Pensamentos de um Adolescente escrita por Meyoukie


Capítulo 1
O Garoto do Intercâmbio


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que gostem dessa fic e que twnham boa leitura ♥️



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Estava deitado sobre minha cama e puis meus olhos em minhas malas ainda por desfazer, jogadas em um canto do meu quarto. Eu havia chego à uma semana e me faltou “coragem” para desfazer minhas bagagens. Suspirei de desânimo. Ultimamente, estava sendo cada vez mais difícil! Há duas semanas atrás, me encontrava nos Estados Unidos e havia recebido a notícia inesperada sobre o falecimento de minha mãe. Não havia mais como permanecer naquele país e teria que confessar: não estava pronto para superar a sua morte, mesmo tendo passado vários dias. 

 

Estava apenas em meus dezesseis anos de idade e havia ganhado uma bolsa de intercâmbio para meu país natal, onde moram meu pai e meio-irmão. Sempre fui um crânio! Passava horas estudando em meu quarto, quando me havia ânimo e estudava para obter conhecimento, sendo assim, considerado um nerd. 

 

Eu não me achava feio. Sou uma mistura de meus pais: um loiro e uma morena. Meus cabelos eram longos e loiro bem claro, possuía um par de olhos cor-de-mel que se aproximava ao dourado e expressões de sarcasmo eram bem presentes em meu rosto. Eu ia para academia três vezes por semana, então, não era muito magro e eu gostava da minha aparência. 

Olhei para uma foto em um porta-retrato, onde havia meu pai, minha mãe, eu e Sesshoumaru. Acho que ninguém faz ideia do quanto sua presença me faz falta. 

 

Passei meus dedos sobre a foto. Tão bela era a dona Izayoi. 

 

“Faça bom aproveito da vida, InuYasha e viva cada segundo que será  lhe permitido pela oportunidade.” Lembrei-me do que havia me dito um dia. 

 

Lancei meu olhar sobre o uniforme social da nova escola, que meu pai havia comprado e posto sobre a cadeira que eu me sentava para estudar. Amanhã será o grande dia, de tentar viver novamente...

 

No outro dia, eu havia acordado bem cedo e isso me assombrou um pouco, pois, eu sempre acordo em cima da hora. Tentei me animar com o novo evento que iria ocorrer em minha vida e desci para tomar café. 

 

Ao chegar na cozinha, me espantei com a figura velha que terminava de cozinhar o resto da comida para servir no nosso café. 

 

O que você faz aqui à essa hora, Toutosai?—Questionei com o cenho franzido e o senhor virou-se em minha direção. 

 

Já de pé, InuYasha? —Indagou, terminando de por os últimos pães que havia esquentado sobre a mesa.

 

Franzi o cenho com o que eu presenciava. Aquele velho só pode ter enlouquecido! Ele ocupava o cargo de ser advogado de meu pai e não de cozinheiro. 

 

Toutosai vai para casa, por favor?—Pedi, ainda inconformado.

 

Não senhor, seu pai me pediu esse favor...—Respondeu, ainda concentrado no que fazia. Era mesmo! Seu Toga não havia contratado uma cozinheira, muito menos, um governante novo. Avistei Sesshoumaru entrar no banheiro do Hall às pressas e eu sabia que o ralo de seu banheiro havia entupido com os tufos de cabelo louro que saia de seu couro cabeludo durante o banho.

 

Meu meio-irmão, diferente de mim, gostava de ser tratado como um lord e sabe por que? Porque, ele sempre se achou superior à qualquer criatura terráquea humanoide. Sesshoumaru tinha seus momentos de arrogância, era quase sempre intolerante, sério, frio, mal-humorado e de vez em nunca, de vez em nunca mesmo, demonstrava atos humanos e de solidariedade para com os seres “inferiores”. Considerando que ele era parecido comigo, era um cara bonito e mais alto que eu. Cursava o terceiro ano do colegial e adorava me chantagear para conseguir o que queria.

 

Apesar disso tudo, ele era um galã e sempre falava como se recitasse um poema. Tá legal! ...Vai, até que Sesshoumaru era legal comigo...AS VEZES!

