Intenso escrita por Lightside


Capítulo 1
I - O Confronto


Notas iniciais do capítulo

Como já devem ter percebido, o enredo se passa em um Universo Alternativo, diferente das animações. Bom, eu tinha uma história clichê gostosinha de colegial mofando na minha pasta que estava clamando para ser postada, então só uni o útil ao agradável. Nela vai conter muito drama, ação, hentai e romance, quatro elementos que mais me chamam a atenção quando leio fics, rs.

Os protagonistas do enredo serão meus bebês, otp supremo: Hiccup e Merida! ♥

Antes que me perguntem se vai ter Kristanna, Jelsa, Jackunzel ou Flynzel e etc e, já aviso que com exceção dos protagonistas e Kristoff e Anna não defini o restante dos casais. Em fim, pretendo desenvolver as relações conforme o desenrolar da história, ok?

Para mais informações sobre a história e personagens: https://www.spiritfanfiction.com/jornais/universo-de-intenso-14443808

Em meados de outubro o jornal será atualizado juntamente com os próximos capítulos que estão postados no Spirit.



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C A P Í T U L O  I:

O Confronto 

 

As vezes é preciso se aventurar fora do seu mundo para se encontrar.

Gossip Girl

 

Naquela manhã, Merida Dunbroch não havia acordado com o barulho do despertador como de costume, mas, sim, com os gritos e socos incessantes de sua prima de segundo grau, com quem ela divide o aluguel de um apartamento sublocado pelo dono do condomínio, o Sr.Oaken.

— Acorde Mer! — Rapunzel continuou a insistir, e garota deitada na cama forçou os olhos abrirem, enxergando turvamente o teto branco.

Rapunzel Corona é uma adolescente de dezessete anos e está no último ano do ensino médio. Ela não vê a hora de se formar e realizar seu grande sonho de menina: estudar em Paris, cursar artes na faculdade École Nationale Supérieure des Beaux Arts e se tornar uma grande pintora impressionista. Dona de uma cabeleira loira e lisa que se estendem até seus tornozelos, olhos grandes e gentis, rosto em formato de coração com traços muito sutis e refinados. As sardas em suas bochechas destacam sua personificação de fada. De personalidade criativa e animada, ela presa pelos os bons costumes, organização e a inteligência.

— Não se atrase ou te deixo aqui! — Merida a ouviu berrar mais uma vez através da porta, antes das batidas encerrarem.

A garota se senta na cama bocejando de modo preguiçoso, para logo afastar sua bela cabeleira ruiva dos olhos. O celular tocou cinco minutos depois e sorriu remexendo-se. Preferia acordar com o estridente som do aparelho na cabeceira do que com o som dos potentes socos de sua prima energética na porta.

Afastou a cortina e abriu a janela do quarto para observar o céu límpido e ensolarado.

Merida Dunbroch é uma jovem de dezesseis anos, viera de uma família que um dia já tivera muito dinheiro e influência no passado, muito antes da sua existência, mas agora os tempos são outros. Sua mudança da agitada Berk para a pequena e pacata Storybrooke é porque estava decidida a se vingar do homem que roubou sua família e causou a morte de seu pai, Fergus.

O fruto dos seus esforços foram recompensados quando ganhou a bolsa para estudar em Boulevard, o colégio mais requisitado da cidade. Além disso, ela havia passado em primeiro lugar no estágio de uma das mundialmente famosas multinacionais Haddock, completando a primeira parte de seu plano.

De temperamento variável como as fases da lua; Merida pode ser tão doce em certos momentos, em outros, explosiva. Espirituosa, independente e otimista, a jovem não abre mão da liberdade, é uma verdadeira amante da vida.

Ruiva, seus cabelos cacheados são revoltosos, vibrantes e imponentes como as chamas do fogo, olhos azuis penetrantes e intensos, silhueta perfeita, com curvas nas medidas certas e sorriso contagiante. 

— Vamos lá, hoje é o dia de fazer acontecer! — disse para si, dando algumas batidas em suas bochechas.

Saiu do quarto e foi para o banheiro fazer a higiene matinal, em seguida, passou o uniforme do colégio que era composto por uma saia de prega azul marinho, blusa de linho branco com uma gravata vermelha. Parou diante do espelho e tentou fazer um coque, desistiu. O rabo de cavalo alto estava um desastre, isso sem mencionar a trança. 

Nada. Não adiantava fazer algum penteado um pouquinho mais elaborado pois seu cabelo não queria colaborar de jeito nenhum. Rendida, ela o deixou livre e solto.

