Contos Olimpianos escrita por Marquesita M


Capítulo 1
Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Reescrito



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Algumas horas depois de derrotarem Cronos.

       Poseidon estava se sentindo feliz e aliviado. Era para ele estar comemorando e rindo com os outros Deuses e Semideuses, mas seus olhos não desgrudavam nem por um segundo de Atena, e ele sabia que a Deusa já tinha notado isso, pois de instantes em instantes, ela também o olhava. Riu ao notar que o homem ao lado dela e de Ares provavelmente falou alguma asneira, já que ela discretamente aparteou os lábios em irritação. Ele decidiu ir até lá, para salvá-la de sua miséria momentânea. Se aproximou confiante e sorriu para todos, cumprimentando cada homem com um aperto de mão, mas quando chegou a vez cumprimentar sua rival, Poseidon deu lhe um beijo na mão e seu sorriso se tornou provocativo.

— Me daria a honra? - Ele fez um gesto com a cabeça, indicando a pista de dança.

E ela não lhe respondeu, apenas pegou sua mão estendida e o deixou guiá-la, mas Poseidon sabia que seu humor tinha melhorado, pois viu o leve e rápido sorriso que deu ao vê-lo chegar. O Deus colocou uma mão firme no quadril dela e a puxou para mais perto, enquanto a outra segurava uma das mãos delicadas e fortes.

— Tem sorte que estou de bom humor hoje. - Atena sussurrou e o olhou profundamente, porém tinha um ar brincalhão ali.

— Se você estivesse de mau humor, o máximo que eu faria era pegar uma bebida para dividirmos. Ou ia ficar te observando dançar com algum dos soldados que adoram chamar sua atenção. - Poseidon praticamente ouviu a mulher revirar os olhos. - Ah, Atena...você não pode culpar um homem por tentar a sorte, não é?

O Deus dos Mares nunca fez questão de esconder dos outros que a achava bonita. Sempre dizia para os demais Olimpianos que, por mais que Atena fosse chata e mandona, ninguém podia negar sua inteligência e beleza. Muito menos ele, mas isso era algo que ficava entre os dois. Até hoje ainda era difícil de acreditar que uma mulher tão inteligente e bonita tenha saído da cabeça de Zeus, seu irmãozinho irritante. Claro que ele sabia que a maioria das coisas dela tinham vindo de Métis, só que adorava provocar Zeus com isso. 

— E hoje está com o ciúmes controlado, pelo visto. - Ela sussurrou em seu ouvido e ele sorriu com a provocação. - Nunca pensei que esse dia fosse chegar.

— E que moral a senhorita tem para falar de ciúmes? 

Atena riu e sacudiu a cabeça, silenciosamente concordando com o Deus, que tinha seus bons motivos para conseguir ignorar a forma em que os muitos guerreiros olhavam para a Deusa em seus braços.

Eles ficaram em silêncio por um tempo, enquanto rodopiavam pelo salão em perfeita sincronia e recebiam olhares assustados dos outros que estavam lá, não era comum ver Atena e Poseidon em paz um com o outro. E chegava a ser engraçado que dois rivais declarados conseguissem fazer as coisas em tão perfeita harmonia, como se tivessem ensaiado para uma apresentação. A questão era exatamente essa, nunca foram somente rivais. E isso havia sido provado horas antes da festa dos imortais, com palavras que nunca foram ditas para ouvidos alheios, que ficavam apenas entre eles. Ele havia cumprido a promessa e ela também. Ambos haviam retornado vivos e inteiros, então era hora de deixar com que as coisas voltassem ao que eram antes de tudo entrar no caminho.

— Poseidon, o que você acha que vai acontecer com Perseu e Annabeth? - A mulher quebrou o silêncio com uma dúvida sincera. 

— Em que sentido? No amor ou na vida de semideuses? - Ele temia mais pela parte da vida do que a do amor.

— Nas duas coisas.

