Heróis Também Amam - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo 1




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Adrien estava saltando sobre os prédios de Paris, ou melhor, Chat Noir estava. A luz pálida de uma solitária lua iluminava o céu sem estrelas. O ar da noite há muito tempo tinha um cheiro delicioso de liberdade já que Chat Noir só saía a luz do dia para salvar pessoas, mas quando o sol dormia ele podia sair por aí e sentir de verdade o ar da cidade do amor que Adrien quase nunca sentia por causa de seu pai super protetor.

Embora fosse tão mais livre, ainda era bastante solitário. Afinal, nenhum de seus amigos sabia quem era o garoto por trás da máscara preta, então quando estava com ela era o mesmo que não ter amigos. Porém, naquela noite enquanto saltava por aí, lembrou-se de outra ocasião quando passou um tempo com Marinette Dupain-Cheng em trajes de Chat Noir. Tinha sido bom conversar com ela e desabafar sobre tudo, além de poder ser um ombro amigo para ela também. Compartilhar um momento tão aberto e transparente era raro e era muito irônico que tenha sido feito de máscara.

Pensando nisso, o gatinho seguiu pulando até um prédio perto da residência dos Dupain-Cheng e de lá dava para ver Marinette sentada na cadeira de praia de seu terraço enquanto lia um livro com uma expressão concentrada.

Por um tempo ele ficou ali apenas observando até decidir ir até lá. Afinal, que mal faria dar um “oi”?

Aproximou-se com seu jeitinho sorrateiro de gato, mas tentando fazer barulho para não assustá-la, porém a garota estava tão entretida na leitura que acabou se assustando do mesmo jeito ao ser cumprimentada e quase derrubou o livro, por sorte, ser atrapalhada fazia com que já estivesse acostumado com esse tipo de coisa, então conseguiu segurá-lo rápido o bastante.

— Me desculpa, eu não quis te assustar, tentei fazer barulho. — Chat Noir murmurou, corando de leve.

— Não tem problema. — Marinette sorriu, se levantando. — O que tá fazendo aqui?

— Só passeando. Está uma noite bem bonita, não acha? — perguntou sorrindo com seu típico charminho de gato.

— Ainda não tinha reparada, mas é... Acho que sim. — respondeu olhando para o céu e inspirando o ar frio da noite.

— Que tal dar uma voltinha comigo? Vai ser divertido.

— A essa hora?

Chat Noir corou de leve e pensou rápido em alguma desculpa que pudesse dar. — Olha, o garoto debaixo da máscara é muito tímido e não tem muitos amigos, mas me sinto um pouco mais seguro pra ser eu mesmo com ela e gostei de conversar com você naquele dia do Glaciator antes de toda a confusão acontecer, senti que podemos ser amigos. Quero te conhecer melhor, só que não posso me arriscar a andar com você à luz do dia, podem achar que você sabe minha identidade e isso te colocaria em perigo.

— Isso faz sentido. Acho que uma voltinha não faz mal a ninguém. — Marinette sorriu e estendeu a mão para o garoto.

Não foi a última vez que a jovem Dupain-Cheng saltou sobre os telhados de Paris sob a luz da lua nos braços de Chat Noir. Na verdade isso logo se tornou quase rotina entre eles, vez ou outra o portador do Miraculous do gato até era convidado para entrar no quarto da garota de cabelo azul e eles conversavam por horas sem sequer ver o tempo passar.

Com o passar das semanas Marinette foi apreciando cada vez mais o humor de gato que Ladybug tanto detestava nas batalhas. Ela foi percebendo que não era que não gostava ou não achava graça das piadas dele, apenas estava sempre tentando se concentrar em derrotar vilões enquanto as brincadeiras e tiradinhas irônicas tentavam disputar sua atenção, o que atrapalhava e acabava sendo bem irritante. No entanto, fora do “ambiente profissional”, por assim dizer, ele era de fato muito divertido e interessante.

Adrien estava dormindo com um sorriso bobo por causa de Marinette com cada vez mais frequência, embora seu coração estivesse dividido entre ela e sua lady. No entanto ele andava percebendo coisas ao parar para refletir quando não estava ocupado salvando Paris ou fazendo as mil e uma atividades que seu pai lhe obrigava a fazer.

O que sabia de verdade sobre Ladybug?

Claro, sabia que a dona do Miraculous da joaninha era poderosa, criativa e mirabolante, mas isso era basicamente todas as informações que tinha sobre ela. O que a garota de vermelho gostava de fazer? Qual era sua música preferida? Ela achava as estrelas mais bonitas que a lua? Preferia frio ou calor? Café ou chá? Doce ou salgado?