Observou seu reflexo e a base a desafiou a passá-la, escondendo as olheiras devido às altas horas no telefone na noite anterior conversando com sua mãe, Elinor. Aplicou também um pouco de rímel para realçar belas íris azuis. 

Sua barriga ronca denunciando sua fome, e como uma boa glutona correu em direção à cozinha onde sua prima despeja no prato uma linda omelete de queijo.

— Pensei que teria que derrubar a porta do seu quarto — brincou a loira, quando a ruiva se senta à mesa já devidamente uniformizada e com a expressão de poucos amigos. — Suco?

Merida assente com a cabeça e Rapunzel a serve.

— Então, animada para o primeiro dia de aula? — perguntou a Corona mordendo a torrada, enquanto a outra olhava distraída para a foto do falecido Dunbroch. — Ou, estou falando contigo! Não me diga que você tá olhando para foto do seu pai de novo, Mer?

— E qual é o problema, Punzie? É crime por acaso? — retrucou a ruiva, apertando o papel fotográfico com força.

— Não. Mas, no seu caso isso já está virando uma obsessão! — reclamou a prima, ao franzir o cenho em reprovação.

— Eu quero e vou fazer justiça!

— Mer, seu pai se suicidou, não há o que fazer.  — A mais velha deu algumas palmadinhas nas costas da garota em sinal de apoio. 

— É diferente. Meu pai foi enganado! — A Dunbroch trincou os dentes e cerrou as mãos em punhos, sentindo a ira tomar sua razão. — Aquele desgraçado do Stoico Haddock passou a perna e roubou tudo o que nós tínhamos.

— Prima, supera isso... — A voz de Rapunzel saiu moderada, não querendo provocar a jovem ao seu lado. 

— Enquanto não vingar a memória do meu pai, nunca vou esquecer! — bateu os punhos com força na mesa. — Nunca!

— Só toma cuidado, tá? — Abraçou a prima num aperto forte e cheio de carinho. — Essa sua sede de justiça ainda vai lhe colocar numa roubada. Só escuta o que estou te dizendo.

— Eu vou ficar bem Punzie — afirmou Merida feliz por ter com quem contar. 

As íris verdes de Rapunzel percorrem pelo relógio na parede constatando o horário. 

— É melhor sairmos — alertou, já levantando da mesa e recolhendo sua louça. — Quero te mostrar a escola.

[ ... ]

A trajetória até o colégio foi tranquila, conversaram o caminho todo.

— Estou dizendo, Boulevard é uma excelente escola. Sua estrutura e educação faz jus ao título da melhor da cidade, mas o único problema é que se você não tem posses e é um simples bolsista, você se torna invisível para maioria das pessoas — explicou a loira, enquanto dirigia seu velho Fiat Uno vermelho.

— Não tenho a menor intenção de atrair atenção, muito menos me tornar uma Cady Heron para ganhar ''amizade'' — fez as aspas com os dedos e continuou: — de alguma Regina George e suas seguidoras.

Rapunzel riu com desabado da Dunbroch, mas não era um riso de deboche, mas, sim, de total concordância.

— AH MEU DEUS! — falou com emoção, ao notar o quão enorme o colégio é. — É aqui?

Corona balança a cabeça em afirmação e Merida continuou com os olhos vidrados na paisagem. 

O lugar é realmente incrível. Sentiu-se que estava em um daqueles colégios internos mostrados nos filmes adolescentes da Disney Channel. A instituição tinha três andares, um chafariz, estátuas angelicais da época do renascimento italiano, e um corredor enorme de árvores de pessegueiro com suas pétalas espalhadas, enfeitando ainda mais a entrada.

— Fiz a mesma expressão quando entrei no primeiro ano. — Ouviu sua prima comentar.

A ruiva torceu o nariz ao notar os alunos já em suas panelinhas, provavelmente falando mal da vestimenta de alguém ou contando vantagens de suas viagens, ou qualquer futilidade que o valha. 

— Mordomo e Limousine?! — balbuciou, impressionada o quão ricos esses jovens são. Então, franziu o cenho quando Rapunzel estaciona o carro na parte dos fundos, sendo que aquele estacionamento comporta mais do que todos os representantes do senado juntos. — Por que não estaciona na entrada? Tem vagas mais do que suficiente, Punzie.

Corona acaba de estacionar seu Fiat, puxa o freio de mão retirando rapidamente a chave da ignição e suspira fundo ao tirar o cinto, virou-se na direção da ruiva e disse claramente:

— Mer, você viu os carros e motos daquelas pessoas, certo? Ferraris, BMWs, Conversíveis, Harley Davidson, Mercedes e Ducatis —  A outra balançou a cabeça em concordância. — Ok. Agora você sabe que meu carro é um Fiat Uno, uma sucata comparado aos que estavam na entrada.

