Nada preparou Ekaterina para aquilo. Estava de cara contra seu próprio reflexo. Quase não conseguia notar diferenças – a altura, por pouco, a linha da mandíbula – mas a maquiagem estava perfeita, e tudo que um dia identificava o rosto de Sebastião foi-se.

Não era uma drag queen ou uma transexual. Ele ainda se chamava Seb. Agia normalmente. Não assumira simplesmente uma aparência feminina – assumira a aparência dela.

Ele nem sequer achava estranho. Perguntou do caso como sempre. De forma nada pudibunda, revirou o corpo atrás de pistas.

Não era ilegal. Não roubara seu nome ou identidade. Pela lei, era só uma fantasia.

Ekaterina mandou-o embora. Em definitivo.