Geisterfahrer - a Menina do Tempo escrita por seethehalo


Capítulo 3
Who Knows


Notas iniciais do capítulo

Weeee voltei o/
Demorei hoje, mas vim.

Só uma coisa: não vou por link de vídeos das músicas porque ando meio sem tempo pra ficar fiscalizando e o YT aqui em casa é uma porcaria.
Então.. Qualquer coisa me peçam, ou procurem vcs mesmos.



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Quem sabe o que poderia acontecer?

Faça o que você faz

Só continue sorrindo

Uma coisa é verdade

Há sempre um novo dia

Who Knows - Avril Lavigne


*-*-*-*-*


     - Qual é o seu nome mesmo?

     Levei um susto ao ver que era Bill me chamando. Levantei, tirei os óculos e os fones e respondi:

     - Maria.

     - Maria do quê?

     - Quer mesmo que eu fale o meu nome completo?

     - Aham.

     Soltei um suspiro e recitei:

     - Maria Eurídice Garcia Albuquerque Duarte.

     - Entendi por que você não queria falar. Que nome grande. Bill Kaulitz, prazer.

     - Prazer. Brasileiros, dando nomes gigantes aos filhos desde que o mundo é mundo!

     Ele riu do meu comentário.

     - Você é brasileira, né?

     - Sou.

     - Obrigado por... me defender lá dentro. Você não podia mesmo ser daqui pra fazer algo assim por alguém como eu.

     - O que tem de errado com você?

     - Meu cabelo, minhas unhas, meus piercings, minha maquiagem... Não viu o Backer apontando?

     - Que belo motivo pra se achar anormal – bufei.

     - Quer dizer que não me acha uma aberração?

     - Era pra achar? É claro que não!

     - Você é a primeira pessoa que fala tão abertamente comigo sem ser da minha família... Aliás, muita gente da família também me olha torto. Falando nisso, peraí, vou te apresentar o meu irmão.

     Bill saiu correndo atrás de Tom. Que legal, aconteceu mais uma coisa que fugiu dos meus planos: ele veio falar comigo. Acho melhor eu me afastar antes que isso dê problema. Peguei minhas coisas e saí correndo atrás de um banheiro feminino – obviamente, eles não iriam atrás de mim lá.

     Pra quê. Foi eu encostar a mão na porá e o Tom apareceu na outra, saindo do banheiro masculino.

     - Qual teu nome? – perguntou ao me ver – Tu teve muita coragem enfrentando o Backer lá no ginásio.

     - Aah, obrigada. Meu nome é Maria.

     - Anhé, você é a estrangeira da sala, né?

     Legal, fiquei conhecida como “a estrangeira da sala”.

     - É. Sou eu.

     - Bom; Bill, meu irmão, queria te agradecer. Então eu agradeço por ele. Obrigado.

     - Disponha, apesar de não ser preciso. A gente já se encontrou.

     - Ah. Tá bom então. Tchauzinho.

     Acenei e ele foi embora.

     Como ainda havia uma “esperança” de encontrá-los juntos, achei melhor ficar escondida no banheiro até o sinal bater. Mas que belo aniversário. Meus planos indo pro ralo.

     POV BILL

     Voltei com Tom para a arquibancada onde falei com a Maria. Mas não encontrei ninguém lá.

     - Uéh, cadê ela? – perguntei pra mim mesmo.

     - Bill...

     - Ela tava aqui, Tom, tenho certeza!

     - Bill...

     - Pra onde será que ela foi?

     - Bill, eu a vi lá perto dos banheiros.

     - Por que não disse antes?

     - E você deixou?

     - Tá. – balbuciei e sentei no banco mais baixo.

     - O que tanto você quer com ela?

     - Nada, ué. Só queria... apresentar você.

     - Pra quê? A gente se viu no banheiro, não ia adiantar nada.

     - É, tem razão.

     - Bom, o que nos resta fazer é esperar. Vamos ficar aqui, já que fomos suspensos mesmo, e quanto a gente voltar você fala com ela.

     - É, né.

     Tom tinha-me feito uma boa pergunta: se eu já tinha agradecido e ele já a tinha visto, o que mais eu queria com ela?

     Não sei. Talvez ainda quisesse saber o que a levou a me defender, mesmo sem me conhecer... É, deve ser isso. Tem que ser isso.

     BILL OFF

     Saí do banheiro tão logo bateu o sinal. Fiquei rodando um pouco pela escola, pra enrolar e não ter que falar com Bill novamente. Entrei na sala e olhei disfarçadamente para os lugares deles – já estavam lá. Bill acenou pra mim, não ia deixar no vácuo, então sorri de leve pra ele e sentei.

     Última aula, Alemão de novo. Por que já não colocam duas aulas juntas?

     Tudo o que eu queria era que o dia acabasse logo pra eu poder ir embora. Fiquei pensando, se eu pudesse sumir, se eu pudesse sumir, se eu pudesse sumir... Mas acabei me distraindo com o poema que a profa passou na lousa (eu falo lousa, mas é um quadro branco, claro, muito menos fuleiro do que a maioria das escolas do Brasil) e quando a aula acabou eu ainda tinha o caderno aberto e várias canetas espalhadas na mesa. Me apressei em guardar tudo e me mandar, mas foi eu por o estojo dentro da mochila que o Bill apareceu atrás de mim perguntando:

     - Nos vemos amanhã?

     - Ah, claro – respondi.

