A Jornada de Ash Como Deveria Ter Sido escrita por VWriter


Capítulo 69
RB: 069


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o capítulo 69.



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09 de Maio, Cidade de Lavender, 23:06

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  Os cinco adolescentes se sentam em uma mesa do refeitório após comerem uma grande pizza. Eles conversam tranquilamente.

  "E então Ritchie, o que você fez nos últimos dias?" Questiona Ash enquanto toma mais um gole do seu refrigerante que está perto do final. Ritchie sorri de canto.

  "Bem, eu não vou contar tudo que eu fiz, quero guardar algumas coisas para mim, sabe. No entanto, eu vou dizer que passei um tempo no Túnel Rochoso e treinei bastante nesse tempo. Foi observando por lá que ensinei o **Escavar** para a maioria dos meus pokemons. E vocês? O que fizeram depois do S.S. Anne?" Questiona o treinador de cabelos ruivos com curiosidade de volta. Leaf decide responder, sorrindo de canto, meio feliz e meio triste.

  "Passamos por algumas ilhas desde o naufrágio, vimos muitas coisas, aprendemos outras e treinamos como nunca também." Diz a treinadora de cabelos castanhos. Ritchie assente em compreensão e ri levemente.

  "Posso imaginar. Eu vi na televisão o resultado desse torneio em Porta Vista, não posso negar que fui pego de surpreso. Magmar e Wartortle foram excepcionais, aliás." Diz o treinador ruivo com admiração. Ash e Daisy sorriem com o elogio.

  "Somos gratos por isso. Eles deram tudo de si naquele torneio e acabou sendo por um motivo nobre." Diz a loira com um sorriso satisfeito no rosto. Ritchie assente em compreensão, sabendo da história do restaurante que tinha sido contada pela televisão. De repente, ele se lembra de algo e se vira para seu primo.

  "Ash, você sabe se a vovó está em Lavender?" Questiona o ruivo com curiosidade. Ash franze a testa e pensa um pouco.

  "Eu não sei... é bem possível. Eu vou confirmar com a minha mãe amanhã de manhã. Já está tarde e eu não quero incomoda-la a essa hora." Diz o treinador de cabelos negros. Ritchie assente em compreensão. Brock franze a testa para os dois.

  "Com vovó vocês se referem a Agatha Ketchum? Da Elite dos 4?" Questiona o ex-líder de ginásio com curiosidade. Ash e Ritchie assentem em confirmação.

  "Sim. A nossa avó nasceu em Lavender. Ela é um pouco brigada com o vovô, por isso ela vem para a casa da família dela por aqui de vez em quando. Como eu falei, vou perguntar a minha mãe se ela está em Lavender. Se ela estiver, podemos visita-la antes de irmos para a Torre Pokemon." Diz o treinador de cabelos negros. Todos assente em concordância com ele. Ritchie franze a testa enquanto olha para o seu copo vazio com uma cara inexpressiva.

  "Vocês ouviram o que o povo fala pela cidade?" Questiona o treinador de cabelos ruivos. Todos ficam intrigados com a pergunta repentina.

  "Não. Chegamos no final da tarde, por isso não tivemos contato com o povo daqui. O que eles falam?" Questiona Daisy com curiosidade. Ritchie olha para o grupo.

  "Algo estranho tem acontecido na torre no último mês. Quando chega a noite, se pode ouvir vozes e quando se vai subindo os andares a temperatura cai cada vez mais. Perto do topo a temperatura chega a ser perto de congelante. Vocês sabem o que isso significa, não é, Leaf, Ash?" Questiona o treinador ruivo com voz baixa. Os dois referidos assentem em confirmação.

  "Um fantasma, e um bem forte para ser de uma pessoa. Só pode ser de um pokemon." Proclama Leaf com tom sério e pensativo. Daisy e Brock estremecem com a ideia de encontrarem outro fantasma e ainda mais em Lavender. Ash permanece calmo e pensativo.

  "Mais do que isso. Não pode ser um simples pokemon fanfasma. Tem que ter algo maior por trás disso. Esse fantamsa deve ter algo a mais para fazer em vida antes de seguir em frente e seja o que for, o fez despertar só agora. Ritchie, tem alguma ideia do que pode ser?" Questiona o treinador de cabelos negros para o seu primo, que suspira e nega com a cabeça.

  "Não faço ideia... é por isso que quero ver se a vovó Agatha está na cidade. Ela deve saber mais sobre isso, afinal, ela é considerada a protetora de Lavender." Diz o ruivo em reflexão. Ash assente em concordância com ele. O treinador de cabelos negros se levanta.

  "Seja lá o que for. Vamos investigar. Eu não conseguiria sair de Lavender sem investigar sobre isso." Diz o treinador em tom definitivo. Todos assentem em concordância enquanto se levantam da mesa. Daisy decide quebrar um pouco o gelo e solta uma risada leve.

  "Então vamos lá, agora somos a turma do Scooby-doo? Vou avisar que eu não vou ser a Daphne, ok?" Questiona a loira com diversão. Todos riem da piada, que serviu bem o seu propósito.

  "Então está combinado. Amanhã de manhã procuramos saber mais dessa história, depois treinamos a tarde e podemos ir para a Torre Pokemon a noite. Concordam?" Sugere o treinador de cabelos negros. Os outros assentem em concordância.

  O grupo sobe as escadas, exaustos do dia longo. Eles param de frente para a porta de Ash e Brock, que é a primeira no andar. Ritchie sorri para os outros.

  "Bem, boa noite para vocês. E Ash, valeu pela luta de verdade. Espero que seus pokemons se recuperem bem durante a noite." Diz o treinador de cabelos ruivos. Ash sorri de volta para ele.

  "Boa noite primo. Digo o mesmo para você." Diz o treinador de cabelos negros. Ritchie se vira e acena um boa noite para todos. Os outros retribuem o boa noite de volta para ele. E então, as garotas se viram para Ash e Brock. Leaf boceja alto.

