The Ghost I Used To Be escrita por instrokes


Capítulo 5
Cap IV


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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"Esta noite, somos jovens,
então vamos colocar fogo no mundo.
Nós podemos queimar com mais luz do que o sol"


 

Eu limpava minha mão enquanto terminava de ajudar Brad a colar no quadro as conchinhas que ele pegou na praia. A professora dele tinha pedido um trabalho onde os alunos fizessem uma colagem representando alguma coisa que gostassem, e a ideia que mamãe deu das conchas parecia perfeito. Aproveitei que tínhamos terminado e puxei meu irmão no meu colo para tirar uma foto segurando o quadro pronto e mandei ela para Paul. Desde que nos conhecemos na praia há duas semanas temos trocados mensagens e ele vem se tornando uma ótima pessoa não só na minha vida, quanto na do Brad. Ainda não tínhamos nos visto pessoalmente de novo, pois quando eu não estava ocupada recuperando as matérias da escola e cuidando do meu irmão, ele estava ocupado com alguma coisa da reserva, que eu não entendi direito quando ele tentou me explicar. Ainda sim minha mãe vem ficando toda curiosa querendo conhecer ele, já que o Brad não para de mencioná-lo querendo ver ele de novo, e ela sempre acaba me pegando trocando alguma mensagem com ele. Assim que coloco o quadro pendurado no quintal dos fundos para secar, ouço minha mãe voltando do mercado e vou ajudar ela com as sacolas.

— Você realmente tinha razão, o quadro das conchas ficou lindo! - disse enquanto tirava as mercadorias e guardava nos armários.

— Nada mal para uma aspirante de artista né? - ela ria guardando as sacolas. Quando mais nova minha mãe tinha o sonho de se formar na faculdade de artes, mas os planos foram mudando e ela acabou indo pra faculdade de economia, que aliás foi onde ela conheceu meu pai. Ela diz que no final não se arrepende, que se tivesse tomado outro rumo não estaria onde está hoje, e que está mais do que feliz com a vida que tem, mesmo sentindo falta do meu pai.

Ele morreu apenas alguns meses depois que o Brad nasceu, e apesar disso minha mãe sempre se mostrou muito forte e independente. Eu admiro muito ela por isso, pois lembro que não foi fácil lidar com o luto, ter que ir morar com a nossa tia Lucy e criar os dois filho. Mas apesar de tudo continuamos como uma família muito unida, e por mais que eu tenha muitas saudades do meu pai, eu fico mais triste ainda pelo Brad não poder ter criado nenhuma memória com ele. Acho que foi por isso que ficamos muito próximos da família de Andrew, já que o pai dele sempre estava por perto não só nos ajudando, como sendo um grande exemplo para o meu irmão.

Pensar no Andrew de novo meses depois de sua morte me trouxe um peso no coração. Nossos pais sempre diziam que íamos acabar namorando, mas no fundo nós dois sabíamos que nossa ligação era muito mais profunda do que isso, éramos almas gêmeas sim, mas como irmãos. De repente sinto uma pano voando na minha cara e assustada olha em direção a minha mãe que está rindo.

— Autie você me ouviu? - diz ela pegando o pano que eu joguei de volta e vindo em minha direção.

— Desculpa, tava perdida em pensamentos. - sorrio levemente. Ela afaga minha cabeça prontamente entendendo sobre o motivo e me abraça.

— Se você não quiser ir para essa festa hoje, eu posso ser sua cúmplice e inventar que você está doente, até mesmo te colocar de castigo! Eu fico animada com o fato de você estar fazendo novas amizades, mas não quero te forçar a nada, ok? Você ainda tem tido muitos pesadelos?

— Está tudo bem mamãe, eu sinto mesmo que já está na hora deu me colocar mais pro mundo, não posso fugir para sempre não é? E raramente, quase não tive pesadelos desde que chegamos.

— Se você tem certeza, então quero que suba no quarto comigo, tenho uma surpresa! - ela fala cantarolando a última palavra e eu olho desconfiada a seguindo.

Quando entramos em seu quarto ela vai até o closet e tira de lá um caixa e me entrega. Eu abro cuidadosamente e tiro de lá uma jaqueta de couro branca muito bonita. Eu olho algumas vezes entre ela e a jaqueta e a abraço agradecendo pelo presente.

— Eu queria alguma coisa bonita para você usar na festa hoje, e como o clima daqui é frio o tempo todo, nada melhor do que uma jaqueta que cai bem com tudo né?

