Assim que Molly começou a gritar nós corremos para fora da sala.
Enquanto procurávamos chá encontramos a ala das pessoas que tiveram problemas com magia.
— Então esse era o professor de vocês? - Perguntei para Gina enquanto Lockhart tentava enfiar autografos em Harry, Rony e Hermione.
— Sim. Mas ele tentou atacar Harry e Rony com a varinha quebrado do meu irmão. - Gina explicou.
— Harry contou essa historia para nós.
Estava distraída olhando em volta quando vi Neville e sua avó. Harry lançou a mim um olhar nervoso.
Abri a boca para distrair o pessoal, mas foi tarde demais.
— Neville! - Rony falou.
Neville se assustou e se encolheu.
— Somos nós Neville. Você viu? O Lockhart esta aqui! Quem é que você esta visitando?
— Seus amigos Neville querido? - Sua avó perguntou o deixando vermelho antes que alguém pudesse responder ela já tinha visto Harry. - Ah sim, sim, sim, eu sei que você é. É claro Neville fala muito bem de você.
— Hum... Obrigado. - Harry apertou a mão da senhora.
— E vocês três são obviamente os Weasley. Eu conheço seus pais... Não muito bem é claro.... São boa gente, boa gente... - Demorei um segundo para entender que ela tinha apertado a mão de Gina depois de Harry e por fim estendia a mão para mim como se eu fosse uma Weasley tambem.
— Não sou uma Weasley. Sou Stephanie Lancaster. - Apertei a mão dela. - Os Weasley só tem uma menina.
— Lancaster? Não lembro de ouvir esse sobrenome.
— Eu vim da França. - Falei.
— Neville fala muito de Charlotte Lancaster.
— Sim. Minha irmã. - Ela sorriu depois se virou para Hermione.
— E você deve ser Hermione Granger? Neville me contou tudo sobre você. Ajudou-o a sair de alguns apuros não foi? Ele é um bom menino, mas receio dizer que não tem o talento do pai. - Indicou com um aceno de cabeça as camas no fim do quarto.
— Que? - Rony praticamente gritou. - É o seu pai que esta ali Neville? - Pisei no pé de Rony sem a menor cerimonia. - Ai.
— Você não tem um pingo de respeito e consideração. - Resmunguei.
— Que é isso! Você não contou aos seus amigos o que aconteceu com os seus pais, Neville? - Neville suspirou antes de balançar a cabeça. - Ora não é nenhuma vergonha! Você devia sentir orgulho Neville, orgulho! Eles não deram a saúde e a sanidade para seu único filho ter vergonha deles, entende!
— Eu não sinto vergonha. - Neville murmurou baixinho.
— Bom você tem uma maneira engraçada de demonstrar! Meu filho e a mulher foram torturados ate a insanidade pelos seguidores de Você-sabe-quem.
Gina e Hermione colocaram as mãos nas bocas.
— Minha mãe me contou. Mas eu nunca entrei no assunto com Neville. É algo delicado para se sair perguntando por ai. - Ele ficou me encarando surpreso. - Serena fala muito bem de seus pais.
— Eles eram aurores sabem e muito respeitados na comunidade bruxa. Excepcionalmente talentosos, os dois. Eu, sim Alice querida o que foi? - Alice estava magra, os cabelos sem vida, mantinha uma mão estendida para Neville. - Outra vez? Muito bem Alice querida, muito bem... Neville apanhe o que quer que seja. - Era uma embalagem de chiclete. - Muito bem querida.
— Obrigado mamãe. - Neville murmurou baixinho.
Neville nos encarou. Eu não gostava de sentir pena das pessoas, mas ver aquilo... Saber que Neville poderia ter sido feliz. Que seus pais poderiam ter uma vida.
Meu coração se encheu de ódio. Quantas famílias sofreram nas mãos de Voldemort? Quantas ainda sofrerão? Ele iria pagar por todo o mal que fez!
A mãe de Neville se afastou.
— Bom é melhor ir andando. - Senhora Longbotton falou. - Foi um prazer conhecer vocês. Neville ponha a embalagem na cesta a esta altura ela já deve ter lhe dado o suficiente para empapelar o seu quarto.
Eles saíram, mas eu vi Neville guardar a embalagem no bolso.
— Eu nunca soube. - Hermione falou.
— Nem eu. - Gina e Rony falaram juntos.