  "Bem, foi um dia longo e estou exausta. Preciso de um banho relaxante e uma noite de sono revigorante. Boa noite meninos." Diz a treinadora com um sorriso de canto enquanto parte na direção do quarto que compartilha clm sua amiga. Daisy se vira para os dois companheiros de viagem com um sorriso.

  "Boa noite rapazes. Durmam bem." Diz a loira enquanto partr em direção da amiga. Ash e Brock acenam boa noite para as duas antes de entrarem no quarto deles.

  Ash se vira para Brock enquanto tira sua jaquete e suas luvas, as jogando na sua cama.

  "Eu vou tomar banho primeiro. Tudo bem?" Questiona o treinador para seu amigo mais velho. Brock assente em concordância antes de ir para a janela, observar o exterior.

  Ash pega uma muda de roupas e entra no banheiro, fechando a porta atrás dele.

  O treinador tira sua roupa e entra dentro do box do chuveiro, ligando a água quente e a deixando cobrir seu corpo da cabeça aos pés.

  Ash estremece com a sensação boa da água quente na sua pele cansada e suspira de alívio, apreciando também o barulho do aquecedor elétrico. Ele fecha os olhos e se deixa relaxar.

  *'Cara... existem poucas coisas nesse mundo que são tão boas quanto batalhas... um bom banho com toda certeza é uma delas...'* Pensa o treinador de cabelos negros enquanto pega o sabão e ensaboa o seu corpo, retirando a sujeira que ele acumulou durante o dia. Ele lava seu cabelo escuro arrepiado com o shampoo também.

  O treinador, para a sua própria tristeza, desliga  a água e se seca antes de vestir a sua roupa de dormir, que consiste em uma camisa branca, um short escuro e um par de chinelos. Ele escova os dentes e depois sai do banheiro com uma toalha no ombro.

  Ash faz um sinal para Brock, que assente de volta e pega suas roupas antes de entrar no banheiro para tomar banho.

  Ash se senta na cama e olha para o teto, revisando os acontecimentos do dia na sua mente. O treinador olha para o céu noturno pela janela, diretamente para a lua quase minguante no céu nublado. Ele suspira com um sorriso de canto.

  *'Foi um dia e tanto hoje. Bem, tenho que revisar meus planos de treinamento para amanhã...'* Pensa o treinador de cabelos negros enquanto pega seu notebook e o liga para fazer algumas anotações antes de ir dormir.

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10 de Maio, Cidade de Lavender, 08:31

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  Ash acorda com o som do despertador de seu Z-Dex e logo o cancela antes de se levantar com um bocejo. O treinador se estica e se levanta. Ele veste o resto da sua roupa diária, colocando sua jaqueta preta e vermelha, sua calça jeans, seus tênis de corrida e suas luvas pretas sem dedos, terminando com o seu Z-Dex no pulso esquerdo.

  Ele vai até banheiro, lava o rosto e da uma leve arrumada no cabelo antes de se sentar na sua cama, pegando seu notebook e plugando seu Z-Dex nele. Ele liga o seu computador e depois faz uma ligação para a sua mãe, sabendo que a essa hora ela já deve estar no laboratório.

  Seus pensamentos são confirmados em alguns instantes quando Delia atende. A pesquisadora segura uma caneca de café e veste seu jaleco branco. Seu cabelo ruivo está solto e cai até o meio das costas. Ela sorri para o filho mais velho.

  "Bom dia Ash. Vocês chegaram em Lavender?" Questiona Delia com curiosidade, tomando um gole do seu café. Ash sorri para ela e assente em confirmação.

  "Bom dia mãe. Sim, chegamos ontem no final da tarde e fizemos uma sessão de treinamento. Acabamos encontrado Ritchie ontem por aqui." Diz o treinador de cabelos negros. Delia sorri de canto.

  "Sabia que vocês iriam se encontrar desde quando Ritchie me falou que chegou em Lavender. Vocês lutaram, não foi? Ficaria surpresa se a resposta fosse não." Diz a pesquisadora com diversão. Ash ri e coça a nuca com sua previsibilidade.

  "Bem... sim... lutamos. Foi um 3X3 muito intenso, do qual eu sai vitorioso mais uma vez." Diz o treinador de cabelos negros com um sorriso confiante. Delia ri um pouco com isso.

  "Tome cuidado Ash. Confiança demais se torna arrogância e a arrogância uma hora vai te fazer cair do cavalo." Diz a pesquisadora em tom sério. Ash assente em compreensão, sabendo bem como isso funciona.

  "Entendo, apesar de eu não achar que vou chegar a esse ponto." Diz o treinador de cabelos negros. Delia assente em expressão neutra antes de sorrir de canto.

  "Então, me conte, como foi essa batalha?" Questiona a pesquisadora com curiosidade. Ash sorri largamente e começa a contar para a sua mãe detalha por detalhe. Afinal, quando se trata de batalhas, ele se lembra de tudo como se fosse ontem... se bem que foi ontem.

  Quando Ash termina de contar o que aconteceu, Delia tem uma expressão pensativa.

  "Um uso bem interessante para **Garra de Metal**, de fato. Eu não esperava que vocês chegassem nesse tipo de técnica tão rápido. Bem, vocês deveriam deixar os pokemons que vocês usaram para descansar durante a manhã inteira. Foi algo bem desgastante para o nível deles e por isso precisam de mais tempo para se recuperar." Diz a pesquisadora ruiva. Ash assente em concordância com sua mãe antes de ir para a sua pergunta que queria fazer.

  "Mãe, vocé saberia dizer se a vó Agatha está em Lavender? Nós gostariamos de perguntar algo a ela, se possível." Diz o treinador de cabelos negros. Delia sorri de canto.

  "Na verdade, sim, ela está. Agatha está passando a semana em Lavender para averiguar os acontecimentos recentes na cidade. Eu tenho que manter o olho para onde ela vai, não quero ser pega em uma visita surpresa. É algo bem a cara dela." Diz a pesquisadora com um suspiro. Ash ri levemente com isso, sabendo como sua mãe não gosta de surpresas.

