Casualidades e Confluências escrita por Meizo


Capítulo 6
Encontro 0: O verdadeiro início de tudo




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Zoro voltava para casa depois de festejar com a irmã sobre a recente conquista de um local para seu estúdio de tatuagem quando avistou um corpo jogado sobre algumas sacolas de lixo. Era o corpo de um homem loiro bem vestido, mas que estava tão bêbado que mal conseguia balbuciar algo coerente. Ele era morador daquele bairro, lembrava vagamente de vê-lo entrando na casa ao lado da sua, mas como o sujeito estava alterado demais pelo álcool não tinha conseguido cambalear direto para a própria casa. Bom, Zoro não o conhecia de verdade e não se importava, então se virou para ir embora com as mãos nos bolsos.

No entanto, Zoro não tinha o coração tão duro quanto gostava de pensar. Ele era, sim, rude em muitas situações e as vezes se expressava de uma forma terrível, mas não era alguém tão ruim que deixaria aquele homem à mercê de pessoas más intencionadas. Quando chegou mais perto viu que o loiro tinha até um rosto bonito, apesar das sobrancelhas esquisitas. Passou um braço dele pelo seu pescoço e o ergueu sem muita dificuldade. Depois começou a se dirigir a sua rua, praticamente arrastando o homem pendurado em si.

Kalifa — choramingou o homem loiro próximo ao seu rosto e Zoro torceu o nariz com o cheiro desagradável do hálito dele. — Você era minha deusa!

O choramingo sobre a mulher desconhecida continuou até que alcançaram a porta do loiro. Zoro começou a mexer nos bolsos da calça dele em busca das chaves. Achou-a num dos bolsos da frente, mas quando enfiou a mão para buscá-la, o loiro riu e segurou seu pulso.

— E essa mão boba? — os olhos azuis focaram no rosto de Zoro. Um sorriso surgiu nos lábios ébrios e antes que pudesse prever suas intenções, o loiro avançou e deu um beijo desajeitado nos lábios de Zoro. Depois o loiro apalpou descaradamente o abdômen dele coberto pelo moletom — Você é bem fortinho, então eu deixo. Gosto bastante de músculos como os seus... Se você tirar a camisa eu poderia acabar te atacando. — ele deu um sorriso cheio de segundas intenções. — Ei, quer vir pra minha cama?

Zoro bufou, puxando as chaves de vez. Não acreditava que estava recebendo um convite desses de alguém que mal conseguia se manter em pé sozinho.

— Me convide de novo quando estiver sóbrio e talvez eu aceite. — resmungou, não querendo prolongar aquela conversa.

O loiro sorriu.

— Certo. Promessa é dívida. — ele falou quando foi largado de qualquer jeito no chão do próprio quarto.

Zoro ia deixá-lo ali mesmo, já tinha sigo gentil demais em trazê-lo para dentro de casa, mas por algum motivo achou a cena um pouco deplorável. A roupa do loiro não estava em seu melhor estado depois dele cair e rolar pelo lixo. O cheiro, então, era ainda pior quando unido ao bafo de álcool.

Sentindo-se tão idiota quanto um bom samaritano qualquer, Zoro arregaçou as mangas e vasculhou o guarda-roupa que não era seu em busca de uma roupa substituta para o outro. Depois de retirar a roupa suja e vestir a limpa, que por casualidade era um pijama, percebeu que tinha vestido as peças ao avesso. Bom, isso não importava. Durante todo o tempo da troca de roupa o loiro ficava dizendo como achava Zoro atraente com aquelas tatuagens — visíveis por causa das mangas arregaçadas — e que seu cabelo lembrava a grama da casa da sua avó. Foi um elogio estranho, mas Zoro decidiu relevar.

— Sério, você é muito meu tipo. Foram os deuses que mandaram você pra curar meu coração partido.

Zoro ergueu uma sobrancelha, enquanto o ajudava a se ajeitar na cama. Depois jogou o cobertor por cima e admirou satisfeito seu trabalho terminado.

— Você está com o coração partido? — perguntou um tanto incrédulo. Pela aparência dele, um rosto típico de príncipe de filme da Berbie, dava para imaginar que conquistaria facilmente qualquer pessoa de seu interesse.

— Porque as pessoas são tão falsas em HolyWood? — ele choramingou mais um pouco sem respondê-lo, mencionando a tal Kalifa outra vez. Mais tarde Zoro pesquisaria sobre essa mulher na internet, apenas para saciar sua curiosidade. — Só minhas princesas valem a pena... Ah, eu ainda não as alimentei!

O loiro tentou levantar, mas Zoro o empurrou de volta para a cama.

— Fala das aves na sala? Eu coloco a comida delas.

— Além de forte, ainda é legal. Me beije da próxima vez que me vir.

Zoro rolou os olhos. O porquê de ainda estar se demorando ali era um verdadeiro mistério.

— Se você está pedindo...

— Meu nome é Sanji... E o seu? — perguntou num fio de voz, mas ao prestar atenção no ressonar baixo, Zoro viu que ele caíra no sono antes mesmo que pudesse responder.

Ele suspirou ao sair do quarto cuidadosamente para não despertar o bêbado trabalhoso. Desceu as escadas e procurou onde ficava o pacote de ração para as aves, preenchendo as vasilhas até a borda — o que causou uma feliz comoção na gaiola.

Zoro ainda passaria alguns dias pensando no loiro bonito que encontrou na sarjeta. Como eram vizinhos era bem provável que se vissem de novo, mas ele achava improvável que o outro mantivesse seu desejo de receber um beijo tão sem motivo. Entretanto, quando se reencontrassem de modo inesperado no seu próprio estúdio, não pensaria duas vezes antes de propor um beijo de recompensa. Afinal, quem seria idiota de ignorar uma boa oportunidade dessas?

E dessa vez nenhum dos dois estaria bêbado.

 


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Notas finais do capítulo

O final demorou um pouco pq esqueci de postar, mas é isso. THE END!



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