— Eu acho que eles vão se tornar um casal poderoso, se amam muito e passaram por muitas coisas juntos, porém tem alguma coisa que me incomoda na questão da vida. - O Deus disse e a girou para longe, depois puxou-a de volta com mais força e precisão, sentindo a mão dela apertar seu ombro e seus olhos cinza o encararem com curiosidade. - Estou sentindo algo estranho, como se essa guerra contra meu pai tenha sido apenas um aquecimento.

— Eu também penso assim. Ele chegou tão perto de despertar, duvido muito que não tenha avisado outras forças maiores com tudo o que aconteceu. - Atena falou com uma expressão séria e isso só serviu para deixar o outro Deus mais preocupado, já que não era todo dia que a personificação da Sabedoria concordava com algo que ele falava.

— Estamos concordando em algo, talvez o mundo acabe! - Isso fez com que ela risse e Poseidon se pegou sorrindo também, gostava de ouvir aquele som quando não estava cheio de ódio contra ele. - E Zeus? Ele concorda com você?

Se antes ela tinha soltado um riso feliz, esse agora era cheio de sarcasmo e remorso, e Poseidon não precisou de muito para ter sua resposta. Viu quando a Deusa olhou para o pai com certa mágoa, coisa que estava acontecendo cada vez mais durante esses tempos de guerra.

— Ele não me escuta, Poseidon. Diz que estou sendo paranóica demais. Quando notei que algo estava estranho com meu irmão na época que o raio foi roubado, avisei para ele que não era culpa de Ares e que alguma outra força o estava controlando, mas meu pai só foi acreditar em todos os sinais depois. - Ela falou com pesar, como se estivesse cansada daquilo tudo e ele conseguia entender perfeitamente a sensação. - As vezes me pergunto o porquê de existir um conselho e uma Deusa da Sabedoria, se no final ele faz o que bem entende.

— Zeus sempre fica assim quando está assustado ou com medo de que alguém queira o tirar do poder. Sempre faz as coisas sem pensar. Eu não sou um bom exemplo, é claro, mas nunca vejo coisas onde elas não existem. O único paranóico em nossa família é ele. - Soltando um suspiro, ele olhou para a mulher em seus braços. - E você é a única que consegue colocar algum senso na cabeça dele, se ele não te escuta então isso já está virando um grande problema.

O assunto morreu ali, pois nessa hora o Deus do qual estavam falando se aproximou, acompanhado de Hera e Hades. Eles dois pararam de dançar, mas não saíram do lado do outro.

— Poseidon, Atena. Estão mais aliviados que nossas guerras contra os inimigos finalmente acabaram? - Poseidon sorriu, lembrando do que Atena o tinha dito apenas há alguns minutos atrás e olhou para ela, que olhava para Zeus com a cara fechada. - Parecem estar bem, mas minha filha não parece estar tão feliz assim na sua presença, irmão.

— Sim, irmão. Graças aos nossos semideuses nós eliminamos essa ameaça, agora teremos algum tempo a mais de descanso e não seremos pegos desprevenidos novamente, não é mesmo? E acho que nossa querida Deusa da Sabedoria consegue decidir por si mesma, não é como se eu estivesse obrigando ela. - Sem esperar a resposta de Zeus, ele olhou para seu outro irmão e sorriu, sabia que Hades também tinha sentido algo estranho em relação a isso. - Bom, se vocês não se importam eu irei pegar uma bebida. Você vem, Atena? Ainda temos alguns assuntos para resolver.

O Deus dos Mares ofereceu o braço e Atena o pegou prontamente, os dois foram andando até o local que ela estava antes da dança. Poseidon podia sentir os olhos de seu irmão mais novo abrindo buracos em suas costas e sorriu, sabia que tinha o irritado. Quando chegaram no bar, o homem que tinha irritado a Olimpiana ainda estava lá e ele se virou para cumprimentá-los.

— Lady Athena e Lorde Poseidon, vocês dois estão se dando bem agora? Nunca pensei que esse dia fosse chegar. - O tom do homem era tão sarcástico e malicioso, que ele imediatamente entendeu o motivo da irritação dela. 