  "Entendo. Bem, obrigado mãe. Agora eu tenho que ir. Tenho que descer para tomar café da manhã. Tenha um bom dia, te amo." Diz o treinador com um sorriso de canto. Delia sorri largamente para o filho.

  "Para você também Ash, também te amo. E tome cuidado, mocinho. A Torre Pokemon não é brincadeira." Diz a pesquisadora, de repente se tornando séria e sombria no final, como se soubesse de algo. Ash ia pergunta-la, mas sua mãe desliga a chamada antes disso.

  O treinador fica sem entender, se perguntando o que sua mãe quer dizer. Ele decide deixar isso para lá e desliga seu computador antes de sair do quarto para tomar café com seus amigos.

  Ash chega no refeitório e se serve na mesa de café da manhã antes de se sentar em uma mesa com seus amigos, que já estavam por lá comendo a algum tempo. Ash sorri para eles.

  "Bom dia pessoal. Desculpe a demora, estava falando com a minha mãe." Diz o treinador de cabelos negros. Seus amigos assentem em compreensão. Ritchie termina sua torrada e termina com um gole do seu suco antes de olhar para seu primo.

  "Ela disse se a vó está na cidade?" Questiona o treinador de cabelos ruivos. Ash assente em confirmação, fazendo Ritchie relaxar. Daisy franze a testa para a interação.

  "Por que vocês precisam perguntar se ela está ou não? É só chegar na casa dela e bater na porta." Diz a loira em tom óbvio. Ash e Ritchie riem levemente, a deixando confusa. Leaf decide explicar.

  "A dona Agatha é uma especialista em pokemons do tipo fantasma, por isso o terreno de sua família é lotado de pokemons do tipo fantasma que ficam lá o tempo todo. Se fossemos lá e ela não estivesse, os pokemons fantasmas nos receberiam. Muitos tentariam pregar peças na gente e outros tentariam nos assustar por não conhecerem você e Brock. Eles não machucariam ninguém, mas seria realmente irritante." Explica a treinador de cabelos castanhos, se lembrando quando aconteceu isso com ela com um frio na espinha. Daisy assente em compreensão, imaginando como deve ser. Brock leva uma mão ao queixo enquanto pensa.

  "Será que os fantasmas dela não colaboram com a visão que a cidade tem?" Questiona o ex-líder de ginásio. Ash ri um pouco antes de falar.

  "Claro que não. Ela tem apenas alguns que são assustadores. A maioria é carinhosa ou um bando de palhaços pastelões. Se todos os fantasmas fossem que nem os da vovó, ninguém teria medo de pokemons do tipo fantasma." Diz o treinador de cabelos negros com um sorriso de canto. Brock ri e assente em compreensão. Ritchie olha para todos, vendo que todos terminaram de comer, com Ash terminando de devorar suas panquecas e as descendo com um grande gole de suco.

  "Bem, vamos lá recuperar nossos pokemons que não lutaram ontem e depois vamos para a casa da vovó." Diz o treinador ruivo. Todos assentem em compreensão e se levantam antes de sairem do refeitório para pegarem seus  pokemons com a Enfermeira Joy.

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10 de Maio, Cidade de Lavender, 10:27

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  Os cinco adolescentes caminham pela estrada de Lavender, que parece bem mais movimentada a essa hora, com comércio e tudo mais. Eles percebem que, pelo menos durante o dia, Lavender é uma cidade menor como qualquer outra.

  A medida que eles vão andando, a quantidade de pessoas vai diminuindo e a vegetação toma conta, mostrando que eles estão chegando em uma parte mair rural. Daisy olha para Ash.

  "Por que ela mora tão afastada assim do centro urbano da cidade?" Questiona a loira com curiosidade. Ash olha para ela antes de responder.

  "Bem, ela gosta de sossego e prefere ficar afastada do resto do povo para não chamar tanta atenção com os seus pokemons. Além de que é uma casa de família construida antes mesmo da guerra entre Kanto e Johto. Nessa época, Lavender era uma cidade ainda menor do que é agora. Basicamente era uma cidade de famílias que viviam do que criavam aqui. Foi um refúgio melancólicp da guerra que ocorria do outro lado da região. Após a guerra, a torre Pokemon foi criada para enterrar os pokemons que perderam suas vidas para proteger seus treinadores. Foi uma forma da Liga de Kanto homenagear os Pokemons por seus serviços a humanidade." Explica o treinador de cabelos negros. Daisy assente em compreensão e Brock é quem pergunta dessa vez.

  "A família dela dirigia algum ginásio por aqui?" Questiona o ex-líder de ginásio. Ritchie decide responder agora.

  "Na verdade, sim. O ginásio do tipo fantasma da Cidade de Lavender foi um dos primeiros em Kanto, mas ele acabou sendo fechado devido a morte do pai da vó. Ele morreu quando a vó e os irmãos dela eram crianças e a mãe dela não era uma treinadora, por isso não pode assumir o ginásio. A liga acabou realocando o papel de ginásio para Saffron depois de uma grande reunião sobre o assunto." Explica o treinador de cabelos ruivos. Brock assente em compreensão.

 O grupo de adolescentes caminha pela estrada rural, ficando cada vez mais distantes das casas da cidade.

  Eles chegam a andar pela grama através da direção que Ash, Ritchie e Leaf passam. Os cinco finalmente chegam numa grande planície verde com uma casa de tamanho médio para grande que é acoplado a um grande cerco que se estende por mais de um quilômetro. A casa parece ser bem antiga e ao mesmo tempo bem cuidada.  Ash se vira para os outros.

  "É ali mesmo. A casa da vó." Diz o treinador de cabelos negros. Os outros assentem em compreensão e o grupo caminha até a entrada da casa.

  A entrada da frente é de uma arquitetura bem antiga com colunas de madeira e uma grande porta de madeira bem trabalhada. Ash olha para os outros e depois da um passo em frente.

