Save Me escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 27
Nada mais




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Continuei olhando Mera e pronta para qualquer coisa que pudesse me atacar, sabia que não ia me dar muito bem sem meus poderes. Em Krypton eu não os tinha e me virava como podia, por que aqui também seria diferente?

Mera se levantou, aproximando-se de mim fazendo com que eu sentisse sua respiração. Logo me afastei como impulso. Ela sorriu e perguntou:

— Está com medo de mim?

Neguei e ela começou a rir de mim dizendo:

— Esta é a prima de Kal? Você não é mais forte que ele?

— Estou sem meus poderes, Majestade. – deixei escapar como uma garotinha insegura.

— Certo – disse Mera – mas não chamei você para isso. Preciso saber se posso confiar em você ou se virou mais uma das aliadas do alto conselheiro.

— Pode ter certeza que nunca serei a favor do regime – respondi prontamente.

Mera se virou para Laura e ordenou que me falasse o que estava realmente acontecendo. Laura começou:

— Eu e Mera nos juntamos ao Arraia Negra, que já falou com Batman,  para o combatea o regime. Vamos tirá-la daqui.

— Quem mais está conosco? – perguntei avidamente.

— Um soldado da guarda infiltrado e um servo que cuida da biblioteca.

Mera olhou para a enfermeira e disse:

— Agora você pode revelar quem você é.

Ela suspirou, olhou para mim e disse:

— Eu sou Dinah Lance ou meu nome de guerra: Canário Negro.

Já suspeitava que ela pudesse ser, mas quando havia me dito seu nome “Laura Oliver” já descartei a possibilidade. Nem havia passado pela minha cabeça que esse era o seu nome falso.  Me aproximei da Canário e disse:

— Batman me falou muito sobre você. Sobre como ajudou na insurgência e...

Logo lembrei sobre a morte trágica de seu marido, causada pelas mãos do meu primo.

Desviei logo o meu olhar dela e disse:

— Bem... eu fico feliz que está de volta.

— Desta vez vamos acabar de uma vez por todas com esse regime – disse Dinah pousando sua mão direita em um dos meus ombros.

— Agora – disse Mera – vamos planejar sua fuga de Atlantis. Não será bem uma fuga, pois Arthur que traçou todo esse plano.

— Estou me sentindo mais aliviada agora – eu falei – Espero que esse plano dê certo.

(...)

Dinah e eu caminhamos até o meu quarto. Enquanto caminhávamos ela foi me contando sobre tudo o que aconteceu depois que Oliver morreu. Fiquei feliz por ela ter conseguido seguir em frente, mas mesmo assim eu me sentia com uma parcela de culpa pela morte de seu esposo. Foi um homem que saiu da minha família, meu primo que matou Oliver covardemente e eu precisava pedir perdão.

Quando chegamos à porta do meu quarto eu segurei a mão dela, ela parou de falar e perguntou:

— O que houve?

Respirei fundo e respondi:

— Quero te pedir perdão... pelo que meu primo fez. Nós da casa El não...

Canário riu e disse:

— Alguém já pediu perdão por isso.

— Quem? – perguntei atônita.

— Você logo irá descobrir.

Em seguida ela saiu me deixando só na frente do meu quarto. Abri a porta e entrei fechando—a logo em seguida. Sentei em minha cama e comecei a pensar em quem havia pedido perdão pelo Superman. Fiquei sabendo por cima que Kal havia conseguido restaurar algumas cidades de Krypton e colocados seus habitantes em uma área próxima da Fortaleza da Solidão, mas nunca pude ir até eles para ver se encontrava algum parente meu. Será que meus pais, meus tios estavam entre eles? Acho que se meus tios estivessem lá teriam impedido de Kal fazer o que está fazendo, apesar de que tantos já tentaram impedi—lo, mas só se deram mal, acho que não se arriscariam.

Lembrei-me do conselho que Dinah havia me dado há uns minutos atrás de que seria bom eu ir dar um passeio pelo palácio ao invés de ficar enchafurdada neste quarto. Me levantei e comecei a andar pelos corredores, queria conhecer o cara que estava na biblioteca, pode ser que ele seja o kryptoniano de quem Dinah falou. Mas um guarda me interceptou e disse:

— Você precisa voltar ao seu quarto.

— Mas por quê? – perguntei.

— O rei pediu para que você fique lá.

— Posso saber o motivo? – retornei com outra pergunta.