     - Onde ‘cê mora?

     - Não sei explicar – olha o sorriso de tacho pra foto.

     - Então como vai pra casa? Quer que a gente vá junto?

     - Não precisa, obrigada, vou de carro.

     - Alguém vem te buscar?

     - É. – que interrogatório. Curiosinho, ele.

     - Ah, então tá.

     - Até amanhã.

     - Até.

     - Tchau. – sorri e saí da sala.

     Ai, Deus, o que eu faço agora? Ok, eu não tinha nada que me meter no assunto do professor de Educação Física, agora tenho que pagar a consequência. Mas não deu. E o resultado é que o Bill vai ser eternamente grato a mim por isso. Ai ai.

     Em meio a esses pensamentos, cheguei ao portão da escola e entrei no carro da D. Silvíe, que já estava à minha espera.

     - E aí? Que tal o primeiro dia? – ela perguntou tão logo eu entrei no carro.

     - É... foi... legal.

     - Já fez amizade?

     - De certa forma.

     - Bom, agora eu vou passar na escolinha da Brenda, levar vocês pra casa e voltar pro serviço.

     - Ok.

     - Você tem irmãos, Maria?

     - Não, sou filha única. Mas em compensação, tenho uma penca de primos; grandes, pequenos, de todas as idades e tamanhos.

     Ela riu e continuamos o trajeto.

     Quando saiu da escola e entrou no carro pulando, Brenda veio me abraçando serelepe. Incrível como ela se afeiçoou rápido a mim.

     Bom, à tarde, assistimos uns DVDs, mas eu não conseguia tirar aquela cena da cabeça. Várias vezes, eu parava de prestar atenção na história do filme e imaginava, de novo. O que teria acontecido se eu não tivesse interferido ali? Bill iria se lavar e acabar se submetendo a essa humilhação... até quando?

     Minha intervenção pode ter causado um desequilíbrio na História, fato. Ainda mais porque ele veio falar comigo depois. Ai, Deus. Mas o que me resta fazer, agora, é esperar. Pelo menos até amanhã.

     Segundo dia. Estou na frente do portão da escola, rezando para poder passar o dia na minha solidão e quietude habitual Vou me perder de novo atrás do armário... Queria um mapa disso aqui. Quanta sala, porta, corredor... Eu sou tão desligada que me perderia dentro de um cômodo facinho.

     Não demorei muito para encontrar o armário, mais para achar a sala onde eu assistiria à aula de matemática.

     O resultado da minha demora foi: pouca disponibilidade de lugares para sentar. Aliás, o único assento livre era do lado do Bill. Ok, eu não devia alterar as coisas, mas o Senhor Destino não está colaborando...

     Então lá fui eu.

     - Oi, er... quais os nomes de vocês, mesmo? – perguntei tentando ser simpática e meio indiferente.

     - Esse é o Tom – Bill apontou -, meu irmão gêmeo; e eu sou Bill.

     - Irmão gêmeo? Tá brincando, né? – impossível não encenar essa parte, já que eu estava me passando por desconhecida.

     - Não! Somos gêmeos idênticos. A gente só não se parece, somos pacas diferentes. – Tom esclareceu.

     - Percebe-se.

     O professor chegou atrasado, apresentou-se como Charles Frolich, mandou abrir o livro e fazer o exercício da página 38: resolva tal equação sabendo que as parcelas do primeiro membro estão em PG. CARAMBA, eu com a minha idade normal estava aprendendo isso no primeiro ano... Pensei um pouco, escrevi a resposta e fiquei alisando o lápis com a cabeça abaixada na mesa.

     Ao notar meu sedentarismo, o profe veio perguntar:

     - Não vai fazer o exercício?

     - Er... já fiz.

     - Como já?! Me deixa ver.

     Mostrei a conta feita no livro, ele analisou a resposta e disse:

     - Como conseguiu resolver tão rápido?! Nem eu mesmo tinha chegado à resposta ainda!

     - Estimativa. Somei 2 com 4, com 8, 16, 32 e assim por diante até chegar no 510. Depois foi só inverter a conta.

     - Impressionante... Eu não te conheço, qual o seu nome?

     - Maria.

     - Maria do quê?

     - Maria... Albuquerque.

     - Você é daqui?

     - Não. Sou brasileira.

     - Você por acaso já conhecia esse exercício?

     - Tsc tsc. – neguei também com a cabeça, para reforçar.

     - Meus parabéns.

     Resmunguei obrigada e me afundei na carteira enquanto se afastava. Agora pronto, Einstein, chamou bem mais a atenção. Einstein... literalmente. Hehe. Viajando nos meus pensamentos, não percebi o sinal batendo e continuei brincando com o lápis. Estava tão longe que só ouvi o fim da pergunta:

     - ... tem agora?

     - Hein? – Acordei vendo Bill na minha frente.

     Quer saber? Cansei.


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Notas finais do capítulo

Curiosidade: a genialidade matemática se deve a mim mesma. Foi no ano passado que eu consegui resolver um exercício antes do professor! xD
Ele me idolatra até hoje por isso ;x
Coisinha que eu esqueci de explicar nos outros capítulos (e que ficou bem aparente nesse): Maria é meio neurótica. Ela estava convencida de que podia passar dois anos "clandestina" na Alemanha sem se envolver com ninguém, mas já não foi bem isso... Então, perdoem a pobre se ela começar a ficar irritante (porque ela ME irrita às vezes). ;x