Verde como Sapinhos Cozidos escrita por sofia


Capítulo 1
verde como sapinhos cozidos


Notas iniciais do capítulo

oi! essa é uma one-shot curtinha que eu fiz para o jilytober 2020 e espero que vocês gostem!



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James travou no momento que viu Lily Evans pela primeira vez. O mundo inteiro parou e a única coisa digna de sua atenção era ela. O cabelo ruivo e as sardas eram lindos, os traços leves e gentis. A risada por algo que ele não tinha ouvido era contagiante. E os olhos. Os olhos. Eram do tom mais verde que olhos podem ser. Do tom dos sapinhos cozidos, ele pensou. James ficou encantado.

Mas, sendo apenas um garoto de 11 anos animado para começar a escola, o encanto logo diminuiu o suficiente para que ele pudesse arranjar briga com o outro menino no vagão, Snape. Aquela briga acabou deixando a opinião de Lily Evans totalmente contra James Potter e moldando a relação deles por vários anos, mas ele não se importou na hora. Ou pelo menos fingiu não se importar com o puro ódio que aquele perfeito tom de verde emanava.

2º ano

— Sirius, você tem que parar de ficar tanto tempo arrumando seu cabelo – James reclamou enquanto eles andavam apressados para a aula de transfiguração. A aula de McGonnagal era sua favorita, mas era a quarta vez na semana que eles se atrasavam por causa do cabelo de Sirius – Eu sei que é um dos melhores cabelos da escola, cara, mas o Flinch já nos odeia. Se a gente pegar mais uma detenção por isso, eu juro que vou...

James parou no meio da frase quando trombou com Lily. Não só pelo trombo, que derrubou alguns livros, mas também porque, ao encarar aqueles olhos tão verdes de perto, não conseguia falar muita coisa. Ela não encarava-o com o desgosto de sempre. Daquela vez, era outra coisa, algo tão intenso quanto, mas mais positivo. Talvez admiração? Pura surpresa? Curiosidade?

Mas, seja o que foi, aquela coisa foi embora tão rápido quanto veio.

— Olha por onde anda, Potter. – ela disse e foi embora, levando consigo aqueles três segundos mágicos.

— Por que ela não gosta de mim? – ele perguntou aos amigos, continuando parado e tendo até esquecido a possível detenção.

— Sei lá, James. Para de esquentar com isso, vamos logo. – eles responderam e arrastaram-no para evitar o temido atraso. James balançou a cabeça e parou de sonhar acordado. Ou pelo menos é isso que ele afirmou para si mesmo.

3° ano

— Vocês vão levar alguém para Hogsmeade? – Sirius perguntou aos marotos na tarde em que souberam a data da primeira visita. Era motivo de excitação desde o final do 2º ano, e agora finalmente acontecia. – Se não, a gente poderia ir juntos. Eu ouvi que a Dedos de Mel vai ter uma promoção e a gente poderia tomar cerveja amanteigada. Isso é, se o Prongs aqui não conseguir chamar a ruiva.

— Ela vai aceitar, Pads, eu tô falando. – James disse confiante. – Afinal, por que não aceitaria? Mas tudo bem, eu deixo vocês espionarem nosso encontro.

— Encontro de quem? – Lily perguntou ao entrar no salão com um livro na mão.

— Hey, Lils, vamos pra Hogsmeade juntos? – James perguntou com todo seu charme, incluindo o sorriso maroto que conquistara metade dos corações de Hogwarts.

— Não. – ela disse, voltando a ler seu livro.

— O quê? Mais por quê?

— Porque eu não quero ficar com você.

— Mas Lils…

— Vai ver se eu estou lá na esquina, Potter. – ela disse e foi sentar com suas amigas.

— Mas… O que eu fiz de errado? – perguntou o garoto, que ainda sonharia muito com o verde daqueles olhos que tanto lhe odiavam.

4° ano

— Srta. Evans, eu não esperava isso de você – McGonnagal disse logo que entrou na sala. – Posso saber o motivo da briga?

— Desculpe, professora. É porque Potter não parava de encher o saco do Sev. – Lily se defendeu.

— Ah, então eu é que sou culpado? Eu nem fiz nada demais, Lily. E isso nem é da sua conta. Por que você se importa tanto com o Snivellus de qualquer jeito?

— Hey! Cala a boca, James! – Snape reclamou, sendo ignorado por todos.

