O Baile escrita por Kah Nanda


Capítulo 1
Be With You


Notas iniciais do capítulo

Boa Noite. Sejam todas bem-vindas leitoras novas e já conhecidas. Sou a Kah Nanda e prossigo hoje com o projeto Birth Inspirations.
O mesmo nasceu de uma pesquisa sobre as músicas mais famosas do dia de nascimento (para maiores e esclarecedoras informações, acessem o post oficial no meu twitter: @KNRobsten).
Porém em resumo, descobri as músicas que estavam no topo das paradas nos dias de nascimento de Robsten e Beward. Com isso, imediatamente me animei para escrever fanfics inspiradas nelas e de algum modo homenageá-los.
O projeto contará com quatro one-shots, postadas aos domingos durante o mês de setembro, sendo essa a segunda. Domingo passado fiz a estreia com Stars, segue link para quem ainda não leu/conheceu.
https://fanfiction.com.br/historia/794937/Stars/

Mas hoje é dia de homenagear a única, maravilhosa, dona de tudo, perfeita e rainha Bella Cullen, nascida em 13/09/1987. E a música que estava no topo das paradas nesse dia é: La Bamba - Los Lobos.
Nas notas finais contarei como foi o processo de inspiração, por isso não deixem de lê-las. Mas agora, sem mais delongas, deixarei que desfrutem da one...
Apreciem Sem Moderação.

Capítulo Postado Em: 13/09/20 - Aniversário da primeira e única Bella Cullen.



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POV Edward

Forks, Washington – 13 de Setembro de 2040.

— Amor?

Bella, com sua doce voz, me chamou.

— Sim, meu bem?

Respondi com a mesma doçura.

— Pode ir até a cozinha pegar no armário a toalha de mesa que a Cris nos deu?

— Aquela meio rendada?

Perguntei para me assegurar de buscar a peça certa.

— Essa mesma.

— Tudo bem, vou buscar.

Sai da sala de jantar caminhando em direção à cozinha e na mesma procurei a tolha conforme Bella indicou, por sorte achei a peça citada, ao menos acredito que seja.

— É essa aqui?

Perguntei erguendo o tecido para que ela veja de pronto.

— Sim, essa mesma. – Sorriu e suspirei contente pelo acerto. – Edward, se sabe onde ficam as tolhas de mesa, se falei qual era e você a reconheceu, não tinha como errar.

— Ah querida, você sabe que às vezes mesmo com tudo isso, algo ainda pode sair errado, por isso é sempre bom prevenir. – Comentei.

— É por isso que as crianças até hoje têm esses receios bobos, puxaram a você.

— Não são receios bobos, são precauções.

Me aproximei entregando a tolha e aproveitei para lhe dar um selinho, minha amada esposa sorriu e retribuiu o gesto antes de comentar.

— Falando nas crianças, mal vejo a hora de chegarem.

— Sim, mas pelo que informaram a pouco, já estão a caminho. Não duvido nada que cheguem todos juntos. – Respondi e ela assentiu. – Mas quando se refere às crianças, está falando dos nossos filhos ou as verdadeiras crianças, nossos netos?

A provoquei mesmo sabendo a resposta.

Já que apesar dos anos, Bella não perdeu a mania de se referir aos nossos filhos como crianças.

— Você sabe que a todos no geral. Mesmo que hoje em dia nossos filhos já sejam adultos, casados e tenham seus próprios filhos, ainda sim, sempre os verei como minhas crianças.

— Eu sei meu bem, só estou lhe provocando.

— Como sempre, não é?

Retrucou fazendo bico.

— Não adianta contestar agora Sra. Cullen. Não há mais tempo para devoluções. – Brinquei.

— Como se algum dia tivesse ao menos pensado nisso Sr. Cullen. Você e eu ficaremos juntos para sempre.

— Que assim seja.

A puxei para um novo beijo, dessa vez um real e não só um selinho.

Com o passar dos anos, é claro que nossos toques mudaram, assim como nós mesmos, mas apesar do tempo e as mudanças, beijar Bella ainda é uma das coisas que mais amo no mundo.

E mesmo hoje, após tanto tempo, consigo lembrar com clareza do nosso primeiro beijo, como se tivesse acontecido ontem...

