Bloodstream escrita por Ailish


Capítulo 1
Bloodstream | day 07 injured


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Acharam que eu não iria aparecer, engano seu!
No fim toda essa brincadeira já rendeu um belo plot para haloween que logo colocarei em prática.

Boa leitura!



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Shouto sentiu-se inquieto com o uivo que reverberou pelos corredores do castelo, as notas raivosas que terminavam em lamúrias estavam deixando-o impaciente. O vampiro fechou os olhos e tentou se concentrar em qualquer outra coisa, até que jogou os pés para fora da cama de dossel e seguiu na direção das masmorras de seu castelo.

Os passos eram calculados na penumbra, Todoroki não precisava acender nenhuma das velas para reconhecer o caminho até o lobo. Por séculos traçou os corredores de pedras, apenas movido para satisfazer a sede de sangue e nada mais.  

Anos e anos sendo esvaziado pelo tempo, como se os malditos ponteiros do relógio apenas drenassem qualquer ação no ato de sentir. A maldição da vida eterna já estava solidificada nas raízes de suas veias, o único desejo sobrevivente era da pulsação dentro de si, quando precisava de alguma vítima para saciar a fome.

E conforme aproximava-se da masmorra, o cheiro inebriante da espécie acalentava cada vez mais o pulsar no meio do peito, carregada de uma estranha excitação, da qual não vivenciava a muitas décadas. Talvez lidar com lobisomens ainda despertasse aquele senso de territorialidade, ambos eram inimigos naturais desde que as lendas surgiram no novo mundo. A rivalidade entre vampiro e lobo era real, Shouto podia confirmar a cada passo próximo de sua vítima.

— Você é muito barulhento. — O de cabelos ímpares apoiou uma das mãos no metal da cela, os dedos apreciando as texturas corrosivas do tempo, a barra tão fria quanto a própria pele. — Ou está implorando para ser devorado?

Entorpecido pelo cansaço e falta de alimentação adequada, o lobo meneou o rosto para o lado e encarou o vampiro, injetando toda a raiva que possuía nos olhos vermelhos. O loiro tentou movimentar as garras negras em seus dedos, mas as correntes pesavam toneladas sobre os pulsos e a algema em torno do pescoço o deixava débil, por diminuir a oxigenação no corpo. Ele queria rosnar como uma ferra, mas apenas uivos baixos escaparam dos lábios secos.

A imagem frágil do lobisomem de cabelos claros não combinava com a intensidade do olhar que emanava puro ódio, o escarlate de sua íris era tão quente e mortal quanto o próprio inferno. Shouto sentiu a pulsação quase violenta, e as presas ganharam forma dentro da boca, cutucando a língua para ativar as papilas degustativas.

— Sinta-se honrado por minha misericórdia. — As mãos hábeis puxaram a tranca de metal para o lado, liberando o acesso a cela. O lobo movimentou inutilmente os membros do corpo, arrepiando-se da cabeça aos pés com a súbita aproximação do vampiro.

— Vá se foder com essa misericórdia... — Shouto surpreendeu-se com o insulto, não imaginou que o lobo poderia expressar qualquer palavra com o aperto maçante em torno do pescoço. Ele agachou-se e soltou a fivela da coleira, deixando-o livre para respirar. Livre para observar a pele do pescoço machucada e com a jugular saliente sobre aquele mar de palidez.

O lobo inspirou urgente, mas antes que pudesse aliviar-se com a falta da pressão, a mão fria do vampiro o apertou com mais força, resvalando as unhas afiadas sobre a pele que se tornava mais e mais vermelha.

— Seu nome é Katsuki Bakugou, não é mesmo? — O vampiro ajoelhou-se e inalou com prazer o cheiro de sangue dos rasgos suaves que deixava na pele do outro. — Não se preocupe, você não será morto como um desconhecido. Sempre exijo o nome das minhas presas quando as recebo de bom grado da corte. — Os olhos de duas cores capturavam todos os detalhes do lobo, que de perto era muito mais interessante, muito mais do que ele deveria ser. Mesmo sujo de sangue seco, os cabelos reluziam em lindos tons de dourado, as feições eram afiadas e os olhos — vermelhos como sangue — fizeram a pulsação e a sede de Shouto aumentar, extasiado com a bela presa. — Pelo visto, você é um item raro.

Antes que o lobo pudesse manifestar qualquer reação, o vampiro inclinou-se mais sobre ele, os lábios roçando com curiosidade sobre o nervo pulsante, apreciando o som da corrente sanguínea acelerada. Katsuki gemeu dolorosamente, o aperto tornando-se mais firme, possibilitando que apenas migalhas de ar preenchesse os pulmões.

O vampiro tomou seu tempo, apreciando o cheiro almiscarado com resquícios ferrosos de sangue, uma refeição requintada, quente e atrativa para seu estômago. Ele correu as presas pela pele, feriando-a de leve, marcando-a com linhas vermelhas de destruição.

O lobo estremeceu, os instintos clamavam por sobrevivência, as garras em punho feriam as próprias palmas, deixando que mais sangue escorresse pelos pulsos. Um erro? Talvez. Mas se fosse para morrer, que fosse rápido e não aos poucos no aperto sufocante de um vampiro. 

E como esperado, o cheiro de mais sangue foi o estopim para que Todoroki cravasse os dentes pontiagudos na musculatura rija do pescoço. O líquido púrpuro fluiu como uma vertente por sua boca e ao invés de esperar um sabor amargo, o gosto de Katsuki era doce.

Céus, como uma criatura imunda poderia ser tão saborosa?

O mesclado forçou mais corpo, desejando mais daquele alimento, extasiado com as lamúrias perto de seu ouvido. A respiração do lobo cada vez mais fraca, a ponto de tornar-se imperceptível, o peito que subia e descia descompassado quase imóvel, quase sem vida. Shouto relaxou o aperto da mão, atento as fracas pulsações sob sua palma. Não, ele ainda não estava morto e...talvez não precisava morrer.

O vampiro afastou-se o suficiente para observar o lobisomem inconsciente, salpicado por tons carmesins, a pele mais branca do que a neve. Os lábios entre abertos deixavam expostos o lindo par de presas e os cílios longos e dourados traziam charme ao cenário de aniquilação.

Oh, Katsuki era muito precioso para ser destruído de uma vez só. Shouto faria questão de despedaça-lo todas as noites, não deixaria que as feridas pudessem cicatrizar.


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