O outro lado da cerejeira escrita por Saturn san


Capítulo 1
Capítulo 1 - A rejeição e o ruivo


Notas iniciais do capítulo

Foram poucas as minhas experiências escrevendo uma fanfic de anime, e essa é a primeira que escrevo de Naruto. Perdoem qualquer erro de gramática ou conexão, eu escrevo rápido e muitas vezes não reviso direito.
Espero que gostem e, por favor, comentem o que acharam. Beijos de luz e boa leitura!



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— Ele te deu um fora?! - Ino praticamente gritou, sua voz estridente ecoando pelo banheiro.
 - Ino-chan, não acho que devemos.. - Uma morena disse, com o cabelo preto em um corte estilo hime, e olhos extremamente claros. Ela tentava acalmar a loira, que batia compulsivamente na porta da cabine.
  Sakura Haruno, uma garota do primeiro ano, sala 1 -B, estava trancada em uma cabine do banheiro feminino da escola. A garota estava sentada na tampa do vaso sanitário, com as pernas puxadas para o peito as abraçando e a cabeça apoiada contra o joelho. Ela não estava chorando, mas sua expressão pálida e monótona denunciava o estranho sentimento que crescia em seu peito, como um buraco abrindo-se cada vez mais. Ela havia acabado de tomar um fora do garoto que admirava e amava desde os doze anos, ainda quando estavam na escola secundária. As palavras dele ainda ecoavam em sua mente, como uma mantida gravação ou disco aranhado. Repetindo-se. Repetindo-se. E repetindo-se. Cada vez mais alto, cada mais claro.
 Você é irritante. Disse ele secamente e apenas a olhando por cima dos ombros.
 Sakura correu para o banheiro depois daquilo, se trancando já fazia quase dez minutos. Queria se esconder dele. Queria se esconder dos olhares dos corredores, que mesmo não sabendo de nada e pertencendo a pessoas totalmente aleatórias, ela conseguia sentir a julgando. Queria se esconder até mesmo de sua própria existência.


 - Abra logo a porta, Testa de marquise! - Ino gritou, acertando um chute contra a porta. - Você tem que ser mulher e encarar a realidade.
 Com o segundo chute que foi dado pela amiga, Sakura tremeu os ombros, arregalando os olhos verdes como um par de esmeraldas. Quase como acordada de um choque, ela levantou-se do vaso. Limpou a saia do uniformes e ajustou o lenço, dando leves tapinhas em suas bochechas e respirando profundamente. Sakura lentamente abriu a porta da cabine, ainda encarando cabisbaixa o piso do banheiro. Ino cruzou os braços, bufando.
 Hinata, com a doce e tímida personalidade que tinha, colocou as mãos sobre os ombros da rosada, tentando murmurar uma frase incompreendida.
 - Me chamou de irritante.. - Sakura murmurou, tremendo levemente os lábios.
 Ino a olhou surpresa, então contorcendo os lábios e franzindo o cenho. Hinata apenas soltou um "Oh" e tentou pensar em uma frase incentivadora para a amiga, mas teve medo de a magoar ainda mais ou deixar um clima tenso, então apenas se calou e massageou os ombros da mesma. Ino a guiou para a pia e girou a torneira.
 - Lave o rosto. Está com uma expressão terrível.
 Sakura olhou-se no espelho. Na manhã que havia decidido finalmente tomar coragem e confessar sua paixão de ano, estava com aqueles mesmo olhos verdes brilhando, um grande sorrido estampado no rosto e as bochechas coradas. Mas agora só havia uma expressão triste e cansada, os olhos verdes pálidos e os lábios ressecados. Não chegou a chorar, estava tão em choque que nem lembrou de derrubar uma lágrima sequer, mas estava com uma expressão pior do que se tivesse.
 Fez uma conchinha com as mãos e levou ao rosto, deixando que a água fria levasse embora todo sua frustração e desespero. O coração que batia acelerado antes da declaração, agora estava apertado em tristeza. Talvez fosse isso o que chamassem de um coração partido.
 Sakura tinha o belo e longo cabelo rosado preso em um coque, que logo foi solto por Ino e penteado com seus dedos, fazendo o possível para deixá-lo bonito. Sakura passou longos minutos ali, encarando o próprio reflexo e sendo silenciosamente confortava pelas amigas, com seus gestos e olhares. Ino e Hinata eram as amigas mais próxima de Sakura, sendo Ino no passado uma garota que tiveram rivalidade, mas agora eram boas e ótimas amigas.