— Nossa mãe, eu nem sei o que falar, ela é linda! Eu com certeza vou encontrar algo para usar com ela! - dei um beijo em sua bochecha e fui para o meu quarto.

Já eram 22h enquanto eu terminava de calçar meu coturno e dava um toques finais no meu cabelo, em muito tempo era a primeira vez que olhava para a estranha no espelho e me sentia bem com o que estava vendo. Acabei encontrando um crop topped preto com uns detalhes em renda que combinou muito bem com a jaqueta e coloquei uma calça rasgada como uma meia arrastão por baixo, me deixando quente mas ainda sim mais arrumada pra uma festa. Ouvi o barulho do carro e colocando o necessário nos bolsos desci as escadas encontrando minha mãe parada perto da porta.

— Eu não vou falar pra você não beber ou usar drogas ou não beijar garotos, ou garotas - ela me olha sugestivamente me fazendo rir - ou nenhuma outra dessas besteiras porque eu também já fui adolescente. Só quero que você tome cuidado com as pessoas lá, e qualquer, mas qualquer coisa mesmo me liga ok? Se divirta muito - ela me abraça enquanto coloca algo no meu bolso da jaqueta. Me solto dela e colocando a mão no bolso vejo que ela colocou nele um pequeno taser de choque. 

— Ele ainda é rosa? - levanto uma das sobrancelhas e olho pra ela tentando entender o motivo.

— Todo cuidado é pouco nessa idade, por mais que seja cidade pequena, e nada te impede de se prevenir e ainda ter estilo - ela diz piscando o olho e eu a abraço mais uma vez revirando os olhos e me segurando para não rir. Enfim abro a porta de casa e vou em direção ao carro onde Chloe está pendurada na janela do passageiro acenando parecendo uma doida.

Entro no banco de trás cumprimento a Chloe e seu primo Joshua, que era o dono do carro e quem estava nos levando para a festa. Na rádio tocava alguma música da Pink ao qual eu não sabia o nome, mas lembrava algumas partes da letra e seguimos caminho para a casa dos irmãos Balfour cantarolando as músicas e conversando no caminho.

Uns 20 minutos depois saímos do carro e andávamos em direção a casa, ao qual não conseguíamos ver porque tivemos que estacionar longe já que haviam vários outros carros mais perto, mas com certeza conseguíamos ouvir o som que rolava. Pelo fato deles morarem um pouco mais dentro da floresta não tinham vizinhos para se incomodarem com o som alto, ou até mesmo a quantidade absurda de adolescentes que estavam ao redor. Eu tenho certeza que além de toda o corpo estudantil da Forks High School, deviam ter outras pessoas de escolas próximas também, porque com certeza eu nunca vi aquele tanto de gente na escola. 

Fomos entrando de mãos dadas para não nos perder na multidão que estava na entrada e na sala que tinha virado meio que uma pista de dança improvisada. Quando conseguimos entrar na cozinha Joshua e Chloe cumprimentaram umas pessoas que acreditei ser os amigos com quem sentávamos no almoço, então apenas dei uma olá geral e fui pegar cerveja para nós. Uns minutos depois Zack chegou na cozinha e assim que nos viu veio cumprimentar a roda e falar com a Chloe, que por sinal apertava tanto meu braço que eu achava que a qualquer momento ela fosse ter um treco e desmaiar ali mesmo caso ele a tocasse. O que ainda bem não foi o caso, quando ele colocou suas mãos na cintura dela sussurrou alguma coisa no ouvido, fazendo ela ficar levemente corada e rir assentindo com seja lá o que ele tenha dito para ela. Depois de trocar mais algumas palavras ele saiu de volta para a sala e ela me puxou para a bancada da cozinha, e enquanto fazíamos drinks para bebermos eu perguntei o que ele tinha dito a ela.

— Ele disse que eu estava muito bonita hoje, e perguntou se eu não queria ser parceira dele depois no beer pong! - ele deu uns pulinhos que quase fizeram a bebida no copo derramar na roupa dela.

— Ok, entendi, se acalme- eu disse rindo e ajudando a limpar a mão dela que tinha molhado - Ele parece que está super interessado em você, então fica tranquila que ainda temos a noite toda pela frente. E pelo andar da carruagem duvido muito que vocês não fiquem hoje.

— Quem vai ficar com quem? - disse Joshua se aproximando de nós e pegando o copo das minha mãos e bebendo o drink. - Nossa, você quem fez Autumn? Faz mais um pra mim por favor.