— Não tente me envolver com seu charme Edward, precisamos arrumar as coisas.

— Quer dizer que continuo envolvendo-a com ele?

— E não foi sempre assim? – Devolveu.

— Sim. Assim como me encantei por você desde a primeira vez que te vi.

Comentei saudoso vendo o sorriso de Bella aumentar.

Acredito que a data de hoje esteja despertando sentimentos nostálgicos mais do que nos outros dias.

— Me ajude a colocar a tolha a na mesa, por favor.

Despertei com seu pedido.

— É claro meu bem.

Nos posicionamos em diferentes pontos da mesa e esticamos o tecido ajeitando-o sobre a superfície.

Durante o tempo que estamos conversando e arrumando as coisas na sala de jantar, meu celular está tocando músicas de fundo e nesse instante, ao iniciar uma nova canção, não pude me conter.

Contornei a mesa até parar em frente a minha esposa e esticando a mão, lhe pedi.

Me concede essa dança senhora Cullen?

Ela então notou a música que está tocando e com um sorriso que atingiu até seus olhos, respondeu.

É claro senhor Cullen.

Sua mão tocou na minha e a tomei em meus braços começando a nos mover pelo cômodo familiar.

— Lembra-se da primeira vez que dançamos juntos?

— E como poderia esquecer?

Nossos olhares se encontraram e tendo a certeza que nossas mentes estão conectadas no mesmo ponto, deixei as lembranças me embalarem...

 

Forks, Washington – Janeiro de 1987.

— Está sabendo que hoje chega à aluna nova?

Emmett, meu irmão mais velho, perguntou ao entrarmos no estacionamento da escola.

— E teria como não saber, sendo que as pessoas da escola e da cidade no geral não falam de outra coisa?

Retruquei de modo quase rude, já que realmente desde que a notícia da mudança dessa menina surgiu, não se tem falado em outro assunto.

Os malefícios de morar em uma cidade pequena como Forks.

— Opa. Não precisa jogar seu mau humor em mim. Apenas fiz um comentário.

— Eu sei Emm, desculpe. É porque realmente todos têm falado muito disso, mas sabemos o porquê da neta dos Swans estar se mudando e imagino que já seja muito difícil passar por tudo que está passando, para ainda ter que lidar com a curiosidade e os mexericos que a cidade está fazendo.

— Você tem razão. Realmente não deve ser fácil lidar com tudo. – Deu de ombros. – Só espero que ela se adapte bem ou o melhor possível nesse caso.

— Exatamente.

— Pelo que ouvi falar ela estudará no seu ano e da Alice. Talvez vocês possam até virar amigos.

Apenas balancei a cabeça, mas não dei prosseguimento ao assunto, visto minha timidez, não me imagino interagindo com a aluna nova, ainda mais, diante de tudo que a rodeia.

— Falando em Alice. Será que ela e Jasper já chegaram? – Mudei de assunto.

— Não sei, vamos entrar e descobrir.

Respondeu e concordei com um aceno.

Residentes da cidade de Forks desde que nascemos e estudantes da Forks High assim que completamos idade para ingressar na mesma, Emm e eu já somos acostumados com toda a rotina do local.

A escola não fica longe da nossa casa, na verdade não fica longe quase que de lugar nenhum, já que está localizada bem no centro da pequena cidade, com isso, não é incomum que os estudantes façam o caminho a pé, porém por conta do constante clima chuvoso, é muito mais seguro e prático fazer o trajeto de carro.

Emm e eu temos um carro, nossos pais deram de presente ao meu irmão em seu aniversário de 16 anos, porém já foi com o aviso de que o dividiria comigo quando também atingisse a idade necessária para dirigir, com isso, desde o ano retrasado, dividimos o automóvel.

Caminhamos até a entrada do prédio nos protegendo do frio e a constante garoa e não demorou a avistarmos nossos amigos Jasper e Alice.

Alice é nossa amiga de infância, ela mora na casa em frente a nossa desde que nos entendemos por gente, a pequena garota pegou amizade conosco desde então, contrariando até minha timidez, a menina instalou-se em nossas vidas para nunca mais sair.

Emm e eu a tratamos muito como uma espécie de irmã mais nova e com o passar dos anos, ela também atingiu o posto de minha melhor amiga.

