Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 9
Nine - O Segredo do Porão


Notas iniciais do capítulo

oie! ♥
Boa leitura!



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— Kouyou... – virou o rosto para trás, ao ouvir Akira, e fechou o livro que estava em seu colo.

— O que deseja? – respondeu, encarando o outro, que se aproximou, sentando-se ao lado do mais alto, no braço da poltrona.

— Desde que reencontramo-nos, o notei estranho... mudaste tanto assim? – disse mexendo no cabelo de Kouyou,  que ergueu a mão, afastando-o de si.

— Não mudei tanto... – disse em tom baixo. – Só aprendi algumas coisas com os humanos...

— Hum... eles não me parecem interessantes. – riu. – Só servem para serem presas.

— Se não for dizer algo de bom, mantenha-se calado. – avisou. – Yuu já retornou ao quarto?

— Está brincando com o gato preto. – avisou. – O que tanto quer com aquele garoto? Devia deixa-lo seguir com a vida dele, já o ajudou o suficiente. Ou quer suga-lo ele até quando puder?

— Ele me lembra ao Índigo...  – disse, voltando os olhos para o livro;

— Índigo? Ah, sim... Devia contar logo ao nosso convidado. – concluiu sorridente.

— Não opine. – disse de forma curta, seca. Carregada de certa amargura ao recordar-se do passado;

— hum... Achas que Yuu é como ele? – Akira riu, tentando pegar o livro das mãos do mais alto.

— Yuu lembra sua aparência física, mas ele não é como o Índigo... Índigo não tem a inocência dele... Não mais... – Kouyou afastou o livro, impedindo que o outro pegasse o tal livro.  – Irei fazer o curativo dele, não mexa em meus livros;

Kouyou levantou-se, e seguiu para fora do cômodo, vendo o mais novo correndo atrás do gato, que parecia perseguir algo.

Se aproximou rapidamente, como se por um passe de mágica, e segurou a mão de Yuu...

— Seu curativo... temos que fazer. – disse, ao ver os olhos escuros voltarem em sua direção, mostrando o susto que levara.

— De onde tu viestes? – questionou ainda espantado.

— Costumamos ser mais rápidos que os olhos de um humano possa notar – riu. – Akira avisou-me que já estavas no quarto.

— Eu limpei a ferida... – mostrou o corte no braço, era uma ferida mediana, mas não poderia ficar aberta, poderia infeccionar e adoecer o menor.

Kouyou o levou de volta ao quarto, sendo seguidos pelo bichano, que deixara de perseguir o que quer que fosse.

Yuu sentou-se na cama, vendo o anfitrião imitá-lo com as faixas já em mãos.

— Kouyou... Vão voltar aqui, não vão? – questionou, depois de alguns segundos, enquanto o mesmo começava a enfaixar seu braço.

— Os guardas? Provavelmente, mas não preocupe-se com isso... logo tudo se resolverá...

— Não quero causar mais problemas á vocês... – disse ainda observando o outro fazendo seu curativo.

Kouyou parecia estar sendo mais cuidadoso do que antes, tanto nos atos como nas palavras.

Tudo parecia mais suave, até mesmo o ambiente parecia bem mais ameno do que em suas primeiras horas na mansão.

O mais velho logo terminou o curativo, mas permaneceu sentado ao lado do menor.

— Desconfortável? – disse em tom baixo.

— Não... Não precisa preocupar-se... Estou bem! – sorriu levemente.

— Deves estar faminto, procurarei algo para que se alimente. – Kouyou levantou-se rapidamente e saiu do quarto, não esperando o outro lhe responder.

O gato pulou na cama, deitando-se em seu colo, ronronando alto.

— Gosto de ti, preciso lhe dar um nome bonito, gatinho; - Yuu acariciou o bichano, que ajeitou-se melhor em seu colo.

Kouyou retornou rapidamente, trazendo-lhe uma bandeja com algumas frutas e um pedaço de pão.

— Perdoe-me, a dispensa está vazia, amanhã trarei mais alimentos para ti. – deixou a bandeja ao lado do menor. – Vou deixa-lo em paz por um tempo, se precisar de minha presença, estarei em meu quarto, já sabes onde é.  – sorriu levemente, ao ver o mais novo assentir. E novamente saiu do quarto deixando-o sozinho.

[...]

Já haviam se passado duas semanas, e estranhamente a rotina da mansão era muito mais tranquila do que Yuu esperava.