— Eu sabia. - Harry falou. - Dumbledore me contou, mas eu prometi não repetir para ninguém... Foi por isso que Belatriz Lestrange foi mandada para Azkaban por usar a Maldição Cruciatus nos pais de Neville ate eles enlouquecerem.
— Belatriz Lestrange fez isso? - Hermione perguntou. - Aquela mulher de quem o Monstro guarda a fotografia na toca?
— Sim. - Harry respondeu.
— Ela, seu marido, seu cunhado e Crouch Junior. Todos ajudaram. Torturaram Franco para contar a verdade sobre o que aconteceu a Você-sabe-quem depois torturam Alice, mas ambos não sabiam. Então eles fizeram por diversão. Os enlouqueceram. - Observei as camas no fundo do quarto. - Nessas horas eu não lamento a morte dos meus pais. Qualquer coisa é melhor que isso.
Encontramos com os outros na hora de ir embora.
— Onde você estava? - Perguntei a Charlotte.
— Me perdi. - Ela sorriu. - O lugar é maravilhoso.
— Só na sua perspectiva.
— Você me entendeu. E vocês onde estavam?
— Andando por ai.
Assim que chegamos em casa encontramos todos ainda comemorando o natal.
— Encontrei Monstro no sótão todo sujo. Devia estar procurando mais alguma coisa da minha família para esconder. - Ele sorriu.
Monstro estava menos mau humorado quando passou por nós. O que era estranho.
— Spphanie. - Virei para Vitor. - Consegui chegar para passar o fim do natal com você.
Sorri antes de correr para os braços dele. Beijei seus lábios e ele sorriu quando se afastou.
— Estava com saudades. - Ele murmurou baixinho depois me entregou um buque de flores e uma caixa e chocolates. - Não tive tempo para comprar outra coisa. Sinto muito.
— Não precisa se preocupar. Você esta aqui. Já esta ótimo.
Saímos da cozinha e subimos para uma sala, sentamos no sofá e ele abraçou minha cintura.
— Como estão as coisas?
— Chatas. Umbridge é muito nojenta. Ela proibiu Harry e os gêmeos de jogarem quadribol para sempre, acredita? Só por que eles caíram na provocação do Malfoy e brigaram. Hogwarts esta péssima. O pior é que eu estou sentindo falta de Beauxbatons o que significa que a coisa é seria mesmo. - Ele sorriu. - Como esta a temporada?
— Ótima. Ganhamos o ultimo jogo.
— Isso é ótimo!
— Você parece meio distante. Tudo bem?
— Sim. É que... Encontramos com Neville no hospital. Os comensais da morte torturaram os pais dele ate enlouquecerem por isso ele foi criado pela avó. Eu penso que foi horrível crescer sem os meus pais, mas ainda é pior ter a vida que ele tem. A velha é meio... Acho que controladora é a palavra certa. E ainda por cima ele vê os pais daquele jeito. Nem o reconhecem. É horrível Vitor!
— Eu acredito em você.
— E então vem a raiva. Raiva por Voldemort ter causado isso a ele, a mim e tantas outras pessoas. Raiva por que ele continuara fazendo o que faz enquanto alguém não para-lo.
— Você esta decidida a ser uma auror.
— É tudo o que eu mais quero. Caçar e trancafiar o maior numero de comensais.
— Você esta deixando o ódio te cegar, Spphanie e isso não é bom. Nada que é feito com raiva ou ódio da certo.
— Mas todos precisam de uma motivação.
— Mas esse não é o melhor caminho.
— Então qual é?
— Esse. - Ele colocou o dedo onde fica meu coração. - Pode parecer bobagem, mas... Tudo que você fizer... Tem que fazer com amor. Consegue entender a diferença?
— Acho que sim.
— Se você atacar cegamente seu oponente há grandes chances de você se ferir primeiro que ele.
— E o que devemos fazer?
— Saber que além de poder mata-lo, ele tambem pode te matar. Lembrar que há pessoas que querem você viva.... Eu quero você viva! Estou na Ordem da Fênix para isso.
— Não precisa me proteger.
— Eu sei. Mesmo assim quero lutar ao seu lado quando a hora chegar. - Ele beijou meus lábios. - Se quer ser uma auror vou te dar todo o apoio.
— Obrigada. - Falei antes de beija-lo.