                                                     ✿✿✿


 O despertador apitava freneticamente, marcando as nove da manhã. Uma mão estendeu-se, apalpando o criado-mudo em busca de seu celular. Quando finalmente alcançou, deslizou o dedo sobre a tela, fazendo com que o insuportável barulho que já tinha o acordado, parasse.
 Uma cabeça saiu debaixo do edredom, com fios de cabelo ruivos e bagunçados, olhos castanhos cansados e com olheiras. O garoto estendeu os braços para cima e se espreguiçou, o corpo desnudo usando apenas uma calça moletom e o corpo se arrastando de maneira desajeitada para o banheiro e lavando o rosto.
 Sasori estava pegando o péssimo costume de ir dormir tarde, e com a escola, aquele hábito era pior ainda e já tinha levado bronca da sua avó Chiyo por isso. Por falar na senhora, a baixa e velha mulher apareceu na porta de seu quarto, com uma expressão de desgosto. O ruivo, a observando pelo reflexo de seu espelho, levantou o olhar em confusão.
 - Você é a vergonha do clã Sunagakure. - Ela disse, rispidamente. - Na primeira semana de aula, tem a coragem de acordar tarde...
 O rapaz não disse nada, apenas fez um esforço e molhou levemente o topo da cabeça, arrumando alguns fios. A senhora ainda o encarava furiosa quando fez um "Tsc" com a língua.
 - O café está pronto, não se atrase.
 Eu nunca me atraso. Pensou o ruivo.
 Sasori revirou os olhos quando a porta foi fechada abruptamente de seu quarto. Enquanto trocava a calça moletom pela calça do uniforme escolar e ajustando o cinto, pensou em tudo que acontecera no último mês. Até o início do ginasial, Sasori lembrava-se de viver com seus pais amorosos e gentis, que lhe davam toda atenção do mundo. Porém, os mais velhos precisaram se envolver em uma viagem de trabalho, que resultou nos próximos anos eles morando em diversos hotéis, apartamentos alugados e pousadas ao redor do mundo. Por medo de afetar a educação e até socialização do filho, o deixaram no Japão sobre cuidado de parentes próximos. Após um longo tempo e sentindo a falta de seus pais e tendo a sensação de abandono, Sasori apresentou uma personalidade mais fria e quieta, se envolveu com a gangue Akatsuki que era conhecida por crimes leves em certos bairros de Tóquio.
 Após um... acidente, em sua última escola, Sasori fora expulso. Aquela foi a gota d'água, os parentes próximos de sua mãe não quiseram mais saber dele e a tutela foi passada para sua avó paterna, Chiyo. Sasori havia acabado se mudar para a casa que ela dividia com o irmão, tio-avô de Sasori, Ebizō. A casa deles era uma das residências filiais do clã Sunagakure, na propriedade principal. Após muito tempo e constante brigas com sua avó, ele finalmente havia cedido e decidido frequentar uma escola próxima dali.
 Quando terminou de abotoar a camisa social, Sasori nem se deu ao trabalho de vestir a gravata ou o cardigã do uniforme escolar. Pegou a mochila, sem dar importância se tinha ou não os materiais correto e finalmente desceu as escadas. A avó Chiyo e seu tio-avô estavam sentados na mesa, comendo tigelas de arroz. Ele não se sentou ao lado deles, dando longas mordidas em uma torrada e bebendo um pouco de suco. Não estava com fome, pelo menos não agora.
 - Não esqueça seu almoço, está em cima da bancada. - A avó disse, desviando o olhar para a tigela de caldo de misô.
 Sasori pegou seu bentô, envolvido em uma lenço azul-escuro, guardando em sua mochila com cuidado. Ele saiu da cozinha, atravessando a porta sem muita pressa.
 - Ittekimasu! - Disse, calçando o tênis e saindo.
 - Itterasshai! - O tio-avô disse, acompanhado da avó.
