Devastada escrita por Kyle


Capítulo 1
Capítulo Único - Devastação


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Resolvi um dia procurar a definição de Furacão, e o que eu encontrei só me fez ter mais certeza de meus pensamentos.

Furacão.

Um vento de força extraordinária que forma um turbilhão e que gira em grandes círculos, dura em média de dois a três dias e cujos efeitos são devastadores.

Você é como um Furacão, não dura muito tempo e por onde passa deixa apenas destruição.

Chegou de repente, e entrou na minha vida sem se quer pedir permissão e assim com veio se foi, deixando apenas um rastro de destruição.

Deixando meu coração partido, em cacos, quebrado, e principalmente sem concerto.

Lembro-me da vez que brigamos, a nossa primeira briga e eu lhe mandei embora.

— Não podem me mandar embora, eu sou uma parte de você agora e não pode se desfazer de si mesma. — Você disse.

Na hora eu ri na sua cara, debochando de suas palavras.

Você se achava tão importante!

Isso me irritava profundamente, e eu apenas negava a verdade em suas palavras mesmo sabendo que no fundo elas eram cem por cento verdadeiras.

E embora eu não pudesse me livrar da parte de mim em que você estava alojado, nada lhe impediu de ir.

Sem pensar em como me deixaria aos pedaços, destruída, aleijada sem você. Foi mesmo assim, sem nem olhar para trás ou se despedir.

Nem uma carta, um bilhete, uma ligação ou uma simples mensagem que fosse.

Foi sem se importar nem um pouco com a devastação que seguia em seu encalço.

Por dias a fio eu quis morrer, não havia restado nado por que lutar. A vida agora era muita sem graça, sempre cinza e enevoada muito diferente dos momentos que vivi com você, sempre tão coloridos, regidos pelas emoções e desejos e todo aquele êxtase que parecia sempre me cercar quando eu estava com você.

Depois de alguns meses os sentimentos suicidas sumiram, dando lugar a tristeza.

Uma tristeza profunda.

A Carla diz que isso tudo é drama da minha parte.

— Você tem que esquecer isso Lize, já faz seis meses você precisa aceitar que ele não vai voltar, precisa sair desse estado catatônico, está morrendo aos poucos e só você não percebe. — Ela disse enquanto tomávamos café no D’espresso, sim o mesmo em que você adorava ir.

Droga, eu nem posso mais ir lá sem me lembrar de você!

Eu queria te odiar, conseguir esquecer tudo e seguir em frente, mas eu não consigo.

Eu não sei o que você fez comigo, mas me sinto como se estivesse dopada vendo a vida passar sem conseguir reagir a nada, vejo as pessoas irem e virem sempre apressadas, sempre preocupadas.

Seja com o emprego, com a família, com os estudos ou consigo mesmas.

E pensar que apenas há alguns meses atrás eu era igualzinha a essa pessoas, sempre me preocupando com o que os outros iam achar, em ter uma boa formação, ser uma boa filha... Mas aí você chegou e me mostrou que nada dessas coisas eram importantes.

E assim como você eu me tornei um espirito aventureiro, sem se importar com o amanhã apenas apreciando o presente e vivendo o que você chamava de liberdade.

E que eu muitas vezes via como loucura. Hoje sem sombras de dúvidas eu olho para trás, para tudo o que vivemos e concluo com certeza que você era louco.

 O tipo de louco que todos deveriam conhecer um dia, mas que deveriam ter em seus corações a certeza de que um dia iriam embora e só deixariam para trás pedaços e cacos, do que um dia já foi uma pessoa.

Sei que não posso reclamar tanto afinal você foi a melhor coisa que já aconteceu em minha vida, mas precisava ir embora desse jeito?

Sem nem se despedir, de mim que você dizia ser a pessoa mais importante em sua vida. Eu sei que nada se podia fazer, e mesmo assim ainda me pego pensando e se...?

E se eu nunca tivesse te conhecido?

E se eu resolvesse não ir a pé para o trabalho aquele dia?

E se, e se, e se, e se...

Infinitamente isso ronda a minha cabeça, sem duvidas não doeria do jeito que doí, mas será que teria valido a pena?

Eu penso que não, se nunca tivesse te conhecido continuaria a ser aquela mesma pessoa vazia, enchendo o seu tempo com coisas vazias que não me levaria a lugar nenhum senão a uma vida vazia.

Era assim que eu era vazia, sem conteúdo, sem nada a oferecer de bom.

Mas aí você chegou e me mostrou um mundo novo, e cheio das melhores coisas que alguém poderia oferecer, me mostrou que não é preciso muito para ser feliz.

Só é necessário viver, e saber apreciar a vida.

E você me mostrou o caminho, deixando apenas a mim a escolha de segui-lo ou não.

Semana passada eu tranquei a faculdade, percebi que não era aquilo que eu queria. Ainda não sei o que vou fazer, quem sabe eu não curso Artes Plásticas?

 Não sei. Mas vou encontrar alguma coisa, tenho certeza.

Estive pensando acho que vou fazer uma viagem, não para tentar te esquecer porque dessa tarefa eu já desisti você esta marcado em mim com ferro em brasa, e não tem como tirar essa marca que é você.

Pretendo apenas viajar, conhecer novas pessoas, novos lugares. Colocar uma mochila nas costas e sair sem destino, como você costumava fazer.

Apenas aproveitando um pouco da loucura que é a minha liberdade.

Agora já estamos no Outono e à grama não está mais tão verde, e embora esteja meio amarronzada ainda continua muito bem aparada.

O caminho feito de pequenas pedrinhas parece se prolongar a minha frente, e minhas pernas tremem à medida que em aproximo. Por fim paro, diante de sua lápide com seu nome entalhado com letras pomposas.

Foi sua família que mandou fazer, eu não quis me meter. Mas aposto que se você estivesse aqui iria odiá-la.

— Feliz aniversário. — sussurro baixinho, enquanto me abaixo e deposito o pequeno buquê de flores silvestres, e embora tente me conter algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto caindo pesadas sobre seu túmulo.


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Notas finais do capítulo

E é isso pessoal, obrigada a todos que dedicaram um tempo para ler.



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