Mais uma chance escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 2
Dois




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Estava sendo um período excepcionalmente conturbado para Julie. As coisas estavam muito estranhas com Nicolas, ao ponto do garoto humilhar ela e sua banda em seu site. Ela não conseguia entender o que estava acontecendo com ele, o motivo das palavras duras e da reaproximação de Talita, mas sabia o quanto aquilo lhe machucava. Decidida a cortar o garoto de sua vida, Julie chegou em casa do colégio e a primeira coisa que fez foi pegar seu notebook e apagar tudo que fosse referente à Nicolas Albuquerque. Histórico de conversas? Lixo. Cifras para ele? Lixo. Fotos? Bem, teriam ido para o lixo se Daniel não tivesse aparecido.

—Está precisando de ajuda?

—Sim. Pode apagar todas as fotos com NIcolas?  - Ela mais ordenou do que perguntou, virando o notebook para o fantasma, que apenas riu.

—Por mais que eu quisesse e fosse gostar de fazer isso, não acho que seja  a melhor opção. Aconteceu alguma coisa?

—Ele nasceu.

—Vocês brigaram, não foi?

—Quer mesmo falar sobre isso? Você odeia ele, não tinha que estar tentando me fazer esquecê-lo?

—Ah, mas o meu plano é esse, mas com uma abordagem diferente. - Daniel deitou-se na cama ao lado de Julie, ohando para ela com um sorriso presunçoso.- Veja bem, se conversarmos sobre isso você irá ressaltar mais uma vez como ele é um panaca e idiota, e isso vai contar pontos para mim. Se eu apenas te distrair vai critar espaço na sua cabecinha para pensar melhor sobre ele, e não queremos isso, certo?

Julie olhou para o fantasma desacreditada. O cretino era inteligente.

—O que você veio fazer aqui para início de conversa mesmo?

—Estava entediado e com saudades. - Ele deu de ombros.

Era mais do que explícito a tensão entre os dois e não seria Daniel a continuar fingindo que ela não existia. A química entre os dois era gritante e até mesmo Julie sabia daquilo. Se ele ao menos não fosse um fantasma… Certo, ele teria 47 anos e ela passaria BEM longe dele, mas…. Ela não podia ter nascido na mesma época que eles?

Há muito Julie sabia a grandeza de seus sentimentos por Daniel Castellamare. Não sabia se eles haviam substituído os que ela nutria por Nicolas ou se eles eram apenas uma paixão platônica pelo o que ela havia idealizado do mais novo, mas a paixão por Daniel era avassaladora como o mar de ressaca: se desse bobeira te arrastava para as profundezas do oceano.

E os olhos castanhos e sorriso de Castellamare eram o fundo do oceano para Julie.

Daniel sabia que suas chances eram impossíveis, mas a garota já tocava em uma banda de fantasmas , por que não jogar tudo para o alto e se relacionar com um? Ele sabia que todo aquele comportamento agressivo de Nicolas era sua culpa, por ter assombrado e o coagido a agir daquela maneira por puro ciúmes e inveja, mas ele não ligava. Amava Julie com toda a sua morte e faria de tudo para a deixar bem longe de garotos que não merecessem o seu coração

Só Martin e Félix sabiam o quanto ele havia sofrido ao empurrar JP para cima dela. Ele nunca mais faria algo do tipo.

Julie apenas rolou os olhos e se jogou na cama, com os ombros encostando nos de Daniel. Ele conseguia se materializar o suficiente para ela sentir uma leve pressão em seu ombro, mas que denunciava o seu toque. Daniel ignorou o humor de Julie e abaixou sua mão direita e tocou a mão esquerda dela, criando forças para levantá-la e segurá-la.

—O que você…..?

—Shhh…. - Ele sussurrou. - Estou testando uma coisa.

Daniel sentia o calor que o corpo de Julie emanava, assim como o contorno de sua mão. Não era nada igual a sentir a matéria de sua mão, mas conseguia sentí-la e isso era o que importava. Julie, ao contrário do garoto, sentia frieza em sua mão, com leves arrepios passando pelo seu corpo conforme ele mexia os dedos. Não eram translúcidos, mas não existia um corpo..

Tomado por coragem e por não ter tido reprimenda, Daniel virou o seu corpo para Julie, que para a sua surpresa já estava virada para ele, o encarando. Com cuidado, ele levantou sua mão esquerda e passou pelo braço direito de Julie levemente, satisfazendo-se com sua pele arrepiada. Ele passou sua mão para seu cabelo, fazendo um carinho antes de se acomodar em seu maxilar, aproximando seus rostos lentamente.

Julie não havia dito uma só palavra, disposta a ver até onde tudo aquilo poderia chegar. As coisas com Daniel eram tão… Intensas e naturais. Nicolas nunca poderia ter feito algo do tipo, pois em primeiro lugar ele nunca chegaria perto de seu quarto. Mas não era algo baseado em quartos, mas sim…. na Intimidade e química. Julie se arrepiava de excitação a cada centímetro que Daniel acariciava e quando percebeu sua mão em seu maxilar, seu coração começou a martelar em seu peito. 

Batia tão forte que ela desconfiava estar batendo por ela e por Daniel.

Seu estômago se embrulhou de ansiedade e se remexeu quando viu o fantasma aproximar seu rosto e colar suas testas, com seu corpo ondulando para frente ao sentir sua presença em seu nariz. Daniel não estava diferente, sentindo toda a sua existência faiscar por estar tão perto da garota por quem era apaixonado. Ele queria tanto a beijar…. Chegou a colar suas testas e narizes, mas não teve tanta coragem para ir adiante. Já era um milagre Julie ter permitido que ele chegasse tão perto…. 

Eles ficaram se encarando por uns bons minutos, desejando haver matéria o suficiente para sentirem seus corpos, mas contentando-se com o que tinham. Eles não precisavam falar nada, os seus gestos, as suas ações, as suas reações… Era nítido e claro como água o quanto amavam um ao outro e sofriam com a distância. Depois de certo tempo os dois adormeceram naquela mesma posição, não notando quando Félix e Martin apareceram no quarto em busca de Daniel.

—Mesmo não tendo um coração sinto ele se apertar com esses dois.

—Dói ver o quanto eles se gostam…

Os dois se entristeciam pelos amigos que nunca ficariam juntos.

—Acha que quando ela falecer ainda vai querer ficar com ele? - Martin perguntou à Félix.

—Vira essa boca para lá, ela só tem 16 anos!

—Eu não disse que seria agora! Estou pensando daqui a 80 anos!

—Eu não sei…. E se isso for apenas uma paixão adolescente para ela? 

Daniel escutava parcialmente o que os amigos diziam e aquilo lhe preocupava. Ele nunca teve tanta certeza em toda a sua existência quanto aos seus sentimentos por Julie, mas ele era um fantasma! Julie cresceria e se apaixonaria por outra pessoa e consequentemente se esquecia dele, mas e se depois da sua passagem ela não quisesse mais? Sbai que a aparência não era um problema, já que eles mesmo ficaram deformados com o acidente, então logicamente ela poderia voltar a sua aparência atual, mas… Ele ainda teria um lugar em seu coração?

Com aquela dúvida dilacerando o que um dia havia sido seu coração, Daniel deixou Julie sozinha, apenas querendo se isolar do restante do mundo.

Estaria ele fadado a sofrer por amor por toda a eternidade?

Julie, Julie, Julie….. Como ele amava aquela cretina.


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