O Segredo de Pendragon escrita por Dandy Brandão


Capítulo 12
Capítulo 06 - Explorações


Notas iniciais do capítulo

Temos um novo personagem, hehe

Eu adoro inventar personagens kkkkkkkkkk ♥


Boa leitura a todos! ♥



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Capítulo 11 – Explorações

 

Reino de Pendragon, à noite

 

A escuridão dentro daquela árvore era absoluta. O caminho era único, Claire e Ezarel não poderiam se perder um do outro, porém eles não mais conseguiam ver a si mesmos, tamanha era a escuridão. Apenas a respiração e os passos dos dois poderiam ser ouvidos, até mesmo o som habitual dos animais noturnos da floresta desaparecia à medida que eles mergulhavam naquele corredor. Eles se mantinham calados, porém Ezarel não era alguém que conseguia se manter em silêncio durante tanto tempo:

— Claire, tenha extremo cuidado. Mais à frente os guardas da fronteira virão nos encontrar.

— Fronteira? Que fronteira? — perguntou Claire, muito séria enquanto o escutava.

— Entre a dimensão élfica e o mundo humano. E eles não costumam ser amigáveis com humanos, imagine uma que não é feiticeira...

— Ah, sim. — a moça assentiu. A mão endireitou-se sobre o cabo da espada embainhada na cintura. Ela aguçou os outros quatro sentidos, já que sua visão estava prejudicada.

Ezarel conseguiu ouvir cada movimento da moça e seguiu em frente, também aguçando os seus sentidos para qualquer emergência, faltava pouco até alcançarem a fronteira. Até que ele parou de repente, fazendo Claire trombar em suas costas e, automaticamente, apertar o cabo de sua espada.

— Consigo sentir.

— Eles estão vindo? Os guardas? — ela perguntou, quase desembainhando a espada.

— Não. Não são eles, parece algo diferente... — ele andou mais alguns passos, Claire seguia atrás, muito cautelosa.

Novamente, ele parou de repente, mas a guerreira estava atenta demais para deixar-se colidir de novo. O leve farfalhar das roupas do elfo foi a única coisa que ela conseguiu escutar, enquanto ele se remexia para trás, cuidadoso, como se não quisesse ser percebido por alguma criatura à frente.

— AFASTE-SE! — Ezarel gritou repentinamente, pulando para trás. A guerreira não viu nada, porém seu instinto fez o completo oposto! No ímpeto de defendê-lo, como um gato ágil, ela passou o elfo e se jogou para frente, desembainhando sua espada em tempo recorde e, com um silvo alto cristalino da lâmina, lançou o golpe.

Foi então que algo inesperado para a valquíria aconteceu. Sua espada recebeu uma luz azul vinda detrás dela e brilhou intensa, cortando a escuridão do corredor como se esta fosse um véu esperando para ser rasgado.

Então, o cenário se transformou ao seu redor.

A guerreira ficou paralisada segurando sua espada em riste, enquanto vários olhares a encaravam ao seu redor. Sem demora, ela baixou a guarda e notou que praticamente todos tinham orelhas pontudas e olhos felinos, em verde ou amarelo. Grandes árvores iluminadas na copa e troncos rodeavam o ambiente, barracas de pano multicoloridas com itens mágicos brilhantes e chamativos abrigavam-se por entre os galhos e raízes das árvores. Quando escaneou o ambiente, rosto dela ruborizou-se e, de imediato, embainhou sua espada. Alguns dos elfos balançaram a cabeça e outros riram discretamente, mas logo seguiram em frente, cada qual para os seus próprios negócios.

Quando ela olhou para trás, encontrou o elfo já exibindo sua cabeleira azul ao vento. Um sorriso largo de orelha a orelha completava seu rosto e ele não conseguia esconder que acabara de enganar a moça. A coruja dele estava ao seu lado, empoleirada sobre o ombro, seus olhinhos estavam fechados em arco, como se também estivesse sorrindo. Claire nem teve tempo de se perguntar quando ela chegou ali.

— Onde estão os guardas, senhor Ezarel? — o rosto dela estava rígido, fechado.