 Sasori sabia que no minuto em que fechasse aquela porta, os dois idosos falariam sobre ele. Falariam sobre seu distanciamento social, sobre sua educação, seu modos. Então ele se apressou em sair o mais rápido possível da casa, passando pelas ruas da residência Hanagakure até encontrar o portão principal, duas portas duplas de madeira que já estavam abertas. Virou a esquina de muros, dando de cara com Deidara ali o esperando.
 Deidara era um amigo de longa data de Sasori, entrando na Akatsuki poucos meses depois que ele. A avó Chiyo só o conhecia de nome, pelo relatório que o diretor de sua antiga escola havia dado quando vieram os problemas e informou sobre a gangue, a velha senhora havia feito Sasori cortar seus laços com a gangue e ter uma vida correta e direita. Porém, o que ela não sabia é que Deidara era um estudante da nova escola que ele estava matriculado, Sasori também não havia a contato. Também não havia porquê, já havia se comprometido a seguir as leis da avó -pelo menos tentar- ou então não teria um teto para ficar. Não tinha mais ninguém, além dela.
 - Bem na hora!- Deidara disse, sentando no assento da bicicleta. Sasori colocou sua mochila na cesta da bicicleta, junto à de Deidara.
 Deidara começou a pedalar lentamente, andando pela rua na mesma velocidade que Sasori, que andava a pé e com as mãos enfiadas no bolso da calça, ele bocejou.
 - Você faltou a semana inteira. Justo a primeira semana de aula. - O loiro disse.
 Sasori olhou para ele, franzindo o cenho.
 - Perdi alguma coisa?
 - Além da cerimônia de abertura e a apresentação de novos alunos ou professores? ... Não, só isso mesmo.
 - Então não era importante.
 Sasori concluiu, voltando a ficar calado e acelerando os passos. Eles provavelmente estavam atrasados para a aulas do primeiro período, se chegassem agora na escola levariam bronca. Então o melhor era esperar a hora do almoço, assim entrariam no segundo período. Ainda faltavam pelo menos umas três ou quatro horas até lá, então Sasori não viu problema em ficar passeando aleatoriamente pelas ruas, sem se preocupar
 - Como está a Konan e o Yahiko? - Sasori perguntou quando estavam em um parquinho sem movimento, abaixando na máquina para pegar uma lata de refrigerante e entregando um ao loiro.
 - Eles voltaram para a escola, afinal, já estão no último ano. - Deidara disse, abrindo o lacre do refri. - Mas tiveram que retirar os piercings e tudo mais, sabe; regras da escola.
— Sei.. - 
 Já fazia tempo que a gangue havia se desfeito, desde as complicações no passado com a escola deles e o afastamento de cada membro. Mesmo que mantivessem pouco contato, não era mais a mesma coisa.
 - Ah, mas estamos na mesma escola que o irmão mais novo do Itachi-senpai! - Deidara exclamou, lembrando-se vagamente dos boatos escolares.
 - Itachi? - Sasori perguntou, jogando por fim a lata no lixo.
 - Sim. Não vejo ele faz algum tempo, desde sua saída. Ouvi dizer que foi fazer um intercâmbio ou algo assim, fora do Japão. - Deidara concluiu, dessa vez foi ele quem jogou a lata à distância, acertando em cheio a lixeira.
 - Zetsu também anda desaparecido, e Hidan... ouvi dizer que herdou o templo dos pais dele. - Deidara continuo dizendo sobre os antigos membros da gangue, mas Sasori não prestava mais atenção. Ele só conseguia olhar para o céu, o Sol batendo contra seus cabelos ruivos e o vento refrescando. Ele ficou assim por longos minutos, fazendo o que mais odiava fazer. Esperar. Esperando algo acontecer. Sentia que algo grande aconteceria naquele dia, um evento inesquecível. Só não sabia o quê.