  O treinador bate na porta três vezez, em um ritmo bem específico. Segundos se passam e nada acontece. Brock e Daisy iam falar para ele bater de novo, mas Ash apenas levanta a mão em um sinal para eles esperarem.

  Mais tempo passa em silêncio total. De repente, a porta se abre lentamente e todos ficam alarmados com isso. No entanto, eles não conseguem ver nada além de escuridão pela porta. Daisy e Brock ficam assustados, apesar de Ash e seus primos manterem a calma.

  "Ash... isso é normal?" Questiona a loira, sem saber o que está acontecendo. Ash não responde nada e apenas olha para a escuridão eterna que vem de dentro da casa.

  De repente, algo grande sai das sombras de dentro da porta com largos olhos vermelhos e enorme sorriso de dentes brancos maliciosos. A imagem repentina faz Brock e Daisy recuarem com o susto. Ash, Ritchie e Leaf permanecem neutros com relação a isso.

  E então, Ash sorri para a forma sombria que emergiu das sombras da porta.

  "Boa tentativa, Gengar. Tente mais da próxima vez." Diz o treinador de cabelos negros. A forma sombria ri em tom sinistro antes de tomar forma no chão na aparência robusta do pokemon do tipo fantasma, Gengar. Daisy e Brock suspiram e relaxam ao ver que era apenas um pokemon fantasma pregador de peças. O pokemon sorri largamente enquanto olha para Ash.

  "Gen Gengar Gengar Gar?" Parece questionar o pokemon do tipo fantasma.  Ash olha para ele e sorri de canto.

  "Eu, Ritchie e Leaf trouxemos dois amigos conosco apenas. Queremos ver a vovó Agatha. Podemos entrar?" Questiona o treinador de cabelos negros. O Gengar olha um por um antes de assentir com seu sorriso sinistro. Ele se vira para dentro da casa e faz um sinal para todos o seguirem, o que eles obedecem com Ash indo na frente.

  O grupo entra na casa e rapidamente olham pelo local. Eles passam pela sala de entrada e pela sala de estar, percebendo a grande quantidade móveis antigos por todo lugar. A iluminação é feita por candelábrios pendurados no teto que não iluminam muita coisa a essa hora da noite, deixando isso a serviço da luz do sol pelas janelas abertas. Leaf franze a testa com a visão geral do lugar.

  "É incrível como essa casa cotinua a mesma depois de tantos anos." Diz a treinadora de cabelos castanhos. Ash e Ritchie assentem em concordância, se lembrando bem de tudo ali desde a infância.

  "Essa casa é e sempre será a mesma através das gerações. É uma relíquia de família." Diz uma voz severa e feminina de trás dos jovens. Eles se viram imediatamente para ver quem é.

  É uma senhora de vestido simples e cabelo loiro envelhecido. Ela segura uma bengala com uma Poke-Bola no topo pela qual ela se apoia. Sua expressão severa e olhos negros frios delatam tudo. Essa é com toda a certeza a mãe de Red Ketchum, Agatha Ketchum. No entanto, o que a diferençia de seu filho em sua expressão é um sorriso sarcástico largo no seu rosto. Ela se aproxima do grupo com Gengar ao seu lado, batendo sua bengala firmemente no chão enquanto caminha. Ela olha para cima um pouco para olhar para Ash, seu sorriso sarcástico se tornando um afetuoso.

  "É bom ver vocês fazendo uma visita a avó. Como vai sua jornada, Ash?" Questiona a idosa com um sorriso raro da sua parte. Ash sorri de volta e abraça sua avó com força antes de se afastar para falar.

  "Tem ido muito bem vó, obrigado. Capturei vários pokemons por ai e acabei conhecendo novos amigos. Me permita apresenta-los, esses são Brock Slate e Daisy Waterflower. A família de Brock gerencia o ginásio de Pewter e ele quer ser um criador pokemon. A família de Daisy gerencia o ginásio de Cerulean e ela deseja ser uma melhor especialista do tipo água." Explica o treinador de cabelos negros, apontando para seus respectivos amigos, que dão um passo a frente com um sorriso no rosto.

  "É um prazer conhece-la senhora Ketchum. Eu ouvi muito sobre suas habilidades em batalha." Diz Brock com educação. Agatha assente em tom neutro antes de se virar para Daisy com um olhar mais intenso, que faz a loira mais nova estremecer. No entanto, ela sorri para a treinadora mais velha.

  "Também é um prazer te conhecer senhora Ketchum. O Ash falou muito sobre a senhora para gente." Diz Daisy em tom educado, apesar de se sentir sendo julgada pelo olhar de Agatha. A especialista do tipo fantasma assente antes de esfregar a testa com uma mão.

  "Por favor, crianças, podem me chamar de senhora Agatha. Eu prefiro não ficar sendo lembrado pelo sobrenome do idiota do meu marido. Eu tenho um legado próprio, afinal." Diz ela em tom tranquilo, apesar de severo. Brock e Daisy assentem em compreensão. Agatha se vira para Ritchie com um sorriso de canto.

  "E você Ritchie? Sua jornada tem ido bem?" Questiona a integrante da Elite dos 4. Ritchie sorri para ela.

  "Sim, eu tenho ido bem vovó. Adotei o estilo de viajar sozinho, sabe? Preservar minhas cartas na manga e tudo mais." Diz o treinador de cabelos ruivos. Agatha ri levemente e assente em compreensão. Por último, ela se vira para Leaf com um sorriso sarcástico.

  "Olha quem está aqui também... como você vai, Leaf? Tem treinado bastante?" Questiona a especialista. Leaf franze a testa e sorri de canto enquanto assente em confirmação.

  "Sim senhora. Estou me esforçando ao máximo para acompanhar esses dois cabeças ocas." Diz a treinadora com uma risada leve. Agatha apenas ri de volta brevemente e assente em compreensão. A treinadora idosa se afasta um pouco do grupo antes de olhar para todos.