Ao ingressar no high school, Emm, que é um ano mais velho do que Alice e eu, e por isso começou a fase mais cedo, conheceu Jasper, criando amizade imediatamente com e também o trazendo para o nosso pequeno grupo de interação.

Mas somente no fim do ano passado, Alice e Jasper demonstraram ter sentimentos um pelo outro muito mais do que apenas amizade e após entenderem que estava tudo bem tornarem-se um casal, apesar do nosso ciclo de amigos e com a permissão dos pais dela para que pudessem namorar, engataram o recente relacionamento.

Fiquei verdadeiramente feliz pelos dois, apesar de ser um ano mais velho e de Jasper sempre ter sido mais próximo ao Emm, ele é um grande amigo e é perceptível o quanto gosta de Alice e tem procurado fazê-la muito feliz desde que começaram o namoro. Com isso, só posso me alegrar pelos dois e torcer para que a relação consiga transpassar os anos do colégio...

Quando nos aproximamos, deixei os pensamentos futuros de lado e me concentrei no presente. Os cumprimentamos e logo engatamos em uma conversa leve e descontraída. Quando o sinal tocou, Emm e Jasper seguiram para suas aulas, assim como Alice e eu.

Apesar de não termos todas as aulas juntos, hoje nosso primeiro bloco fica no mesmo prédio, assim, Alice continuou conversando comigo até chegarmos à porta da sua sala.

— Pelo que soube nós dois teremos aula com a aluna nova hoje.

Comentou de repente.

— E como você sabe disso? Já tem o horário da menina decorado? – Brinquei.

— É claro que não. Sou apenas uma garota informada.

— Sei. Mas por que está comentando isso comigo?

— Por nada, falei apenas por falar.

A olhei de canto de olho. Já que Alice nunca diz nada apenas por dizer, a baixinha sempre tem algo por trás de todos os seus comentários.

— Ah, está bem. Comentei para que fique atento e se possível, seja legal com ela.

— Está querendo dizer que não sou uma pessoa legal? Que preciso de instruções?

— Não seja bobo Edward. Você é uma das pessoas mais legais, gentis e amorosas que conheço. Mas não deixa que muitas pessoas percebam isso.

— E por que faz questão que a aluna nova constate esse fato?

— Primeiro porque seria cortês e educado ser gentil com a menina, visto todas as mudanças que está vivendo. Então por que não tentar ajudar nesse processo? Além do que, tenho um bom pressentimento...

— Que pressentimento?

A pressionei, visto que deixou a resposta vaga.

— Ainda não sei qual é, apenas sinto. Mas tente seguir meu conselho, sim? Até o intervalo.

Despediu-se entrando na sala.

Caminhei até a minha entrando também e logo sentando em meu lugar.

Não demorou e o professor entrou iniciando a aula, como não percebi ninguém diferente, conclui que essa não será a aula que terei com a aluna nova.

Dispersei dos comentários de Emmett e agora também dos de Alice, me concentrando na matéria ministrada pelo professor...

Ao entrar no refeitório, percebi o burburinho um pouco mais cadenciado do que o normal. Quando se ouve mais do que fala, é perceptível esse tipo de mudança sútil no ambiente.

Peguei minha comida seguindo rapidamente até a mesa onde costumo comer com meu irmão e amigos. Fui o primeiro a chegar, mas não demorou até os três me acompanharem.

Alice, como previsto, já conheceu a aluna nova, pois teve aula com ela antes do intervalo, porém para meu espanto, não teve muito que contar sobre a menina.

Ela disse apenas que ela parece tímida, ao menos após a apresentação feita pela professora, não falou mais nada, limitando-se a sentar no fundo da sala e manter a cabeça baixa pelo restante da aula, atitude que achei perfeitamente normal.

Após o leve comentário, nossas conversas tomaram outros rumos e não voltei a pensar na aluna nova até o fim da refeição.

Quando levantamos da mesa e seguimos para as próximas aulas, bati o olho ao redor do refeitório não notando qualquer diferença na disposição das pessoas pelas mesas, é claro que a menina já pode ter comido e seguido seu caminho, mas visto toda a agitação por conta de sua chegada, não acredito que as coisas teriam seguido de forma normal caso tivesse passado por aqui.

