INTERATIVA - Sem Alma escrita por By Thay gc


Capítulo 4
Parceria de Fé


Notas iniciais do capítulo

Heey, eu não sei dizer o quanto estou feliz com suas fichas, seus personagens são ótimos e estou feliz de escrever esta história.

Quem não aparecer aqui e que ainda não foi falado, fique tranquilo, no próximo estará lá.

PS: Musica para ouvir (opcional) https://www.youtube.com/watch?v=UROYlqSPvA8&ab_channel=LucasKing-Topic



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Jessel Cole e Konrad Prescott — Parceria de Fé

 

A escada subindo para a varanda da casa de fazenda, estava desgastada pelo tempo, corroída em frangalhos. O sol reluzia a pino, mas o casarão possuía uma aura obscura, quase nefasta. Por um momento apenas Jessel estava do lado de fora, observando quieto o que por muito tempo fora sua casa durante a destruição do mundo, agora ele mal reconhecia. 

Seu rosto passava a doer, a orelha precisamente ardia latente como quando uma lâmina afiada passasse cortante pela pele. Jessel cuidadosamente acaricia a mesma, rezando para que não visse sangue nos dedos quando olhasse. Por sorte não tinha nada, sua orelha ainda estala ali, mas a mesma permanecia doída, assim como a bochecha, tudo nele parecia dolorido. 

A visão ficara turva de um segundo ao outro, e o mundo era como um grande borrão, exceto por duas pessoas conhecidas sentadas naquela escada perigosamente velha. Michelle com seus cabelos vermelhos como fogo, agora flamejantes acariciavam a pele do rosto suave de Tony, o piercing prateando no lábio reluzia brilhante. Seus ombros encostados, olhares amorosos, sorrisos esticados chamando o nome de Jessel. O mesmo sentia o choro se aconchegar, que falta eles faziam. Suas caricias, seus beijos, as noites de amor, os três se deram sempre bem, as lembranças machucavam o coração de Jessel, que a essa hora, passara a ignorar a ferida invisível no rosto. 

Michelle levantava a mão tatuada, seus rabiscos tão lindos, assim como as de Tony, Jessel também tinha algumas ilustrações na pele, os três com mesmos significados. A promessa de um amor eterno que acabara, e agora, o destino cruel batia rudemente na mente de Jessel. A ilusão dos amores de sua vida transformavam-se numa das criaturas sem alma. Lábios repletos de sangue, as unhas de Michelle crescia velozmente, encardidas e assustadoramente afiadas, Tony possuía na pele rasgos gigantes que mostravam tendões e músculos. O olhar doce dos dois transformara em fome animal, e ao pularem no rosto de Jessel, o mesmo gritara em pânico sentindo o baque dos nós dos dedos ao socar o vidro do Honda, o som avisava que a vidraça havia trincado, Jessel reproduz um palavrão murmurado encarando pelos buracos limpos do para-brisa pra tentar encontrar sinais de algum sem alma pela avenida. 

Nada! Que sorte!

Rapidamente Jessel verifica seus pertences, a mochila descansava no banco do carona, fechada com o zíper a ponto de arrebentar se puxasse com força, quando tivesse a chance, seria melhor encontrar outra bolsa, o fundo da sua estava tão fino que a qualquer momento seus bens derramariam num momento de fuga. 

Jessel respira com força ouvindo seu nome ser chamado algumas vezes, ele morde a bochecha por dentro, sentindo o gosto do sangue escorrer pela garganta. Pronto, assim eu terei mais tempo. 

O jovem abre um mapa da cidade que estava, analisando os lugares marcados com um xis nos pontos que já havia passado a procura de uma farmácia, seria melhor encontrar uma bem rápido ou não sobreviveria com sua loucura do lado de fora, em meio a realidade cruel que fora colocado. 

O pedaço grande de papel é posto sob o painel, estendido de ponta a ponta. Observou o caminho onde o para-choque apontava, e resolve seguir para lá, o canetão vermelho é apanhado num dos compartimentos da mochila, e Jessel faz uma fina marcação circular. Mais três quadras e algumas viradas para esquerda e direita, e voilá, estaria em seu destino. Se algum deus existisse, torcia para que o abençoasse. 

Jessel acomoda todas as suas coisas, verificando que nada ficaria para trás. Uma última olhada para a bainha onde guardava uma bela katana com haste prata esculpida numa fonte em negrito as letras M e T. A alça da bainha repousava leve sob o ombro, tão acostumado que não sentia seu peso forçar. 

