Problema complicado, solução simples escrita por Bianca Lupin Black


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Obrigada à AnneSalvatore e ThaísRomanoff pelos comentários no capítulo anterior



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/795969/chapter/8

O crepúsculo caía bem em Los Angeles. As praias ficavam ainda mais bonitas sob o brilho prateado da lua – e com menos pessoas nelas.

Segundo a mensagem de Willie, o ponto de encontro era aquela esquina, com um poste de luz que mais parecia um refletor.

"Achei você!", disse Willie, para o alívio de um Alex de bochechas vermelhas.

Estava com o skate e equipamento de proteção com jeans, camiseta e o sorriso mais lindo que Alex já vira. Tinha nas mãos uma caixa de papelão branca, que colocou na mochila para poder segurar a mão de Alex enquanto caminhavam.

"Foi meio esquisito estar numa escola, mesmo que só para tocar", Alex contou. "Mas eu adorei. Dava para ver o quanto estavam gostando de nos ouvir. Como foi o seu dia?"

"Bem, eu gastei cada momento vago especulando sobre o encontro. Para me acalmar, dei uma volta pela cidade e descobri que o único lugar que vende cachorro-quente assado não abre aos sábados. Ao menos, me ajudou a relaxar."

Riram das piadas um do outro durante o resto do caminho. A pista era perto de uma área residencial genérica, onde adolescentes matariam tempo à luz do dia. Mas agora era um parque de diversões para Willie e um teatro para Alex.

Ele encontrou um banco com vista perfeita e até um cantinho onde poderia apoiar seu bloco de notas. A batida não saia da cabeça e ainda bem que ainda estava perfeita em sua mente. A sementinha da letra mostrava seus primeiros raminhos.

As manobras de Willie eram impressionantes. Ele atravessava o percurso e agarrava a parte de baixo da prancha nos momentos de salto. Alex rabiscou "10" numa folha e levantou enquanto assobiava.

"Quer tentar?", Willie sentou ao lado dele.

"Eu? Andar de skate? Ah, não, não. A Sunset Curve depende do meu rosto bonito."

"Só um pouquinho. Eu te seguro", ele exibiu as próprias palmas.

Willie ajudou-o a subir no skate, segurando suas mãos enquanto se posicionava.

"Pronto? Dê um impulso."

Se apostassem corrida contra uma lesma de jardim, ela ganharia. Willie dava todo o apoio que Alex precisava, tanto físico quanto moral, mantendo as mãos nas dele.

"Está aprendendo rápido", comentou quando se cansaram.

"Tenho um bom professor. Quer ver uma coisa legal?"

Willie viu em primeira mão o rascunho da canção. Murmurando no ritmo, ofereceu a Alex um cachorro-quente que assara em casa.

O queixo dele não pôde se manter no lugar, afinal, ele precisava mastigar, mas céus! O cachorro-quente da Hollywood Club era uma delícia, porém não se comparava ao feito por Willie. Até o cozimento da salsicha estava perfeito.

"Muito obrigado."

Willie retribuiu com seu melhor olhar de cachorrinho e um afago no pescoço de Alex. Exibiu mais algumas manobras e se ofereceu para acompanhá-lo até sua casa.

"Agora, eu sei onde te buscar para o próximo encontro", o skatista riu, olhando a face contente do baterista.

Uma lâmpada foi acesa ao fundo da casa do outro lado da rua.

"Boa noite", Alex disse, a mão na mureta.

"Boa noite."

Antes de girar a chave, Alex deu um passo à frente, abraçou Willie pelos braços e o beijou.

♫♫♫

Alex finalizou o relato. Julie tinha os olhos arregalados.

"Essa foi a coisa mais arriscada que já fiz. Eu mal o conheço, e ainda o trouxe até aqui! Ele poderia..."

"Ei, ei", Julie agarrou suas mãos. "Eu não deixaria nada ruim acontecer a você, Alex. Willie parece ser excelente. Por que não manda uma mensagem para ele? Assim, vão se conhecendo."

"Vou ligar para ele."

"Fique à vontade. Vou perturbar o Luke."

Sozinho, ele suspirou e pegou o celular. Foi atendido no terceiro toque.

"Oi, Alex!"

"Oi, Willie!"

Pararam de falar. Talvez cavar um buraco e morar nele não fosse tão incômodo quanto mostravam na TV.

"Não me disseram o que fazer nessa parte", o baterista admitiu, pressionando a nuca.

"A mim, também não."

"O que achou de ontem?"

"Eu pensava que a pista seria mais atrativa que o banco, mas me enganei", Alex achou que seu coração explodiria naquela pausa simples. "Gostei de estar errado. E você? O que achou?"

"Eu... nunca pensei que uma pista de skate me interessaria tanto. Embora o skatista tenha sido ainda mais interessante."

"Fico... fico feliz em ouvir isso."

"Você gostaria de sair comigo de novo? Podemos ir ao cinema ou algo assim."

"Sim!", outra pausa. Barulho de algo caindo. "O celular caiu. Adorarei ir ao cinema com você, Alex."

Julie encontrou Luke no sofá, disputando a vitória no Need for Speed com Carlos. Ela se aproximou por trás, pulou e empurrou seus ombros para baixo.

"Oi para você também", ele disse, parando o jogo. "Tá tudo bem?"

Se havia uma resposta para dar, o argumento se perdeu quando os olhares se encontraram. Pé ante pé, Carlos escapuliu para o quintal. Sem interromper o jogo do sério, Julie ocupou o lugar do irmão.

Os braços de Luke abriram o espaço exato para envolvê-la. A cabeça dela achou o encosto perfeito sob o queixo dele. Ela começou a murmurar a introdução de Wake up.

"O que está fazendo?"

"Nada, não. Eu só não queria que ficássemos nesse silêncio esquisito."

Eles ficaram em silêncio, mas não foi esquisito. Luke acariciou as costas dela quando a música apagou. As batidas de seu coração poderiam servir de acompanhamento, caso ela quisesse cantar mais, espaçadas e fortes. De olhos fechados, Julie contou o tempo entre os batimentos.

"É a vez de vocês!"

Carlos, Alex e Reggie estavam jogando Just Dance, e pelo suor na cabeça de Reggie, não começaram agora.

"Eu já escolhi a música!", Alex anunciou.

Meio sonolento, Luke firmou-se em seus pés, as pálpebras desciam e subiam, lutando por foco. Julie esfregou os olhos, tentando saber que canção dançariam, mas Carlos apertou o play cedo demais.

Um vidro invisível os separava e eles tiveram que alisá-lo. Julie gostou até demais de abraçar Luke. Os bonecos mostravam que ele deveria carregá-la nas costas, depois, Julie teve que se inclinar. Quando se encaravam – aliás, havia muito contato visual na coreografia –, não continham os sorrisos.

Eu a levei nas costas! Não dá para fingir que não nos tocamos, Luke pensou indignado quando tiveram que refazer a sequência do vidro lá pela metade da música.

Debruçar-se sobre o joelho de Luke foi ainda mais difícil do que rodopiar em um pé só, na opinião de Julie. Qual era a necessidade de tantos toques no rosto?

Fizeram pela terceira vez os passos do vidro invisível e foram recompensados com um abraço no final.

"Acho que nunca mais vou jogar Just Dance do mesmo jeito", ela riu.

"E você acha que eu vou?"

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Problema complicado, solução simples" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.