Não havia mais aquela aura de desconfiança, pelo menos não com a intensidade dos primeiros dias. Não sentia mais o cansaço, e nem era ‘sugado’ discretamente pelos mais velhos; Embora seus anfitriões, desaparecessem por horas, lhe deixando na imensa casa apenas em companhia do gato negro, do qual nomeara carinhosamente por Blu, nada parecia fora do lugar;

Havia passado a noite fora da cama, adormecera no tapete, brincando com o gato. Que também dormira ao seu lado. Levantou-se, espreguiçando-se de forma engraçada, ainda sendo observado pelo bichano.

O dia já estava claro, a luz do sol entrava pelas frestas da cortina entreaberta.

— Bom dia, Blu – sorriu para o gato. – Provavelmente estamos sozinhos aqui mais uma vez. – se levantou e seguiu para próximo da cama, apagando a lamparina que ainda estava acessa sobre o criado-mudo.

Silenciosamente, saiu do quarto, apagando as lamparinas do corredor, e logo chegando á escadaria, onde espiou o andar inferior, confirmando estar sozinho dentro da mansão.

Desceu a escadaria pelo corrimão, como já se acostumara a fazer, e o que lhe rendia algumas gargalhadas. A mansão poderia ser divertida, não era preciso imaginar muito para encontrar algo que lhe rendesse alguns minutos de risadas; Havia o corrimão para escorregar, alguns cômodos para brincar de esconder, e até mesmo correr atrás do gato com o que encontrasse pelo local.

Seguiu para a sala de jantar, e novamente, dentro de si ressurgia a vontade de espiar o porão, algo que não fizera desde seu pequeno acidente com os guardas.

Olhou para trás de si, o gato ainda estava ali, o olhando como se duvidasse de que ele se renderia a tal curiosidade.

Sem pensar duas vezes, empurrou com toda a força que tinha, a pesada mesa. Afastou-a o suficiente para liberar a porta do alçapão. E rapidamente se ajoelhou abrindo a porta, e encarando a escuridão do local.

— Preciso de uma lamparina... – se levantou e correu em direção á cozinha, vendo duas lamparinas ainda acessas sobre a pequena mesa que havia ali.

Pegou uma e voltou para o alçapão, iluminando o suficiente para encontrar a escada, que anteriormente havia sido retirada.

Desceu, e sua expectativa e curiosidade estavam a flor da pele. Mesmo que o cheiro de umidade e ferrugem fossem o suficientemente incômodos, insistiria na exploração.

O gato saltou atrás de si. O que lhe assustou momentaneamente.

— Não assuste-me desta forma, Blu! – disse em tom baixo, iluminando tudo ao seu redor, sentindo um pouco de decepção ao ver somente amontoados de itens velhos, que praticamente já estavam se desmanchando com a umidade do local.

Seguiu mais a frente, O porão era bem grande e livre, e isso logo isso o fez imaginar de onde vinham os socos. Já que o teto era alto demais para ser um animal batendo no mesmo, e  que quem quer que fosse batendo ali, devia ter batido em qualquer coisa com muita força para ser ouvido.

Avistou a porta que o outro havia lhe dito, e correu até ela, abrindo-a sem dificuldades, e vendo que era apenas um corredor com prateleiras repletas de vinhos, e não muito longo, já que poderia ver o final do mesmo, uma parede cheia de teias de aranha. Fechou a porta, não explorando o local, frustrado.

A curiosidade havia desaparecido, não havia nada ali. Nenhuma explicação para os socos, já que não acreditava que tivessem vindo da suposta situação com o gato.

Já voltava para a escada, e notou uma maçaneta abaixo dela. Havia outra porta, que Kouyou não citara.

Afastou a escada, e puxou a maçaneta, revelando um corredor iluminado por várias lamparinas, e no fim do mesmo podia ver um belo quarto, mas por trás de grades, como uma prisão charmosa.

Deixou sua lamparina no chão, não precisaria da mesma, já que o local era iluminado. O gato não o seguiu mais, permaneceu parado ao lado da lamparina.

Se aproximou da cela, notando a cama desarrumada, mais lamparinas, e várias manchas escuras nas paredes, que tiravam um pouco a beleza do local.

O coração disparara. Kouyou ainda lhe escondia aquilo. Talvez fosse o local onde o mesmo, prendia suas vitimas.

Encostou o rosto na grade, procurando qualquer sinal de que havia alguém ali.

— Olá... – ouviu a voz doce, e se afastou imediatamente das grades, vendo um rapaz um pouco mais alto que ele, de olhos castanhos esverdeados que brilhavam intensamente, surgindo detrás de uma cortina que havia ali.

O rosto pálido, infantil, era adornado por lábios rosados e sorridentes. O rapaz tinha longos cabelos castanhos, que vagamente lembravam os seus, até o rosto parecia.