  "Eu não acho que vocês viriam aqui só para fazer uma visita. Vamos lá pros fundos da casa onde se acessa o rancho e sentamos em uma mesa que tem lá para conversar melhor." Diz Agatha enquanto se vira junto com Gengar e parte em uma direção. Os outros assentem e a seguem para fora.

  O grupo sai da casa pelos fundos e encontra a visão do extensivo gramado verde da propriedade de Agatha que se extende até onde eles podem ver. Curiosamente, o gramado está completamente vazio.

  Agatha leva eles para uma mesa e se senta numa ponta. Os outros se aglomeram do outro lado da mesa, para poderem olhar diretamente para ela. Daisy decide fazer uma pergunta.

  "Com sua licença senhora Agatha, mas por que os campos daqui estão vazios? Seus pokemons não o ocupam quando a senhora está?" Questiona a loira mais jovem. Agatha assente antes de sorrir de canto.

  "É simples, eles são fantasmas, por isso passam a maior parte do dia se escondendo ou dormindo em suas Poke-Bolas. Eles são mais ativos durante a noite. No caso, além do meu velho Gengar, eu só tenho mais dois pokemons que ficam acordados aqui durante o dia." Explica a especialista antes de bater duas palmas.

  De repente, duas formas emergem das paredes da casa para a surpresa de Brock e Daisy mais uma vez.

  O primeiro é outro Gengar, só que com uma expressão mais severa e um tanto quanto alerta. Ele flutua e pousa do lado do outro Gengar sorridente.

  O segundo pokemon é o já conhecido por eles primeiro estágio evolutivo do Gengar, Gastly. No entanto, algo é incomum sobre esse Gastly sorridente. Seu corpo esférico é roxo ao invés de preto e a fumaça ao redor dele é de cor azul ao invés de roxa. Isso surpreende até mesmo os netos de Agatha, o que a faz rir levemente. Ash olha para ela.

  "Vó, desde quando você tem um Gastly shiny?" Questiona o treinador de cabelos negros, legitimamente surpreso. Agatha da uma risada abafada antes de contar.

  "Foi incomum, mas uma hora ia acontecer. Ele é filho do filho do meu Gengar aqui. Ele foi chocado a cerca de três semanas. Desde então ele tem sido uma companhia bem interessante." Diz a especialista com uma risada. O Gastly shiny flutua ao redor dos treinadores enquanto mostra a sua língua para eles, fazendo caretas comuns de desenho animado. Todos riem com as palhaçadas do pokemon. Brock tem outra dúvida.

  "Senhora Agatha, e o outro Gengar?" Questiona o ex-líder de ginásio com curiosidade. Agatha entra em um tom neutro. O dito segundo Gengar se aproxima dela com um olhar intenso nos seus olhos vermelhos. Sua expressão é neutra e severa, algo completamente anormal para a sua espécie normalmente brincalhona.

  "Bem, vocês devem saber que como todo o treinador da Elite dos 4, eu sou uma criadora dos pokemons do meu tipo de especialidade, no caso o tipo fantasma. Por isso, eu acabo tendo dezenas de pokemons da mesma espécie, mas esse Gengar é especial..." diz Agatha enquanto passa mão pela cabeça semi-material de Gengar, que a olha com leve ternura. Ela então se vira para os adolescentes com um sorriso triste.

  "Esse Gengar era do meu pai. Ele o acompanhava desde que ele começou sua jornada. Quando meu pai faleceu, eu tinha apenas 9 anos de idade e na época para se tornar um treinador era necessário ter no mínimo 10 anos. Eu ainda tinha dois irmãos mais novos, Benjamin de 7 anos e Cindy de 4 Anos. Como pokemons do tipo fantasma são quase imortais, Gengar decidiu se tornar nosso guardião e virou superprotetor da gente até que tornassemos treinadores. Ele também me ajudou muito no caminho de me tornar uma especialista no tipo fantasma. Devo tudo na minha carreira a ele... em parte a minha mãe que me deu uma boa educação... e também em parte ao idiota do Blaine, mas não digam isso a ele quando o encontrarem." Diz Agatha em tom profundo no começo e resmungando no final. Todos riem no fim, mas se sentem comovidos pela história. A idosa decide continuar.

  "O Gengar do meu pai também é o  pai do meu Gengar, que por extensão eu vejo como um irmão mais novo. É isso que eu tenho para explicar. Agora, eu vou fazer a pergunta. O que trazem vocês para me visitar?" Questiona a treinadora experiente em tom sério enquanto faz um sinal para o seu Gengar, que assente com um largo sorriso enquanto flutua para dentro da casa. Ash olha para sua avó.

  "Bem, vou direto ao ponto. Queremos saber mais sobre as mudanças estranhas em Lavender recentemente. Você sabe algo, vó?" Questiona o treinador de cabelos negros. Agatha aperta sua bengala e franze a testa para seu neto.

  "Claro que eu sei mais, mas eu não vejo motivo para envolver vocês nisso. É algo que eu tenho a resolver e não vocês." Diz ela em tom severo, mas honesto. Ritchie franze a testa para a resposta dela.

  "Vó, nos queremos ajudar e eu tenho certeza que podemos nos defender sozinhos." Diz o treinador ruivo com convicção. Os outros acenam a cabeça em concordância com ele. Agatha franze a testa para Ritchie com uma carranca no rosto.

  "Eu não teria tanta certeza. Eu não descobri do que se trata, mas só o que eu sei já indica que é algo que excede e muito o nível em que vocês podem estar no momento." Diz a especialista com sinceridade total. Leaf franze a testa para isso.

  "Como assim? Pode pelo menos nos contar o que descobriu?" Questiona a treinadora de cabelos castanhos com curiosidade. Nesse momento, Gengar retorna segurando uma grande travessa com um bule de chá e xícaras. O pokemon fantasma serve chá para todos, com um olhar sárico dizendo simplesmente que ele não aceitaria alguém recusar o chá. Agatha suspira enquanto pega sua xícara, sorrindo para o seu pokemon de longa data.