Suas pernas esticam ao sair do carro. A avenida era extensa repleta de automóveis abandonados ou destruídos, plantas começavam a tomar conta do cenário urbano, ao olhar para cima, em meio ao apocalipse, o céu não era como antigamente, por mais que em seu relógio marcasse 1hr da tarde, o sol parecia ter se desintegrado. O frio banhava a cidade, e a cor normalmente azulada, fora pintada por um laranja escuro, como chamas, a mesma cor das madeixas encaracoladas de Michelle. Jessel joga os pensamentos de lado, ainda estava baqueado com o pesadelo. 

Encarando o restante da cena, tudo refletia a tonalidade chamuscado que o clima apresentava, era bom pelo menos para manter um certo disfarce, tudo muito escuro, muito sombrio, tanto para humanos quanto para os sem almas, realmente aquele estranho deus não havia jogado limpo. 

A mão direita segurava com firmeza a haste da katana, escorando o corpo próximo a carros para que algum momento, se precisasse, ficaria debaixo da lataria, seria um bom jeito de permanecer inexistente perante as criaturas.

Andava pelo caminho que decorara no mapa até algo na esquina chamar sua atenção. Uma cruz de madeira estava fincada no meio de tralhas espalhadas, algo havia sido entalhado no material, uma citação bíblica. 

"Alargaste os meus passos debaixo de mim, e não vacilaram os meus artelhos." 

Curioso, Jessel olha para a direita, direção errada a qual seu mapa indicava. Antes que pensasse em permanecer no caminho, ao longe encontrara a mesma cruz, próxima a um cruzamento, tão inerte e intrigante, diferente de todo o resto que decorava seu redor. Decidido então, ele continua a seguir os caminhos que a cruzes o levaria. Sempre para direita ele virava, como migalhas de pão o conduzindo até a casa de doces da bruxa. Ele era a criança indefesa caindo numa comum armadilha, mas Jessel não queria parar, em sua mente uma vozinha sussurrava a encontrar o destino que as cruzes o levariam. Lá talvez se deparasse com o que queria, provavelmente seria seguro. A voz nunca estivera tão errada. 

Rapidamente uma muralha alta tomando complemente a rua sem saída, afastada do centro, a alta cerca fora feita com metais e ferro ladeando uma imensa matriz. Era possível enxergar a gigante cruz de aço no topo da torre com a tinta descascada. Ao longo da rua carros velhos seguiam como labirintos até o mesmo, a fachada, uma grande porta de madeira e aço estava fechada, com outra cruz, desta vez muito maior e nela entalhado o símbolo de uma lâmina grande e imponente, com uma palavra presente em tinta branca.

"Espada" 

Um pano velho havia sido posto também, com um salmo que Jessel não se incomodara em ler. 

A cima do muro alto o sonido de algo destravando chamou sua atenção. Havia um homem lá, segurando uma imponente metralhadora fosca, o guarda vestia roupas de exercito e em seu rosto a dureza lhe causava temor, não sentia-se mais tão curioso como antes. 

—Quem é você e o que quer aqui? - vociferou o guarda de cavanhaque. 

—Estou procurando uma farmácia, sabe onde posso achar uma? - o guarda pensa por alguns instantes, ponderando uma analise breve da postura do caminhante. Jessel, sentia-se exposto de certo modo. - Que lugar é esse? 

O marmanjo com a metralhadora ignora sua pergunta, e avista perfeitamente a direção de algo que caminhava pela calçada ao longe, um sem alma fora avistado, mas não parecia ser temido pelo segurança do portão, pelo contrário, era como se já o esperasse. 

Jessel corre atrás da carcaça de um ônibus, ou o que restara do mesmo, empunhando sua katana em um silêncio profundo, prendendo a respiração caso o ser viesse a lhe achar. O sem alma parecia absolto em algum transe, a qual se quer notara a presença do viajante. Jessel ofega aliviado por um segundo. 

Um assobio ecoa entre os prédios ao redor, um contraste ensurdecer perante a quietude que o mundo fora submetido. Outro som, dessa vez uma inconveniente bombinha que ensurdece Jessel por um longo tempo, causando um sonido estridente incomodo na única orelha que restara. O guarda havia jogado um maldito sinalizador de rango em sua direção, e o sem alma havia ouvido o chamado. 