— Quem és? – Yuu estava apavorado, sua mente apenas trabalhava na possibilidade daquele garoto ser um prisioneiro, um ‘humano puro’ do qual Kouyou e Akira sugavam energia sem importar-se com seu bem estar. – O que faz aqui?

— Sou Índigo... Muito prazer em conhecê-lo. – fez uma reverencia. – Sou prisioneiro aqui... É tão cruel ser prisioneiro...

Yuu desconfiou do rapaz, ele parecia um tanto estranho, a situação na qual o outro estava provavelmente geraria lágrimas e desespero, mas sua voz soara de forma irônica, como se achasse graça de toda a situação.

— Porque és prisioneiro? – manteve o tom baixo, e a distancia, sendo observado atentamente.

— Estás com medo de mim? Estou trancado, não poderia fazer nada contra ti, mesmo que desejasse. – disse com um sorriso amigável no rosto.

Yuu voltou a se aproximar, pensando em manter numa distancia segura, mesmo que estivesse muito curioso e quisesse ajudar o outro. Estava confuso com a situação, e queria voltar para a mansão e cobrar explicações do mais velho.

Antes que percebesse, o prisioneiro agarrou-lhe pelos cabelos, já que seus braços eram compridos o suficiente para alcança-lo, mesmo com a distância;

Yuu gritou de dor, e medo, tentando se soltar de qualquer forma. Mas o outro tinha uma força absurda, e parecia que arrancaria seu escalpo com as próprias mãos.

— Solte-me... Estás ferindo-me! – gritou, se sacudindo, e ouvindo o outro rir contido, como se não quisesse que ninguém, além de Yuu, escutasse seu escarnio;

— YUU?! – ouviu o chamado de Kouyou, o seu anfitrião parecia estar no andar superior, a voz parecia distante, e mesmo assustado com a situação, gritou o mais alto que poderia.

— KOUYOU, ajude-me... – chorou.

— Ah, és tão chorão... - o outro riu, ainda puxando com força os longos cabelos do menor.  – É o garoto que sempre chora lá em cima... – continuou sarcástico, mas o soltou ao ver que Kouyou havia chegado ali.

Yuu, assim que se viu livre, correu abraçando o mais alto, que tentou lhe passar calma.

— Yuu, o que fazes aqui? – disse em tom baixo, mas o outro apenas chorava, pela dor lancinante em sua cabeça.

— Ah, este é o Yuu... Realmente parece inocente, como sempre falas para mim, Kou...

— Índigo... Eu realmente me decepciono cada vez mais com suas atitudes... – esbravejou o mais alto.

— Por...que... ele está....está preso aqui? – Yuu balbuciou.

— Índigo é perigoso, e por mais que eu quisesse soltá-lo, as atitudes dele não permitem que eu o faça. E depois disso, piorou.

— Prometo comportar-me, Kou... – o rapaz riu.

— Não... não irei soltá-lo. Fique quieto. – disse o mais velho, levando-o para longe dali, sendo seguidos pelo gato.

Kouyou fechou o porão, voltando a mesa pesada facilmente para o lugar, enquanto Yuu continuava chorando, agora, com as mãos na cabeça, tentando amenizar a dor

Voltou o olhar para o mais novo, e abriu os braços, convidando-o para outro abraço, que fora aceito sem demora.

— Índigo é a pessoa importante? – sussurrou entre os soluços, depois de longos minutos aceitando o carinho do mais alto.

— Era... ele era dócil como tu, só um pouco mais velho e mais teimoso. – disse. – Mas...Tornou-se o que vistes no porão. Ele é muito perigoso, permaneça longe dele...

— Aham... – assentiu, ainda tremulo;

— Precisas de um chá para acalmar-se... Venha... – Kouyou o segurou pela mão, e o levou até a cozinha, o fazendo sentar-se em uma das banquetas que havia pelo local.

Yuu o observou em silencio, o vendo pegar a chaleira, enchê-la e levá-la ao fogareiro, preparando as xícaras para degustarem o chá;

O mais alto sentou-se na banqueta ao lado do mais novo, e segurou sua mão.

— Não queria que descobrisse sobre o Índigo, não desta forma. – disse em tom baixo.

 - Porque ele é perigoso? Ele é como vocês? – disse Yuu ainda soluçando.

— Não, ele não é como nós... É um Sugador de sangue... Ou como vocês, humanos dizem um "Vampiro"...

[...]


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Notas finais do capítulo

Ah agora sim o mistério do porão foi resolvido (?)
Espero que tenham gostado do capítulo! ♥
Até o proximo~



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