— Ninguém... - desconverso o assunto quando a Chloe me olha com os olhos arregalados. - Vou fazer dois né, já que você acabou com o meu. - me viro já pegando o álcool de novo e colocando nos copos.

— Eu não sei vocês, mas eu já estou começando a sentir o efeito da bebida, então vamos dançar agora! - Chloe sai puxando Joshua, que consequentemente me puxa junto e vamos em direção a sala.

Eu não sabia se era o efeito da bebida, ou se o fato de que eu finalmente estava começando a me sentir normal de novo, pelo menos até onde eu podia. Só sei que dançando ali no meio da multidão eu estava me sentindo totalmente leve, de vez em quando eu olhava para Chloe e para o Joshua e pelos sorrisos, sabia que estávamos na mesma sintonia. Logo Zack aparece atrás da Chloe e a puxa para dançarem juntos, eu apenas sorrio pra ela a incentivando e me viro para Joshua rindo enquanto ele pega a minha mão e me faz rodopiar desajeitadamente. Depois de umas músicas e cochichos Chloe diz que vai jogar a partida de beer pong com o Zack e eu continuo na sala com Joshua, de vez em quando indo pegar mais bebidas. Depois de algum tempo me sinto um pouco cansada e digo a ele que vou para o quintal tomar um ar, mas não sem antes dar uma olhada em suas roupas, que tentei memorizar com certa dificuldade por causa do álcool.

Quando começo a me sentir um pouco mais sóbria vou de novo para a cozinha a fim de pegar mais cerveja para mim, e enquanto beberico a espuma da latinha vejo Chloe entrar como um furacão no cômodo e ir direto para uma garrafa de tequila em cima da mesa, abrindo ela e despejando o liquido dentro de um copo de shot que estava perto. Vou em sua direção meio preocupada e pergunto onde está o Zack, ela apenas me olha com uma cara de raiva e os olhos lacrimejando e diz que não sabe, e então enche de novo o copo de tequila e vira dessa vez dando uma cambaleada para trás.

— Ok, eu acho que podemos dar um tempo nos shots e tomar algum refrigerante  - digo tentando pegar o copo da mão dela, mas ela desvia e enche o copo de novo.

— Para com isso Autie, a gente está aqui para se divertir, não precisa ficar me controlando não! - ela responde sarcasticamente e vira novamente o copo, e enquanto eu assisto ela encher outro copo com vodka, eu sou penso em uma coisa: isso vai dar merda. 

Ela me olha levantando o copo brindando no ar e vai em direção a sala novamente, e vou seguindo ela preocupada com o que possa acontecer. Joshua aparece novamente e me puxa para dançar, e quando observando a Chloe, vejo que ela está dançando com alguém também. Tento não me preocupar com ela, vendo que obviamente aconteceu alguma coisa ruim entre ela e o Zack e decido perguntar sobre isso depois da festa, quando ela estiver sóbria e mais calma. Após algumas músicas decido ir no banheiro e vou perguntar a Chloe se ela queria ir comigo, mas quando olho para o lugar onde ela estava, não a vejo. Pergunto a Joshua se ele viu ela saindo, mas ele estava tão bêbado que mal conseguia me responder, então levo ele para o canto da sala e o deixo sentado no sofá e vou procurar ela. 

Como não a encontrei no andar de baixo, subo para os quartos a procurando e também não encontro, muito menos no banheiro. Começo a ficar preocupada e olho mais uma vez no andar de baixo, e no quintal da casa, e nada dela. Uma sensação forte de ansiedade me atinge e começo a ofegar olhando ao redor, tentando me lembrar dos detalhes da roupa que ela estava usando, mas eu não sei se foi por causa da ansiedade, fato de estar bêbada, ou os dois combinados, eu comecei a não conseguir me lembrar direito de suas vestimentas. Entrei na casa de novo perguntando para algumas pessoas se tinham visto ela, mas pelo visto quem eu tinha conversado nem sabia quem ela era, e também eu não sabia onde estavam as pessoas com quem andávamos na escola. Fui em direção ao banheiro e lavei meu rosto tentando me acalmar e pegando o celular disquei o número dela algumas vezes, mas no fim apenas tocava até cair na caixa postal.

Chloe, onde caralhos você se meteu?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, me digam nos comentários o que estão achando até agora. Até o próximo capítulo, bjs!



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