— Você foi brilhante em nossa defesa, Claire, nem sequer os vimos. — ele encolheu os ombros dando os primeiros passos por entre os transeuntes.

A Valquíria respirou fundo, sem esperar que aquele elfo que se mostrava tão calmo e compenetrado com todos fosse um verdadeiro piadista. Para ela, era uma surpresa.

Eles andaram alguns minutos, seguindo por uma trilha esguia entre as árvores. O olhar atento dela notou que não somente elfos estavam naquele mercado, como humanos também – provavelmente feiticeiros – passeavam fazendo seus negócios. Continuaram até encostarem a um corredor estreito em arco com rosas vermelhas trepadeiras que serpenteavam por entre a estrutura de madeira da passagem.  

Ao final do caminho, encontraram uma grande barraca diferente das outras do mercado. Sua estrutura era de madeira e, no telhado, as rosas invadiam pipocando em tons de vermelho na estrutura. O local era bem iluminado por orbes e lâmpadas, nas prateleiras havia cristais e outras pedras, além de plantas e flores de todos os tipos. Era impossível não deixar se impressionar pela beleza. Um solitário elfo de cabelos verdes e pele escura estava recostado sobre o balcão lustrando uma ametista com todo cuidado. Dos seus lábios assobiava uma melodia desconhecida pela moça.

— Adrian, vejo que está muito ocupado hoje. — começou Ezarel, sorrindo. Sowa voou até o local e chirriou para o rapaz.

Ele se virou e fez um som de “OH”, espichando os belos olhos verdes. Dois pequenos chifres cresciam entre os cabelos. Ele colocou a ametista sobre a bancada e sorriu de volta, sem abrir os lábios.

— A que devo a eminente visita do grande elfo alquimista? — ele cumprimentou Sowa, acariciando as orelhas dela e, então, encarou Claire, surpreso. —  E ainda trouxe uma visitante.

— Ah, sim! — ele colocou a mão sobre o ombro de Claire e a moça enrugou a testa, estranhando — Ela é a Claire, uma valquíria e minha guarda pessoal.  Estou no posto mais alto esses dias, tenho que estar protegido.

Ele se virou para a guerreira, espichando as sobrancelhas.

— Claire, este é Adrian, um elfo da terra, todos os meus negócios por aqui são com ele.

Ela se curvou respeitosamente e completou:

— É um prazer conhecê-lo, sua barraca é muito bonita. — a moça se curvou respeitosamente.

Ele não falou nada e virou-se, o que deixou Claire um pouco desconcertada. Porém, Adrian pegou uma pequena orquídea branca com manchas roxas na prateleira e estendeu para ela, sorrindo. O rosto de Claire queimou quase febril, mas a moça pegou a flor e o agradeceu.

— Hã?! — Ezarel chiou, indignado. —  Venho aqui há anos e nunca ganhei nem um mísero alecrim pra fazer um chá!

— Você nunca elogiou minha barraca. — Adrian encolheu os ombros, abrindo os braços.

Ele crispou os lábios e remexeu em sua bolsa, fingindo chateação, enquanto Claire ria discretamente, colocando a flor em seu cabelo.

O elfo tirou uma pequena caixa de madeira da bolsa e a abriu sobre a bancada.

— Consegue consertar, não é?  É aquela lente.

O elfo da Terra olhou o objeto, enrugando a sua testa. Ele segurou a lente entre os dedos, olhando-a por todos os lados.

— Quem fez isso? Não é algo fácil de se consertar.  

Ezarel e Claire se entreolharam, ambos preocupados, e o elfo tratou de explicar a trama que viviam nos últimos dias, omitindo alguns fatos, como a espionagem à Ahriman. Adrian era um conhecido de longa data de Ezarel, um amigo elfo de confiança, mas algumas coisas precisavam ser mantidas em sigilo. Adrian escutava tudo com atenção, sem fazer qualquer comentário. Até que, quando Ezarel encerrou sua história, ele comentou:

— Um homem com tantos totens, a última vez que vi um assim, era na verdade um ser das brumas. — ele fechou a caixa com a lente, guardando-a embaixo da bancada.

