Forever Unchanging escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 36
Thirty Six - Silêncio


Notas iniciais do capítulo

Demorei mas cheguei!
Talvez seja um capítulo melancólico, mas necessário, o próximo eu vou ter que ajustar, então caso eu demore pra postar foi por ter parado pra arrumar ele kkkk.

Boa leitura!



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Kouyou afastou-se de Yuu, mantendo os olhos na direção de Ruki, que continuava com o sorriso nos lábios.

Sua mente enchera-se de lembranças, momentos pequenos e doces, sua voz infantil, o lugar maravilhoso em que vivera, cheio de luz e calor.

— Por que apagaste minhas memórias? – disse em tom baixo, e o sorriso de Ruki diminuiu.

— Porque se soubessem de onde viera e por que eu o criara, manteriam o sentimento de ciúmes, que conheceram dos humanos. Você sempre foi a minha criança, eu faria tudo por ti, e não queira que sofresse nas mãos dos outros, mais do que sofrera. Tentei evitar o máximo as coisas ruins contigo.

Kouyou abaixou o rosto, com os olhos cheios de lágrimas, ainda num misto de felicidade, por ter Yuu novamente ao seu lado, medo do que viria a seguir e raiva por Ruki esconder aquilo por tanto tempo de si.

— Ruki... porque me salvaste também? – Yuu sussurrou.

— Também pertences a mim, Yuu. Desde o momento que sobrevivera durante a peste. Impedi que Destino o matasse todas as vezes. E o fiz vir para cá, para encontrar-se com Kouyou, sabia que ficaria mais seguro, só não contava com o fato de que o Destino iria tentar novamente lhe matar, mas então Kouyou agiu antes de mim, e lhe salvou.

Yuu continuou abraçado á Kouyou, ainda olhando de forma arredia para Ruki.

— Bom... tudo o que eu precisava fazer já fiz... Cuidem-se... Agora preciso voltar para meu lugar. – disse. – Yutaka... não se afaste deles. São uma família. Sempre foram... Akira, tenha um pouco de juízo.... E vampiro Índigo... – o menor voltou-se para o garoto, que ainda mantinha-se do lado de fora do quarto. – Eu não posso lhe ajudar, por que não pertences a mim... Talvez meu irmão ainda tenha planos contigo, mas só o tempo dirá... – acenou.

Yuu finalmente afastou-se de Kouyou, mas ainda estava assustado com tudo ao seu redor.

— Então nosso criador... realmente é Lúcifer. – Yutaka resmungou. – Ele esteve por perto todo esse tempo e nenhum de nós notou...

— Isso não muda nada. – disse Kouyou. – Vamos Yuu, precisa se limpar e descansar... – Kouyou levou o garoto para fora do quarto.

Os outros se mantiveram em silencio, ainda digerindo toda a informação passada.

[...]

Kouyou guiou o mais novo para o andar inferior. Algumas coisas ainda estavam reviradas, mas Yutaka e Akira haviam feito um bom trabalho de limpeza.

O levou até a cozinha, onde o deixou sentado á pequena mesa que havia ali.

Yuu parecia cada vez mais assustado, e isso realmente incomodava o mais velho.

— Yuu... – se aproximou novamente, tocando o rosto, vendo os olhos escuros voltarem-se em sua direção. – Não precisa ter mais medo... estou aqui...

Os olhos do garoto encheram-se de lágrimas, e ele o abraçou fortemente. Encolhendo-se. Estava muito confuso, tudo ainda parecia misturar-se em sua mente seu passado, seu presente, o que seria do futuro.

Aquilo o assustava.

— Eu estou aqui. Nada mais vai acontecer... nada de ruim irá acontecer... – Kouyou disse de forma doce, o fazendo fechar os olhos e apreciar os segundos em seu abraço gélido.

— Eu te amo Kou... – sussurrou depois de alguns minutos apreciando aquele contato do qual aprendera a amar, que aprendera a sentir.

— Eu te amo Yuu... e sempre que puder falar isso, falarei, e sempre que você precisar ouvir isto, eu falarei, cada segundo ao seu lado...  – Beijou seus lábios de forma breve.

Permaneceram assim, com os rostos próximos, até que o silencio voltasse á cerca-los e mergulha-los nos olhos um do outro.

Apenas quando ouviram passos, em direção a cozinha, ambos se afastaram.

— Não queria atrapalhar... – disse Índigo. – Só vim perguntar se posso permanecer aqui em cima, por enquanto

— Já disse que estás livre, Índigo. – disse Kouyou. – Não estava dizendo aquilo da boca para fora.

— Ainda não sei se consigo me controlar tanto. – sussurrou.

— Não precisas mais pedir permissão para mim, és o dono da casa. – disse Kouyou.

Índigo sorriu, olhando para Yuu, que ainda parecia distante, imerso nos próprios pensamentos.

— Até parece que não recorda-se que meu pai lhe deixou tudo, Kouyou.  – continuou sorrindo. – Bom, irei encontrar um lugar para permanecer. Obrigado. – fez uma reverencia, e seguiu, deixando Kouyou e Yuu mais uma vez em silencio.