Ele correra como um demônio para a direção de Jessel ainda tentando encontrar alguma lucidez na visão turva, consequente a bomba. O monstro que um dia fora um senhor de idade, obtinha pontudos dentes afiados escapando da pele, não possuía gengiva, tudo estava fincado dentro dos músculos e restos de um rosto enrugado. Uma das pernas estava com uma fratura exposta, e o som do osso estalando acordara Jessel. Num rápido movimento a katana cortara o ar, decepando metade da cabeça do sem alma do pescoço. Não havia sangue para ser espichado, o bicho caiu zonzo no concreto, tentando recolocar sua cabeça no lugar, arrastando para perto de Jessel, outro golpe certeiro e o osso exposto fora cortado, sobrando uma única perna do bicho. Ele produzia um barulho infernal que poderia causar pesadelos por longas noites, aqueles olhos vermelhos ansiavam comer sua alma. 

Jessel correra até o portal e gritando ao guarda. 

—Abre essa merda, filho da puta. - o guarda encara tudo com superioridade, um pensamento passara diante de seus olhos. - Você me deve uma entrada, caralho. 

O guarda faz uma sútil virada de cabeça e os portões são abertos minimante para Jessel que adentra no forte. Com a adrenalina queimando o peito, Jessel procurando se manter calmo, aquilo com certeza era um gatilho para sua sanidade, e não desejava enlouquecer naquela hora. Eles vão te matar quando tiverem chance. Sussurrou sua voz interior, Jessel mandara calar a boca, forçava os pensamentos a matar aquilo dentro dele, mas a cada hora longe do medicamento, ficava mais difícil. 

O responsável pelo ataque aparecera diante de seus olhos, com uma feição tranquila de dever cumprido, ele passara algum recado a outro soldado vestido como ele, um homem de aparência tão severa quanto, e o mesmo segue sem formular nenhuma fala, com sua bota de couro batucando sob o concreto do chão. 

—Que sacanagem foi essa? - questiona Jessel com uma vontade imensa de enfiar a lamina de sua katana na garganta do guardinha.

—Queria testa sua fé. - não houvera nenhum sinal de desculpas, o homem falava tão sério quanto sua face, com aquele cavanhaque ridículo. 

—Fé no que? Não tem sentindo essa porra. 

O guarda não parecia fã de sua entonação nos palavrões, em vários momentos reagia as palavras chulas com carrancas em desaprovação. 

—Não a sua fé - explicara com desdém -, a fé Dele em você. 

Então fora isso. Aquele lunático jogou com sua vida para ter certeza que o deus invisível se o mantivesse vivo, seria digno de adentrar ao hospício que morava. Aquilo já era o suficiente para saber que a vozinha estava certa quando contara que o matariam, a vontade de fugir era imensa, poderia num ato veloz encontrar sua lâmina e cortar o guarda iludido, mas e depois, o que faria? Não, estava preso. Muitas testemunhas armadas, no momento que a katana saísse da bainha já estaria com seu corpo sem vida estirado no chão. Idiota, olha o que você fez? Para de pensar e mata ele. Jessel, você vai morrer, te deixaram entrar pra morrer, tem muita gente atrás de você, Jessel... 

xiiii. - manda para si. 

—Vem, vou te levar pro Reverendo Prescott. 

O homem se quer quisera saber da resposta do caminhante, Jessel se incomoda com seu jeito, mas acompanha, tentando conversar de alguma maneira com o soldado emburrado.

—Não quero falar com ninguém, só quero saber onde tem uma farmácia próxima, só isso. Dá pra falar? - ele é ignorado, o sentimento era incomodo e acelerava o coração, sabia que deveria manter a respiração controlada. 

—O Reverendo irá te explicar tudo. 

Ele sabia que não receberia nada além daquela explicação enfadonha de levá-lo até o líder, observando como todos se portavam, não seria de se admirar que o tal Reverendo seria um homem ainda pior que seus lacaios.

Ambos avistaram uma grande lona camuflada do lado direito a igreja, como de exercito num acampamento ultra secreto, tudo estava muito bem organizado lá dentro, diferente do resto das avenidas e ruas, o local era bem afeiçoado e discreto, quase imaculado, muitos homens armados, outras lonas espalhadas, Jessel jurara que avistara uma criança esconder-se atrás de uma das lonas, mas não era certeza. Há quanto tempo não via alguma criança?

