Save Me escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 23
Sacrifício (parte 3)




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— Você é o pai da Kara, então... – declarou Dinah boquiaberta diante daquela revelação.

Zor-El sorriu e confirmou anuindo com a cabeça. Curiosa Dinah perguntou:

— Com certeza você é mais forte que o seu sobrinho. Por que não acaba com ele de uma vez?

— Não é bem assim que as coisas funcionam. – respondeu o kriptoniano encostando—se em uma pilastra próxima —  Se fosse assim os meta—humanos que a Terra tem já o teriam derrotado a muito tempo. Sei que muitos foram mortos por ele e seus aliados... Dói em meu coração saber disso e me envergonho por ele.

Nesse instante Dinah recordou de seu falecido esposo, engoliu seco e disse baixando a cabeça.

— Sei bem disso.

Zor-El pousou levemente uma de suas mãos no ombro dela e disse:

— Já sei como seu marido foi cruelmente assassinado pelas mãos de Kal... Mas eu quero te dizer que nós da Casa El não somos assim. Não pense que...

— Não se preocupe. Depois de assistir a coragem de sua filha em fugir de Kal, não tenho duvidas de que Kal tem um parafuso a menos.

O kriptoniano riu, mas notou que Dinah tinha um olhar questionador ainda. Ela perguntou:

— E como você veio parar em Atlantis?

Zor—El tossiu e respondeu:

— Bem, depois que Kal conseguiu restaurar Argo City, minha cidade, notamos um comportamento estranho, muito semelhante a um ditador que tivemos em Krypton...

— Cor-Zod – afirmou Dinah prontamente

— Conhece a história do meu planeta? – perguntou Zor-El surpreso pela fala de Dinah.

— Nesse tempo que fiquei afastada, pesquisei bastante sobre Krypton. Daí li os relatos sobre Zod, o que ele fazia... Não vi diferença nenhuma entre Ele e seu sobrinho. Sem ofensas.

— Tudo bem – Zor-El não se ofendeu com o que Dinah acabara de dizer, ela só estava afirmando algo óbvio. – Continuando... Muitos se opuseram a submissão que Kal queria impor, alguns foram presos e torturados e outros fugiram para algum lugar desse vasto planeta, como eu.  Ao saber sobre Atlantis resolvi vir tentar a vida aqui, mas com outro nome e acabei por trabalhar aqui no palácio. Fiz isso por saber que Atlantis não tinha se rendido ao Superman.

— É como você estivesse escondido aqui.

— Exatamente. Mas agora a qualquer momento posso ser descoberto. Por isso me aliei ao Arraia Negra, que conheci depois de ter me perdido por essas terras submarinas e ele ter me ajudado a encontrar o caminho de volta para o palácio.

— Que aventura!  — disse Dinah com os braços cruzados e satisfeita por ouvir a história do seu novo amigo.

O diálogo foi interrompido por uma serva que logo os encontrou. Ela disse:

— Sua majestade está chamando a senhorita Laura Oliver na enfermaria.

Dinah respirou fundo, despediu—se de Zor-El e acompanhou a serva até a enfermaria. Quando chegou viu o rei próximo a uma mesinha onde estavam os medicamentos de Mera, ele estava com uma feição de remorso  e Dinah logo notou e perguntou:

— Algum problema majestade?

— Não, Laura. – respondeu o rei sem olhar para a enfermeira – vim aqui apenas para te mostrar os remédios que você precisa administrar em Mera.

Ela se aproximou da mesa, pegou um frasco onde continha algumas drágeas vermelhas, observou-as por um instante e percebeu uma grande quantidade desse medicamento.

— São muitos. Onde são fabricados e para que servem?

Arthur tomou o frasco com abrutamento e disse rispidamente:

— Você está aqui para tomar conta de Mera e administrar os remédios nos horários propostos pelos médicos.

— Mas como profissional – retrucou Dinah sem se dar por vencida – tenho que saber o que estou dando ao meu paciente.

O rei se aproximou de Lance com intenção de deixa-la intimidada e disse batendo o tridente no chão:

— Apenas faça o que estou mandando e não questione se não quer ter problemas.

 Dinah não quis encará-lo, olhando para o chão. Arthur pegou a receita, colocou sobre a mesinha e disse:

— Aqui está a posologia, senhorita Lance.

Ela pegou a receita e se impressionou com as altas doses que estavam ali descritas, mas não retrucou com o rei que parecia estar amargurado. Guardou a receita em seu avental, pegou um frasco e disse:

— Como já é hora, vou dar o remédio para Mera.

O rei ficou calado, mas antes de Dinah sair de sua presença ele a chamou e disse:

— Me perdoe falar dessa maneira com você. É que eu... eu estou sendo pressionado entende? A ideia desse casamento forjado me deixa irritado, desesperado. Não quero me casar com Kara...

— Posso dizer uma coisa, majestade, com toda sinceridade? – perguntou Dinah sem medo do que aquilo que fosse dizer causasse algo ruim.

Arthur respirou fundo e disse:

— Pode... a única conselheira que tinha já não está comigo.

Dinah deu um sorriso e falou:

— Você é um rei, não pode se subjugar a coisas que vão contra seus valores e princípios. Tente conversar com o alto conselheiro e pedir outro modo de mostrar sua lealdade ao regime.

O rei apertou os lábios, segurou firme o seu tridente e num sorriso tímido disse:

— Vou pensar no que você falou. Mas duvido que ele aceite outro modo, mas vou ver o que posso fazer.

