Aracnofobia - SasuSaku escrita por missnala


Capítulo 1
Capítulo Único




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Sasuke amava quase tudo na independência de morar sozinho. Da liberdade de poder deixar a toalha molhada na cama e andar nu pela casa até o momento de pagar as contas, esgotando o salário tão minúsculo. 

A mãe se debulhou em lágrimas, o pai apenas lhe aconselhou a esperar mais um tempo antes de tal decisão, já o irmão mais velho o incentivou com todas as forças. Seria uma experiencia enriquecedora, Itachi dissera. 

E ele tinha total razão! 

Desde que saíra de casa, Sasuke aprendeu a dar mais valor a tudo. Sentia muita falta de ter as refeições prontas da mãe, assim como sua roupa lavada sem que ele mesmo precisasse utilizar a máquina de lavar. Lavar a louça, então? Ele definitivamente reduzira e muito o número de copos que usava em uma mesma noite. 

Era delicioso, aos 26 anos, finalmente se sentir e agir como um adulto. Claro que nem tudo eram flores, haviam espinhos… Principalmente nos primeiros meses, quando excedia seu orçamento mensal e precisou recorrer a mãe e ao irmão, em segredo. Se Fugaku soubesse que o filho pedira dinheiro emprestado, voltaria ao discurso de que ele ainda não estava em condições de viver sozinho, o que Sasuke preferia evitar. 

Mas, em todo esse plano de independência e crescimento, Sasuke não contava com um detalhe: quando se mora sozinho, ninguém vai chegar para socorre-lo. 

Aracnofobia.

Sasuke Uchiha tinha pavor de aranhas, mesmo aquelas de pernas magrelas, que todos diziam ser inofensivas. Elas aterrorizavam ele. 

A casa que alugara não ficava no melhor bairro da cidade, mas tinha uma boa localização, haviam restaurantes próximos, um supermercado, um parque há alguns quarteirões, e infelizmente, um terreno vazio ao lado. Com grama, mato! 

Não era tão comum assim entrarem aranhas em sua casa, mas acontecia com uma freqüência grande demais para o gosto do rapaz. 

A primeira vez que aconteceu, ele entrou em pânico. Subiu no sofá, batimentos acelerados e boca seca, parecendo uma criança amedrontada. Sua salvação aquela noite foi a chegada da pizza que havia pedido. 

Ele não conseguira nem abrir a porta ou responder aos chamados. Apenas quando o entregador telefonou em seu celular, ele conseguiu informar que a porta estava aberta. 

Então, um completo estranho, de cabelos rosa espetados, adentrou a casa de Sasuke com a pizza e se livrou da aranha para o rapaz. Foi uma situação vergonhosa, mas o homem não demonstrou nada que embaraçasse ainda mais o Uchiha. 

E assim começou sua amizade com Kizashi Haruno, o dono da pizzaria no final da rua. Como aquele senhor era o responsável por entregar as pizzas na região próxima ao restaurante, eles combinaram um código para quando acontecesse de novo e o rapaz não ficasse constrangido: a pizza à moda da casa no capricho. 

Por mais ridículo que soou a primeira vez, o método vinha funcionando. Quando Kizashi via o pedido do rapaz, dava preferência a ela, sabendo o apuro que ele devia estar passando. 

E isso explicava a situação de Sasuke no momento, extremamente cansado de um dia atarefado na empresa, com um projeto para finalizar até o final da semana, mas no portão da casa, aguardando sua pizza à moda da casa, feita no capricho. 

Ele precisa agradecer a pizza ser realmente gostosa e com um preço razoável, ou teria um problema enorme.

Enquanto checava novamente o horário no celular, Sasuke percebeu a moto da pizzaria se aproximando lentamente até estacionar em frente sua casa. 

“Onde está Kizashi?” O Uchiha perguntou, sua voz atingindo um tom mais fino do que ele admitiria mais tarde, e seu estômago revirando. 

