Butterfly - a Tale Of Love And Death escrita por Kyra_Spring


Capítulo 5
Capítulo 4: Highway to Hell




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“Ai, minha cabeça... onde é que eu estou?”
Miroku não abriu os olhos imediatamente, quando acordou. Percebeu que estava deitado numa superfície macia, e sentiu um tecido grosso e áspero envolvendo o ombro. Sentiu também que havia um pano úmido em sua testa, e que, tirando o tecido no ombro, seu peito estava nu. Só então teve coragem de abrir os olhos.
Ele se viu, então, numa cabana ampla e iluminada. Tentou levantar-se, para ver melhor, mas sentiu uma dor aguda e penetrante no ombro que o arremessou de volta na cama. Ao olhar para o lado, viu que Kagome estava lá, cochilando sentada em uma cadeira. Ele deu um pequeno sorriso, sentindo-se tocado pela gentileza e cuidado da amiga.
Aos poucos, foi se lembrando do que aconteceu. Lembrou-se do golpe no ombro, do ferimento na perna, e do momento em que Butterfly quase o matou. Depois, só se lembrava de um borrão escuro sumindo no meio da floresta e de dois vultos aparecendo do nada. Um deles, na certa, era Kagome. Talvez tenha sido ela quem disparou aquela flecha. E o outro provavelmente era Inuyasha... mas o que os dois estavam fazendo bem ali, naquela hora?
-Miroku... meu Deus, Miroku, você acordou! – então, a própria Kagome despertou com um solavanco, e o viu – Você nos deu um susto e tanto, sabia?
-Onde é que eu estou? – a voz dele ainda estava fraca.
-E um vilarejo de agricultores, não muito longe do nosso – respondeu ela – Você nos deixou preocupados! Seus ferimentos infeccionaram e não queriam fechar, você ficou bastante tempo inconsciente, e perdeu muito sangue. Por sorte, conseguimos encontrar médicos para cuidar de você!
-Há quanto tempo estou aqui?
-Uns doze dias, mais ou menos. E vai ficar mais, ouviu? – ela acrescentou assim que ele ameaçou protestar – Você ainda está fraco demais para ir embora.
Ele ficou em silêncio, e tocou por instinto a ferida no ombro coberta pelo tecido. Depois, procurou o ferimento na perna, e encontrou uma fileira de pontos que doeram assim que tocou neles. Então, as coisas foram mais sérias do que ele pensara... ao olhar para o lado, então, viu algo que o fez engolir em seco. Era um objeto pequeno, delicado... Kagome percebeu o gesto e disse:
-Isso estava na sua mão quando o encontramos... – ela disse, pegando aquele objeto – Aliás, precisamos conversar seriamente sobre o que aconteceu naquela noite.
-Não quero falar sobre isso – desconversou Miroku, apanhando em suas mãos o tal objeto. Era uma borboleta, feita de seda branca, e montada sobre uma armação de arame fino. As asas eram bordadas com diversas cores, formando um belo desenho, e o corpo era feito de tecido escuro recheado com algo macio, possivelmente serragem. Era igual àquela que encontraram com Sango, naquela noite – E não insista, por favor.
-Miroku, eu salvei a sua vida, então acho que me deve isso – os olhos dela se estreitaram – Se Inuyasha e eu não tivéssemos chegado, a essa hora você estaria morto, e sabe disso. Então, queremos algumas respostas, e só você pode dá-las, afinal até hoje você é o único sobrevivente desse assassino.
-Assassina – corrigiu ele, sem pensar – É... é uma mulher. Ela se chama Butterfly.
-Uma mulher? – Kagome ergueu uma sobrancelha – E como ela é?
-Eu não sei, ela usa uma máscara, e não a tirou – ele mentiu, sem perceber e sem que soubesse o motivo – Ela disse que está numa missão para eliminar os injustos do mundo.
-Uma justiceira... – a garota ficou pensativa – Mas por que matou Sango, então?
-Ela não disse – respondeu ele – Disse que Sango era inocente, mas que havia crimes a serem punidos... eu não me lembro de muita coisa... mas o que vocês estavam fazendo lá?
-Nos preocupamos com você – disse ela – Você some sem dar satisfações, e ficamos com medo de que algo pudesse acontecer.
-E então me seguiram? – Miroku se sentiu meio traído, de repente – Quando foi que eu pedi isso, hein?
-A idéia foi de Inuyasha – desculpou-se ela – Mas não posso dizer que ele estava errado... Nós chegamos bem na hora, essa é a verdade.