— Não fale assim, Punzie. Eu gosto do seu carro — disse a ruiva, com sinceridade absoluta. 

— Eu também gosto dessa velharia aqui. — A loira beija o volante demonstrando apreço pelo seu bem. — O colégio tem uma reputação a zelar. E, se meu Uno estiver entre aquelas gracinhas ali — , Rapunzel aponta para o Porsche amarelo — com toda a certeza vai causar um grande estrago na imagem nessa instituição. Entende? 

— Espera. Tudo não passa de uma questão de aparências? — a Dunbroch indagou arqueando a sobrancelha, entendendo onde sua prima queria chegar. — Ou seja, é uma segregação entre bolsistas e burgueses, certo?

— Bingo! — exclamou a outra em resposta.

— Isso me dá nojo! — esbravejou, ao pegar seus materiais e então a Corona fechou o veículo e acionou o alarme. 

No caminho, Merida havia notado que haviam mais carros populares estacionado naquela área.

— A maioria são grandes boçais, mas, há algumas exceções como a Elsa e Astrid, minhas melhores amigas que se entrosam com os bolsistas.

— Entendi — murmurou a ruiva em resposta, ao ajeitar as alças da mochila em seus ombros. — Então, me fala mais sobre a escola.

Rapunzel havia ficado séria por um momento enquanto atravessaram o corredor com as árvores de pessegueiro. Os olhos de repulsa dos alunos de alguma forma não intimidou a Dunbroch, no entanto, ela teve que respirar fundo para controlar sua enorme vontade de pegar os livros de sua bolsa e acertar as cabeças daqueles riquinhos metidos a bestas.

— Bom, os professores são muito dedicados e diferente dos alunos, não fazem essa distinção. É claro que tem algumas exceções como o mala do Hans, o professor de biologia e também a vaca da Gothel, de literatura espanhola — começou a garota toda animada, quando passaram pela porta de entrada.

Novamente, Merida ficou encantada com a beleza do local.

— Atualmente a diretoria está sob a posse da Heather Andersen — comentou Corona com admiração, e os olhos da novata estavam focados no corredor, nas pessoas pelas quais transitavam, no lindo chão, nos armários, paredes e quadros. — Se eu fosse bissexual, com certeza iria cantá-la. A mulher é linda e sofisticada!

— Ai Punzie, só você mesmo! — Ririam. — E você tem amizade com os bolsistas? — continuou Merida com suas perguntas. Tinha fome de saber sobre tudo: sobre as pessoas e os lugares que fariam parte da sua realidade.

— Ah sim! —  diz a prima empolgada. — Tem o Kristoff e os gêmeos Cabeça Quente e Dura. Ah, vou te levar no refeitório para conhecê-los e… Sabe aquela ali — apontou para uma garota ruiva com duas tranças boxeadoras — jamais, em hipótese alguma lhe dirija à palavra. Apesar dela ser irmã da Elsa, Anna é uma tremenda megera!

A garota maneou em concordância.

— Tem mais alguém que preciso tomar cuidado?

— Tem sim, o trio de idiotas! — grunhiu Rapunzel, trincando os dentes e fechando o armário com força. — Eles se acham os monarcas dessa escola e quem não lhes obedecer está condenado à forca. 

— Ah, sim — murmurou a ruiva enquanto caminhava.

— Olha, se o ensino aqui não fosse tão bom, juro que já tinha dado no pé faz tempo! — confessou sua prima prestes a arrancar os cabelos. — Flynn Rider é um arrogante com problemas sérios de narcisismo, já Jack Frost é o jogador de basquete e não sei muito sobre porque ele é caladão e esquisito, mas não resiste uma oportunidade para arrumar briga. E tem o menos ruim que é Hiccup Haddock. Ele é um imbecil, fato, mas comparado aos outros dois é mais suportável. É o único dos três que sorri.

— Hiccup Haddock? — questionou, ao virar para o próximo corredor. — Filho do Stoico, não é?

— Merida, por favor! Por mais idiota que esse garoto seja, ele não tem nada a ver com a tragédia da sua família — a repreendeu.

— Eu sei. — Deu de ombros. — Mas isso não me impede de aproximar dele para chegar até a fonte.

— ARGH! — resmungou a loira batendo em sua testa. — Você é muito cabeça dura!

— Então,  — começou a garota mudando de assunto, a fim de colher mais informações — esses garotos são amigos?

— Amigos? — questionou rindo. A Dunbroch se impressionou com sua capacidade de conseguir manipular sua prima. — Pelo o que Elsa e Astrid me contaram, eles são amigos de infância, tipo a merda, cú e papel higiênico.

