudiada, porém assim que chegavam em casa, dormiam tranquilamente.

― Sim, temos que ir, o Sol logo irá se pôr. Se estiver cansada demais eu lhe carrego.

― Claro que não! Consigo ir andando. ― Retrucou, sentindo-se desafiada. Era capaz de segui-la com as próprias patas.

― Ah, eu quero ser carregado... ― Soren pediu, com cansaço notável em sua voz.

Nora riu e prontamente se dispôs a levar o pequeno felino. Não era uma distância muito grande, e seu peso ainda era relativamente leve para ela, então poderia conduzi-lo na boca sem maiores problemas. Ao chegarem na toca, o Sol começava a se pôr. Para Inna, era a hora mais bonita de olhar o céu ― ficava pintado de inúmeros tons diferentes, que podiam ir desde o laranja até o rosa. Era sempre um espetáculo que adorava assistir.

Um a um, os filhotes foram se aconchegando na pequena toca. Nora lambeu cada um deles, como fazia diariamente. Era uma forma de limpá-los e de poder demonstrar seu carinho, então nunca tinha pressa. Ao mesmo tempo, eles ficavam ainda mais sonolentos nesses instantes, com o corpinho mole e as orelhas quase caídas. Com todos limpos, deitavam o mais próximo possível de si mesmos e da mãe. O vento soprava mais gélido, e queriam se manter aquecidos. Por tanto, não era incomum que um acabasse em cima de outro, mas a mãe lince os ajeitava para que não acabassem se ferindo.

Cansada e pensando na comida do dia posterior, Nora enfim se permitiu abaixar a cabeça para poder relaxar profundamente. Todos estavam bem, e torcia para que assim seguissem. Era hora de dormir.


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Notas finais do capítulo

aaaaaaaaaa-
isso provavelmente vai ser uma shortfic tambem (uns 10 capitulos no maximo?) e bem, eu espero que a narração esteja boa. eu nao tenho muita experiencia com escrita na terceira pessoa e é sempre um desafio para mim, COMPLETAMENTE fora da minha zona de conforto, massss eu achei que essa fic ficaria melhor assim.
esse capítulo é mais um "prólogo", não acontece muita coisa, mas é importante pra entender o ambiente e conhecer a mamae nora e seus filhotinhos ♥
nos vemos no próximo capítulo, eu espero ♥



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