Viktor não sabia quando ou como aconteceu, apenas sabia, em seu estupor, que tudo havia acabado. Sangue, quente, vermelho, viscoso, em tudo. Ana parada no meio do cômodo, juntando o corpo estirado como tiraria o lixo. Horas passaram, ou talvez minutos, quando ela o empurrou numa cadeira de rodas em direção ao carro, à estrada, ao pico de um alcantil, desovando o corpo numa vala, retornou, e dirigiu. Horas, talvez dias de estrada. Viktor jamais imaginara usar uma fralda antes dos oitenta. Mas seu corpo sequer o obedecia, morto.

— Vai ficar tudo bem agora, meu amor - Ana sussurrava melódica.