Merida riu alto. Definitivamente, Rapunzel é muito engraçada, as feições que fazia enquanto criticava era realmente hilárias.

— Por isso sugiro que fique longe deles. Principalmente do Flynn Rider, ele é o mais insuportável e também se acha o gostosão, a última bolacha do pacote! — Finalizou em um aviso e a Dunbroch limpou um dos olhos devido as lágrimas acompanhada dos risos.

— Não sabia que tinha tanto ódio no coração, representante. — A voz grossa se fez presente atrás delas, seu tom é sério e frio, sem um pingo de emoção. — Está apresentando o colégio para mais uma gentinha da sua laia?

As garotas congelaram. 

Rapunzel bufou ao cerrar os olhos, abrindo-os em seguida e Merida rapidamente virou-se dando de cara com um rapaz de presença com os cabelos escuros, desalinhados e um cavanhaque. Seus olhos castanhos estavam fincados em sua prima como uma ave de rapina, prestes a caçar uma presa. Notou a tensão formada, sentiu-se encolher diante daquele olhar gélido que nem mesmo era direcionado à si. De todo, aquele mauricinho era muito bonito, e Merida teve que admitir mentalmente. 

A gravata estava frouxa e criava um ar mais descontraído. Flynn vestia o uniforme masculino completo composto pela calça azul e terno marinho e blusa social branca de linho, nos pés, calçava sapatos marrons sociais.

— Sabia que é feio ouvir e se intrometer na conversa dos outros?! — a loira o provocou, e a Dunbroch teve uma vontade imensa de socar a prima pela estupidez e audácia, pois se ele for como ela lhe relatara, aquele rapaz à frente delas poderia se quisesse tirá-la do colégio no próximo minuto. Conhecendo Rapunzel melhor do que ninguém, Merida sabia que a garota é uma pessoa que não suporta pessoas grossas e sem modos, por ter essa personalidade toda certinha, não ficou admirada quando Flynn Rider mencionou que a mesma é a representante de classe.

— Não tenho culpa se você fala como uma feirante — respondeu-lhe na mesma moeda. 

— Sr. Rider, dê um nó digno dessa sua gravata e abotoe sua blusa — retrucou a representante beirando a irritação.

— Ah! Não me acho ''a última bolacha do pacote.''  — O cinismo em sua voz veio acompanhado de um sorriso com dentes brancos e alinhados ao abotoar a blusa e ajustar razoavelmente a gravata. — Eu sou! — Então gargalhou falsamente. — Para uma garota com vestes de segunda mão, até que é bonita. — Piscou ao alisar o cabelo para trás.

Rapunzel pensou em responder as provocações e dar uma boa bordoada nesse idiota convencido, mas, como boa uma virginiana, não deixou-se ser levada pela suas emoções e as controlou com maestria, engoliu seu orgulho e respirou fundo com o pensamento: só mais um ano.

— Cinco pontos a menos por toda esse seu desleixo — ela disse por fim, rapidamente tirou da mochila uma prancheta e anotou algo do qual Merida não pode ver e Flynn deu de ombros satisfeito, pois havia ganhado a batalha. — Dá próxima vai para sala do diretor!

Ele lançou um último olhar para a loira e rapidamente avaliou a ruiva com um sorriso cínico, girou os calcanhares e caminhou em direção a sala de aula. No caminho, o rapaz cumprimentou alguns garotos ricos, não tão ricos como ele que seguiram juntos pelo corredor.

— Não te disse? — resmungou a prima de repente, batendo o pé, parecendo emergir do transe em que ficou por alguns segundos o vendo se afastar. — Ele é um grande babaca!

— Não tenho dúvidas! — concordou Merida.

— Vamos logo entregar esses papéis e pagar sua grade de aulas para não nos atrasarmos — concluiu Rapunzel, praticamente arrastando a garota pelo caminho. 

[...]

— Este aqui é o refeitório — informou Corona, e as garotas adentraram no local e Merida ficou impressionada com a quantidade de guloseimas. — Oi pessoal! Essa é minha priminha, Merida.

— Olá! — disse a ruiva com um sorriso gentil para todos na mesa. 

— Oi Merida, sou Lilian Walter, mas todos aqui me chamam de Cabeça Quente porque dizem que sou estressadinha, mas é mentira — disse com simpatia, a garota loira com seus olhos azuis acinzentados e um sorriso divertido ao apertar uma das mãos da Dunbroch.

— Chegou em Storybrooke quando? Punzie disse que você veio de Berk, eu tenho parentes lá — comentou outra garota loira e muito bonita por sinal, julgando pelas vestes dela, Merida notou que a mesma poderia ser uma das amigas ricas que Rapunzel mencionou que gostava de se entrosar com os bolsistas.