 

Depois de tomar o café do Toutosai, que estava até consideravelmente bom, eu subi novamente as escadas, atrás de meu pai que ainda não havia acordado e eu sabia que ele havia perdido a hora de me levar. Parei diante da porta e após um suspiro, bati com meu punho fechado.

 

Pai!—Chamei e não obtive alguma resposta. -Pai!!—Chamei mais alto e nada. Puxei o ar. Agora vai... -SEU TOGA!!—Berrei e só então, ele abriu a porta. 

 

Meu pai estava um caco. Seus olhos estavam inchados e seus cabelos loiros totalmente desalinhados. Tive um pouco de pena...Eu sempre acho que sou eu quem não superei a morte de minha mãe, mas, esqueço que ele também sofre e quem sabe, mais que eu. Já faziam duas noites em que me deparo com meu pai chorando de madrugada, enquanto tomava algum tipo de bebida alcoólica preparada de seu home bar. 

 

Suspirei ao olhar seu estado.

 

—Bom dia, filho. -Saudou com sua voz rouca de sono, enquanto passava a mão nos cabelos longos tentando os deixar um pouco melhor. -Eu me atrasei, não foi?

 

Ainda dá tempo de se arrumar.—Respondi, ponderando sua situação.

 

Você já tomou café?—Questionou preocupado, antes de bocejar mais uma vez.

 

—Já sim.

 

E Sesshoumaru?—Questionou.

 

Eu só o vi entrando no banheiro.—Eu respondi, o vendo concordar e entrar novamente em seu quarto. 

Subi para o meu quarto e me arrumei. Puis o uniforme social bem posto sobre meu corpo e fiz o nó na gravata, o mais perfeito que consegui. Amarrei meus cabelos em um rabo de cavalo alto e puis meus óculos de grau redondo, de cor dourada. Sim, eu possuía menos um grau e meio de miopia em cada olho por jogar no computador até tarde, no escuro. 

 

Ao descer, encontrei seu Toga vestido com trajes sociais para trabalhar, porém, sua expressão ainda era de cansaço. Eu só não sabia se era do serviço, ou da vida.

 

Vamos, Inu? —Questionou, enquanto me seguia até o lado de fora da mansão, onde morávamos. 

Pega leve, seu Toga.—Eu disse, acenando para Toutosai, que desamarrava o avental. -Deveria descansar mais.—Eu aconselhei e meu pai apenas me lançou um olhar pensativo e de certa forma, sério. 

 

Quando chegamos no colégio, entramos pelo portão de trás para não chamar a atenção dos demais alunos. Paramos em frente à sala da diretora e a pergunta que veio em minha cabeça foi: cadê a secretaria desse colégio? Ninguém paga uma secretária para ficar recepcionando? 

Seu Toga bateu na porta e ouvimos um “entre” abafado. Ao entrarmos na sala, me deparei com um ambiente amplo e abarrotado de quadros com retratos de moças sacerdotisas, pregados nas quatro paredes. Atrás da mesa da diretora, que se quer, fez o favor de nos olhar, havia a bandeira da escola enfeitada com o brasão. A tão desejada, Jóia de Quatro Almas. 

Eu achei engraçado, qaquela escola era uma viagem folclórica japonesa. 

A diretora se tratava de uma velha. Esta, possuía cabelos longos grisalhos, pesava uns quilos a mais de seu peso ideal e tinha forte expressão de seriedade em rosto idoso. 

—Senhora Kaede. -Chamou meu pai, que provavelmente, já havia perdido a paciência de ser ignorado.

 

No momento em que aquela velha levantou o olhar para nós, estreitou os olhos. 

Toga Taisho, não tenho tempo para falar sobre seu filho que se acha o dono do mundo!—Exclamou a senhora com sua voz debilitada e eu tive que segurar meu riso. Aquela velha conhece muito bem meu MEIO-Irmão. -A sorte dele, é que Jaken é um dos integrantes do conselho e não deixou que eu o pusesse para fora daqui.

 

Voltou a mexer na papelada sobre a mesa, ignorando a minha presença e de meu pai novamente. Segura essa, vovó, agora é a vez de Seu Toga agir.

 

Vão embora! Tenho muito o que fazer e estou esperando um aluno do intercâmbio.—Disse com grosseria. 

Sorri de canto, segurando meu sarcasmo. 

