Você partiu meu coração. Com tudo que disse e tudo que não disse. Com o que fez, exatamente como eu esperava que fizesse, mas que ainda me surpreendeu cada vez pelo absurdo e narcisismo.

Partiu porque deixei, porque entreguei o todo e sempre fui contente em receber metade, depois um terço, agora migalhas.

Porque não há nada que não seja sobre você, e quando eu me magoo a culpa é minha e quando você diz que sente muito é porque decepcionou a si mesmo. E eu poderia aguentar mil palavras que me agonizam antes de soltar minha voz, sabendo de antemão o que acontece.

Sabendo perfeitamente que eu não aguento, sabendo que tudo irá ricochetear para mim. E essa deve ser a milésima vez, e por isso que não deveria ser um esforço não ir atrás. Deveria ser fácil e deveria fazer bem não olhar na sua direção.

E ainda assim espero, como um cão que já foi castigado repetidamente, pela oportunidade de entrar pela porta e receber um meio afago. Porque atenção e carinho são para quem merece e eu, ao menos você me diz todos as vezes, não mereço e nunca mereci.

Eu deveria agradecer, segundo você, por toda a paciência e benevolência tal qual um pobre fiel que agradece não ser esmagado pela fúria divina.

Porque não me comporto como um servo deveria, e se estou triste a culpa é minha, se te peço o mínimo recebo gargalhadas sarcásticas e um dedo enfiado na minha ferida e qualquer coisa que eu diga é uma desculpa para culpar minha loucura ou minha estupidez.

Talvez eu realmente seja louco e estúpido, porque é tudo que explicaria continuar tentando.