— Ser das brumas? — perguntou Claire, interessada. Ela inclinou seu corpo para frente, sem esconder a curiosidade.

— Não se importe com as histórias que o Adrian inventa, Claire. Ninguém nunca mais viu um desses. Eles nem devem existir mais. — Ezarel abanou a mão, recostando-se sobre a madeira lisa.

— É o que a maioria dos elfos dizem, mas eu já vi um com meus próprios olhos. — ele apontou os dedos para seus olhos verdes, enfatizando seu conto — Os seres das brumas eram tão poderosos quanto os nossos elfos anciões e controlavam magias ocultas.

A voz de Adrian era carregada por mistério e seriedade. Até mesmo Sowa prestava atenção no que ele dizia e a coruja até chirriou, como se confirmasse o que ele dizia.

— ...E se esconderam nas brumas. É isso, ninguém mais os viu, há séculos. — Ezarel jogou as mãos para cima, querendo encerrar de vez com aquele assunto. Ele colocou o capuz sobre a cabeça, preparando-se para ir embora.

— O senhor acha que o Z... — a voz de Claire foi interrompida por uma outra voz feminina, estridente.

— Ei! — uma mulher apareceu de repente na bancada, entrecortando a conversa dos três — Por quanto você compraria este cogumelo iridescente?

A mulher apareceu como uma verdadeira sombra, assustando a todos. Assim como o elfo e a valquíria, usava um capuz sobre a cabeça, ocultando parte de seu rosto.

Ezarel encarou a peça que ela trazia em mãos, o cogumelo leitoso brilhava em tons de arco-íris sob a luz. Era um item muito raro, encontrado em regiões altas de difícil acesso, nascendo apenas no surgir de um arco-íris sob o sol em uma montanha. Era um item que aumentava os poderes dos sentidos, além de velocidade física e mental.  Até mesmo ele teria interesse em comprá-lo.

Sowa, da bancada de madeira, espichou as orelhas ao ter certo vislumbre do rosto da mulher. Ela voou para o ombro de Ezarel e recostou a cabeça sobre o seu dono, como se quisesse lhe passar alguma mensagem.

Adrian não respondeu de imediato, mas resolveu ser polido:

— Estou com clientes no momento, a senhora poderia esperar aqui ao lado, por favor? — o sorriso do elfo foi educado, elegante, mas a mulher não parecia disposta a ceder.

— É uma emergência! — ela soou impaciente, beirando a arrogância em seus modos de falar.

O elfo da terra estava prestes a responder, mas outra voz insurgiu:

— Senhorita...  Onde conseguiu este objeto de estimado valor?

A mulher olhou para o lado, emburrada, e um homem estava de costas para ela. Quando ele se virou, os olhos amarelos como ouro e os cabelos louros se escondiam por trás de um capuz preto que caía aos poucos em direção aos ombros, todos podiam ver bem a sua aparência.

Claire arregalou os olhos, enquanto Adrian prendia os lábios para não sorrir.

Onde estava o elfo alquimista de cabelos azuis?  

 

Reino de Pendragon, à noite, 2º dia de viagem

 

Mesmo na escuridão da noite, os olhos dourados de Valkyon bem viram: chamas incandescentes e vermelho sangue derramando como uma calda borbulhante por sobre as colinas de campos verdejantes de Cohen. A voz sequer conseguiu expressar qualquer coisa, mas ele deu dois passos para trás, quase tropeçando no parapeito da varanda. Piscou muito os olhos até que a paisagem voltou ao tom natural. Aisha veio correndo ao seu encontro, e segurou-o pelas costas, chamava seu nome a cada três segundos, mas os olhos do rapaz estavam vidrados…

O rei respirou fundo, 1, 2, 3 vezes… E aquela pequena cabeça de dragão sumiu bem às suas vistas, sobre as palmas de suas mãos. Então ouviu a voz da princesa ao longe:

— VALKYON! — ela quase gritou, já bem à sua frente, o rosto vermelho de preocupação. — O que aconteceu?!

Ele finalmente encontrou a sua voz:

— Se eu contar a você, talvez não acredite em mim. — os olhos que alcançaram a moça eram esperançosos para que ela o ouvisse, porém ele não a imploraria para que acreditasse.