 

Acontece, dona Kaede que meu filho é o aluno do intercâmbio.—Disse meu pai, usando seu tom frio e que fora herdado por Sesshoumaru. 

A diretora levantou o olhar pasmo para mim e então, a vi me analisar de cima a baixo. Fiz expressão de desdém e levantei uma sobrancelha e pode apostar, isso é de família. 

 

Verificou a minha ficha sobre sua mesa e levantou os olhos inconformados sobre minha pessoa novamente. 

 

Pois é, velha Kaede...caiu do cavalo, não foi? Sorri minimamente de canto. 

 

Eu não acredito...—Murmurou. 

 

Nem eu. 

 

Ele vem dos Estados Unidos! 

 

I speak English very well...—Eu disse com deboche, ainda carregando minha expressão de sarcasmo e vitória. 

 

Ela soltou um bufo alto, depois, me empurrou alguns livros escolares e um pacote com um uniforme esportivo da cor vermelha com branco. 

 

Estão aí suas coisas e esse é o horário de suas aulas. -Jogou um papel sobre meus livros e depois, me lançou um olhar ameaçador. —Escute aqui, Taisho, dê um passo em falso e eu te elimino dessa escola!—Exclamou para mim. Então, ela sabe fazer metáfora? Ótimo, pelo menos, não é uma psicopata. -Agora, vaza!

 

Bufei ao sair da sala e isso fez com que fios de meu cabelo balançasse. Ótimo! Por causa do “Lord” do meio MEIO-irmão, eu ganhei uma recepção nada favorecida. 

 

Sesshoumaru, seu maldito! Rosnei baixinho e meu pai percebeu, pois, senti seu olhar compreensivo sobre mim. 

InuYasha, eu já vou, tá?—Assenti com a cabeça. -Espere seu irmão para ele te levar de carro.—Neguei com a cabeça. -Eu vou...tentar chegar mais cedo. 

Olha...pelo menos me ouviu, não é? Cachorrão. 

Bom serviço, pai. 

Boa aula para você.—O observei partir em direção à porta.

 

Desorientado. É assim que meu pai se encontra, sem minha mãe ao seu lado. Mas, eu entendo seu esforço para continuar em frente e cuidar de nós dois. Observei o papel que a velha me deu. Tinha que procurar minha sala de aula.

 

Arrumei minha bolsa tira-colo no ombro e segui por um caminho que orientava no mapa pregado no mural do corredor. Avistei a professora em frente da sala a qual eu pertencia, segundo o papel da velha sacerdotisa. A mesma, me fitou e pareceu me reconhecer, pois abriu um sorriso. 

 

Welcome, InuYasha.—Disse a mesma, pronunciando um inglês não fluente. 

 

Sorri, tentando ser empático. 

 

Está tudo bem, professora, eu consigo falar sua linguagem.—Lhe informei. 

 

Ao entrar com a mesma, ela me apresentou em frente à todos os alunos. Escreveu meu nome no quadro e exigiu que todos sejam gentis comigo. Quase ri nessa hora, mas, foi de sarcasmo. 

 

Seu lugar é ali, ao lado da senhorita Kikyou.—Me informou e meus olhos foram direto a uma figura feminina sentada ao lado da janela esquerda. Esta, sorria para mim de modo encantador misturado a um pouco de sedução, contudo, eu vi um enorme vazio em seu olhar.

 

Kikyou?—Questionei baixinho, entrando em transe. Continuava linda e esbelta! Claro que a conhecia, era minha namorada. Havia tido muita sorte em cair na mesma sala que ela. 

 

Tendo em vista que a senhorita é fluente em inglês, saberá orientá-lo bem.—Me explicou. 

 

Caminhei até a mesa vaga, ao lado da morena e me sentei. Esta, me direcionou seu olhar acompanhado de um sorriso malicioso.

 

A quanto tempo, Inu...-Me disse e passou a mão pelo meu ombro direito, até chegar no meu pescoço. Senti a mesma me puxar devagarinho e aproximar seu rosto do meu. Entretanto, a parei, lhe pegando de surpresa. -Aqui não é lugar e nem momento para nos beijarmos, Kikyou. —Adverti, assistindo a mesma se emburrar e lançar seu olhar pela janela.