Kouyou seguiu até o fogareiro, que ainda tinha alguma chama acesa, e colocou  um caldeirão de tamanho médio sobre o fogo, e o encheu de agua.

Voltou o rosto em direção ao mais novo.

Yuu olhava as próprias mãos sujas de sangue, ainda tremulo.

Estava tão imerso em si mesmo, que Kouyou manteve-se distante o observando.

Sabia o que ele sentia, sabia o quão desconfortável era.

Lembrava-se claramente de como era aquela sensação, o quão era doloroso sentir seus órgãos e seu corpo, se readequarem a nova realidade.

Talvez Lúcifer não tivesse ideia, de como doía para eles, tornarem-se uma de suas criaturas.

— Sente dor ainda? – disse depois de alguns minutos o observando, vendo os olhos escuros de Yuu voltarem-se em sua direção.

— É estranho, dói... mas eu não entendo onde. Minha cabeça parece girar... – sussurrou.

—Eu lhe entendo. Já irá passar, tudo bem? – se aproximou e beijou sua testa. – Não precisa preocupar-se mais...

Yuu não respondeu-lhe, apenas se encolheu novamente.

[...]

Kouyou encheu rapidamente a tina para o menor, que mantinha o silencio desde a cozinha.

— Está pronto... Eu irei buscar roupas para você... – disse o vendo assentir. Saiu rapidamente do cômodo, encontrando Yutaka sentado na porta do outro quarto.

— Ele está assustado... sinto o medo dele daqui. – disse sem olhar para o mais alto.

— Ele está com dor... não me lembro direito por quanto tempo, mas isso vai durar um pouco.  – respondeu. – Ainda pensa em ir embora?

— Não sei... o criador disse que eu deveria ficar... mas não sei se realmente é o que desejam, manter-me por perto.

— Sabe que mesmo com todas as minhas suspeitas sobre você, eu nunca o mandaria ir embora.

— Pensarei nisto... – respondeu brevemente, mantendo-se sentado ali. Kouyou seguiu o caminho, entrando no quarto, vendo Akira pensativo, algo raro.

Ambos mantiveram-se em silencio, e Kouyou apenas passou por ele, pegando o que era necessário para Yuu, e retornou rapidamente para o outro cômodo, vendo o mais novo já dentro da tina, mais ainda quieto.

— Yuu... deixarei as suas roupas aqui... – apontou para o lugar onde deixou as peças.

—  Fica aqui... – o mais novo disse estendendo a mão para ele. Kouyou se aproximou e segurou sua mão de forma leve, logo o sentindo apertar, como se não quisesse ir, ou deixa-lo ir.

Kouyou permaneceu em silencio, por alguns minutos, vendo o outro se esforçar para não voltar a chorar.

— Lembrei-me de quando chegaste aqui... estava com tanto medo de mim, que só minha presença no fundo desse cômodo estava lhe incomodando.  – Disse tentando amenizar a situação.

O garoto o olhou por alguns segundos, e Kouyou sorriu levemente, mexendo no cabelo úmido do menor.

[...]

Yuu somente saiu do banho, quando a água já estava extremamente fria. Estava com vergonha do mais velho ainda estar ali, mas ao mesmo tempo, não queria ficar sozinho no cômodo.

Kouyou o enrolou com a toalha felpuda, para aquece-lo mesmo que ele não estivesse sentindo tanto frio.

O mais novo mantinha aquele silencio, e não parecia mais confortável, era um silencio doloroso.

Vestiu-se, e antes de fechar os botões da camisa, observou a marca, acima de seu estomago. Uma grande cicatriz vermelha, e ainda dolorida.

As lágrimas encheram seus olhos, viveria a eternidade com aquela lembrança ruim, que olharia todos os dias.

— Yuu?

— Mais uma lembrança ruim, mais uma cicatriz... – sussurrou, e repetiu algumas vezes, até que Kouyou se reaproximasse, e fechasse os botões da sua camisa.

— Não preocupe-se com isto, tudo bem? Não se preocupe... – beijou a testa do menor. – Vamos... agora quero que descanse um pouco...  – o levou para fora do cômodo, vendo o corredor agora vazio.

— Seu quarto não está mais em boas condições de uso, incomoda-se em usar o meu, ou deseja ficar na outra ala? – Kouyou disse em tom baixo, sem esperar que o mais novo se animasse em responde-lo, apenas continuou o caminho, á sua frente. Yuu apenas o seguiu, mas parando diante da porta.

— Serei o novo problema aqui, não? – sussurrou, chamando a atenção de Kouyou, que virou-se o encarando.

— Não será um problema Yuu... Nunca foste um problema aqui. – respondeu. Estendeu a mão, o guiando até a cama. – Vigiarei teu sono, não precisas preocupar-se com nada, apenas com seu descanso. – sorriu, sentando-se, e logo vendo o menor imitá-lo, e deitar-se sobre seu colo.

E novamente o silencio.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanhar a fic, comentar, visualizar ♥
Nos vemos amanhã!
beijinhos!



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