— Diga, Valky… Eu sou uma feiticeira, por que não acreditaria… — ela estendeu a mão sobre o rosto dele, desejando consolá-lo de alguma forma. O rosto de Valkyon tornou-se sombrio por um momento.

Ele não era um feiticeiro. Ele não deveria sentir qualquer resquício mágico de um objeto.

Mas estava ali, vendo coisas estranhas, sentindo energias, estranhamente hipnotizado poder de um pequeno fragmento que mal sabia as origens. Qual o fim de tudo isso? Era a pergunta que se formava na mente de Valkyon, quando ele decidiu responder a ansiosa princesa Aisha. Ela estava prestes a sacudi-lo para trazer o rapaz de volta para a realidade novamente.

— O dragão… apontou para aquele lugar. E lá eu… — Ele apontou para o local indicado, abaixo da lua cheia. Aisha seguiu o movimento. Era difícil para ele falar, mas sua garganta se forçou a continuar. — A poucos instantes atrás tudo aquilo era fogo e sangue.

— Você viu isso?! — ela perguntou, exasperada. Os olhos grudaram no horizonte, arregalados.

— Sim, mas agora desapareceu. — Com as mãos em formato de concha, o rei apertou o fragmento por entre os dedos, como se adivinhasse o que viria em seguida.

Aisha voltou-se para ele, agarrando suas mãos unidas. A tez dela estava completamente enrijecida, o que não era um bom sinal.

— Isso pode ser um objeto amaldiçoado tentando te atingir, não é bom permanecer perto de você. — ela puxou as mãos dele para perto, pronta para insistir que ele o soltasse. — Eu sinto que tem muita energia mágica rodeando essa coisa, e nem sequer está completo. Deixe-me cuidar disso!

Ele abriu a mão em uma pequena fresta e o objeto agora brilhava ali dentro, a luz tremulando nas palmas brancas, como se chamas dançassem entre seus dedos. Ele encarou o fragmento, sentindo uma vontade imensa de ficar com aquele objeto em sua posse, mas, ao mesmo tempo, via a preocupação no olhar de Aisha e não deixou aquele sentimento dela passar despercebido.

— Você acha que vamos descobrir algo mais sobre esse fragmento por aqui? — ela deu um passo à frente, decidida — Entendo sua curiosidade, entendo, sim… Mas eu preciso estar com ele por perto, para suprimir, vigiar, me parece perigoso, Valky, eu só…

Ela baixou a guarda um instante, permitindo que os pensamentos vagueassem por um instante. Valkyon captou bem a mensagem. Um passo para trás, naquele momento, era o melhor a se fazer.

— Eu quero descobrir tudo o que eu puder sobre esse fragmento. Tudo bem, ele pode ficar com você… Mas traga ele pra mim de vez em quando, mesmo que seja um perigo em potencial, eu realmente me importo com isso.

Aisha baixou as mãos e quase suspirou de alívio quando o pequeno objeto passou novamente para as suas mãos delicadas. A moça se apressou a guardar o objeto na pequena bolsa aveludada, como se estivesse com receio que o rei mudasse de ideia.

Valkyon não disse o motivo por completo, mas de algo ele já sabia: aquele fragmento tentava lhe dizer alguma coisa. As imagens de fogo e sangue que ele viu, os sonhos, a energia estranha que se espalhava por todo o corpo. Tudo isto: pareciam ser pontas soltas que tentavam se conectar.  Era muito fácil de perceber os sinais, ele só não entendia bem ainda qual a mensagem, mas estava bastante disposto a descobrir.                                                                                                            

Porém, de outra coisa ele também estava ciente: com seu parco conhecimento mágico, não conseguiria chegar muito longe na investigação. Precisava da ajuda de alguém, e aquela pessoa em quem mais confiava era a princesa à sua frente.

E, também, deveria focar no que era mais importante: buscar pelas pistas do seu irmão.

O sono fugiu da mente depois daquelas aparições e Aisha voltou para ele com um sorriso no rosto, feliz por conseguir mantê-lo longe daquele fragmento por enquanto.

