No dia seguinte, voltaram a ter as diversas aulas teóricas, deixando Erin ainda mais chateada por ainda não ter a chance de possuir uma arma em mãos. Erwin, Oliver, e surpreendentemente Akira, estavam aliviados por isso, mas o moreno foice ao mesmo tempo se culpava por isso. Estava a pouco tempo na Shibusen, mas sabia o quanto sua parceira estava empolgada pra finalmente usá-lo como arma. Até mesmo estava pensando na ideia de realmente ter aulas com a descendente direta dos Nakatsukasa, mais cedo ou mais tarde isso deixaria de ser um problema apenas de Erin e também seria um dele. Se não puder controlar seu modo arma, ele seria uma bomba maior que a sua parceira.

Além de ainda não conseguir visualizar a lâmina adormecida em sua alma, uma nova integrante se uniu ao seu grupo, preocupando-se mais ainda com o perigo que ela poderia causar junto à dupla maravilha Riddle e Star. A arma de fogo do dia anterior, uma ruiva que encarava a albina esperançosa desde o primeiro dia na Shibusen. Apresentando-se como Erika Fernandes, ela ainda tinha um pouco de dificuldades para falar em inglês mas logo fez amizade com os gêmeos, Ártemis e a albina, preocupando o loiro e a outra arma. Porém, ao menos até o momento, não causaram problemas, o atual grupo de sete ainda na Shibusen, discutindo onde iriam depois de saírem da escola, Tsuki e Akira apontando diversos lugares em um mapa da cidade visto pelo celular. Oliver estava estranhamente interessado também, afinal, precisava conhecer a cidade que agora viveria, mas Erwin apenas pensava em alguma forma de se livrar do compromisso que ele nem ao menos se comprometeu em ir.

Dando uma desculpa aleatória e de pouquíssimas palavras, Erwin se dirige à sala dos professores para antes se despedir de Hito, encontrando-o já recolhendo seu material e pronto para sair, aliviado por ter chegado a tempo. Aquilo acabou se tornando uma rotina, o moreno não se incomodando nem um pouco com a presença do mais novo. Viu não apenas ele crescer, mas também seus pais, tanto os adotivos como também os biológicos, que infelizmente desapareceram em missão quando Erwin era bem novo, em uma missão na Romênia. Mas ao ver Erwin tão crescido, mesmo ele tendo apenas quinze anos, o fazia se sentir um velho. Bem, ele realmente era, mas sua aparência enganava a qualquer um que não o tivesse conhecido antes. Mas depois das bruxas se unirem a eles, aquilo era bem comum, por mais que seu caso fosse especial.

O loiro o pergunta se o professor estava bem, continuava preocupado com as reações que ele tinha ao ver Erin, principalmente a daquele primeiro dia, Hito respondendo-o que estava ótimo e que ele não deveria se preocupar com isso. Não que Erwin vá atendê-lo. Queria saber o que o incomodava tanto, o que o fazia ter reações como aquela ao ver uma aluna (ao menos teoricamente) inocente e permanecer completamente em paz em frente a bruxas que outrora eram suas inimigas, o que ele tanto escondia abaixo de tantas camadas de tecido mesmo em uma cidade no meio do deserto, o que ele tanto anotava em pequenos diários que levava em seus bolsos, porém nem ele nem Maka, que cuida do mais velho desde antes de seu nascimento, o dizem. Tudo para ajudá-lo. Se Erwin fosse capaz de se abrir, diria facilmente que Hito era o único motivo que o fez entrar para a Shibusen. Porém, se ele ainda não estava confortável para se abrir, ele seria paciente, até o dia em que Hito confiasse nele plenamente para revirar seus possíveis traumas.

Como foi uma visita rápida, antes de saírem, Erwin o entrega alguns biscoitos que fez com o irmão mais novo. Ele ainda não tinha idade para ingressar na escola, porém já é uma pequena arma bem ansiosa para estudar com Erwin. O moreno sorri como se fosse uma criança, agradecendo ao mais novo antes de tomar seu rumo para a biblioteca, o loiro sorrindo leve enquanto acenava para seu professor. Agora, definitivamente iria para casa. Ao menos, esse era o plano inicial, antes de seu caminho ter sido interrompido por duas pessoas.

Assim como Erika, os gêmeos do dia anterior voltaram a cruzar com seu caminho, seus “parceiros temporários” na aula de Maka-sensei. Ambas as espadas se aproximam do garoto, a garota esboçando um sorriso amigável enquanto o irmão parecia preparado para recorrer à força, se necessário. Porém, de alguma forma, sentia que o real perigo vinha da bela mulher de longos cabelos. O garoto para em sua frente, sua irmã indo para trás dele como se tentasse impedir a fuga que definitivamente aconteceria. Estava encurralado. O rapaz em sua frente é o primeiro a falar, Erwin pondo as mãos nos bolsos enquanto esperava saber onde aquela palhaçada o levaria.

