Cuidado Com o Que Deseja escrita por Thalita Moraes


Capítulo 2
Capítulo 2




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Gajeel nunca tinha visto sua namorada daquela forma. Lucy tinha acordado estranho e agia como se não o conhecesse direito, como se ela nunca tivesse visto o corpo dele nu. Mas quando ela olhou para sua marca na coxa, parecia que tinha sido a primeira vez que ela tinha visto aquilo. Ela esfregou sua mão, e estava o tempo todo esperando que fosse ser uma brincadeira.

Quando percebeu finalmente que não era, ela ficou em silêncio. E era a primeira vez que ele viu Lucy encarando o nada, quase como se estivesse pensando em sua vida. Gajeel colocou a roupa e sentou-se ao lado dela no sofá e pediu para que ela explicasse para ele o que tinha acontecido.

— Você vai achar que eu estou louca. — Ela disse com um olhar triste.

— Tenta. — Disse, tentando ser o mais compreensível que conseguia.

Lucy suspirou fundo, tentando colocar as palavras na sua cabeça em ordem.

— Eu não me lembro do que aconteceu ontem. — Disse e Gajeel riu baixinho.

— Isso é porque você bebeu ontem.

— Bom, isso explica a dor de cabeça. — Disse baixinho para si mesma. — Mas não é isso. — Suspirou de novo. — Eu não me lembro de nada.

— Como assim?

— Pra mim, até ontem, eu era uma maga da Fairy Tail, morava sozinha, e tinha um… — Olhou para ele e ficou com medo de terminar a frase, não queria magoar ele. — Bom, Natsu era meu namorado.

— Acho que você teve um sonho muito louco. — Gajeel disse e levantou-se do sofá e guardou as bebidas de cima da mesa no armário e colocou os copos na pia, abrindo a torneira. — E acho que podemos parar com o álcool por um tempo.

— Você não acredita em mim?

Gajeel encarou a água escorrendo da torneira, sem saber o que falar. Ele também não queria magoar ela. Ele fechou a torneira, suspirando baixinho e virou-se para ela.

— Eu acredito que você acredita nisso. — Ele disse e Lucy encarou o chão novamente, suas mãos nas têmporas. A dor de cabeça estava mais forte. — Qual a última coisa que você se lembra?

Lucy se jogou para trás no sofá, encarando o teto de gesso.

— De ter brigado com Natsu e correr pela cidade enquanto eu desejava nunca ter conhecido ele.

— Então aparentemente deu certo. — Gajeel comentou, Lucy ignorou o que ele tinha dito.

— E então, eu só me lembro de ter sonhado com o momento que eu conheci ele. Quer dizer, em que eu conheci um Salamander falso, que foi minutos antes de ter realmente encontrado com ele.

— Eu me lembro disso. — Gajeel disse e Lucy o encarou. — Eu tava na cidade voltando de uma missão. Eu tinha acabado de passar pela aglomeração de mulheres apaixonadinhas. Você tinha acabado de passar por ele e não tinha caído no Charm dele.

Então, Lucy se lembrou do resto do sonho. Ou será que era uma memória? Não sabia direito, mas se lembrava de ter esbarrado em Gajeel. Ela tinha reconhecido a marca da guilda dele e ficou receosa de conversar com ele, o ignorou e o encarou, mas eles se encontraram de novo.

Gajeel também se lembrava daquele momento. Ele se lembrava de ter olhado para a bunda dela enquanto ela se afastava dele. Ele lembrava do quanto que ele tinha achado ela atraente e o quanto ele queria ter ela. Se lembrava de ter seguido ela para conseguir uma chance para conversar com ela.

E, infelizmente, ele não tinha conseguido disfarçar muito bem. Lucy tinha entrado em uma loja de artigos mágicos e alguém tinha falado alguma coisa para ela. Foi então que ela tinha percebido. Ela nem comprou nada e foi tirar satisfação.

— Você está me perseguindo? — Ela disse, assim que saiu da loja, cruzando os braços, fazendo cara de malvada. Lucy não gostava de ter que fazer isso, mas quando precisava, ela conseguia se defender de caras assustadores como ele.

— Não, eu só estava…

Lucy não estava caindo na dele. Ela ergueu uma única sobrancelha, tentando fazer ele cair na dele, mas na verdade, aquela cena toda deixava ele extremamente nervoso, mas por outro motivo. Ele se lembrava de que ela tinha sido a primeira mulher que tinha deixado ele daquele jeito.

Ele pigarreou e olhou para baixo, e foi então que ele viu a revista que estava levemente pendurada na bolsa dela.