Despedi-me do pessoal no devido tempo e segui para a aula de biologia. Nessa não sentamos em carteiras comuns e individuais, pois são duplas e geralmente preenchidas por dois alunos.

Durante os primeiros meses do novo ano letivo, dividi a minha com Tyler Crowley, porém sua família se mudou para outra cidade após as festas de fim de ano e assim que voltamos do recesso não precisei sentar com mais ninguém, fato que não me incomodou nenhum pouco.

Mas parece que isso está prestes a mudar, já que vi uma garota, até então desconhecida, caminhando ao lado do professor e sabendo que minha carteira é a única disponível, ela provavelmente será minha nova companheira de classe. Ao constatar o fato passei a observá-la melhor.

Ela não falou ficou muito tempo conversando com o professor, na verdade mais ouviu do que falou, quando pegou um papel e ouviu a indicação de lugar, seguiu em minha direção.

Por andar com a cabeça baixa e não ser muito alta, não da estatura de Alice, porém ainda sim, uns bons centímetros mais baixa do que eu, não consegui reparar em seu rosto de pronto, apenas no corpo magro e protegido pelas roupas de frio.

Os cabelos castanhos caem como uma cortina por seu rosto, protegendo-a de algum modo, porém, quando se aproximou da mesa e ergueu o rosto para conferir o lugar, finalmente pude vê-la, realmente vê-la e me perdi...

Que olhos lindos ela tem, parecem um pouco tristes, o que é totalmente compreensível, porém, ainda sim, exalam um brilho diferente de qualquer outro que já tenha visto.

Não que ande reparando em muitos olhares por ai, mas olhos iguais aos dela com certeza tornam-se perceptíveis. São de um tom de castanho chocolate derretido que praticamente nos convidam a olhar.

Seus lábios também tem um tom rosado, não sei se natural ou fruto de algum cosmético, mas, ainda sim, são lindos e combinam perfeitamente com o rosto.

Quando nossos olhares se encontraram e ela percebeu minha análise sobre sua pessoa, não demorou a baixar o rosto, mas antes de esconder-se novamente na cascata de seus cabelos, percebi que as bochechas assumiram uma nova tonalidade, indicando que corou diante do meu gesto, o que foi simplesmente adorável...

Geralmente não fico tão impactado assim na presença de uma garota. Tirando Alice, que desde sempre foi minha amiga, não costumo interagir muito com o sexo oposto.

Já beijei algumas garotas e posso ter gostado um pouco mais de uma quando era mais novo, mas em meus singelos 17 anos, ainda não fui despertado de forma séria para o contato homem e mulher.

Porém, sem entender direito o porquê, me vi fascinado por essa estranha e misteriosa garota sentada ao meu lado e tomado por um ímpeto até então desconhecido, resolvi puxar assunto.

— Olá.

Comentei em voz baixa para não arriscar chamar a atenção das outras pessoas ou do professor, visto que ela parece tímida, como eu, então ter atenções desnecessárias nesse momento é tudo que menos precisamos.

— Oi.

Respondeu em voz baixa, mas sem levantar o rosto, porém, ainda sim, consegui perceber que até sua voz parece muito bonita.

— Seja bem vinda a Forks High. – Saudei.

— Obrigada.

Me olhou um pouco de lado.

— Me chamo Edward, Edward Cullen.

Aproveitando seu olhar em minha direção, me apresentei.

— Imagino que já saiba meu nome.

Comentou e percebi um leve tom irônico na voz.

— Na verdade não. – Respondi sinceramente. – Sei que é a senhorita Swan, porque conheço seus avós, mas seu nome é desconhecido a mim.

Percebi um leve sorriso despontar em seu rosto, talvez uma alegria genuína por eu não ser mais uma das pessoas que parece fingir saber tudo sobre ela, visto as informações remotas que recebemos, ainda sim, fiquei feliz por de algum modo ser o causador do sorriso.

— Então muito prazer Edward. Meu nome é Isabella, Isabella Swan. Mas agradeceria muito se me tratasse apenas por Bella.

— Tudo bem Bella, é um prazer conhecê-la.