Adrien não fazia ideia, porém sabia tudo isso sobre a garota Dupain-Cheng. E mais. Sabia que Marinette amava desenhar roupas e queria estudar para continuar trabalhando nessa área depois do colégio, que ela era gentil e prestativa, que tinha uma mania estranha de assoprar o sorvete antes de come-lo, que se empolgava para falar até dos assuntos mais triviais e tinha uma das risadas mais adoráveis do mundo inteiro.

E ele também se abria para ela quase como um livro aberto, apenas omitindo detalhes que poderiam expor sua identidade. Mesmo sem saber seu nome aquela garota o conhecia mais do que qualquer outra pessoa e o fazia se sentir tão bem. E livre.

Quanto mais o Agreste pensava mais seu coração se inclinava para o lado de Marinette e se afastava de sua lady. Claro, continuava amando Ladybug como amiga e admirava como sua colega de trabalho, afinal ela era uma heroína fantástica, só que isso apenas não era o bastante para alimentar uma paixão. Aos poucos ele percebia que o que sentia pela garota de vermelho era mais um encantamento por alguém que seu coração colocou em um pedestal, o que sentia pela Dupain-Cheng era muito mais real e forte.

Com isso em mente naquele anoitecer bonito, Adrien disse as palavras de transformação e saltou para fora da janela de seu quarto, lançando-se em longos pulos por cima de prédios de Paris. Pela segunda vez ele preparou uma surpresa romântica com muito carinho e zelo, havia um sorrisinho enfeitando seus lábios embora seu coração estivesse dividido entre a vontade de tentar algo novo e o medo de ser rejeitado outra vez, a situação era apavorante e empolgante ao mesmo tempo.

Quando julgou que a decoração estava perfeita o bastante com miniaturas de lanternas chinesas e enfeites que remetiam à videogames Marinette que tanto gostava, Chat Noir respirou fundo e foi até a varanda onde a garota já estava esperando, pois o convite havia sido feito com antecedência, pedindo trajes para uma ocasião especial.

Dessa vez o gato quase não conseguiu cair de pé, a beleza estonteante da jovem Dupain-Cheng o deixou bobo e desastrado por um segundo. Ela usava um vestido com a parte de cima justa e em um tom escuro de rosa enquanto a saia soltinha era rosa bebê, o cabelo azul estava solto e levemente ondulado, em seus pés havia um par de delicadas sapatilhas pretas. Ele notou, embora fosse bem sutil, que ela estava usando maquiagem.

— Eu sei o que tá pensando. — Marinette começou a falar assim Chat Noir chegou perto o bastante. — Usar um vestido quando meu transporte é um super herói que salta quase voando daqui pra ali não é a escolha mais inteligente. Mas não se preocupe, eu vesti um short por baixo.

— Na verdade o que eu pensei foi “uaaaaau”. — ele respondeu sem conseguir evitar um sorriso bobo. — Você está linda.

Marinette corou forte e começou a falar coisa rápido demais para Chat Noir conseguir entender, mas ele apenas sorriu, pois achava muito fofos esses momentos em que a garota lhe mostrava o quanto não sabia reagir a elogios.

Mademoiselle. — interrompeu-a em tom manso e delicado, sorrindo ao ter o olhar dela sobre si, então pegou o bastão com uma mão e a outra ofereceu para ela. — Sua carruagem a espera.

A garota respirou fundo e sorriu, aceitando o chamado. — Oh, obrigada, mon seigneur.

Chat Noir se permitiu sorrir ao acomodar Marinette em seus braços e notá-la tranquila e confortável. Mesmo pessoas que não tem medo de altura poderiam se sentir desconfortáveis ou assustadas ao ser carregadas por alguém saltando de um prédio para o outro sem qualquer equipamento de proteção a dezenas de metros do chão, mas não Marinette, o que o fazia pensar que a paz que ela sentia era por estar com ele.

Assim que chegaram ao terraço decorado os olhos da garota brilharam ao ver todos os detalhes da decoração que misturava a cultura chinesa e jogos de videogame, como estilista ela sempre se atentava aos detalhes e podia notar o esforço feito pelo gatinho para deixar cada um deles perfeito.

— Eu nem sei o que dizer. Isso... Tá muito lindo. — murmurou, vindo-se para encarar o garoto que a olhava cheio de expectativas. — Eu amei. Mas... Qual é a ocasião?

