O sol estava quase se pondo, trazendo uma bonita mistura de tons alaranjados e avermelhados ao infinito céu, sobre suas cabeças. Em meio à trilha íngreme da vasta floresta, Kirishima e Bakugou cavalgavam há algumas horas, seguindo viagem de volta para o acampamento, onde dividiam moradia com a gangue de outros Fora da Lei; a pequena comunidade à qual pertenciam. 

Havia passado duas semanas desde o último grande assalto, realizado na pacata cidade de Emerald Ranch, e, durante o trajeto que faziam até o esconderijo, em meio às estradas, entre uma cidade e outra, a dupla realizava alguns roubos a carroças desprotegidas e viajantes solitários que interceptavam pelo caminho. Retornavam com alguns itens para o acampamento, como: pepitas de ouro, joias, tabaco e uma boa quantia de dinheiro em espécie. Bakugou seguia na frente de Kirishima, procurando uma clareira próxima de um córrego, para que pudessem pernoitar e alimentarem os cavalos. Ele também observava a relva, em busca de algum coelho ou texugo para jantarem.

Eijirou fora despertado da prostração que se encontrava, devido ao cadenciado gingado de seu cavalo, pelo assovio alto de Katsuki. Secando o suor da testa com o dorso da mão, estalando o pescoço, antes de olhar na direção do parceiro, que apontava para o córrego após uma pequena descida. Kirishima abriu um enorme sorriso, extasiado, pois, finalmente, poderiam descansar e tomar um banho! Bakugou aumentou a velocidade do galope, dando o comando ao cavalo, instigando Kirishima a fazer o mesmo, para acompanhá-lo, ao agitar as rédeas que tinha em mãos.

[...]

Após a divisão das tarefas, onde Katsuki limpou e preparou o coelho abatido enquanto Eijirou acendia a fogueira antes do namorado retornar da caçada, ambos estavam sentados sobre os sacos de dormir, em volta da fogueira, aquecendo-se da noite, depois de tomarem um longo banho no córrego. Os cavalos estavam alimentados e hidratados, pastando tranquilamente ao redor. O casal conversava trivialidades, ao redor do agradável calor do fogo que estalava, Eijirou estava sentado em frente a Katsuki, que penteava com os dedos o longo cabelo avermelhado, trançando-o, antes de deitarem para dormir.

Com a cabeça apoiada no ombro de Bakugou, que trespassava o braço por sobre o ombro do ruivo, Kirishima contemplava o vasto tapete de estrelas que brilhavam no céu deitado confortavelmente no saco de dormir que ambos partilhavam. Devido a parca luminosidade em meio a mata, a lua pairava gloriosa sobre ambos, iluminando a planície e afastando o traiçoeiro breu, acompanhada de várias constelações de estrelas. A visibilidade era tão perfeita, que parecia para Eijirou que, se esticasse um pouco o braço, poderia tocar em cada uma delas; ou, que fossem cair sobre eles a qualquer momento. 

Os dois iniciaram um pequeno desafio para saber quem dizia mais nomes de constelações, e enquanto Kirishima divagava, nomeando uma e outra, franzindo o cenho quando tinha dúvida de qual pertencia a tal esfera celeste, Bakugou aproveitou para remexer na bolsa ao lado deles, pegando o relógio de bolso e constatando a hora: passara da meia-noite.

Dando um beijo na têmpora de Eijirou, Katsuki abriu um pequeno sorriso ao chamar o namorado, que virou em sua direção, curioso, deixando um carinhoso beijo na testa do ruivo ao murmurrar:

— Feliz aniversário, Eijirou!