Ele pensara que adentrariam a matriz, mas o caminho fora desvencilhado para a maior lona do local. As cortinas se abriram da gigantesca lona, dois guardas escapam para fora ,incluindo o mesmo das botas de couro, enquanto o soldado que o trouxera toca com o cano da metralhadora em suas costas, causando um leve arrepio pelo mesmo, que entra rapidamente no lugar, o guarda saí em seguida com uma referência em sinal da cruz, como se tivesse acabado de entrar numa igreja e avistado a imagem de Jesus Cristo. Realmente Jessel não sabia o que estava fazendo ali. 

O reverendo era um homem nos seus quarenta e poucos anos, uma barba rala bem feita, olhos estreitos de um azul oceano brilhante, a feição era ainda mais dura que dos outros soldados. A postura do Reverendo causava certo espanto e respeito, Jessel tinha certeza que aquilo o ajudava muito a manter a submissão por ali, se desejasse sair com vida, seria bom adquirir minimamente um linguajar aceitável. 

—Sabe de alguma farmácia por aqui? E que lugar é esse? - perguntou Jessel novamente, agora aguardava uma resposta. O reverendo se levanta de uma cadeira grande com acolchoado costurado, tudo no ambiente cheirava a perfume amadeirado, estranho sentir um perfume bom. ainda mais vivendo no meio do odor forte de cadáver apodrecido, era gostoso para variar. 

—Não há nenhuma farmácia, tudo o que sobrou está nas mãos dos servos do Senhor, e é Ele quem cura verdadeiramente, e só Ele. - O homem com ombros largos, ajeita a gola de sua blusa social. - E para sua outra pergunta, você se encontra na Espada, e nós somos uma congregação que tem como intuito enviar os pecadores para o inferno em nome do Salvador. - havia um orgulho vigoroso em seus dizes - Temos pessoas aqui, pessoas de bem e esses fiéis estão unidos a mim nesta missão. Você seria um fiel? 

Não era preciso pensar muito na resposta. 

—Não sei, não. Mas disse que pegaram tudo das farmácias, poderia me dar um remédio que preciso? Em troca eu te dou qualquer coisa. 

O Reverendo Prescott não havia, em momento algum, sugerido que haveria troca, mas hoje em dia tudo estava claro quanto a isso, nada vinha sem uma parceria, a menos que o furto fosse uma primeira escolha. O sacerdote não parecera surpreso com a proposta, suas mãos foram postas para trás, costas eretas e um olhar brilhante, algo teria se passado na cabeça, alguma ideia. 

—Qual sua enfermidade, filho? Sei que o que assola seu espirito não é físico, é aquilo de mais precioso que temos, algo que os seres das trevas não possuem mais. Tenho certeza que sua alma necessita de  cura e não o corpo. 

Sua fala era tão precisa quanto um mestre em palestras, tudo nele demonstrava poder e sabedoria, seu jeito duro era um sinônimo forte de convicção, uma convicção admirável. 

—Nesse caso devo ter problema com a minha alma desde que nasci. - Jessel sorri internamente, vendo que o pastor não sentira o mesmo humor que o dele, o jovem resolve ajeitar o que dissera. - Olha, não tô afim de desrespeitar sua crença, só quero um remédio e você não me vê mais, beleza? 

A proposta de troca já havia sucumbido para ele a essa hora, mas algo no modo como o Reverendo Prescott o observava, dizia que não era bem assim. Haviam regras naquele forte e Jessel passava a escutar a mesma voz em sua cabeça, dizendo que o sacerdote o mataria logo, logo. 

O homem alto caminha aproximando-se de Jessel parado diante da das cortinas que improvisavam uma porta, ele não percebera que desde o instante que o Reverendo se levantou da cadeira, não movera um musculo, tudo nele estava tensionado. 

—Posso sentir que você precisa realmente do medicamento, certo? - Jessel concorda num manejar desconfiado, aflito com o andar calmo do líder - Então, por que não fazemos o tal acordo? Eu te ajudo e você me ajuda. 

O rapaz pondera, engolindo secamente, a garganta repuxava pela falta de água, sua sede dava indícios de que começaria a afetar o sistema de seu corpo. 

—Qual seria? - o que quer que fosse pedido ali, Jessel acataria, as vozes em sua cabeça já passavam a ressoar ameaças fortes para sua pessoa. 