Chat Noir desviou o olhar por um instante, nervoso, porém logo inspirou profundamente e tomou coragem para dizer o que sentia.

— Marinette Dupain-Cheng, você entrou na minha vida de uma forma que eu nunca iria esperar e sorrateiramente foi tomando espaço no meu coração. Eu me apaixonei pelo jeito que você ri, pelo carinho com o qual você fala sobre seus amigos, sua família e seus planos pro futuro, por como seus olhos brilham sob a luz da lua... Eu amo poder ser autêntico quando estou ao seu lado. Você pode não saber o meu nome, mas sei que conhece a minha alma porque eu a expus pra você como nunca expus pra ninguém. Com isso eu quero dizer que eu amo você, Marinette. Amo com tudo de mim, amo por tudo que você é.

Os olhos da garota brilharam e um sorriso bobo se apossou de seus lábios, de repente era como se seu peso tivesse desaparecido e ela pudesse flutuar no ar, fazendo-a pegar as mãos de Chat Noir e segurar com firmeza para se manter no chão.

— Meu coração está batendo tão forte que me pergunto se você pode ouvir. Ninguém mais conseguiria me fazer sentir desse jeito. — murmurou olhando-o nos olhos. — Eu não posso negar, estou apaixonada por você. Mas... Você é um super herói. Como isso vai funcionar?

— Eu não sei. Mas se você me ama e eu te amo, sei que vamos fazer dar certo. Você tá disposta a tentar? — perguntou ele encostando suas testas.

— Sim. Eu quero ficar com você.

Chat Noir sorriu e beijou Marinette, então naquele momento seu peso também sumiu, a sensação era de que os dois estavam flutuando e trocando um beijo apaixonado de frente para a enorme lua que iluminava Paris. Não foi assim que aconteceu de verdade, porém essa seria a lembrança que teriam para sempre de seu primeiro beijo.

O primeiro de muitos beijos.

Porém não foram apenas beijos. Houveram abraços, danças, conversas, planos, sorrisos e principalmente amor. No entanto, junto à tantos sentimentos lindos e mágicos que envolviam seu relacionamento, havia também a frustração por precisar manter tudo em segredo. Além de que para Marinette estava ficando cada vez mais difícil fugir de todas as perguntas de Alya sobre ter parado de repente de gostar de Adrien e ainda assim parecer tão apaixonada sem querer dizer por quem.

— Eu queria poder passar mais tempo com você. — Chat Noir murmurou em uma das noites em que ficava deitado na cama da namorada com a cabeça dela repousando em seu peito. — E passear durante a tarde segurando a sua mão. Exibir todo o amor que sinto por você.

— Eu também. Só queria que as coisas pudessem ser mais fáceis pra nós. — Marinette respondeu, suspirando enquanto fazia carinho na barriga dele por cima da roupa preta e justa.

— Sabe Marinette, eu estive pensando sobre isso por um longo tempo e acho que talvez já esteja na hora de você saber quem eu sou por trás da máscara, assim poderemos ficar juntos durante o dia com você sendo só a namorada de mais um garoto normal. Eu sei que é perigoso, mas não tem ninguém em quem eu confie mais que você pra guardar esse segredo, ma cherie. — disse determinado, mesmo que em tom mais baixo e cauteloso.

A jovem Dupain-Cheng se sentou na cama e ficou calada por alguns minutos, refletindo sobre a proposta. Mas no fim suspirou e respondeu. — Eu não posso te pedir isso, gatinho. Se descobrirem que eu sei a sua identidade você vai ter que devolver o seu Miraculous.

— Sim, mas eu estou... Espera... — Chat Noir também se sentou, olhando com o cenho franzido para a namorada. — Eu nunca falei que teria que devolver o Miraculous.

— N-não disse? — gaguejou ela.

— Não. Tudo que eu disse foi que era perigoso.

— Bo-bom, eu...

— Você nunca foi akumatizada, não é?

— Não, mas...

Chat Noir olhou para o próprio dedo, pensando consigo mesmo que aquele anel preto que nele repousava era na verdade prateado no dia a dia. — Eu nunca... Nunca te vi com outro par de brincos. Exceto... Exceto no dia em que precisei ser o Mr. Bug pra lutar contra a Reflekta.

— Gatinho, para e me escuta... — Marinette pediu começando a ficar desesperada por seu namorado e colega de trabalho estar ligando os pontos.

My Lady?


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