— Aisha. — começou ele, de certa forma contente de que ela estava convencida.                                    

— Não precisa dizer, Valky. — ela se aproximou e segurou a mão dele, apertando-a. — Eu vou te ajudar a investigar. Amanhã mesmo posso ir nas casas de antiguidades mágicos e consultar alguns dos mestres por aqui para perguntar sobre o fragmento. Deixe comigo isso, prometo que não vou me livrar dele, certo? — ela riu, mais à vontade.

A princesa piscou para ele e girou o corpo, afrouxando os dedos para se afastar do rapaz. Porém, Valkyon não intencionava soltar a mão dela e Aisha virou apenas a cabeça para ele, a testa enrugada expondo a confusão.

— O que foi?

— Obrigado por me apoiar. — ele apertou a mão dela de volta, e deu um passo à frente — Sei que parece uma aventura imprudente, mas é muito importante para mim.

Era preciso dizer aquelas palavras. Aisha foi contra aquela viagem, mas estava ali ao lado dele, sendo seu braço direito e apoiando-o mesmo quando julgava que era algo perigoso.  Agora, uma outra energia invadia o peito de Valkyon e essa ele não sabia de onde vinha. Era totalmente diferente daquela intensidade do fragmento… Era algo leve como uma brisa passeando gentil por sua pele. De certa forma, reconfortante.

As mãos dela não rejeitaram o toque e calor dos dedos dele e os pés a impulsionaram um pouco mais para frente.                                                                                                                 

— Você sabe que você pode contar comigo… Para te apoiar e… — ela usou a mão livre para segurar em uma das orelhas do rapaz, puxando-a com leveza — Puxar sua orelha quando precisar também.

Ambos riram, podendo abusar um pouco da intimidade enquanto estavam sozinhos.

— Um puxão de orelha de vez em quando não faz mal. Te agradeço muito, de verdade. — A mão livre do rapaz, bastante firme de tanto brandir espadas e outras armas, estava tão leve quanto uma pluma quando pousou sobre a cabeça dela. Valkyon abaixou o rosto, aproximando os lábios da testa lisa da moça e eles roçaram gentilmente a região, como se pedisse licença para dispensar aquele pequeno gesto. A diferença de altura realmente não era um problema e Aisha respirou fundo, piscando muito os olhos.

Beijar a testa, em seu antigo reino de Mazda, era um gesto de muito carinho e consideração, em geral praticado entre familiares: de pai ou mãe para filhos e filhas, de avós e avôs para com os netos e netas. De marido para a esposa ou da esposa para com seu marido. Era um que dizia: “Eu me importo com você e agradeço por sua presença em minha vida” em apenas um  movimento. Valkyon sabia bem disso. E ela não deixou de se sentir emocionada. Aceitava o gesto com muita alegria. Aquele jovem rei era alguém que quase não falava sobre seus sentimentos, sobre si mesmo… Sendo muito reservado, represando lágrimas e mágoas para si mesmo. Ele apenas abria-se com aqueles os quais tinha uma absoluta confiança e era uma honra para a moça estar nessa posição de confidente e amiga dele.

 Após separar-se dela, Valkyon tinhas as bochechas manchadas de um tom rosado e sua boca curvava-se, um sorriso de meia-lua estampado em seu rosto. O sorriso aberto que Aisha lhe devolveu dispensou qualquer palavra. Ela estava consigo, ele estaria com ela para o que viesse, e isso lhe bastava.

Os dois se entreolharam, não havia jeito melhor de encerrar uma noite depois de um dia cansativo e tenso.

 

Manhã do 3º dia de Viagem, Reino de Corbeau, Região de Cohen

 

O tempo estava favorável quando todos saíram, na metade da manhã, à cavalo, em direção ao leste de Cohen, por dentro das matas escuras dos arredores do castelo de Zayin. O duque e o rei seguiam à frente, enquanto, em seguida, vinham a princesa e o discípulo Sig; ao lado do grupo, as guerreiras Valquírias, Elizabeth e Malena; e, por último, Caméria, garantindo a segurança de todos. Todos eles seguiam os passos cuidadosos dos dois gatos de Sig, Kiky e Sisi. Eram duas bolas de pelo, uma completamente branca e outra, preta, com seus passos sincronizados pela trilha quase apagada da floresta. Eram como espíritos guias para um outro mundo.