— Theo, seria melhor se você parasse de me irritar nessa noite tão agradável. Não vai querer me ver com raiva, não é mesmo? - Ela falou aquilo com uma voz tão estranhamente perigosa que fez o Deus sorrir e Theo tremer, em outras ocasiões esse rapaz já teria sido transformado em pó. E talvez isso tivesse acontecido, se ele não tivesse saído de lá no instante em que olhou dentro dos olhos da Deusa. - Que homem insuportável!

— Acho que ele nunca mais coloca o pé aqui enquanto você estiver presente. Assustou o soldado para o resto da vida. E tenho que dizer, é muito estranho te ver xingando outro que não seja eu.

— Ah, ele mereceu. É um dos favoritos do meu irmão, porém eu o detesto e ele sabe muito bem disso.

— E eu? Você me detesta? - Poseidon lhe perguntou em tom de brincadeira, sabia a verdadeira resposta, mas queria ver o que ela respondera na frente de tanta gente.

Eles se encararam por muito tempo, não desviaram os olhos em momento algum, isso até que ela olhou em volta para notar se havia algum escutando o que seria dito. Infelizmente, ou talvez felizmente, um grupo de ninfas e sátiros tinha se instalado ao lado deles.

— Não. Nós somos rivais, mas eu tenho certo respeito por você e confio em sua palavra e em seu julgamento. E você é um excelente líder, se preocupa com seu povo e com as coisas que acontecem por lá. Tire esse seu sorriso estúpido da cara! Não é como se estivesse fazendo uma declaração de amor!

— E quem foi que falou em amor, minha querida? - Isso fez Athena revirar os olhos e dar um longo gole em seu vinho. - Sempre soube que no fundo, você é apaixonada por mim. Se quiser continuar falando seus versos de paixão, eu não iriei reclamar.

— Deuses, Poseidon! Nem nos seus melhores sonhos isso vai acontecer. Eu não me apaixono por peixinhos dourados.

Ele riu sonoramente e aproximou seu corpo ao dela, que não foi nem um centímetro para trás e sustentou o olhar poderoso que recebia. O Deus gostava disso, de ser desafiado e de ter alguém no mesmo nível que ele para conversar, ou para brigar. E ele sabia que Atena também era assim, gostava de desafios e de pessoas que a instigassem, era exatamente por isso que brigavam tanto, pois se desafiavam ao ponto de fazerem o outro estourar e perder a cabeça. E era por isso que se amavam tanto.

— É uma promessa? Tem promessas que você não deve fazer. - Assim que falou isso, Poseidon levou um tapa forte em seu braço, mas segurou a mão que o bateu, pegando a mulher de surpresa. - Vamos dançar? Ou prefere que eu também faça uma declaração de amor? Se bem que posso fazer os dois ao mesmo tempo.

Fazendo o mesmo processo que antes, eles passaram pelos outros Deuses enquanto voltavam para a pista de dança, dessa vez fizeram passos mais lentos calmos.

— Eu confio em você também, te acho uma insuportável na maioria das vezes, só que nunca vou conseguir negar sua inteligência. E você é uma guerreira extraordinária, melhor do que qualquer um de nós aqui. - Era verdade e ela provavelmente já havia escutado isso de várias outras pessoas antes. - Agora é a sua vez de tirar esse sorriso da cara, parece até que ganhou uma competição! Me saí bem na declaração de amor, pelo visto. 

— Não foi tão espetacular assim...

— Ah, não tente me enganar! - Atena riu da fala dele e sorriu encantadoramente. - Admita, você pode sim se apaixonar por peixinhos dourados.

— Não só posso, como já estou. - A Deusa falou olhando dentro dos olhos verde mar de Poseidon, que se surpreendeu por ela ter dito isso em público, mesmo que em um tom baixo. - Sempre fui.

— Eu também, Atena...eu sempre fui completamente apaixonado por você.

Quando se despediram, pois ele ainda precisava resolver algumas coisas que a Guerra tinha feiro em Atlantis, nenhum dos dois sentiu aquela angústia que sentiam antes, quando as coisas estavam erradas. Não, estavam recomeçando e dessa vez não deixariam que nada entrasse no caminho. Finalmente, depois de anos de sofrimentos necessários e um amadurecimento que precisavam ter, eles dois iriam voltar ao início e recomeçar.

 


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