Sai da sala onde falara com meu pai sobre meu casamento com o não mais odiável Lorde Darcy, na verdade, agora mais que nunca, ele é por mim muito apreciado e querido.

Marido... marido... casada... esposa... tento repetir essas palavras em minha cabeça e, quando me sinto mais ousada, digo em voz alta, tudo para me acostumar com a ideia que irei ser... esposa- sussurrei tão baixinho a ponto que só eu era capaz de ouvir.

Agora era a parte difícil: o anúncio da aceitação de papai para com a proposta adorável do senhor Darcy. Para quem eu iria falar primeiro? Para o mesmo com quem eu dividiria o resto de minha vida, agora muito mais realizada por ter encontrado o amor; que estava me esperando no jardim? Para Jane, que estava com mamãe bisbilhotando seu cunhado e genro, respectivamente, pela janela? Tenho que fazer o certo, cumprir minha promessa: contar para Jane antes de todos.

—Jane, irmão, pode vir aqui por uns segundinhos?

—Claro! - disse Jane

—E eu ficarei aqui? Sem saber? Menina ingrata! Não se importa mais com os nervos de sua mãe?

—Claro que me importo, mamãe.

Subimos, só nós duas, para nosso quarto. A única coisa que vi do andar de baixo foi meu adorado olhando para nós. Um calor inexplicável subiu por meu corpo, me confortando os nervos.

Fechei a porta atrás de nós. Jane foi logo perguntando:

—E daí? Ele permitiu, mesmo sabendo que seu amor é algo repentino e incompreensível?

—Oh Jane, não pense assim. Julguei mal lorde Darcy, em princípio. Ele é um homem incrível e- meus olhos se encheram de lágrimas- ficarei feliz, na verdade, estou radiante, pela oportunidade de desposá-lo... e papai... irmã, quer ser minha madrinha de casamento?

Seus olhos estavam vidrados em mim, parece que ainda tentando assimilar as informações recebidas a pouco. Logo sua mão cobriu a delicada boca em sua face, mas, ainda assim, era notável seu sorriso.

—Sim, sim, mas é claro que sim. Eu já me considerava convidada. - Ela me abraçou apertado- mas, então- ela se distanciou- você será mesmo a senhora Darcy?

—Com uma alegria descomunal e disposta a amá-lo mais a cada dia que se passar. Oh, irmã minha, quem poderia imaginar? Agora tenho que contar para o meu noivo as boas novas, se me der licença.

Mamãe e minhas irmãs saíram de trás da porta aos berros:

—Minha garotinha irá se casar! Ah meu Deus, três filhas casadas. Ai meus nervos, meus nervos!

Todas sorriam e gritavam. Do meu quarto dava para ver Darcy olhando para cima, tentando entender o que estava acontecendo.

—Meninas, se me dão licença, tenho algo a fazer.

—Oh sim, vai contar a ele! Vai lá!

Desci as escadas com parcimônia, matutando o que falar, como falar.

Saindo da casa, me dei defronte com ele. Olhei em seus olhos- o calor voltou-, olhei às suas mãos- que vontade de as segurar-, voltei para seus olhos e disse, de maneira séria:

—Lorde Darcy, podemos conversar- olhei em volta, todos se espremendo na janela para bisbilhotar- humm, em um lugar mais privado?

Ele me olhava com desconfiança, uma pitada de medo e ansiedade. Fez que sim com a cabeça e me deu o braço para irmos, aceitei, se bem que pese que com uma certa relutância- eu precisaria me acostumar com aquilo.