— Faz uma semana que estou aqui — explicou, ao se sentar ao lado de Lilian que lhe ofereceu um pedaço de uma barra de chocolate Hershey's que foi prontamente recusada. — Punzie já no primeiro dia me levou para dar um pequeno tour pela cidade.

— Rapunzel! No primeiro dia? Nem deixou a coitada descansar da viagem? Definitivamente, você é uma tirana! — comentou a garota divertida. — A propósito, sou Astrid Hofferson. — Sorriu e Merida lhe sorriu de volta.

— Eu tirana? — a Corona se fez de inocente, comprimiu os lábios num biquinho fofo. — Sou um anjinho.

— Essa aí só tem cara de santa — brincou Cabeça Quente. — No fundo, ela é uma daquelas mulheres que gosta de algemar alguém na cama e dar uma de dominadora. — Fez um olhar safado, antes de cair na gargalhada com as outras três.

— Vai se acostumando Merida, essas duas são loucas de pedra — avisou Astrid e fez uma pausa dramática e então: — eu adoro isso!

Mais risadas divertidas preenchiam a mesa.

— Onde está a novata? — perguntou um rapaz loiro e robusto, acompanhado de outro garoto que era idêntico a Cabeça Quente.

— Aqui! — Rapunzel apontou para a prima com um sorriso. — Kristoff e Cabeça Dura, esta aqui é Merida.

— Encantado — brincou ao beijar a palma da mão da ruiva. — Sou Maurice Walter, como deve ter percebido gêmeo daquela bruaca ali — , apontou para a irmã que lhe mostrou o dedo médio. — O pessoal aqui me chama de Cabeça Dura.

— Nunca tente discordar dele — começou Kristoff — , mesmo que você estiver com a razão, pois ele vai lhe vencer no cansaço. 

— Mer é outra — comentou Rapunzel. — Às vezes eu tenho vontade de enfiar a cabeça dela em uma privada por conta dessa sua mania irritante.

Todos gargalharam.

O refeitório é enorme, os alunos presentes se agrupavam em suas turminhas. 

— Quem é aquele? — sussurrou Merida para prima, olhando na direção de um garoto de cabelos loiros platinados, quase brancos, olhos azuis tão rasos. Ele se juntou a uma mesa no fundo do refeitório e, reconheceu Flynn Rider entre um dos garotos sentados.

— Aquele é o tal Jack que te falei — cochichou. — Viu como ele é esquisito? Bonito, mas beeem esquisito — soltou um risinho.

— Bonito, esquisito e muito bom de cama — se intrometeu uma garota de olhos azuis, cabelos loiros presos por uma trança embutida na lateral e uma maquiagem elegante. Aquela é Elsa e a Dunbroch sabia porque sua prima havia lhe dito o qual simpática ela é.

Elsa Snow é uma das garotas mais ricas de Storybrooke e com a segurança dobrada. Seu pai é o governador da cidade e um dos políticos mais conceituados do mundo, sua fortuna e influência estão espalhados pelos quatro cantos do globo, no entanto, ela nunca faz diferença entre bolsistas e alunos ricos e, sua humildade faz com que amplie ainda mais suas características honráveis.

— Como você sabe disso? — perguntou a ruiva em inocência, ainda observando os garotos.

— Como ela sabe disso? — repetiu Rapunzel divertida. — Porque ela dormiu com ele.

— Na verdade, ela dormiu com os três — corrigiu Astrid, Merida olhou para mesma e ela sorria abertamente.

— Olha quem fala, você também dormiu com Hic e até com Flynn que diz só sair com mulheres mais velhas — retrucou Elsa com diversão, não se incomodando com nada daquilo.

— Uau! — balbuciou a Dunbroch não sabendo o que falar. 

— Pois é, duas piranhas! — Cabeça Quente disse de cara limpa e Kristoff a olhou aterrorizado pelo modo com o qual se referiu as amigas, mas o restante do pessoal caiu na gargalhada.

— E aquela ali que acabou de chegar? — Merida apontou na direção de um garota de um metro e sessenta e cinco, cabelos negros e escorrido, olhos lilases e pele pálida que passou pela porta do refeitório ganhando a atenção de todos. 

— Ah, aquela é a Deusa das deusas! — suspirou Cabeça Dura apaixonadamente, colocando as mãos em seu coração de forma dramática. — Violet Parr.

— Aquela é só uma das melhores amigas da minha irmã — comentou Elsa rindo.

Mas de repente, as garotas ficaram sérias, assim como todos no salão.

— Tem alguma coisa errada? — a ruiva perguntou, seguindo o olhar para onde todos estavam observando.