— Apenas obedeça, senhorita. Para não ter problemas futuros.

Droga!

Agora o rei tem duas prisioneiras, uma no calabouço e outra em um quarto.

(...)

A única coisa que eu podia fazer naquele quarto era ir até a janela e ficar encostada no parapeito da varanda vendo baleias e golfinhos dançarem em alto mar ou ver Atlantis em movimento. Se pelo menos alguém falasse comigo pelo medalhão o tempo passaria um pouco mais rápido. Aquele tempo ocioso me fazia novamente a trazer Hal Jordan em minhas lembranças. Ele passou (ou ainda está passando) o luto sozinho, queria estar com ele agora. Pra mim é consolável que ele esteja com Arraia Negra o ajudando, mas ele poderia estar aqui comigo. Nós dois jogando conversa fora, contando as piores piadas, falando das nossas sagas por esse universo gigante que nos permeia.

Sem querer acabei me apaixonando por Jordan. Sei que ele tem fama de galanteador, mas senti que com a morte de Ferris as coisas mudaram. Tudo mudou em nossas vidas de uma hora para outra e não estamos lado a lado para desabafar um com o outro. O que eu queria mesmo saber é se ele está pensando em mim, principalmente depois do que fiz por ele. Não foi uma troca! Mas acho que mesmo que eu não tivesse esse sentimento por ele, eu faria esse sacrifício da mesma forma.

Ouvi uma leve batida na porta, virei para trás e vi Arthur com uma senhora, que aparentava ter uns sessenta anos, já entrando no quarto. Saí da varanda e fui ao encontro deles descendo dois degraus de escada. Aquaman me olhava agora ternamente e disse:

— Quero lhe apresentar Pietra. Ela será sua governanta.

Olhei para ela, abri um sorriso (um pouco sem graça) e a cumprimentei estendendo a mão. Pietra fez vênia para mim apenas e eu guardei a mão, aturdida. Aquaman continuou:

— Ela vai lhe ensinar como uma rainha de Atlantis deve se comportar. Vai te ensinar tudo sobre a história desse reino.

Arthur olhou para ela que apenas anuiu com a cabeça dizendo:

— Será tudo como quiser majestade!

Antes que o rei saísse, eu o chamei. Ele se virou para mim e pedi para que ele ficasse. Pietra lançou no rei um olhar materno e disse:

— Faça o que ela pede. Pelo olhar dela é algo importante que ela tem a dizer. Enquanto isso vou um buscar um chá para ela.

— Pode ir, Pietra – disse o rei.

Ela saiu do quarto deixando-nos a sós. Arthur se aproximou de mim e perguntou:

— Espero que seja rápido o que tem a dizer.

Já percebi o que me aguardava. Por mais que fosse apenas um contrato a nossa “união”, ele poderia me dar um pouco mais de atenção. Como Mera aguentava ele dessa maneira? Eu sabia que o ofício de um rei era muito pesado, vivia com várias ocupações, mas custava ele me dar um pouco mais de atenção. Apesar de que ele também estava obrigado a fazer isso, não posso culpa-lo.

Respirei fundo e perguntei:

— Por que você voltou atrás em sua decisão sobre o casamento?

Notei que ele ficou um pouco sem jeito em falar sobre esse assunto. Mas eu tinha que perguntar. Ele olhou para mim e respondeu:

— Há regras que temos que seguir sem perguntar o motivo.

Essa resposta parecia bem enigmática para mim. Mas insisti:

— Por eu ser a noiva eu deveria saber. Está com medo do meu primo?

Arthur revirou os olhos e disse:

— Por favor, não me pergunte mais sobre isso.

Em seguida ele foi em direção à porta para sair, mas alcancei o antebraço dele segurando—o com força. Ele olhou para mim e o tirou das minhas mãos e saiu do quarto. Sentei na cama e senti uma angústia em meu peito. Naquele momento senti uma saudade imensa Hal Jordan e comecei a chorar e dizendo baixinho:

— Onde você está, Hal?

Coloquei a mão no rosto e nem percebi a chegada de Pietra. Ela deixou a xícara de chá em uma pequena cômoda e sentou do meu lado. Senti a mão dela passando pelas minhas costas, ela perguntou sussurrando em meus ouvidos:

— Ele fez algo ruim para você?

Tirei a mão do meu rosto e respondi:

— Só quero ir embora daqui.


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