A garota retirou o capacete, revelando o cabelo rosa, muito semelhante ao dono da pizzaria, e sem responder, pegou a caixa de pizza do transporte na garupa da moto.  

“Sasuke Uchiha? Pizza à moda da casa?” 

Seu rosto devia estar verde, ele tinha certeza. Nunca mais conseguiria entrar naquela casa, a aranha já devia estar infectando todos os aposentos com seus filhotes aranhas. Era desesperador. 

“Onde está o Kizashi?” Ele repetiu, mais como um sussurro. 

A garota franziu o nariz. “Você pediu a pizza ou só queria ver meu pai?” 

“Os dois.” Sasuke não conseguiu evitar. A frustração era evidente e ele abriu o primeiro botão da camisa, começando a transpirar. 

“É aniversário de casamento dos meus pais e eu os presenteei com um jantar especial.” 

A filha de Kizashi observou melhor o rapaz a sua frente. Tirando seu cenho preocupado, ele era bem bonito. Ao mesmo tempo que era esquisito. Deu um passo para trás, sem saber como reagir ao homem. 

“Droga…” Ele murmurou, sentindo-se perdido, desprovido de sorte. Seu olhar voltou para a garota. “Você me faria um favor?” 

Ela deu outro passo, segurando firme a chave da moto na mão que não segurava a pizza. 

“Tem uma aranha na minha sala e eu não vou conseguir entrar em casa com ela lá dentro. Você pode mata-la, por favor?” 

Como ela ficou em silencio, parecendo chocada, Sasuke voltou a se desesperar. E se ela também tivesse pavor de aranhas e fora por isso que o dono da pizzaria pareceu entender o dilema dele sem fazer nenhuma piada? 

“Eu não vou entrar na casa de um desconhecido”. 

A esperança surgiu diante dos olhos do Uchiha. “Ligue para o seu pai, ele sabe quem eu sou. Ele sempre me ajudou antes”. 

“Você chama meu pai para matar insetos pra você?” Ela parecia ainda mais chocada e a quase a ponto de rir. 

“Aranhas não são insetos.” Ele se sentiu frustrado. Quanto mais tempo eles demoravam, mais difícil seria encontra-la. “Por favor. Ligue pro seu pai, diga que é o Sasuke, que eu pedi uma pizza no capricho. Ele vai entender”. 

A garota se deu por vencida, colocando a pizza no topo da caixa de transporte e discando o número do pai, mas sem tirar os olhos do homem a sua frente. Ela queria estar preparada para o caso dele apenas estar esperando uma distração dela. 

Pai?” Ele atendeu no terceiro toque. “Sou eu… Tem um cliente, ele quer que eu entre na casa dele para matar uma aranha. Disse que o senhor o conhece… Sim, ele disse que se chama Sasuke”. 

O Uchiha tentava ao máximo não prestar atenção na conversa dela com o senhor Kizashi, e, assim como não conseguia parar de puxar o cabelo em frustração, estava falhando. 

Depois de alguns instantes ele percebeu que a garota de cabelos rosa o encarava, o celular já guardado. 

“Como meu pai disse que te conhece, vou confiar.” Ela empurrou a pizza nos braços dele, atravessando o portão. Antes que ele pudesse segui-la pela garagem, a garota apontou o dedo no rosto dele. “Saiba você que consigo gritar muito alto e tenho a mão pesada. Nada de gracinhas”. 

Sasuke apenas conseguiu assentir, sem coragem de dizer que se ela matasse a aranha, ele beijaria o chão onde ela pisa. Não literalmente, claro. Não podia arriscar que sua salvadora o abandonasse agora que estava tão perto. 

“Onde você viu ela a ultima vez?” A garota perguntou, quando entraram na sala. 

Ao observar a bagunça do cômodo, Sasuke sentiu as bochechas se avermelharem, constrangido. 