— Eu me importo porque você é um idiota arrogante que não consegue arranjar nada melhor pra fazer do que atormentar Sev por motivo nenhum!

— Não é motivo nenhum! Ele –

— Sr. Potter, Srta. Evans e Sr. Snape! Menos 20 pontos de cada e detenção. Em horários diferentes, Filch. Agora, voltem às suas aulas. Que isso não se repita.– a professora ralhou, sabendo que se repetiria.

— Desculpe, professora – disse Lily, cabisbaixa enquanto saía da sala. – Vem, Sev.

Ambos saíram acompanhados por Filch, deixando James sozinho com McGonnagal.

— Sr. Potter?

— Eu… Será que ela vai me odiar para sempre? Eu nunca nem fiz nada pra ela. – ele perguntou, parecendo desapontado com a vida no geral.

— Pegue um biscoito, Potter. – ela disse, dando o pote para ele. – Agora, só por curiosidade, o que você faria se alguém atormentasse o Sr. Lupin?

— O quê? Quem tá enchendo o saco do Remus?

— É uma situação hipotética. Mas suponho que você não gostaria da pessoa, certo?

— Ah, faz sentido. Mas o Snivellus é muito irritante! O que a Lily gostaria nele? – perguntou, seu pensamento divagando novamente para a garota que dominava seu coração.

— Volte pra aula, Sr. Potter.

5° ano

— É verdade? – Lily perguntou logo que entrou no salão comunal.

— Lils! Como é bom falar com você sem que jogue algo na minha cabeça! – James disse com seu sorriso maroto. O evento da semana anterior não tinha sido esquecido.

— Responde, Potter! É verdade?

— Sim, é verdade que o céu é azul. Seus olhos são verdes. Também é verdade que transfiguração é a melhor matéria. Agora, se você quer saber outra coisa, vai precisar ser mais específica.

— É verdade que você vai com a MacMillan para o baile? – ela disse revirando os olhos.

— Ah, sobre isso. Então, eu tinha convidado uma linda menina que eu gosto muito para esse baile semana passada. Uma pessoa muito legal, sabe? Mas acontece que ela também decidiu me odiar e não quis aceitar meu convite de jeito nenhum. Ele ainda está de pé se ela resolver mudar de ideia, mas…

— Você é muito cara de pau, Potter. – ela disse (sem o livro na cabeça dele dessa vez).

— Mas Lils, eu…

— É Evans, Potter! – ela gritou da porta.

— Evans Potter só depois do casamento! – mas ela já tinha ido embora, deixando James pensando naqueles olhos verdes como sapinhos cozidos.

 

—… eu deveria chamar um professor? – Lily perguntou quando viu o veado no meio do corredor. O animal claramente entrou em pânico e negou com a cabeça, quase humanamente. – Ok… você provavelmente deveria voltar para a floresta.

O veado pareceu concordar e começou a andar de um jeito estranho na direção da saída do castelo.

— Ruiva! – Sirius apareceu da direita de Lily (que ela poderia jurar que estava vazia). – Quanto tempo!

— A gente se viu faz menos de duas horas. – ela ergueu a sobrancelha.

— E eu não posso estar contente por ver minha amiga?

— Sua amiga?

— Você me ofende assim, até parece que eu não te ajudei a explodir aquela poção semana passada! – ele disse dramaticamente, colocando a mão sobre o peito como se tivesse sido ferido.

— Fica tranquilo, não esqueci aquilo. – ela disse e olhou novamente para o veado, que não estava mais lá. – Suponho que você cuidou… disso?

— Disso? Disso do quê?

— Quer saber? Eu não ligo. Só toma cuidado e não morra. – ela disse indo para o final do corredor, parando na esquina. – … não deixa o Potter entrar em encrenca também.

— Sim, senhora. – Sirius respondeu enquanto ela voltava para a Grifinória. – Pode sair, Prongs.

— Ela realmente disse isso? – James disse, só a cabeça flutuando no nada. O resto de seu corpo ainda estava coberto pela capa da invisibilidade. – Eu não estou sonhando, estou?

— Não, seu sonho teria acabado com um beijo cinematográfico e eu teria desaparecido. Agora vem logo, o Peter já tá esperando.

6°ano

— Hey.

Silêncio.

— Tudo bem você me ignorar, eu entendo. Eu só queria pedir desculpas. Eu sinto muito, Lils – James suspirou. – Sinto muito, Evans. Eu… eu vou parar de encher seu saco agora. Dele também. Desculpa mesmo.