—Preciso que encontre um acampamento para mim. Existe algo que quero por lá. 

Prescott cessa sua andança retornando o corpo a encarar devidamente de cima a presença do viajante. O olho pequeno deixava transparecer certa raiva, um sentimento novo que mostrava a Jessel que o Reverendo realmente ansiava daquilo. 

—Porque não vai você mesmo lá? Vi que tá cheio de armas por aqui, tenho certeza que não deve ser difícil para você invadir qualquer lugar do mundo. 

Ele ouve um longa respirada vir do sacerdote. De fato, aquilo que ele queria, mexia com seus sentimentos centrados que demonstrava controlar. 

—Não sei o que sua cabeça pensa de mim ou dessa congregação, mas não costumo invadir lugares que não me pertencem. 

—Não costuma? Então já invadiu. - obviamente que ele estava pisando em ovos, mas precisava saber até onde aquele homem de deus estava disposto a ir por aquilo, já que deixara mostrar, sem querer, sua necessidade da porcaria do remédio, ele desejava ter um mínimo poder sob a situação. 

Prescott demorou certo tempo para continuar sua linha de raciocínio. 

— Como disse, não costumo invadir o que não me é de direito - responde ignorando a acusação indireta, não ousaria demostrar mais do que já demonstrava, e estava claro que seus sentimentos eram de fato muito bem controlados. -, mas lá dentro tem algo que é meu sim, e acho que seria uma boa troca você ir até lá para mim, quando voltar, todo o medicamento que quiser estará esperando por você. 

Derrotado por suas palavras e pelo acordo bom que encontrou, ele indaga o que realmente importava. Vai morrer, imbecil. É tudo armadilha, todos estão de olho em você, presta atenção, Jessel. 

O que quer de lá? 

Não era preciso uma resposta elaborada. 

—Uma pessoa. Me traga essa tal pessoa e pronto...

—O que garante que quando eu sair daqui, irei fazer o que me pediu? - interrompe ele, o perigo estampado no rosto do Reverendo, tudo no universo implorava para que calasse a boca com afrontas e aceitasse o contrato, não era difícil, mas as vozes o insultavam mais a cada instante e tais palavras, mexiam com sua racionalidade. 

—Garoto...- Jessel diz seu nome a contragosto - Jeziel é um nome bíblico, quer dizer homem de Deus.

O rapaz da katana responde numa careta seguidamente a um tom mais ríspido que gostaria.

—Eu falei Jessel. 

Reverendo Prescott sorri, finalmente um sorriso naquela feição impenetrável, contudo, o gesto soara mais como um toque cínico.

—Jeziel é mais digno, mas - dá de ombros erguendo o lábio e ressaltando um ar de superioridade. -, Jessel, eu fui condicionado por meu bom Deus, a qual me fez ver que nenhum homem na terra seria confiável, contudo ele me deu um discernimento único para saber quando um homem está disposto a se salvar deste mundo mundano, e tenho certeza que você é esse tipo. Sem contar Jessel - diz enfatizando seu nome -, que você nunca esteve preso aqui. 

Ele segurava a haste da katana com tanta força que a mão dormira, soltara após a frase aquietar as vozes suicidas em sua cabeça. Era para isso que o tal Reverendo encarava ao olhá-lo de cima, estava observando Jessel controlar sua impetuosidade em lhe matar com um único golpe. Talvez, sempre estivera com o poder... Que poder? Pra que remédio? Você nunca vai se curar mesmo, estão atrás de você, vieram acabar com a sua vida, no momento que virar as costas vão meter um tiro no meio da sua coluna, não os faça gastar com munição, faça um favor a todos e se mata logo. 

Jessel não segurava a katana para matar o pastor que conversava com ele, o jovem estava muito próximo em cometer suicídio, mas não se daria por vencido, não daria tal gosto, pegaria a porcaria do medicamento e ficaria por uns bons dias com a mente em paz, podendo sonhar com seus amantes numa fazenda tranquila outra vez.

—Quem é a pessoa? 

Reverendo Prescott responde num amplo sorriso, desta vez o gesto fora genuinamente satisfeito. 

—Eleonor. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Qualquer dúvida podem estar comentando. Obrigada por ler.
Se tiver algum erro na escrita que não vi e quiser estar me avisando, fique a vontade, se não quiserem, não se preocupem com isso.

Espero que tenha aproveitado a leitura :) até o próximo cap.



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