Por baixo da mesa e por pura cordialidade, estiquei a mão direita para selar o cumprimento, ela olhou a mão estendida por um tempo sem fazer menção de pegá-la.

Comecei a pensar em recolhê-la e fingir que isso nunca aconteceu, mas suspirei tranquilo quando a vi esticar a sua, foi assim que senti um novo impacto.

Não foi só o fato da sua mão quente e macia parecer se encaixar completamente na minha, foi também a misteriosa e até então desconhecida, carga elétrica que me assolou.

Não demoramos com o cumprimento, porém ao erguer o rosto e encontrar os olhos chocolates de Bella, pareço ter percebido uma leve mudança neles também ou talvez seja só impressão minha, assim como o aparente choque...

Tentando dispersar do momento atípico, porém com vontade de conhecê-la mais, continuei puxando assunto.

— Você já conhecia Forks?

— Sim. Visitei algumas vezes quando mais nova, porém já fazia uns quatro anos que não vinha. Então não tinha lembranças muito vividas da cidade. E você? Mora aqui desde sempre?

— Nascido e criado.

Sorri e ela me acompanhou.

— E você gosta de morar aqui?

— Posso dizer que sim, mas esse é o único lugar que já morei. Então, como não tenho percepção de uma vida fora, não sei se minha resposta seria válida. – Justifiquei.

— É tão válida quanto qualquer outra. – Afirmou.

— E você gostava de onde morava? Aliás, se me permite perguntar, de que cidade você veio?

— Eu morava em Phoenix, Arizona.

— Nossa. É uma mudança e tanto, sair de um lugar tão ensolarado e vir parar em Forks.

— Nem me fale.

Comentou e seus ombros se encolheram. Só então percebi a gafe cometida.

O que é uma mudança local e climática visto todas as mudanças pessoais que sua vida tomou nos últimos tempos?

— Me desculpe. – Pedi. – Foi indelicado de minha parte pontuar algo assim.

— Não se preocupe. Realmente não é fácil sair de um lugar como Phoenix e passar a me acostumar ao clima de Forks. Tive que comprar até roupas novas, pois meu guarda-roupa atual não fazia jus ao clima da cidade.

— Espero que a seu modo Forks possa conquistá-la e vir a tornar-se seu novo lar.

— Verdadeiramente também espero que sim.

Sorriu, mas dessa vez o leve gesto não chegou aos seus olhos.

Pensando que já abusei muito da sorte e fiz coisas que espantaram até a mim mesmo, resolvi encerrar o assunto, por enquanto, caso ela queira prosseguir ou não, deixarei a decisão em suas mãos.

No fim, ela optou por prestar atenção na aula e não conversamos mais até o fim da mesma, porém na saída, enquanto arrumamos nossas coisas, ela comentou.

— Obrigada Edward.

— De nada. Mas posso saber por que está me agradecendo?

— Pela nossa conversa e sua gentileza. Não sou a pessoa mais sociável do mundo, ainda mais, nessa situação. Mas conversar com você hoje foi muito bom.

— Também gostei de conhecer e conversar com você. – Respondi sinceramente.

— Desculpe não ter continuado o assunto...

— Não precisa se justificar Bella. Teremos outros dias para conversar mais, caso queira.

Deixei a questão aberta.

— Talvez tenhamos até outras aulas juntos. – Comentou e assenti. – Mas caso não nos vejamos mais, foi um prazer conhecê-lo.

— O prazer foi meu Bella. Tenha um bom dia.

— Obrigada. Você também, tchau.

Acenou ao sairmos da sala e seguir em direção a sua próxima aula, que infelizmente não será comigo.

— Tchau...

***

Após nossa primeira aula juntos, Bella e eu estabelecemos uma espécie de amizade.

Descobrimos que não teríamos apenas as aulas de biologia em conjunto, como também as de literatura e espanhol, essa última compartilhamos com Alice, que obviamente com seu jeito único e singular, acabou conquistando o afeto e a amizade de Bella também.

No início nosso contato era limitado às aulas, tentávamos não atrapalhar nada, mas, ainda sim, manter as conversas e pouco a pouco nos conhecermos mais.

Bella, assim como eu, é tímida aos estranhos. Ela não é do tipo que se abre fácil ou procura socializar, porém, quem consegue conquistar sua atenção e apego, desfruta de uma companhia excepcional.