Mais silêncio.

Daquela vez, James não pode ver os olhos verdes que já não tinham mais lágrimas de tanto chorar naquele banheiro vazio.

 

— Bom dia, McKinnon. Bom dia, ruiva. Indo para Aritmancia? – Sirius perguntou, colocando o braço nos ombros de Marlene.

— Bom dia pra tua avó, Black. Ainda não perdoei o jogo passado. – Marlene respondeu.

— Primeiramente, discordo completamente, a velha não merece um bom dia. Segundamente, eu já disse que não foi minha culpa! O sol estava no meu olho e o idiota do Goyle tinha vantagem com o campo… – Sirius e Marlene foram na frente conversando, deixando James e Lily sozinhos.

— Bom dia, Potter. – ela cumprimentou.

— Evans. Eu… Bom dia. – ele pensou em falar mais alguma coisa. Talvez mais um ‘sinto muito’ ou ‘você é incrível’ ou ainda ‘quer ir pra Hogsmeade? A cerveja amanteigada é a melhor’, mas desistiu, deixando um silêncio pouco confortável.

7° ano

— HEY, JAMES! – a ruiva gritou, parando o monitor no meio do pátio. Talvez não fosse a melhor das ideias gritar no meio da noite quando apenas os dois estavam acordados, mas ela não parecia ligar. – Você esqueceu seu cachecol. Por que veio por aqui?

— Ah, eu gosto de ver o lago de noite, Evans. E eu poderia ter pegado o cachecol amanhã na sala dos monitores. Mas valeu. – ele disse com a testa franzida. Geralmente, conseguia se concentrar em outras coisas para não se perder naqueles olhos. Naquela noite, porém, sozinho com ela, ele logo se distraiu.

— Tem alguma coisa na minha cara? – ela perguntou após um momento de admiração mais demorado do que o normal.

— Não, não. Tem nada. É só que… ah, esquece. Boa noite, Evans. – ele disse enquanto voltava a andar. Lily acompanhou seu passo.

— Pode falar, o que é?

— Nada, Evans, eu já disse. Boa noite.

— Mas agora eu tô curiosa! O que é?

— Promete não tacar um livro na minha cabeça?

— Isso foi uma vez!

— Sei.

— É sério!

— É idiota.

— Pode falar. Eu não conto pra ninguém.

— É só que… Seus olhos. Eles são do tom mais verde que eu já vi. Tipo sapinhos cozidos, sabe? São lindos. – ele admitiu, sem saber exatamente para onde olhar.

— Ah. Obrigada. – ela agradeceu surpresa.

— Droga. – ele murmurou. – Foi mal. Olha, só esquece que eu falei isso, não que seja mentira, mas foi idiota, por que eu falei isso em primeiro lugar? Foi mal, Evans, eu vou só ir –

— James? – ela interrompeu-o, ficando de frente para ele.

— Sim?

— Posso perguntar uma coisa meio idiota?

— Pode.

— Tem alguma chance de você… gostar de mim de novo? – ela olhou fundo em seus olhos, verde encarando castanho, um se perdendo no outro.

— É pra responder honestamente? – ela concordou com a cabeça. – Nunca parei de gostar.

Eles se encararam por mais um tempo antes de ela interromper o silêncio.

— Posso falar uma coisa meio idiota?

— Pode.

— Eu também gosto de você. Mais do que já gostei de qualquer um. – ela confessou num suspiro, quase ininteligível, mas que ele ouviu perfeitamente. Afinal, eram apenas os dois e, mesmo que não fosse, ele sempre prestaria atenção nela.

Sem nem perceber, James sorriu mais do que já tinha sorrido na vida. Um sorriso de pura felicidade e, ao vê-lo, Lily não resistiu. Ela ficou na ponta dos pés e o beijou. Simples assim, apenas um selinho curto, mas cheio de significado para os dois. Quando se separaram, olhares fixos um no outro, nenhum sabia o que dizer, mas poderiam viver naquele instante para sempre.

— Wow, eu… Wow. – ele disse, tentando montar uma frase racional e fracassando.

Lily mordeu o lábio.

— Posso fazer de novo? – ela perguntou, mas James se adiantou e a beijou. E, a partir daquela noite, ele se perdeu naqueles olhos verdes como sapinhos cozidos para sempre.


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Notas finais do capítulo

então, o que acharam? comentários são sempre bem-vindos. obrigada por ler!



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