— Obrigada por me ouvir majestade.

— Mas infelizmente a ideia de me casar com Kara ainda está de pé. Até eu resolver isso...

— Tudo bem. Decisões como essas demoram a ser resolvidas.

Dinah fez uma reverência e saiu da presença do rei.

(...)

As escadas que davam para a cela de Mera sempre deixava Dinah com uma sensação bem desconfortável. Ela as descia devagar junto com uma serva que segurava um lampião, o cheiro de querosene deixava o ambiente um pouco mais sombrio. Enquanto as duas caminhavam Lance pensava numa forma de deixar a serva longe enquanto a rainha e ela pudessem conversar.

Ao fim do corredor Dinah e a serva podiam ver pela luz que vinha do lampião a rainha Mera com seu rosto um pouco mais magro, os olhos fundos e os cabelos avermelhados e desgrenhados.  Dinah apressou o passo chegando antes da serva, insistiu para que a que estava com o lampião acelerasse o passo até que ela e Dinah ficaram frente à rainha deposta.

Mera esboçou um sorriso quando reconheceu sua amiga, Dinah retribuiu e percebeu que a rainha havia ficado mais debilitada do que no dia anterior. Olhou para serva e pediu para que ela abrisse a cela, esta cumpriu a ordem e Dinah logo entrou, fechou a cela e pediu para que ficasse na entrada do calabouço. O local onde estavam era mal iluminado, mas serva foi rápido para o local pedido.

Dinah mediu a pressão sanguínea e a temperatura da rainha e ficou preocupada ao perceber que a pressão estava baixa e a temperatura levemente elevada. Antes que Dinah falasse algo, Mera disse com um pouco de dificuldade:

— Esse remédio maldito – disse apontando para o frasco nas mãos de sua enfermeira – está acabando comigo.

Lance olhou o frasco e disse:

— Eu ainda preciso ver a sua composição. Faz tempo que está tomando esse medicamento?

— Desde que me colocaram aqui. Tenho me sentido diferente, meus poderes foram anulados por completo.

— Estão te alimentando bem?

— Recebo apenas restos de comida – respondeu a rainha com lágrimas nos olhos – nunca imaginei meu marido fazer isso comigo. Tudo em adoração ao Superman.

Ao ver a situação de sua paciente, já havia abortado a ideia de medicá-la, mas precisava falar sobre o que falam dela em Atlantis e na superfície, e sobre o casamento arranjado. Tudo isso lhe partiria o coração, mas se fazia necessário que ela soubesse. Dinah colocou as suas mãos nas de Mera e disse:

— Você precisa ser forte... Preciso te manter informada sobre tudo o que está acontecendo lá fora.

Mera suspirou e disse:

— Já faz alguns meses que estou aqui... Muita coisa deve ter acontecido. Pode falar...

Dinah disse tentando encará-la, pensou em contornar a situação, mas resolveu dizer logo:

— Superman quer arranjar um casamento entre Arthur e sua prima, para representar a aliança entre Atlantis e o Regime.

Mera engoliu seco  e ficou alguns instantes em choque. Olhou para Dinah e perguntou:

— E eu?

— Acho que estão te matando aos poucos com esse remédio – respondeu Lance segurando o frasco – Não querem que você fique unida ao rei por você ser contra o regime...

Mera se levantou mantendo-se de pé apoiando sua mão na parede. Ela ficou curvada, como se fosse faltar ar nos seus pulmões, olhou para sua enfermeira com as lágrimas caindo pelo seu rosto e sussurrou:

— Por que ele está fazendo isso comigo?

Dinah se levantou e foi ampará-la e disse:

— Ele não quer fazer isso. Disse-me que te ama...

— Isso é mentira! Ele nunca me amou.

Ao dizer isso Mera soltou Dinah e caiu no chão chorando em soluços. Dinah disse:

— Você precisa ficar bem.

— Me tira daqui, Dinah! – sussurrou Mera – Me salva.

Dinah chamou à serva e pediu para que chamasse a equipe médica. A equipe logo veio e levou a rainha para a sala de observação depois de verem como ela estava. Lance pediu para que o rei fosse avisado.

Na sala da enfermaria, Dinah entrou e encostou a porta. Olhou para o frasco do remédio de Mera por alguns instantes e sentiu uma comoção dentro de si. Resolveu liberar aquelas lágrimas que a tempos estavam contidas. Como eu queria te encontrar, Clark! Você acabou com a vida de tanta gente e ainda quer acabar com mais vidas, tudo por um luto mal acabado.

Dinah continuava chorar encostada em uma mesa, estava mergulhada em seu pranto que não ouviu umas batidas na porta. Sub zero entrou, ainda estava com o uniforme da guarda e cabelos bem penteados. Ao ver Dinah chorando fechou a porta e foi em direção a ela, colocando a mão sobre seus ombros.

— Dinah! – ele a chamava.

Ela olhou para Kuai que estava desesperado querendo saber o que estava acontecendo. Dinah o abraçou e disse entre lágrimas:

— Superman está acabando com todo mundo. Precisamos salvá—los... Precisamos salvá—los...

Ele retribuiu o abraço envolvendo-a em seus braços, ela se afastou um pouco dele, mas não soltando-o e Kuai falou:

— Eu vou sempre estar aqui, Dinah... Vamos lutar juntos...

Sem pensar Lance o calou com um longo beijo nos lábios do ninja.


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