 

Porra! Fazia quantos anos que estávamos juntos? Um ano pessoalmente e três anos de namoro virtual e ela ainda não sabia que as aulas eram importantes para mim? Observei a postura da mesma e parecia que ela assistia alguém ao lado de fora. Quando eu olhei curiosamente para o mesmo local que ela, consegui ter a vista de alguns alunos fazendo educação física no campo. Pareciam ser alunos mais velhos.

 

Me senti muito mal pela forma como a tratei minutos antes. Suspirei pesadamente. 

 

Me desculpa, Kikyou.—Eu disse baixinho. Minha namorada virou-se para mim e esboçou um sorriso.

 

Está tudo bem...cachorrinho.—Disse risonha e eu resmunguei um Keh! 

 

Quando acabou a reunião matinal, a morena pegou em minha mão e saiu me arrastando pela sala. 

 

Venha, quero que conheça meus amigos. 

 

E ela estava animada mesmo para me fazer conhecê-los! No fundo, eu fiquei um pouco contente e empolgado pelo evento, afinal, eu era novo naquela escola e ainda não possuía qualquer tipo de amizade com alguém que não seja minha namorada. 

 

Fiquei surpresa com a sua aparição, não sabia que iria estudar aqui. —Comentou, procurando alguém ao lado de fora de nossa sala. Porém, eu é quem estava surpreso com seu comentário.

 

Mas, Kikyou, eu te avisei.—Lembrei, achando aquilo muito estranho. 

 

Não estou caduco! Não, ainda. 

 

Não avisou não. —Negou, com o semblante sério. -Ah, ali estão eles!—Apressou o passo e me fez apressar também. -Oi, gente! —Saudou, chamando a atenção de um grupo com quatro pessoas que vinham de fora usando o uniforme de educação física da cor azul escura. Pois, no colégio em que estudávamos, o uniforme de educação física variava de cor entre os anos escolares. 

 

O grupo parou de caminhar e direcionaram seus olhares sobre nós. Senti Kikyou soltar minha mão de repente e eu não havia entendido o porquê. 

 

Estes são Kagura.—Apontou com a mão para uma moça que se abanava com um leque tradicional japonês. Ela era bonita e alta, o único problema é que era mal educada, pois, nem havia me olhado direito. -Bkyakuya. -Pontou para um homem maquiado e estava com o rosto extremamente nojento, pois, a maquiagem derretia com o seu suor. Este, possuía um olhar frio e não demonstrava qualquer emoção. -Kanna. -Apontou para uma moça baixinha com os cabelos platinados. A garota foi a única que me direcionou a atenção, mas, quase me arrependi. Seu olhar era profundo e parecia que ela enxergava os podres das pessoas para jogar na cara, quando lhe era conveniente. -E Naraku Onigumu.—Ao direcionar meu olhar ao sujeito de cabelos  negros ondulados, me arrepiei e fechei a cara.

 

Se está me perguntando se é pelo o fato de Kikyou ter dito o sobrenome apenas daquele indivíduo? Errou. Naraku era o tipo de cara com energia negativa que você sabe que não deve se meter e nem chegar perto, se não, irá se dar mal.

 

Observei o mesmo sorrir malicioso em minha direção e erguer sua mão pálida para mim.

 

Você é o menino do intercâmbio, não é?—Me questionou e esboçou um sorriso estranho. 

 

Sou. -Apertei sua mão, mesmo contra a vontade. 

 

Tá ligado um mini pincher? Quando ele olha de esquerda para alguém ou algo que o esteja incomodando antes de avançar? Pois é, eu estava o olhando de esquerda. Só fiquei insatisfeito por não ter presas o suficientemente afiadas para o morder, naquele momento.

 

Como é seu nome, garoto?—Me perguntou.

 

InuYasha. -Respondi. 

 

Nome engraçado. -Novamente, aquele sorriso malicioso brotou em seus lábios. 

 

É um nome de um meio-demônio cachorro.—Eu disse com sarcasmo, mas, ainda o olhava de esquerda. 

 

Você me lembra alguém...

 

Comentou e eu sabia a quem se referia. 

 

Keh, impressão sua.—Eu disse. 

 

Você é um intercambista que sabe falar nossa língua? Ou apenas roubou o lugar de uma pessoa que realmente precisava?—Indagou a tal Kanna com uma frieza, que nem a de Sesshoumaru chegava perto. 

