— Hermione, e se... hipoteticamente... Rony estiver certo? E se fossemos um casal... Um casal de verdade, quero dizer.

A castanha ergueu lentamente os olhos do livro para encarar o melhor amigo, pasma. Harry não estava vermelho, mas mexia as pernas sem parar.

Rony tinha partido há exatos três dias.

— Bom... — a garota começou limpando a garganta. — Hipoteticamente, você diz?

— Sim, hipoteticamente.

— Não seria uma boa idéia, Harry.

O apanhador desviou os olhos.

— E... não porque eu não queira... exatamente... — Hermione se apressou em acrescentar. A voz saindo aguda e tímida e suas bochechas esquentando assim que Harry tornou a encará-la, os olhos verdes parecendo ainda mais vivos. — Mas porque esperam coisas de nós... Esperam que eu fique com Rony e você... Você com Gina.

— Nunca liguei para as expectativas alheias.

— Eu sei. — a Granger riu sem graça. — O que eu quero dizer é que, provavelmente, perderíamos alguns amigos.

— Rony, você diz.

— E Gina, claro.

O Potter ficou em silêncio, pensativo, sem desviar o olhar atento dela.

— Entendo. E... como você acha que seríamos como um casal?... Acha que daríamos certo?

Refletindo, Hermione apoiou o queixo nas mãos.

— Acredito que sim. Apesar de tudo, nossa relação sempre foi a mais saudável. E nos damos bem, temos objetivos parecidos...

Harry tornou a ficar em silêncio e, quando voltou a falar, sua voz estava clara:

— E se, hipoteticamente, eu confessasse que não poderia me importar menos com o que Rony ou Gina irão pensar ou fazer; que eu não sei como vai ser o meu futuro e que a única certeza que tenho é que quero você nele, como amiga e mulher. Como você reagiria, Hermione, se eu dissesse que desejo te fazer minha em todos os significados que você possa atribuir a isso?  

Hermione mordeu o lábio inferior.

— Não seria uma boa idéia, Harry... Mas eu não diria não.