Ela é inteligente, educada, gentil, atenciosa, meiga, estudiosa, esforçada, madura, linda...

Acredito que poderia passar a vida tecendo suas qualidades e ainda sim, não contemplar todas, já que a cada dia pareço descobrir uma nova.

Nos primeiros dias, Bella sentava-se à mesa do refeitório com Angela Weber, a filha do pastor da cidade. E assim como aconteceu comigo, acredito que a amizade das duas se desenvolveu de forma cíclica, sem preocupações.

Além de aparentarem ter personalidades compatíveis, Angela também mora próximo à casa dos Swan, com isso, as duas também começaram a ir e voltar juntas.

Mas com o passar dos dias, perante não só o aumento da nossa amizade, como também a dela com Alice, não foram rara as vezes que almoçou em nossa mesa, junto a meu irmão e Jasper.

Ela parece gostar também dos rapazes, meu irmão tem um jeito brincalhão que conquista a todos e com Bella não foi diferente, apesar de ainda receosa frente ao seu jeito, ela sempre sorri de suas brincadeiras e não posso negar que amo ver seu sorriso, seja por qual motivo for.

Já Jasper emana uma energia tão calma e sincera, que é impossível não se sentir bem em sua presença.

Com o aumento da nossa convivência, conforme os primeiros meses de sua estada na cidade, também aumentamos o conhecimento e tempo juntos.

Tornarmo-nos parceiros fixos nas aulas que compartilhamos e descobrirmos possuir gosto semelhante na literatura e também o objetivo de estudar mais a fundo a mesma quando chegar o momento de ingressar na universidade.

Bella conheceu meus pais quando passamos uma tarde finalizando um projeto de biologia em minha casa, assim como fui apresentado formalmente aos seus avós durante algumas tardes de estudo com Angela e Alice.

Ainda não é fácil e nem é um assunto que goste de trazer a tona para Bella. Mas foi inevitável conversar sobre o que a fez mudar-se para Forks.

Obviamente todos na cidade sabem o que aconteceu, mas graças a Deus, pareceram ter tato para tratar da situação não só com Bella, como também com seus avós.

Bella morava em Phoenix com seus pais, a mãe era professora do jardim de infância, enquanto o pai policial.

Pelo que contou, o pai procurava buscar carreira maior na polícia, desde que ainda morava em Forks já mostrava muita aptidão a justiça e cumprimento das leis, assim, ninguém se admirou ao saber que ele tinha se tornado policial durante a mudança de cidade.

Ela falou que a família era amorosa, os pais não conseguiram ter mais filhos, mas dedicavam extremo amor e carinho a ela.

Ouvi sobre os jantares semanais, churrascos caseiros aos domingos feitos no jardim da casa que moravam. De como a mãe era sua melhor amiga e o pai seu herói.

Mas acabamos falando também como tudo se perdeu...

Sobre o acidente de carro que tirou a vida dos dois, causado por um motorista bêbado.

Era para Bella estar com os pais no dia, mas preferiu ficar em casa porque queria assistir a um programa na TV, com isso, os pais saíram para comprar o jantar, já que o dia tinha sido atribulado e nem ela ou a mãe tiveram tempo de preparar nada.

Bella se recente do fato, sabe que se tivesse no carro, teria perdido a vida como eles, porém, é inevitável pensar que talvez de algum modo, algo poderia ter sido diferente se contasse com sua presença.

Seus avós e eu também, deixamos claro que esse tipo de pensamento não lhe faz bem algum, que as coisas aconteceram como tinham que acontecer e a pessoa que causou tudo, está agora pagando pelo feito atrás das grades.

Não que isso trará seus pais de volta, mas ao menos ela sabe que o crime não ficou totalmente impune e outras pessoas não serão prejudicadas.

E com essa fatalidade não esperada por ninguém, Bella teve sua vida mudada em todos os sentidos.

Com a perda dos pais e sendo ainda menor de idade, sua guarda ficou com os parentes mais próximos que são os avós, Marie e Joseph Swan. Assim, ela deixou a ensolarada Phoenix e mudou-se para Forks, procurando mais do que tudo recomeçar...

