Era 2 de julho de 2021. Um dia incomum comparado ao restos dos dias daquela semana. Depois de dias incansáveis de chuva o dia amanheceu com um brilhante e quente sol. Os preparativos para o quatro de julho, a independência do nosso pais, era visto em todos os cantos da cidade e por isso a noite estava mais agitada que o normal, muito movimento de pessoas para lá e pra cá e gritos de criança eram escutados por toda a vizinhança. 

Eu adorava o 4 de julho, era um das minhas comemorações preferidas, desde criança sempre participei de passadas e eventos. Porém naquele ano em específico não estava tão empolgada, e pela primeira vez em muito tempo passaria o dia em casa. Muitas coisas na cabeça para pensar em festejar.

Na noite do dia 2 de julho estávamos todos em casa, quando tudo mudou, jantando. Nossa casa estava situada em uma tranquila vizinhança na parte suburbana da cidade. Era uma casa de dois andares na cor branca. Havia uma pequena varanda na parte da entrada da casa que dava para o lindo jardim de minha mãe. Ela amava passar horas cuidando de suas plantas. Uma pequena garagem estavam do lado direito da casa, nós a utilizávamos apenas para guardar objetos aleatório, era um campo minado de bagunça. Nosso único carro ficava estacionado na entrada da mesma. Um sedan preto.

Não éramos ricos mas vivíamos bem.

Naquelas semanas que antecederam o terrível acontecimento meus pais passavam por problemas conjugais e financeiros. Uma coisa levou a outra. Meu pai estava a beira da falência, tinha perdido grande parte do seu dinheiro tentando consertar problema atrás de problema. Então eles começaram a brigar e muito. Primeiro por dinheiro, sobre como iriam pagar as contas e não muito tempo depois começaram os ataques de ciúmes. 

'Essa roupa não é adequada, Rebeca" "Você não podia esperar para correr pedindo ajuda para Ethan, não é" "Joane é um amiga"

Eles brigavam tanto mas tanto que toda noite depois do jantar eu deitava em minha cama e chorava até pegar no sono. Tudo tinha desmoronado em tão pouco tempo. Éramos pessoas feliz, éramos uma família feliz. Tudo girava em torno de abraços e sorrisos até se torna gritos e lágrimas.

Também tinha o problema com o Jonas, meu irmão mais velho. Depois do verão ele começaria a faculdade mas depois da quase falência do meu pai, a conta das poupança foram todas zeradas sobrando quase nada para a faculdade. Não tinha como bancar ele em outra cidade. Isso matava meus pais apesar que Jonas não se importava com a faculdade ele só queria que tudo ficasse bem. Ele era um bom garoto.

Naquela noite, tudo parecia tão certo, como um arco íris depois de uma tempestade. Estávamos jantando, rindo das piadas um do outro. Contando como foi nossos dias. Nos estava feliz, pela primeira vez depois de muito tempo. Eu mesma estava empolgada, radiando felicidade, dali alguns dias seria o baile de Primavera e eu tinha sido convidado por um garoto que eu tinha uma queda gigantesca desde o fundamental. Bryan um dos jogadores do time principal da escola. 

Meu pai estava contando como seus negócios estava voltando aos eixos. Ele estava feliz e consequentemente minha mãe também estava. Então nós escutamos a primeira explosão. O barulho foi tão alto que o lustre em cima da mesa começou a balançar e uma copo caiu derramando seu conteúdo e deslizando para o chão. 

Que diabos foi isso? - Exclamou meu irmão levantando tão rapidamente que a cadeira quase caiu no chão.

O terror do acontecimento estava estampado no rosto de nós quatro ali reunidos, olhávamos uns para os outros tentando entender. O que geraria um tremor forte daquele?.Levantei lentamente vendo que meu irmão já se aproximava da janela. Meus pais trocaram um olhar antes de também se levantarem. 

Você viu alguma coisa, querido? - Perguntou minha mãe a Jonas  enquanto encostava  a mão sobre seu ombro. Todos nós tínhamos indo em direção a mesma janela, tentando se espremer para enxergar alguma coisa também.

Mal dando para enxergar algo meu pai não esperou a resposta e saiu a  caminho da porta. Eu o segui rapidamente. Alguns dos nosso vizinhos já estavam do lado de fora. Uns conversavam relatando os acontecimentos que sabia.

 Então um apontou para o céu e gritou para todo mundo ver aquilo que ele via. Não foi difícil não notar o que deixou o homem eufórico. Ao sul de nossa casa havia uma nuvem de fumaça. Era completamente negra e densa se espalhava pra toda as direções. Parecia distante de onde a gente estava. Eu coloquei a mão sobre a boca imaginando o que será que havia acontecido. Tantas teoria vieram em minha mente, nenhuma parecia ser fiel ao que aconteceu.

Senti uma mão em minha cintura. Um toque suave que me puxava em sua direção me abraçando de lado. Era minha mãe que estampava um choque no rosto, o mesmo que provavelmente estava em meu rosto. - Vamos para dentro, meu amor - e me conduziu para dentro de casa seguido por meu pai. 

Então o caos começou.

Uma semana depois o exército começou a circular pelas ruas. Duas semanas depois a gente ainda não fazia ideia do que estava acontecendo. Três semanas depois fomos levando para um campo de controle. Quatro semanas depois fui separada dos meus pais. Cinco semanas depois o motivo de tudo foi revelado. Seis semanas depois reencontrei meus pais. Sete semanas depois o abrigo em que estávamos foi atacado e eu vi minha mãe morrer. Tiro nas costa. Oito semanas depois a fome começou. Nove semanas depois fomos encontrados. Corríamos o mais rápido que a gente conseguia porém eles corriam muito mais e eram muito mais inteligente. Então meu pai se sacrificou para dar uma chance para mim e Jonas fugir. Eu chorei tanto, perdi tanto, gritei tanto, então eu corri. E não olhei para trás, parando apenas quando o primeiro tiro foi soado