Antecipadamente, Sig teve contato com as pessoas da visão de Valkyon e eles não tinham sequer outra informação além dos rumores sobre o leste de Cohen, nos arrozais. Ninguém das Valquírias ou Valkyon compreendeu muito bem como ele fez aquilo com tamanha rapidez, mas Aisha estava de olho no discípulo e desconfiava que ele se utilizou de teletransporte mágico para alcançar os viajantes.

Uma magia de alto nível, que um mero discípulo não deveria ter acesso.

Sig, aos olhos bem treinados da princesa, não tinha uma aura de feiticeiro excepcional ou até mesmo intimidadora como do duque Zayin, mas ele já sabia manipular feitiços de tal nível e ainda tinha dois totens, ágeis e eficientes.  Era realmente um discípulo excepcional ou...

Em menos de uma hora eles chegaram ao local. Os terraços de arroz, como uma grande escadaria verde e plana, cercados por árvores altas e pequenas casas de madeira era uma visão, de cima da montanha, muito bela de se ver. Se estivessem a passeio, poderiam apenas sentar ali naquele pico e observar por horas, mas estavam ali para uma investigação. Não apenas de Valarian... Mas Valkyon também estava interessado em outro assunto.

O rei escondeu de todos o que viu naquela noite no quarto de Aisha, apenas a princesa sabia sobre tal assunto. A região onde estavam agora era a mesma que viu banhada em fogo e sangue. Sabia que poderia encontrar algo mais naquele lugar.  

Aproximar-se das pequenas casas de madeira não foi complicado. Porém, eles estranharam o fato que as pessoas não estavam em pleno trabalho naquele horário. Os locais estavam vazios e os moradores simplesmente não saíram para recebê-los. Os sons dos cascos dos cavalos era o único som que escutavam pela região.

Os olhos dourados de Valkyon ficaram mais vigilantes com toda a quietude daquele lugar. Onde há muita calmaria, era esperado uma tempestade em seguida.

— Não entendo... Todo mundo aqui acorda com as galinhas... — disse Zayin segurando as rédeas do cavalo. O animal parou no mesmo instante e o grupo inteiro fez o mesmo.

— Esperem aqui. — o duque desmontou de seu cavalo e alcançou uma das simples casinhas. Valkyon também desceu, sem disposição alguma de esperar sentado para saber o que estava acontecendo.

Ele bateu uma vez. Nenhuma resposta, bateu uma segunda vez e nada mais uma vez. Valkyon chegou mais perto e resolveu tentar, mas sem respostas. Ele encostou o ouvido sobre a porta e pôde escutar ruídos vindo do interior do local.

— Há alguém aí dentro. — ele disse, disposto a continuar a bater até que alguém o atendesse.

Porém, o duque não parecia ter a mesma paciência.

— É o duque de Cohen, Zayin Cohen Mahafih. — disse ele, usando um tom alto e autoritário. Zayin tinha a face rígida, rugas surgiam em sua testa, ele não conseguia esconder o seu mau humor. —  Tenho ao meu lado uma eminente visita do reino de Pendragon e não temos muito tempo a perder aqui.

Desta vez, todos já tinha descido de sua montaria, esperando, ansiosos por uma resposta. E, então, finalmente uma pequena fresta da porta se abriu.

Uma senhora franzina olhou colocou metade do rosto para fora e assustou-se com a visão de um homem de 1,90 a observando de cima. Ele apresentava o rosto sério, nem tão assustador, mas a sua altura intimidava, os olhos dourados cintilantes e os cabelos brancos-prateados eram tão extraordinários quanto belos. Ela abriu a porta completamente, deparando-se ao duque e, atrás, um grupo de pessoas bem vestidas – algumas armadas – esperando alguma recepção.

— O homem... — a voz dela tremulava — Já foi embora? 


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Notas finais do capítulo

Prestem atenção nos detalhes e nas coisas que o Adrian diz, hum!

O que acham?



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