 

Eu não falei? Fechei mais a cara e me segurei para não rosnar. Se tem uma coisa que eu não gosto, é de gente que se intromete na vida dos outros e adivinhem? Isso também é de família. 

 

Vê se aparece lá na sala.—Naraku me convidou, passando por nós dois, sendo seguido pelo seu bando esquisito. -Precisamos mesmo de alguém inteligente no grupo. 

 

A única que lhe lançou um olhar raivoso foi a tal Kagura, após ouvir seu comentário.

 

Hm. -Pronunciei com desdém. 

 

Depois, lancei meu olhar nada satisfeito sobre Kikyou. Mas, que companheiros legais, em menina! Decepcionante. Você não era assim Kikyou, mas, não era mesmo. 

 

Naraku, espera!—Pediu, mas o garoto pálido do terceiro ano a ignorou. -Você poderia ter arrumado essa porra dessa cara, né, InuYasha! 

 

Ergui uma sobrancelha, surpreso com o sermão que recebi.

 

Essa é a única cara que eu tenho.—Eu disse e não estava entendendo sua atitude. -Já vou para minha aula de química. 

 

Tentei lhe dar um beijo, mas, ela virou o rosto. E lá eu havia lhe chateado novamente com minhas atitudes.

 

Eu sou da outra sala.—Ela disse, encolhendo os braços. -Quer que eu te leve até a sua? 

 

Não, tudo bem. —Eu disse, me sentindo culpado. -Eu posso ir sozinho.

 

Então, depois da aula de química, eu te mostro a escola. —Me afirmou, novamente, com aquele olhar vazio e tomou seu rumo. 

Andei pelos corredores até achar o laboratório de química. Ao entrar na sala, procurei meu nome escrito no quadro central, que indicava onde era meu acento. O primeiro da frente. Franzi o cenho com aquele fenômeno. Nunca fiquei na frente em tantos anos de escola. Puxei a cadeira e me sentei. Em minha frente, havia uma mesa longa, com uma pia embutida, um microscópio posto sobre ela e ao lado desse objeto, tubos de ensaio. Ao meu lado, estava sentado um garoto de cabeça baixa, posta sobre a mesa com os braços cruzados para apoia-la. Este, ao ouvir o som alto da cadeira sendo arrastada, levantou o olhar curioso e desconfiado para mim.

 

O senti me analisar de cima a baixo e eu fiz o mesmo. Aquele garoto possuía cabelos curtos, amarrados em um pequeno rabo de cavalo. Suas orelhas eram furadas, possuindo duas argolas de metal em cada uma delas. Usava pulseiras pretas de couro nos pulsos e suas mangas da camisa estavam arregaçadas até o começo de seus antebraços. 

Faz muito tempo que ninguém sentava ao meu lado.—Comentou e eu fiz minha típica expressão de desdém, com uma sobrancelha levantada.

 

Aquele cara não me engana! Apesar de sua cara de pervertido-despreocupado, ele me estudava somente com seu olhar.

 

Meu nome é Miroku.—Se apresentou.

 

Sou InuYasha.—Eu disse e o olhei de esquerda. 

 

Você é o garoto do intercâmbio, não é?—Questionou, mesmo seu tom de voz me parecer que ele já sabia a resposta.

 

Sim. -Respondi e continuei na defensiva. -Como sabe?

 

Eu sou da sua sala, gênio!—Me disse como se fosse o óbvio. 

 

Por que será que eu não o vi, mesmo? Ahh, deve ser porque eu estava dando atenção aos amigos esquisitos de Kikyou. Revirei os olhos e tentei controlar minha expressão de desagrado.

 

Sabe porque seu acento é ao meu lado? —Indagou e eu neguei. -Porque nessa escola existe uma segregação entre os “capazes”. —Fez aspas com os dedos. -E os “incapazes”.—Me explicou. -Quem estuda nessa sala são os alunos que são capazes de tirarem notas boas em química e quem senta na frente, são os considerados mais inteligentes. Ou seja, InuYasha, se você sentou aqui é porque compartilha de meu conhecimento e sabe quantos alunos conseguem isso?—Perguntou sério e eu neguei novamente, porém, com o cenho franzido.