-Não me lembro de dizer que precisava de vocês dois como babás, Kagome – agora, sim, ele ficou aborrecido. Droga, Inuyasha não havia lhe prometido que não iria intervir? – Sei resolver meus próprios problemas sozinho, e agradeceria muito se vocês parassem de se meter na minha vida!
-Ah, sabe sim, a gente percebeu – ela também se irritou – Nós vimos o quão bem você estava lidando com a situação naquela noite! Você é um egoísta, e um ingrato, isso sim.
-EU NÃO PRECISO DAS SUAS LIÇÕES DE MORAL! – nesse momento, ele perdeu a cabeça – SE EU ESTAVA LÁ, É PORQUE SABIA O QUE ESTAVA FAZENDO! NÃO PRECISO DE VOCÊ ME DIZENDO O QUE FAZER, NEM DE VOCÊ NEM DO INUYASHA!
-A GENTE TE SALVOU, SEU CRETINO! SERÁ QUE VOCÊ NÃO VÊ ISSO? – ela berrou em resposta, levantando-se vermelha – OU SERÁ QUE VOCÊ PREFERIA QUE A GENTE NÃO TIVESSE IDO ATÉ LÁ, HEIN?
Ele não teve tempo de responder, porque logo depois a porta se abriu com estrondo, revelando um Inuyasha levemente chocado, que trazia uma cesta cheia de ervas.
-Eu trouxe o que você pediu, Kagome – ele disse, olhando em volta – O que está havendo aqui?
-Esse idiota aí acordou e agora está reclamando por termos ido até lá, naquela noite – respondeu ela, fuzilando o monge com o olhar.
-Inuyasha, você me prometeu – ele disse, sem dar atenção às acusações da amiga irada – Você me prometeu que iria me deixar ir sozinho, droga! Ou acha que só porque eu estava bêbado, não me lembro disso?
-É... eu me lembro bem – retrucou o outro – Mas você disse que deixaria que eu te ajudasse a descobrir mais sobre o assassino, coisa que você não me deu tempo de fazer... ou seja, se você quebra as suas promessas, eu quebro as minhas!
-Agora já sei tudo o que precisava saber – Miroku virou-se na cama, dando arrogantemente as costas para os dois – Contei o que sei para a Kagome, então pergunte a ela se isso te interessar. Agora me deixem sozinho!
A garota e o hanyou se encararam, dando de ombros. Já previam uma reação daquele tipo, sabiam que ele não iria aceitar tudo aquilo tão pacificamente... só não esperava que ele fosse se irritar tanto. Decidiram, então, respeitar o desejo do amigo e deixá-lo sozinho, para que colocasse as idéias no lugar.
-E então, como ele está? – perguntou uma garota, à porta – Ouvi barulho de discussão...
-Ele é um pouco temperamental, só isso – respondeu Inuyasha – Vamos dar a ele um pouco de tempo para se acalmar, e então ficará tudo bem.
-Deve ser difícil... – disse ela – Ele deve estar se sentindo um pouco enganado, apesar da boa intenção de vocês, e agora precisa se acalmar. Espero que ele fique bem...
-Ele vai ficar – Kagome deu um sorriso otimista – Talvez isso tenha servido para botar juízo na cabeça dele... Precisa que façamos mais alguma coisa?
-Não, não, pode deixar – respondeu a outra garota – Agora descansem. Ukita-san está esperando vocês para o almoço. Eu tomo conta das coisas aqui.
-Está bem... obrigada, Kiyone-chan – Kagome deu um sorriso, Inuyasha cumprimentou-a com um dos seus resmungos habituais, e os dois saíram.
“Se eles soubessem...”, pensou ela, sentando-se na porta. “Se eles soubessem que seu amigo só está assim por minha causa...”. O ferimento a flecha que Kagome fizera em seu ombro fora pouco profundo, e ninguém chegou a perceber. A maior das coincidências foi quando ela e o hanyou amigo dela trouxeram o monge exatamente para aquele vilarejo.
Seria muito fácil... bastava que administrasse a dose errada de remédio, e o próprio corpo de Miroku-san se encarregaria do resto.
Mas havia algo engraçado...
Por que simplesmente não conseguia fazer isso?
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Miroku permaneceu sozinho e emburrado pelo resto do dia, e somente à noite aceitou novamente a presença de Kagome e Inuyasha em seu quarto. Ainda assim, não os perdoava totalmente, e falou muito pouco durante aquela noite.