Não costumamos tocar nesse assunto, tudo que soube, Bella contou em uma das tardes que passamos juntos e não precisarei ouvir nada outra vez para entender como ela se sente.

Sei que aos poucos está se adaptando a tudo, que ama os avós, assim como eles a ela, que trilhará um caminho incrível, não só agora, mas em todo o futuro que tem pela frente.

A perda dos pais sempre será algo que carregará consigo, mas Bella conseguirá superar isso e seguir em frente pela pessoa forte e maravilhosa que é.

E no que depender de mim, enquanto permanecer em sua vida, tentarei ao máximo apoiá-la em tudo que precisar.

— Adoro essa época do ano, quando o colégio começa a ficar enfeitado para o baile.

Alice comentou quando sentou em nossa mesa.

Não estava prestando muita atenção ao redor, seja no ambiente ou nas conversas em si, mas com o comentário de Alice, foi inevitável não reparar que realmente as decorações já estão começando a surgir por toda parte.

— Você já tem um par para o baile? – Emm perguntou a ela.

— É claro que tenho. Acha que vou a baile com quem se não com o Jas? – Respondeu de pronto.

Alice foi à última a chegar, sendo assim, agora a mesa se encontra cheia com seus novos integrantes, Emm, Jas, Bella, Angela, Alice e eu.

As duas novas garotas passaram a sentar-se conosco desde o início do mês, fazendo com que Bella não precise se dividir entre passar tempo com Angela ou conosco.

— E ele te convidou ou você está apenas pronunciando que vão juntos? – Emm provocou.

— É claro que a convidei formalmente idiota. – Jas tratou de responder.

— Sim, no fim de semana Jas fez o convite e foi lindo. Você só está com dor de cotovelo por não ter ninguém especial a chamar.

A baixinha replicou e meu irmão apenas deu de ombros, já que realmente não está com interesse em garota alguma da escola.

Com isso, provavelmente irá ao baile com qualquer colega de classe, apenas para não passar pelo momento em branco.

— Mas e vocês? Como estão de convites?

Perguntou agora se dirigindo a Angela e Bella.

Ben Cheney me convidou também essa semana e eu aceitei. – Angela respondeu.

— Jura? Você ainda não tinha me contado. Depois vou querer saber tudo sobre como foi o convite.

Alice comentou de forma alegre e animada.

— Tudo bem.

Angela respondeu simplesmente.

— Certo. Não o conheço muito, mas pelo que sei, Ben é legal, pode levar você ao baile.

Emm comentou impondo a pose, não só de mais velho do grupo, como meio que protetor das meninas.

Angela apenas riu acompanhada de Bella, enquanto Alice só revirou os olhos, já mais acostumada ao jeito do meu irmão.

— E você Bella? Quantos convites recebeu?

Ao fim da pergunta de Emm, minha atenção já estava mais do que redobrada para a resposta de Bella.

— Eu?

— Sim mocinha, você. Soube por ai que alguns rapazes têm interesse em convidá-la. Já fizeram? Você já dispensou todos?

— Não estou sabendo de nada disso. Mas até o momento não recebi convite algum.

Respondeu simplesmente e com isso, soltei a respiração que nem percebi estar segurando.

— Talvez estejam receosos em convidá-la Bella. Ben comentou que se preparou uma semana antes de fazer o convite.

— Está tudo bem Angela. – Respondeu sorrindo. – Não sei o que posso ter feito para deixar alguém receoso, mas não estou preocupada.

E antes que o assunto prosseguisse no tema, Alice tomou a frente falando com as garotas sobre outras coisas, enquanto Emm e Jas começaram a falar sobre algo da aula de cálculo dos dois, assim, permaneci apenas envolto aos meus próprios pensamentos.

Eu sou realmente um idiota.

Como pude não perceber que o baile estava se aproximando?

Quer dizer, ir ao baile nunca foi uma das minhas prioridades, é provável que nem me entusiasmasse para ir, mas agora com a presença de Bella, essa perspectiva começa a se tornar um pouco mais palpável, real e até desejada.

Somos amigos e amo nossa amizade, mas desde o início percebi que o elo que tenho com ela é bem diferente do que possuo com Alice, por exemplo.