  "Obrigada, Gengar. Saia um pouco por ai com Gastly enquanto conversamos." Pede a especialista enquanto mistura seu chá com uma colher. Gengar sorri e assente. Ele sorri para o seu neto Agstly shiny e ambos partem para o gramado cercado do rancho, rindo de forma estranha. O Gengar mais velho e rígido permanece no lugar, olhando firmemente para todos, como se estivesse de guarda. Agatha suspira antes de tomar uma expressão severa no rosto e olhar friamente para os adolescentes.

  "Tudo bem. Vou contar o que sei. Ash, Ritchie, vocês provavelmente conseguiram perceber pelos relatos que tem alguma presença de um fantasma dentro da torre, certo?" Questiona a idosa com seriedade. Ash e Ritchie assentem em concordância. O ruivo é quem fala.

  "Sim. Parece vir do topo da torre e eu diria ser um fantasma de um pokemon muito poderoso que ainda tem algo a fazer em vida antes de descansar." Diz Ritchie com calam. Agatha assente e toma um gole do seu chá antes de falar.

  "Boa linha de pensamento, mas creio que é algo além disso. O que vocês sabem sobre magia?" Questiona a treinadora mais velha com uma expressão totalmente séria. Daisy e Brock ficam chocados com essa pergunta. Aura e poderes psíquicos é uma coisa, mas magia? Ash, Ritchie e Leaf permanecem neutros no entanto.

  "A magia é algo bem obscuro. Muitos povos antigos tentaram aprender a usa-la, mas sempre acabavam seguindo um caminho que levava a destruição de todo o seu povo e do seu conhecimento. Com o passar do tempo, essa prática foi mistificada como forma de ocultar a sua existência para impedir novas destruições." Explica Ash em tom profundo. Agatha assente em concordância antes de complementar.

  "Isso, mas tem algo a mais. A magia é algo que explora o espectro energético das pessoas, assim como os pokemons fazem para usar seus ataques. A magia nada mais é do que a combinação de todos os tipos de energia do espectro junto do espírito da pessoa. O espírito é a parte onde todos erraram com o tempo. Esses povos que ousaram explorar a magia o fizeram por apenas um motivo, ganância por mais poder. A magia intensifica o espírito das pessoas e faz sua maldade interior aflorar de forma destrutiva, e isso chamamos de magia negra. A magia negra é o caminho para várias coisas perversas e geralmente fere o equilíbrio e harmonia da natureza, o que gera o caos." Explica Agatha em tom reflexivo. Todos se impressionam com o extenso conhecimento dela sobre algo que parecia perdido no passado distante. No entanto, Ritchie franze a testa.

  "E no que a magia tem relação com o que acontece na torre?" Questiona o treinador de cabelos ruivos, ansiando pela resposta assim como os outros. Agatha da a eles um olhar vazio.

  "Eu já entrei em contato com uma breve presença da magia negra no passado. E ao subir a Torre Pokemon alguns dias atrás, eu sei o que senti. No topo dela, tem algo realmente poderoso. E ele emana magia negra como se fosse a sua essência." Explica a idosa em um tom intenso. Os adolescentes sentem um frio no corpo todo ao apenas imaginarem uma força que possa ser tão intensamente e inerentemente maligna. Leaf faz outra pergunta.

  "E o que pode ser? Que tipo de feitiço?" Questiona a treinadora de cabelos castanhos. Agatha suspira.

  "Eu não sei exatamente o que a magia negra faz lá, mas de uma coisa eu sei. É extramamente perigoso para vocês irem lá. Eu vou lá essa noite e de forma nenhuma eu vou deixar vocês irem comigo." Diz a treinadora veterana em um tom convicto. Daisy a questiona.

  "Senhora Agatha, eu sei que você é uma treinadora extramamente habilidosa, mas eu acho que pelo o que você descreveu pode ser perigoso até mesmo para você. Seria melhor se a gente acompanhasse a senhora." Argumenta a loira mais jovem. Agatha assente lentamente.

  "Eu sei que é perigoso para mim também, e por isso mesmo que eu não vou colocar vocês no meio. Vocês ainda são novatos com nem dois meses de viagem. Eu sou treinadora antes mesmo dos seus pais nascerem, afinal eu sou a mãe de Red e Blaze." Diz ela em tom severo. Ash e Ritchie se encolhem quando ela cita o nomes dos pais deles. Ash parte para argumentar contra.

  "Vó, por favor, se algo acontecer com a senhora nós vamos acabar ficando culpados por não termos ido. Nós podemos apenas ficar de guarda enquanto você age contra a magia negra. É melhor do que você ir sozinha e acabar entrando na boca do leão." Diz o treinador de cabelos negros com um olhar severo muito similar ao de sua avó. Agatha e Ash trocam olhares intensos.

  "Eu ainda não posso permitir isso. Eu não sei se vocês são capazes de se defender do que pode estar lá." Explica a idosa mais uma vez. Ritchie a encara também dessa vez.

  "Por favor vó, nos permita mostrar nossas habilidades em uma sessão de treinamento e você pode nos julgar dignos ou não. É só isso que pedimos." Pede o treinador de cabelos ruivos. Agatha olha para o seu neto com intensidade, mas ao ver a determinação nos olhos dele e os de Ash, ela amolece, se lembrando dos seus dois filhos amados quando eram mais novos. Principalmente Red, que se tornou praticamente outra pessoa com o tempo. Agatha suspira.

  "Tudo bem. Eu vou julga-los com honestidade. Se eu achar seriamente que vocês podem se defender, eu vou autorizar que me acompanhem como assistência." Diz a treinadora veterana em tom severo. Os adolescentes sorriem e acenam em agradecimento. Agatha termina seu chá e se levanta, com os outros fazendo o mesmo. A idosa olha para cada um deles com uma expressão séria.