 

Tá legal, agora, ele está me dando medo! Existem dois lados para quem mexe com química. O primeiro lado, é usar essa ciência da natureza para descobrir fenômenos, que servem de total ajuda para a humanidade necessitada. O segundo lado, é usar esse conhecimento para fabricar vários tipos de produtos químicos capazes de envenenar qualquer ser humano. 

 

Nenhum até hoje. —Me informou e só então, abriu um sorriso. -Eu estou muito feliz em encontrar alguém com inteligência o suficiente para sentar ao meu lado.

 

Desculpa aí, sabixão! Sorri também. 

 

Sabe... eu tenho um produto que lacra demônios...

 

Lacra demônios?—Questionei com curiosidade.

 

Isso, vai fazer você relaxar por alguns dias.—Franzi o cenho, só me faltava essa! -Tenho os que exorcizam também...

 

Exorcizam?

 

É, faz você ficar mais calmo e eu vendo barato...—Disse. -Então, se você estiver interessado em comprar...

 

Balinha, bagulho, loló, drogas ilícitas...

 

Selo de proteção. 

 

Como?

 

O que?—Questionei, confuso. 

 

É..Também tenho amuletos sagrados

 

Como assim?

 

Minha família segue a religião budista com muita precisão.—Disse. -Eu moro em um templo e meu tio-avô é um monge muito respeitado, ele quem me ensinou todos os meus conhecimentos que eu tenho sobre a religião...só, bebe de mais da conta. —Comentou a última frase com um tom baixo. -Eu sei sobre muitas coisas aqui no colégio, principalmente, sobre as garotas...conheço todas elas como a palma da minha mão. —Levantou sua própria mão na altura do rosto e esticou os dedos, fazendo uma expressão maliciosa.

 

Pregunta: ele falou “como” a palma da minha mão ou “com” a palma da minha mão? Cruzei meus braços, desconfiado.

 

Me diga, InuYasha, você sabe quais os elementos químicos para fazer uma bomba?—Me questionou e eu ia responder, mas, o professor entrou na sala e logo, deu início a aula.

 

A aula de química (que é particularmente, uma das minhas preferidas) foi basicamente, uma competição entre eu e o Miroku sobre quem sabia mais a respeito da matéria e finalmente, eu estava me divertindo com algo naquela escola. Ao fim da aula, o moreno juntou suas coisas que estavam sobre a mesa e virou-se para mim. 

 

Foi um prazer te conhecer, InuYasha.—Finalmente, estendendo sua mão e eu a apertei.    

Igualmente, Miroku.—Sim, eu havia simpatizado com aquele pervertido. E como sei que ele é um tremendo safado? Aquele depravado ficava fazendo trocadilhos inteligentes, mas, totalmente imorais. Além de fazer gestos obscenos disfarçadamente e me fazer rir daquela besteirolice. 

Depois, eu quero conversar com você.—Me avisou, usando um tom sério. -Te vejo no fim do dia, na nossa sala de aula.—Levantou a mão em um gesto de despedida e saiu da sala. 

Avistei minha namorada me esperando ao lado de fora, enquanto, dirigia sua atenção ao seu celular. Juntei minhas coisas rapidamente e a segui.

 

Vou te mostrar a escola. —Me informou e eu assenti. -Também te mostrarei os lugares, onde podemos nos encontrar depois das aulas.—Usou seu melhor tom sedutor e eu sorri para a mesma. Kikyou... não me provoca...

 

A morena realmente havia me mostrado vários lugares daquela escola, como por exemplo: a quadra de esportes, o campo ao lado de fora, salas, laboratórios e o refeitório. Aquela escola possuía um estrutura de alta qualidade e abrigava muitos alunos. Também havia me mostrado certos lugares escondidos, onde havíamos trocado carícias.

 

Porém, após me mostrar o caminho mais curto do banheiro até minha sala, eu avistei uma pessoa. Graças aos meus reflexos e instinto sensitivo, consegui a identificar no meio daquela multidão de alunos histéricos. No momento em que a pessoa passou por mim, eu agarrei seu braço, chamando sua atenção. 