                                                      ✿✿✿


 Sakura andava pelos corredores da escola carregando sua marmita, envolvida em uma lenço rosa com a estampa de diversas folhas de cerejeiras brancas, olhando desconfiada para os lados. Já era hora do almoço, Ino e Hinata, que foram comprar lanche na cantina, enquanto a garota procuraria um lugar para comerem. Sakura ainda não engolia que ninguém sabia sobre o fora que havia levado de Sasuke Uchiha, um dos maiores galãs e populares da escola. Sentia que até mesmo as paredes ou os professores sabiam, cochichando secretamente entre si, enquanto ela dava as costas. Apressou os passos, escutando uma voz que tanto conhecia e detestava.
 - Sakura~~~~! Soube que levou um fora do Sasuke!
 

Karin envolveu os braços no ombro de Sakura, para o desgosto da rosada. Karin era uma garota transferida que no último ano esteve praticamente colada em Sasuke, já que ele agora ele deixará de andar com Sakura e Naruto - amigos que se conheciam desde a infância- e agora andava com seu grupinho, Karin sendo um deles. A rosada sentiu vontade de socar aqueles óculos, que escondiam e protegiam aqueles malditos olhos que a encaravam com sarcasmo e deboche.
 - Isso mesmo. - Sakura disse, retirando o braço da ruiva ao redor de si. - Vejo que as notícias se espalham rápido por aqui.
 - Suigetsu me contou, ele viu a cena tooodinha. - Karin não pode evitar dar uma risada. - Mas que fora hein! Mas bem feito, Sasuke jamais iria gostar de uma garota feia, testuda, chata como você! Eu sou mais o tipo dele, acredito que ele na verdade goste de mim e---
 - Oh, Sasuke-kun! - Sakura disse, fingindo olhar para trás de si e Karin.
 - SASUKE? ONDE?! - Karin virou-se abruptamente, esquecendo-se de Sakura.
 A rosada aproveitou essa brecha e saiu em disparada pelo corredor, deixando uma Karin corada de raiva gritando e xingando no corredor. Bem, se o grupinho de Sasuke já sabia de sua rejeição, Karin não a deixaria em paz por pelo menos os próximos dois meses. E ela acreditava que em pouco tempo, agora sim, o colégio todo estaria sabendo. Era uma pesadelo, talvez pior que isso. Ela jamais deveria ter se confessado para ele. Se arrependia de cada palavra de amor que havia escrito naquela carta idiota, a mesma carta que estava guardada em seu bolso e ela não teve chances de entregar, ele havia cortado sua fala no meio de sua confissão. A dizendo o quando era irritante e não aceitava seus sentimentos.
 Uma idiota. Era isso que ela era. Nunca mais iria querer olhar na cara do Uchiha depois disso, na verdade não queria mais se envolver com nenhum garoto, depois de sua primeira e dolorosa decepção amorosa.
 Sakura não olhava bem para onde corria, já que o choro que segurava na hora da rejeição parecia querer sair somente agora, fazendo seus olhos arderem e diversas lágrimas rolarem por sua face, borrando sua visão e a dificultando de ver para onde ia. Um forte impacto contra seu rosto e fez cair sentada para trás, deixando seu belo e arrumado bentô caísse no chão. Sakura limpou com pressa os olhos com a manga do uniforme, sentindo-se uma idiota e preparando-se para desculpar com seja lá quem fosse que tivesse esbarrado.
 Uma risada estrondosa foi escutada, Sakura não entendo. Um garoto loiro estava parado ali, rindo sem parar e com as mãos na barriga, mas não encarava especificamente ela. Só então Sakura reparou que a pessoa que ela havia esbarrado estava caída como ela, porém o garoto parecia muito mais tonto e com raiva, encarando o loiro com o cenho franzido.
 - Cala a boca, idiota. - Um garoto ruivo esbravejou, levantando-se.
 Sakura o observou atentamente, até esquecendo-se que há pouco minutos atrás, chorava. Era um garoto alto e esbelto, com cabelos vermelhos e que eram iluminados pelos raios de Sol, fazendo-o parecer uma das pessoas mais belas do mundo. Os olhos castanhos não tinha brilho algum, mas ainda eram belos como um par de joias. Sakura não reconhecia nenhum dos garotos ali, talvez eles fossem do outro edifício da escola. Agora que notava ser encarada tanto pelo loiro quanto pelo ruivo, balançou a cabeça negativamente, pegando seu bentô envolvido pelo laço rosado, que por sorte não arrebentado ou espatifado comida para todos os lados.
 - Gomenasai! - Ela disse, abaixando levemente a cabeça e passando correndo por eles, fugindo para um pátio escolar que não havia ninguém.
 Deidara apenas murmurou um "garota estranha", sorrindo ainda genuinamente. Sasori, por um breve segundo, olhou para trás. O longo cabelo rosa era agitado pelo vendo como uma onda, enquanto a garota baixa corria até algum lugar que ele não soube onde era. Mas aquela imagem ficou gravada em sua mente em uma memória. Não sabia quem era aquela garota, e nem ela sabia que ele era. Mas tudo pode se alterar por um gole do destino, certo? O destino acabava de dar seu golpe inicial, fazendo se encontrarem pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

VOCABULÁRIO
Bentô - é um tipo de marmita japonesa para uma pessoa.
Itekimasu - literalmente significa “Vou e volto”.
Itterasshai - literalmente significa “Vá e volte (estarei esperando),
Gomenasai - um pedido de desculpas.



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