  "Vou passar as minhas instruções para vocês. Primeiro, voltem ao Centro Pokemon e peguem suas coisas. Vocês vão se hospedar aqui em quanto estiverem em Lavender. Não questionem. Essa casa é da minha família e por extensão é de direito de Ash e Ritchie também." Explixa Agatha em tom inquestionável. Os adolescentes assentem em compreensão. Agatha continua.

  "Segundo, vocês vão me ajudar a fazer o almoço para nós e vão fazer o treinamento durante a tarde." Explica a treinadora veterana mais uma vez. Os adolescentes assente em concordância. Agatha segue com sua fala.

  "Por fim, em terceiro lugar, vocês também vão me ajudar a fazer o jantar e durante ele eu vou dar o meu veredito sobre as suas habilidades." Diz a idosa em um tom definitivo. Outra vez, os adolescentes assente em compreensão. Agatha assente de volta e se vira para o grande gramado, vendo o Gastly shiny e o seu Gengar se divertindo com risadas macabras.

  "O que estão esperando? Vocês precisam buscar suas coisas no Centro Pokemon." Diz a treinadora veterana em tom exigente. Os cinco adolescntes assentem em compreensão e rapidamente se viram para sair.

  "Menos você, Leaf. Eu quero ter uma palavrinha com você bem rápido. Os outros podem te esperar na porta da casa." Diz Agatha quando eles iam embora, mas param com surpresa. Leaf olha para seus amigos e assente antes de ficar para trás enquanto os outros saem. Leaf respira fundo e da alguns passos na direção de Agatha.

  "O que a senhora quer tratar comigo?" Questiona a treinadora de cabelos castanhos com educação. Agatha lhe da um olhar frio diretamente nos olhos.

  "Cuide bem de Ritchie. Ele pode ser bem cabeça dura, mas seu coração é extremamente bondoso." Diz a treinadora idosa com um sorriso de canto bem terno. Leaf arregala os olhos em choque e cora um pouco.

  "Como... como você..." Gagueja a treinadora de cabelos castanhos, surpresa com a descoberta de Agatha. A idosa da uma risada irônica.

  "Garota, eu sou treinadora a 57 anos. Quando se tem quase seis décadas de experiência, você acumulou muito conhecimento em vida. Eu sei bem ler as expressões de uma pessoa, mesmo as mais sutis. Eu vi você olhar para Ritchie de uma forma diferente por alguns instantes e vice-versa. Fora que eu não tinha certeza, por isso joguei uma isca que você caiu como um peixe faminto." Diz a treinadora veterana com um sorriso malicioso no rosto, o sorriso de quem apronta, mas na face dela parece algo bem sombrio. Leaf esfrega o rosto e cora mais, só que dessa vez em vergonha por ter caído nesse truque. Ela suspira e se recupera antes de olhar para Agatha com um sorriso de canto.

  "Pode deixar comigo, senhora Agatha. Eu vou." Diz a treinadora de cabelos castanhos com um sorriso confiante. Agatha assente em compreensão.

  "Eu sei. Conheço bem o seu tipo." Diz a treinadora idosa em voz baixa. Leaf franze a testa.

  "E como é o meu tipo?" Questiona a treinadora mais nova. Agatha sorri de canto enquanto olha para o gramado mais uma vez.

  "Você é uma garota durona, que luta pelo acredita, que luta por aqueles que ama e que quer se provar capaz de tudo. Você busca a sensatez em toda a situação e acaba agindo como se fosse mãe dos seus amigos e do seu namorado em alguns momentos, mas você sabe que no fundo só faz isso por que quer que eles melhorem ainda mais." Explica a treinadora mais velha em uma voz profunda. Leaf se espanta com a analogia dela e sente um frio na nuca.

  "E como você sabe que eu sous assim?" Questiona a treinadora mais nova enquanto desvia o olhar. Agatha sorri de canto e não responde nada. No entanto, ela puxa um colar que está no seu pescoço. Na ponta dele tem uma Poke-Bola, que ela tira do colar e a amplia antes de joga-la.

  Com uma luz branca, um grande pokemon surge na sua frente com um rugido de seu nome. Leaf arregala os olhos e recua um passo, espantada.

  O pokemon nada mais é que um Venusaur, o mesmo que é seu pokemon inicial, só que ele consegue ser ainda maior que o dela e o de Ash. O dela tem cerca de um metro e noventa e cinco, mas o de Agatha tem mais de dois metros de altura com facilidade. A treinadora veterana sorri de canto para o espanto da garota.

  "Sabe, eu sou uma especialista no tipo fantasma, mas também sou do tipo venenoso. Meu Gengar esteve comigo desde antes de me tornar treinadora, mas ele não foi meu pokemon inicial. Venusaur aqui é quem cumpriu esse papel. Delia me contou que você pegou um Bulbasaur também e isso comprova ainda mais o que eu penso." Diz Agatha enquanto acaricia a parte de cima da cabeça de Venusaur com sua mão. O pokemon totalmente evoluido solta um grunhido de apreciação. Agatha então olha para Leaf com uma expressão neutra.

  "Eu sei como você é, pois você me lembra de mim mesma quando tinha sua idade. Assim como Ritchie me lembra de Blaine. Claro, temos nossas diferenças, mas a linha de pensamento é muito similar." Diz a treinadora idosa enquanto continua a acariciar seu Venusaur, que solta grunhidos constantes e fecha os olhos em apreciação. Leaf fica surpresa com a resposta de Agatha, mas logo entende e assente em compreensão.

  "Tudo bem, mas então qual o sentido de você falar isso para mim?" Questiona a treinadora de cabelos castanhos. Agatha suspira antes de explicar com uma expressão séria.

  "A família Ketchum tem uma sorte muito problemática. Eles possuem muita sorte e também muito azar. Uma vida realmente cheia de emoções. Momentos de alegria intensa e momentos muito difíceis. Eu quero que você esteja lá pelo Ritchie nos momentos difíceis. Eu sei que vocês planejam seguir caminhos separados na jornada, mas o destino vai uni-los de tempos em tempos, quando um precisar do outro. E nesses momentos, vocês vão precisar ser fortes para lidar com tudo. O mesmo com Ash e seus amigos. Posso confiar que você vai ter o que é capaz?" Questiona a treinadora especialista em tom completamente sério. Leaf demora um pouco para digerir todas essas informações, mas logo entende e tudo que ela faz é dar uma risada abafada, que faz Agatha franzir a testa.