Viram a tal Violet falar algo em voz baixa para Flynn e Jack e ambos levantaram-se depressa e caminharam para fora do salão.

— Vamos lá! — incentivou Astrid toda animada e Rapunzel deu de ombros.

— Não tenho nada pra fazer mesmo — Cabeça Quente falou, para logo puxar Merida.

Lá, elas viram Rider bufando de raiva e Frost balançando a cabeça negativamente com um sorriso de satisfação, ele parecia se divertir, Astrid e Elsa foram ao encontro deles.

— Como esse corno tem coragem de defendê-la? — Ouviram os burburinhos de alguns garotos.

— O que está acontecendo? — Merida quis saber, Cabeça Quente segurou em uma de suas mãos.

— Nada de diferente — comentou a Walter. — Algum garoto corajoso o bastante para enfrentar aquele cara — apontou na direção de Melequento.

— Ouvi dizer que ele engravidou a Gogo — cochichou Punzie, roendo uma das unhas e ficando na ponta dos pés para ver o que a multidão de pessoas escondiam.

— Mas isso é absurdo! — a Dunbroch se pronunciou. — Ele tem que assumir essa criança.

As garotas riram.

— O que foi?

— Melequento assumir alguma coisa? — repetiu Cabeça Quente, e todos começaram a caminhar para dentro da escola ao som do sinal.

— Sabe quando isso vai acontecer? Nunca. Aquele ali é o filho do dono da escola. É claro que não será punido — resumiu Kristoff ao se aproximar das garotas, com a raiva nítida em sua face. — Se ele ao menos pagar um médico para essa menina fazer um aborto decente já é muito.

— Mas é um absurdo essa garota ter a vida arruinada por causa da imprudência desse idiota! — grunhiu a novata entre dentes, cerrando os punhos, inconformada com aquela justiça.

— Por isso que eu digo para ficar bem longe desses riquinhos — sussurrou Rapunzel no ouvido da prima. — Esqueça sua vingança e deixe o Haddock, ele é outro que pode lhe colocar em uma enrascada. Porque ao contrário dos dois amigos dele, ele pensa.

Merida sentiu um arrepio na espinha, mas teimosa que só, não iria desistir tão fácil. Não até o filho de Stoico e chegar em seu objetivo.

— Aqueles três já são terríveis sozinhos, juntos eles são o apocalipse dessa escola — ouviram Kristoff dizer ao cruzar os braços.

[…]

 As últimas aulas pareciam ser de uma tremenda chatice. Quanto mais Merida olhava para o ponteiro do relógio, menos ele parecia se mover. Bufou irritada. Batucava os dedos na mesa com a expressão de tédio do qual não fazia questão alguma de esconder, e apoiou uma das mãos em sua bochecha, sustentando o peso da cabeça curvada para o lado. 

Estava nervosa por diversos motivos. 

O primeiro é por não ter suprido sua curiosidade em conhecer o herdeiro de seu maior inimigo, o segundo é por não dar um bom chute nos testículos do tal Melequento para nunca mais tentar fornicar com ninguém. E por último, não via a hora da aula que mais se parecia com uma tortura psicológica se encerrar. Queria que seu estágio se iniciasse logo, e finalmente conhecer Stoico Haddock.

— Viram a briga do Hiro com Melequento hoje? — comentou uma das garotas, Merida bufou ainda mais. — Aí ele tão atlético!

— Não, Haddock é o melhor! Pena que ele não sai com ninguém do colégio. — Mais burburinhos e tolices foram ditas.

— Prefiro o Rider. — A ruiva ouviu outra garota de voz esganiçada dizer.

— Sai fora. O Frost é bem melhor e mais gostoso, sinceramente, não me importaria de dar pra ele — outra garota respondeu e risos foram soltos.

Merida mordeu com força a tampa da caneta para não gritar com elas e dizer o quão estúpidas são.

— Credo, nem fale isso de brincadeira! — respondeu a outra com uma voz irritante de nariz entupido. — Sabe que esse tipo de garota são consideradas pela sociedade como putas que só servem para uma boa foda. Nenhum cara de respeito vai querer se casar com uma garota assim…

— Aquela GoGo Tamago é uma grande vadia! Todos nós sabemos que ela deu pra todos os garotos do colégio… Demorou até para ela engravidar — o comentário maldoso de uma das colegas atrás de si não passou despercebido pela Dunbroch que virou bruscamente para trás e bateu uma das mãos na mesa da garota com raiva.