 

Sabe aquela música da banda Strike, em que eles cantam o verso: “o meu olhar no teu olhar, estremece e faz efeito, e tudo acontece se for daquele jeito...”? Foi exatamente o que eu senti no momento em que a mesma levantou seu olhar assustado em direção aos meus olhos. Minha amiga de infância que eu não via a anos estava um pouquinho mais alta e seus cabelos haviam crescido um pouco. Estava linda ao meus olhos e eu não havia como negar esse fato!

 

Kagome? — A chamei e a mesma ruborizou ao me reconhecer. Havia ficado sem graça? 

 

InuYasha? —Questionou e parecia emocionada por estar me vendo vivo em sua frente. Quase ri, mas foi de sarcasmo. 

 

Então, eu sorri sincero e olha... foi o segundo sorriso que eu dei naquele dia. 

 

Como você está? —Indagou para mim e parecia contente.

 

 

Eu estou bem e você? A tia, seu avô e o Souta?—Perguntei e sim, eu conhecia todos de sua casa. Na verdade, eu me convidava descaradamente para almoçar na casa dela, quando eu era criança e acreditem, esse comportamento nunca havia mudado. 

 

Vovô faleceu.— A vi abaixar os olhos.

 

Eu sinto muito, Ka. —Ahh, InuYasha, tinha que deixar a menina triste? 

 

Tudo bem...—Deu um sorriso mínimo. -E sua família? 

 

Mamãe também faleceu.—Eu disse, mas, senti alguém me puxando e vi Kikyou adiante com expressão nada contente me mandando andar logo. 

 

Eu sinto muito pela dona Izayoi...-Disse ela, me olhando profundamente e dessa vez, eu senti vergonha.

 

Eu tenho que ir, depois, eu falo com você. -Eu disse, já, sendo puxado e a circulação sanguínea do meu braço estava sendo interrompida. 

 

Tudo bem. -Disse ela, seguindo pela direção contrária que a minha. 

 

Quando parei ao lado de minha namorada que me olhava séria, perguntou com o cenho franzido: -A conhece? 

É minha amiga de infância. —Lhe informei. 

 

Hum. -Me advertiu. 

 

Ciumenta. -Comentei malicioso e a mesma me direcionou um olhar sapeca. 

 

Na reunião de despedida da sala, Miroku me disse que iria conversar a respeito do “tal assunto” somente no outro dia, pois iria ter treino de basquete naquele momento. 

 

Você não quer vir, InuYasha?—Questionou, pondo a mochila visivelmente pesada nas costas. -Estamos precisando de um jogador e praticar esporte é ótimo para o currículo escolar.

 

Sim, eu sabia daquilo. O observei por um instante. Ele estava mesmo crente que eu seguiria para a quadra e tudo o mais, entretanto, fiz minha típica expressão de desdém com uma sobrancelha arqueada.

 

Por um acaso, o capitão do time é um senhor chamado Sesshoumaru? Que se acha o dono do universo e possui um rei na barriga? 

 

O moreno riu e cruzou os braços.

 

Sim, muita gente tem algo contra o Sesshoumaru, mas, geralmente, são do terceiro ano.—Comentou, estreitando os olhos.

 

Tô fora! Eu não gostaria de estar em um time que meu MEIO-Irmão é capitão. -Disse por fim e Miroku finalmente sorriu.

 

Eu sabia, você é irmão dele! -Me acusou. 

 

MEIO. -Ressaltei. -Pode ir, eu vou indo embora para casa.

 

Falou, então, até amanhã.—Se despediu e saiu apressado. 

 

Pensei em esperar meu irmão, mas, mudei completamente de ideia, ao encontrar Kikyou que parecia esperar alguém e não era eu. Naquele dia, eu fui para minha casa com ela, a convidei para meu quarto e a mesma aceitou.

 

Havíamos transado, é verdade. Afinal, fazia tempo que não a via ou a tocava. Mas, ela começou a falar sobre seus amigos, mas, precisamente sobre aquele cara esquisito, o tal Onibundo, Onigumo, sei lá! Naraku e isso me irritou. Ela acabou emburrada e foi embora. 

 

Eu fiquei no quarto sozinho, pensando no que havia acontecido. Nem deu para falar com a Kagome, infelizmente, mas, amanhã vai dar, eu tenho certeza...

 

Fechei os olhos e cochilei por uns instantes.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, podem falar o que acharam se quiserem que eu estou aberta a todos os tipos de comentário!

Beijo, até a próxima ♥️



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