“Foi aqui. Mas já faz mais de meia-hora, ela deve ter ido pra outro cômodo.” Ele murmurou, ajeitando uma almofada, mesmo sendo tarde demais. 

“E onde tem veneno?” 

“Na lavanderia, passando a cozinha.” Ele apontou a direção e só quando a garota saiu ele se lembrou que saíra com tanta pressa que nem ao menos tirou a mesa do café da manhã. 

Sasuke devia estar pagando por algum erro de uma vida passada, só podia. 

Ela voltou com duas latas em spray de veneno, parecendo determinada. 

A caçada começou, e ele, novamente do lado de fora, apenas escutava os passos dela pela casa. Todas as luzes estavam acesas agora, e o homem se arrependeu de ficar adiando tanto a faxina semanal.  Conforme retrocedia a memória, cada aposento parecia mais bagunçado que o outro. 

Receber Kizashi em sua casa bagunçada era uma coisa normal, que ele já se acostumara, mas receber a filha bonita dele era outra totalmente diferente. Não só ela o achava um medroso, como também devia ter tido uma péssima impressão da higiene de Sasuke. 

A pizza já estava esfriando em seu colo quando ouviu o grito de vitória dentro da casa. 

O alivio percorreu as veias do rapaz, que correu para dentro da casa, ansioso para constatar com seus próprios olhos. 

Sasuke deixou a caixa da pizza no sofá da sala e passou cômodo por cômodo até encontrar a sua heroína no banheiro do seu quarto, olhando fervorosamente para um canto. Antes mesmo que o desespero pudesse voltar a tomar conta dele ao constatar a sua arqui-inimiga ainda viva, a garota pisoteou a aranha, sem dó nem piedade. A palavra “mata ela” ficou engasgada. 

Ele ficou chocado. Tinha pavor de aranhas mas aquilo… aquilo era bárbaro. 

Sasuke sentiu pena da aranhinha. E se ela tivesse filhotes aranhas? A pena evaporou do coração do Uchiha. 

“É muito pior com veneno, ela ficaria se contorcendo antes de morrer, tadinha”. 

Fazia sentido, ele pensou, mas ainda assim… Muito gráfico. 

Sasuke sentiu um arrepio, pensando na cena novamente. 

“Sabe, um homão do seu tamanho…” A moça o olhou de cima a baixo, analisando todos os detalhes. Sasuke se sentiu tímido. “Com medo de uma aranha daquele tamaninho.” 

O tom dela era debochado, mas ele sabia que não havia uma intenção cruel por trás. Era realmente engraçado como algo tão minúsculo podia deixa-lo tão apavorado. Principalmente levando em conta que Sasuke realmente era um cara alto. 

Eles seguiram para a sala, o clima muito mais leve. Ele estava tranqüilo, sabendo que não seria atacado durante o sono, enquanto ela agora tinha certeza que ele não estava tentando apenas atrai-la para dentro da casa. 

“Muito obrigada, moça… Você não faz ideia do favor que me fez!” 

Ela sorriu, um sorriso amplo e gentil, diferente da postura inicial. 

“Sakura. Meu nome é Sakura Haruno”. 

Sasuke achou o tempo parou naquele momento. Sua heroína era destemida e linda. 

Ele achava que estava apaixonado. 

“Eu só tenho pizza pra te oferecer como agradecimento.” Ele murmurou, depois de perceber que ficou encarando a garota por um tempo longo o suficiente para tornar a situação mais constrangedora. 

“Eu aceito um pedaço depois de todo o esforço, mas não me esqueci que você ainda não pagou”. 

A risada dela mexeu ainda mais com Sasuke do que o sorriso, e eles seguiram para a cozinha. 

Talvez Sasuke Uchiha precisasse de um novo código para extermínio de aranhas invasoras… 

Que o senhor Kizashi entendesse, mas… um código entre Sakura e ele. 


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