— Eu vi que você está olhando algumas guildas.

Lucy olhou para a própria bolsa. Estava séria, estava tentando entender o que ele estava tentando fazer.

— Eu faço parte da Phantom Lord.

— Eu percebi.

— Eu quero te fazer uma proposta.

Ela parecia interessada agora. Isso fez com que Gajeel se sentisse confiante demais.

— Que tipo de proposta?

— Saia comigo.

— Essa é a sua proposta?

— Se você gostar de mim, você entra para a minha guilda.

Aquilo fez Lucy rir, o que fez Gajeel ficar um pouco mais nervoso. Talvez ele tinha se atirado demais, ele não sabia fazer aquilo direito. Mas pelo menos agora a fachada dura dela tinha amolecido um pouco. Ela parecia que estava pensando na proposta ainda.

Na verdade, ela estava ponderando as opções dela. Ela tinha ainda intenções de ir para a Fairy Tail e Phantom Lord nem ao menos estava nas opções dela. Talvez se ela tivesse ido atrás do Salamander, talvez ela conseguisse entrar na guilda, mas… ela se sentia bem consigo mesma por ter recebido aquela proposta.

Fazia ela se sentir desejada, de duas formas. E ela tinha gostado daquilo.

— E então, o que me diz?

Lucy se lembrava que tinha dito sim. Se lembrava de pouca coisa, mas se lembrava daquilo. E, por um segundo, tinha se esquecido de como tinha conhecido Natsu. E aquilo a deixava confusa.

Lucy estava chorando agora e Gajeel percebeu, e correu para sentar-se ao lado dela.

— Ei, ei… O que houve? — Perguntou, tentando acalmar ela.

Naquele momento, ela não sabia se gostava do toque carinhoso dele ou se fugia dele, esperando encontrar com Natsu.

Então, fez a opção que não queria ter escolhido. Ela se levantou e saiu correndo para a porta, batendo-a atrás de si, sua respiração acelerada, seu coração batendo rápido. Onde que ela precisava ir? Onde que ela estava?

Ela não estava em Magnolia. Ela estava em outra cidade. Ela começou a caminhar rapidamente, arrumando novamente a camisa e fechando um pouco mais seu decote. As pessoas caminhavam por ela e acenavam, cumprimentando-a. Olá, Lucy. Como vai? Você está bem? E outras perguntas parecidas de pessoas que Lucy deveria conhecer, mas ela não conhecia. Ela nunca tinha visto o rosto deles antes na vida, mas, por algum motivo, eles conheciam ela. Eles sabiam quem ela era. E aquilo estava deixando Lucy cada vez mais assustada. Eles não deveriam conhecer ela. 

Lucy começou a esfregar as costas da sua mão direita, esperando que a maquiagem que tinham passado ali fosse sair. Ela não poderia estar realmente em outra guilda. Ela não queria acreditar que ela estava em outro universo. Não tinha sido aquilo que tinha acontecido. Eles estavam pregando uma peça nela. Era a única explicação que ela queria acreditar.

Mas pensar que ela estava em outro universo era mais fácil que acreditar que a guilda tinha colocado a cidade inteira para conspirar contra ela. 

Lucy começou a correr. Ela estava começando a surtar já. Ela não estava mais vendo nada na sua frente. As lágrimas estavam ofuscando sua visão. Ela não conseguia mais ver para onde ela estava correndo. Ela se lembrava daquilo. Ela tinha feito a mesma coisa no dia anterior. Talvez, se ela repetisse seus atos… Lucy riu de si mesma. Que patético. 

Ela estava repetindo a mesma coisa que ela tinha feito ontem. Apenas por outros motivos. Ela sempre faria aquilo agora? Correria enquanto chora? 

Lucy parou, chegando num ponto da cidade que ela não conhecia. Ela não conhecia nada por ali. Não sabia onde estava. Lucy percebeu que precisava se acalmar. Ela sentou-se no primeiro banco que viu, tentando limpar os olhos. Ela imaginou o que Natsu diria para ela naquele momento. Ele provavelmente diria para ela se acalmar. Para ela respirar. E foi exatamente o que Lucy tentou fazer. Ela tentou respirar. Mas só conseguiu depois que ouviu a voz do Natsu na sua mente dizendo para ela inspirar. E expirar. 

Assim, e só assim, Lucy conseguiu se acalmar. Imaginando a voz do seu namorado, se é que ainda podia chamar ele daquela forma. Lucy estava confusa. Onde é que ela estava e o que estava acontecendo com o resto do mundo?


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