— Qual é o problema? A sexualidade não determina o caráter de ninguém! — Merida gritou, o seu pavio curto havia sido acionado. — Ela é livre para julgar e fazer o que bem quiser com seu próprio corpo ou vida — riu sem um pingo de humor. — Me admira vocês, mulheres, ao invés de ficarem ao lado dela, defendem aquele crápula que pensa com a cabeça de baixo ao invés do cérebro!

Todos na sala ficaram em silêncio, até mesmo Cruella De Vil, a professora de história mundial interrompeu a aula para prestar atenção naquela confusão.

— Não sei do que essa louca está falando. — A tal garota tentou disfarçar, mas todos a olhavam com desaprovação e fofocavam.

 — Algum problema garotas?

A Dunbroch respirou fundo e contou de um a dez para não se descontrolar novamente.

— Desculpe professora, foi só um mal entendido — a contragosto, ela se desculpou.

Para o seu alívio, o sinal havia soado e todos voaram para saída. Mas antes de sair, a tal garota olhou Merida com desprezo e a mesma lhe encarou com mais altivez e imponência. Então ela saiu e Lilian aproximou já com a mochila nas costas.

— Punzie tinha nos dito que você é estourada, mas não imaginei que fosse a esse ponto — comentou rindo. 

— Eu só acho um absurdo ficarem crucificando a tal Gogo como se ela fosse a maior biscate só pelo fato dela ser uma mulher e ser bem resolvida sexualmente. — Jogou os materiais com raiva dentro da mochila. — Homens que saem por aí pegando geral são considerados maravilhosos, os garanhões — desabafou para colega com raiva. — Estou cansada disso! 

— Infelizmente Mer, essa sociedade ainda é muito machista.

— O pior nessa história não são eles, mas, sim, garotas bobas como aquelas que nos envergonham! — falou possessa, já saindo da sala ao lado da amiga loira.

— Aí estão vocês. Como foram o restante das aulas? — perguntou Rapunzel, quando se esbarraram no corredor.

— Mer acabou de dar uma linda lição de moral em um bando de garotas atrás dela — comentou Cabeça Quente orgulhosa.

— Pelo amor de Deus, não me diga que ela já levou uma advertência? — Corona fechou os olhos e sua boca ficou uma linha reta.

— Nada — continuou —  , ficou tão abismado com as palavras dessa fera aqui que deixou passar.

— Não é bem assim… Eu não disse nada demais… — A ruiva sentiu as bochechas queimarem.

— Nada demais? Foi discurso feminista mais bonito que já ouvi! — Cabeça Quente estava admirada e apertou os ombros de Merida em apoio. — Ela disse para as garotas que a Gogo é livre para fazer do corpo e vida dela o que quiser e que a sexualidade não define o caráter de alguém. Agora me fale se isso não é bonito?!

Rapunzel balançou a cabeça em reprovação.

— Prima eu admiro sua coragem, mas isso pode a tornar numa grande idiota se não usar sua cabeça — a repreendeu. — Já pensou se Cruella resolvesse mandá-la para diretoria? A esse instante você teria perdido sua bolsa e estaria com seus materiais indo somente para seu estágio.

— Meu deus! — exclamou a Dunbroch, puxando o pulso direito da Corona e vendo as horas no relógio digital da mesma. — Preciso ir pegar o ônibus, não posso me atrasar, afinal, a primeira impressão é super importante!

— Você vai assim? — perguntou Rapunzel, avaliando-a de cima abaixo enrugando a testa.

Merida maneou um não com a cabeça.

— Tenho roupa de troca. Assim que chegar lá, vou diretamente para o banheiro. — Mordeu o lábio inferior. — Agora preciso ir… Nos vemos mais tarde Punzie. Tchau Lily.

— Tá bom! — Corona gritou parada na porta da entrada do colégio e a Walter sorriu ao observar a nova colega correndo feito uma zebra desesperada pela savana da África.

A Dunbroch saiu de Boulevard correndo feito um jato, pouco se importando com os olhares ultrajados sobre si. Estava quase alcançando o portão quando ouviu um rodopio intenso de uma moto e fechou os olhos esperando pelo impacto que não veio, pois o motorista conseguiu puxar o freio.

— Olha por onde anda, seu idiota! — Em meio agitação e desespero ela gritou, e sem pensar chutou o farol de uma Harley Davidson modelo Night Rod. 

A confusão já havia se formado. Todos que estavam presentes no estacionamento permaneceram estáticos e Merida sentiu o sangue se esvair do seu corpo.

— Aquela não é a moto do Haddock? — Ouviu alguém dizer completamente em choque.

— Vish, essa daí tá ferrada! — Arregalou os olhos, ao ouvir outro comentário de um dos garotos que estava próximo de si.