-Olha, sei que você está irritado – disse o meio-youkai – mas, entenda, fizemos pelo seu bem, porque nos importamos com você.
-Eu sei, eu sei – disse o monge, ainda aborrecido – Mas isso é algo que eu tenho que fazer, sozinho. É algo que devo a ela, entendem? Além do mais, pelo que entendi, Butterfly pretende matar outras pessoas, por isso preciso agir rápido.
-Mas por que não nos deixa ajudar? – Kagome ainda insistiu – Afinal, você não sabe quase nada sobre ela... que outros truques ela poderá esconder?
-Dessa vez irei mais preparado – retrucou Miroku – E farei menos perguntas, também. Não darei a ela nem tempo para pensar.
-Você ficará aqui até estar totalmente curado – Inuyasha o cortou – Já pedi pra avisarem a velhota Kaede, até. Não vamos deixá-lo sair daqui até que seus ferimentos cicatrizem por completo.
Miroku até ensaiou um protesto, mas depois se viu obrigado a ceder. Não conseguia nem se levantar, de qualquer forma... bem, precisava esperar. Foi então que sentiu a espinha gelar, ao ouvir uma voz muito familiar do lado de fora...
-Será que vocês podem me dar licença? É hora de trocar os curativos. Como Kagome-chan já fez isso ontem, acho que é a minha vez.
-Bem, Miroku, ela tá certa – disse Inuyasha, levantando-se do chão, onde estava sentado – Essa garota tá tomando conta de você desde que chegou aqui. Ela e a Kagome estão se revezando pra cuidar de você, seu inútil, então é bom que você seja bem legal com ela ou vai se ver comigo depois, entendeu?
Os dois se despediram, e saíram. E, logo depois, entrou alguém, trazendo uma cesta de remédios e bandagens...
Uma garota não muito alta, com um rosto delicado, e grandes olhos bondosos...
Justamente ela... por que?
Ele fez menção de gritar, assim que ela fechou a porta às suas costas, mas ela foi mais rápida, e tapou a boca dele com a mão.
-Por favor, não grite – ela disse – Temos muita coisa para esclarecer aqui, e não quero que ninguém atrapalhe a nossa conversa.
Ele engoliu em seco, e sem alternativa, concordou com a cabeça. O que ela estava fazendo ali? Teria ela voltado para terminar o que começara? Não, isso não fazia sentido, ela teve milhares de chances de matá-lo e mesmo assim não o fez. Então, o que era...?
-Precisamos conversar, Miroku-san – disse ela – E, por favor, colabore... pois é um assunto que diz respeito a nós dois. E também preciso trocar os seus curativos, como disse Kagome-chan.
Ele a encarou. Sim, se ela quisesse lhe fazer mal, já teria feito. Concordou, relutante, e ficou apenas observando os dedos ágeis dela desatarem as faixas presas em seu peito. Não quis olhar: poderia passar muito bem sem saber exatamente em que estado ela o havia deixado.
-Bom, você está progredindo muito mais devagar do que outros com ferimentos iguais – dizia ela, eficiente, enquanto derramava sobre a abertura uma espécie de infusão de ervas. Ele quase uivou de dor: o remédio, além de estar quente, ardia muito. Mesmo assim, ela fazia tudo muito lentamente, como se não quisesse machucá-lo – Você sabia que a recuperação dos doentes depende, entre outros fatores, da própria vontade deles?
-Por que está fazendo isso? – disse ele, sem voz, os olhos cheios d’água por causa da ardência.
-Eu não atacarei um oponente que não tenha como lutar de igual para igual comigo – respondeu ela, enquanto comprimia um pano encharcado em água gelada e bálsamo anestésico sobre a ferida – Além do mais, você lutou bem. Acho que merece isso.
-O que quer comigo, afinal de contas? – ele insistiu.
-Quero entendê-lo – ela deu um sorrisinho – Oh, droga, o ferimento reabriu!Tá sangrando de novo – e pressionou um pano limpo, embebido em remédio, no corte – Entender por que exatamente você foi atrás de mim aquela noite.
Não é da sua conta – respondeu ele, rude.
-Tudo bem. Um dia irei saber, de qualquer forma – ela deu de ombros. Eles ficaram em silêncio, enquanto ela tornava a envolver o ombro e o peito com faixas de tecido grosso e macio – Pronto. Acho que você ficará bem, se realmente se esforçar para isso...
E foi então que os olhos dos dois se encontraram.
Mas eles não estavam preparados para o que um iria encontrar nos olhos do outro.

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