—Olá, “muscle boy” de ontem. – Erwin não esconde seu descontentamento pelo apelido, por mais que tenha sido discreto demais para alguém perceber, apenas erguendo uma sobrancelha. – Espero que ainda se lembre de nós. – O loiro acena. – Excelente, isso evita algumas explicações desnecessárias. Não nos apresentamos ontem, mas sou Keith, e essa é minha irmã Katherine. – A garota acena, ainda emanando aquela estranha aura doce e ao mesmo tempo ameaçadora. – E em resumo, queremos que nos aceite como seus parceiros.

Erwin estava surpreso. Nem ao menos planejava procurar um parceiro, muito menos receber a proposta de dois. Queria apenas permanecer na NOT e se formar para saciar o desejo de seu pai, além de continuar ao lado de Hito. Interagir com outras pessoas se não a sua família e o professor estava fora de seus planos, por mais que tivesse sido obrigado a abrir uma exceção para Ártemis, Erin e Oliver. Porém isso não significava que ele estava disposto a firmar uma parceria com armas! Dado o silêncio de Erwin como resposta, Katherine solta um curto riso, Keith prosseguindo após arrumar seus óculos.

—Não seja tão mau, “muscle boy”. Tome seu tempo para pensar no assunto. Mas... – Keith põe sua mão no ombro de Erwin, ainda encarando-o com um sorriso de poucos amigos, podendo ser notada uma energia estranha até mesmo por quem não via almas. – Ficaremos muuuito chateados se você nos descartar. Até amanhã. – Keith e Kath continuam corredor adentro, a garota acenando amigável para ele após seguir caminho com o irmão, deixando o loiro sozinho.

—..... Ele acabou de me ameaçar?

******

—Pweeeease, Erin!! – Erika estava agarrada ao braço da artesã albina, praticamente sendo arrastada escada acima por ela enquanto Oliver ia bem mais atrás, em seu próprio ritmo.

Durante o passeio do dia anterior, tudo correu tranquilamente na volta pela cidade, todos no fim se unindo para jantar no dormitório feminino. Porém, ao se despedir de seus novos amigos e chamar sua parceira de volta para o quarto de ambos, Oliver acabou presenciando uma cena um tanto... incomum. Ao menos de se ver ao vivo.

Ao lado do dormitório feminino, Erika e Erin encontravam-se de frente para uma árvore, a albina recebendo da arma duas coisas que não esperaria, principalmente após já decidir um parceiro arma: uma declaração e um outro pedido de parceria. A arma de fogo estava esperançosa, e não exibia sinais de que desistiria tão cedo, Erin negando ambos os pedidos da ruiva, dizendo que mesmo que não tivesse um parceiro, não desejava usar armas de longo alcance. E também que já tinha uma pessoa especial em seu coração. Obviamente, Erika ficou devastada, e se retirou entristecida para seu quarto.

Mas, pelo que Oliver via, a ruiva não havia desistido sobre se tornar parceira da albina, ele observando tudo enquanto ela não tinha nem mesmo um pingo de vergonha na cara por fazer o pedido em frente ao atual parceiro da garota. Foi uma longa caminhada de subida, Oliver parando por bons minutos no fim dos degraus antes de continuar até sua sala, pouco se importando se acabaria perdido ou atrasado, a albina indo na frente dele. Cobriu os olhos com um dos braços, o sol sorridente queimava seus olhos mesmo ambos estando fechados, uma sombra o cobrindo logo depois, fazendo-o abrir os olhos.

Erwin o oferece a mão para levantar-se, só de pé a arma vendo o casal de morenos atrás do amigo, ambos pressionando os óculos de volta no rosto e com cara de poucos amigos, apenas aceitando a ajuda do loiro para andar e encontrar sua sala. Evitaria perguntas, sentia que qualquer pergunta que fizesse, o garoto de óculos o silenciaria, então deixaria para alguém louco o suficiente para revidar: sua parceira.

Na porta da sala, Oliver já caminhava normalmente, indo para seu assento enquanto Erwin ainda a adentrava, o par de alunos mais velhos quase se assemelhando a seguranças dele o seguindo de perto e sentando-se ao lado dele, Erwin murmurando algo como “são meus parceiros” para Tsuki e Akira. Erin ainda estava tentando manter-se acordada, mesmo a aula de Hito tendo começado a apenas três minutos, encarando o par de gêmeos ao lado do loiro.

—Quando Erwin se juntou à máfia?