  "Com todo respeito senhora Agatha. Eu não esperava que você acreditasse em destino ou coisa do tipo. Sempre te vi como sendo do tipo cético." Diz a treinadora mais nova com sinceridade. Agatha olha intensamente para ela, mas surpreendentemente, ela ri ironicamente de canto de boca.

  "Acredite, eu realmente não era do tipo que acreditava nessas coisas, mas depois de tanto tempo com a família Ketchum, é difícil não acreditar em destino. No caso deles, pelo menos." Diz a treinadora veterana com sinceridade total. Leaf levanta uma sombrancelha, mas decide não questionar mais, sabendo que ela não tem nem metade do conhecimento de Agatha para discutir com ela. Leaf se endireita e a olha nos olhos.

  "Eu prometo cuidar do Ritchie e do Ash também, na melhor das minhas capacidades, te prometo." Diz a treinadora de cabelos castanhos com um sorriso sincero. Agatha sorri de canto e assente em compreensão antes de voltar a olhar para o gramado, com seu Venusaur caminhando para ele para tomar uma banho de sol.

  Leaf vê isso como a deixa para ela sair e se curva com educação antes de ir para a porta dos fundos da casa, mas, quando ela fica de costas para Agatha, a senhora volta a falar em um tom para baixo.

   "Seja a vela para a chama dele, forneça a cera para que a chama continue a queimar pela eternidade. Foi isso que Cassandra, a minha falecida sogra me disse quando eu comecei a sair com o Blaine na sua idade." Diz a treinadora veterana com uma voz melancolica. Leaf arregala os olhos, mas respira fundo e se acalma, não se virando para trás, e nem falando nada, ela apenas sai.

  Agatha escuta os passos de Leaf se afastando para a entrada da casa, apressada. Ela sorri ironicamente.

   "E foi assim que eu reagi..." Diz a treinadora especiailista em voz baixa antes de se virar para o gramado.

  Agatha caminha pela grama, usando sua bengala de apoio. O Gengar de seu pai a acompanha pelo caminho, flutuando a centímetros do chão.

  A idosa se aproxima de uma grande árvore de maçãs no meio da grama verde, com um balanço de madeira amarrado por cordas no tronco mais grosso da árvore. Ela coloca uma mão no tronco e a outra ela estende para a corda envelhecida do balanço, dando um sorriso triste enquanto fecha os olhos, se lembrando do passado com ternura.

  Seu pai fez aquele balanço para ela e os irmãos um dia. É a única lembrança que até mesmo sua irmã mais nova lembra bem. Ela lembra de empurrar seus irmãos pelo balanço por horas, rindo, se divertindo.

  Depois que seu pai morreu, o balanço se tornou uma memória triste, que eles preferiram deixar de lado por anos e anos.

  Durante vários anos, ela e Blaine moraram na casa com a mãe dela até conseguirem bastante dinheiro para construirem uma casa em Palett e aproveitaram para cuidar de sua mãe, que estava doente e precisava de cuidados constantes.

  Ela se lembra bem do seu pequeno Red andando feliz pelo gramado da casa e encontrando o balanço velho e desgastado. Ela lembra como ele implorou para que o consertassem. Blaine sempre teve problemas em dizer não para os seus filhos, por isso ele acabou o consertando e o pintando.

  Agatha lembra de ver Blaine consertando o balanço enquanto Red assistia ansioso para brincar com ele. Ela lembra bem de colocar Blaze para dormir em seu berço e olhar a cena pela janela de cima da casa, e que não controlou as lágrimas, começando a chorar silenciosamente para não acordar seu filho mais novo. Ela se lembra bem do sorriso largo e feliz de seu filho mais velho, um que ela não vê a decádas.

  Eles se mudaram para Palett depois que sua mãe morreu e o balanço mais uma vez foi esquecido no tempo.

  Até que um dia sua família veio passar um tempo nessa casa quando os adolescentes de agora eram apenas crianças pequenas. E mais uma vez a cena se repetiu na sua frente.

  Ela viu Red, inexpressivo, consertando o balanço com a ajuda de Blaze enquanto Blaine fazia piadas mais distante deles e as crianças esperavam animadas.

   Ela lembra de Ash, Ritchie e Leaf se revezando para brincarem com o balanço. Isso faz ela sorrir enquanto uma lágrima escorre do seu olho esquerdo, que ela logo trata de limpar.

  Sua mente vaga pro momento de agora, com todo o caso da Torre Pokemon e da magia negra.

  Agatha respira com um pouco de dificuldade ao se lembrar da primeira vez que entrou em contato com a magia negra. Seus lábios tremem antes dela respirar fundo e se acalmar. Ela olha para o velho Gengar de seu pai, que parece compreender o que ela está pensando.

  "Gengar... eu não devo tentar esconder a magia negra deles, não é?" Questiona ela com voz baixa para o pokemon fantasma, que assente lentamente com uma expressão séria. Agatha suspira e se senta no balanço, firmando seus pés no chão para ficar no lugar. Ela segura sua bengala com força enquanto olha para frente com um olhar vazio nos olhos.

  "Eu não vou falhar uma segunda vez... não vou falhar como eu falhei com ele..." Diz ela em uma voz baixa bem abalada. O velho Gengar tem uma expressão chateada enquanto se apróxima dela, colocando uma mão nas suas costas.

  "Gen..." Diz o pokemon fantasma em voz baixa. Agatha deixa lágrimas escorrerem pelo seu rosto quando as memórias ruins voltam para a sua mente.

  Memórias da primeira pessoa que ela viu usando a magia negra e foi quem ela menos esperava.

  O orgulho da sua vida.

  Seu filho amado.

  Red...

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Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que lerem até aqui.



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