O rapaz tirou o capacete preto, os fios desalinhados de seu cabelo balançava levemente acompanhando o ritmo da brisa.

 A ruiva puxou todo o ar para dentro de seus pulmões. Notou que os cabelos na tonalização entre o chocolate e o mel contrastava muito bem as íris verdes como a grama. Os ombros de Hiccup são largos e o físico é perfeito, pois não fazia o gênero musculoso e nem magrelo. O rosto fino; o nariz arrebitado, traços másculos ao mesmo tempo suaves. 

Ele usava o uniforme do colégio, mas nele não ficava sem graça como dos demais, pelo contrário, parecia despojado. A camisa de linho tinha dois botões abertos, sendo possível ver um pouco de sua pele levemente bronzeada, como também a corrente de prata, a gravata frouxa em seu pescoço, e nos pés calçava um tênis All Star cano longo preto e cadarços brancos, um clássico. 

Por um minuto, a jovem pensou que fosse uma ilusão da sua mente, um sonho ao qual ela estava vivendo enquanto dormia na sala de aula. Infelizmente, é real.

Hiccup Haddock… Ele é… Lindo!

Merida engoliu em seco, sabia que naquela noite sonharia com os olhos dele. Mas não eram quaisquer olhos; são as íris do filho do homem que arruinara a vida da sua família, intensos como as águas que deságuam no Caribe, perigosos, pois eram um convite para se apaixonar. 

Ele colocou o capacete no banco e se aproximou em passos lentos do farol, avaliando o estrago. A ruiva arfou, prendendo o fôlego, todas as pessoas o fitavam em absoluto silêncio.

Como um leão prestes a dominar sua presa, ele foi em direção à Merida a olhando diretamente nos olhos, de modo penetrante. Ela teria ficado fascinada com o caminhar desleixado e firme dele se não estivesse completamente assustada com aquele olhar sério cavado sob sua face.

— Então... — Ouviu a voz masculina e decidida de Hiccup em um tom brando, mesmo com impaciência, saiu arrastada, causando um arrepio prazeroso na Dunbroch. — Estou esperando… 

— Esperando pelo quê? — indagou a ruiva confusa, ao retirar o pé direito do farol e cruzar os braços, piscando diversas vezes suas íris, obrigando-se a se concentrar na situação formada e não nas orbes verdes.

Hiccup entortou os lábios em diversão, para logo replicar uma resposta cheia de prepotência e audácia:

— Oras, que você me peça desculpas por ter acabado com farol da minha moto favorita!

A arrogância em suas palavras, como se fosse uma ordem a qual devia ser acatada fizeram a adrenalina percorrer pelas suas veias e a raiva tomar conta das suas emoções, deixando a razão de lado.

— Ah é mesmo? — Se fez de cínica ao cruzar os braços, o encarando com altivez. —  Então estamos quites porque você deveria se desculpar por quase me matar!

O estacionamento explodiu em comentários, por tamanha afronta e disparate de Merida.

— Com certeza ela é uma bolsista medíocre! — falou uma adolescente com a voz enojada.

— E você é a Lady Gaga depois de três plásticas mal realizadas e ainda de ressaca! — gritou em resposta, se segurando para não voar em cima daquela garota cheia de maquiagem que daria para rebocar o muro do colégio inteiro, mas se controlou, voltando os olhos para o rapaz à frente.

Uma leve surpresa passou pelos olhos verdes, então ele entortou ainda mais os lábios num sorriso meia lua, tão atraente e sexy que Merida pensou que seu coração saltaria pela boca. Diferente de todos ao redor, Hiccup era único que realmente não estava com raiva, pelo contrário, ele aparentava se divertir com a situação. O fato  foi comprovado quando o moreno gargalhou alto, como se tivessem lhe contado a piada mais engraçada do mundo.

Então ele voltou a se aproximar da garota.

 A Dunbroch pensou em dar um passo para trás, no entanto, suas pernas não obedeciam os comandos de sua mente. Era como se Haddock emergisse um magnetismo que a atraia completamente para ele.

Hiccup colocou uma das mechas encaracoladas e revoltosas atrás da orelha direita da jovem que prendeu o fôlego. O rapaz estava tão perto si que podia sentir o hálito dele.

Então ele inclinou o rosto e puxou um dos braços da mesma e segurou a cintura dela de forma firme. O coração da jovem parou de bater por um segundo ao ouvir:

— Tem sorte de ser tão linda, Marreta.


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Notas finais do capítulo

Agradeço desde já por estarem dando uma chance a Intenso, estou bem empolgada com esse projeto e espero que vocês gostem!

Bom é isso. Obrigada a todos que leram até aqui.

Beijos, até os comentários! ♥



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