Não apenas por Alice e eu nos conhecermos a mais tempo, mas realmente sempre tivemos uma amizade fraternal, ela é quase como uma irmã, mas com Bella, as coisas não são assim, nunca foram e imagino que nunca serão.

Quando estou ao seu lado sinto coisas diferentes.

Gosto das nossas conversas, de como somos parecidos em muitos aspectos, mas também das diferenças, de quando divergimos sobre uma opinião ou assunto e assim, nos propomos a pensar.

Mas gosto também do seu sorriso, da forma que seu rosto cora quando fica envergonhada, como a ponta do nariz fica vermelha nos dias mais frios.

Gosto de colocar seu cabelo atrás da orelha, quando a cortina castanha se propõe a me isolar da bela visão que é seu rosto.

Quando por algum motivo tocamos as mãos, sinto sensações até então indistintas em meu corpo e não foi apenas uma vez que pensei em como seria tocar seus lábios, conhecer seu gosto e comprovar se são tão doces quanto aparentam.

Realmente nunca tive qualquer um desses pensamentos por Alice ou qualquer outra menina que conheci, Bella é a primeira e única que já despertou algo assim e por todo esse tempo tentei refrear a maioria das sensações para não arriscar nossa amizade.

Mas e se for para termos mais? Para sermos mais?

Veja o exemplo de Alice e Jasper. Começaram a namorar e não parecem estar perdendo nada que já tinham, pelo contrário, com o relacionamento, parecem ter ganhado muito mais, algo pertencente só aos dois.

Será que entre Bella e eu poderá surgir algo assim?

Passei o restante do tempo pensando nisso, não só o restante do intervalo, mas também as aulas subsequentes.

Na hora da saída, ainda sem chegar à conclusão alguma, mas com uma vontade imensa de entender o que estou sentindo, encontrei com Emmett e Alice, que hoje voltará conosco, prontos para ir embora.

Entramos no carro em silêncio, mas o mesmo não demorou a ser quebrado pela fala do meu irmão.

— Então Edward, está esperando o que?

— Como assim? Do que está falando?

Perguntei realmente curioso, achando que talvez tenha perdido algum comentário seu por estar com a cabeça nas nuvens.

— Não se faça de mais idiota do que já está sendo. Está esperando o que para convidar Bella ao baile? Que alguém a convide primeiro, ela aceite e você fique sozinho chupando o dedo?

Jogou a verdade sobre mim, mas por não esperar algo assim, não tive reação.

— Edward, diga alguma coisa. Na verdade já deveria ter feito, mas falar algo agora já será de bom tamanho.

Alice soltou colocando-se entre nós pelos bancos do carro.

— O que querem que eu diga? – Retruquei.

— O motivo para ainda não ter convidado a Bella. – Emm respondeu. – E mais importante, quando convidará?

— Eu não sei. Não tinha pensado nisso ainda. – Falei sinceramente.

— Edward, por favor, nos ajude a te ajudar. Você realmente ainda não tinha pensado em convidar Bella ao baile? Ou não quer?

— Não Alice, não é isso. Você sabe que não sou a pessoa mais ligada nessas coisas, não tinha me atentado que o baile já estava tão próximo e que os convites já estavam sendo feitos.

— Certo. Mas agora já está sabendo. Vai demorar mais quanto tempo para convidá-la? Porque o que Emm falou hoje na mesa é real. Outros garotos também estão interessados em convidá-la e talvez se o fizerem primeiro, ela acabará aceitando. – Alice pontuou.

— Mas se ela quiser ir com outra pessoa o que adianta eu convidar? – Suspirei.

A questão é que ela quer ir com você cabeção!

Emm falou e para solidificar o ponto, me deu um tapa na cabeça.

— Ai idiota. Vai bater na sua...

— Chega vocês dois. – Fomos interrompido por Alice. – Emm, se concentre no caminho. E Edward, você precisa acordar. Responda sinceramente, agora que está consciente da existência do baile. Você quer ir com a Bella sim ou não?

— Sim.

Praticamente sussurrei sem coragem de admitir algo assim de forma mais eloquente.

— Ótimo. Não posso garantir com 100% de certeza que ela também quer ir com você. Mas digo que as chances são grandes, mas você tem que fazer algo para que isso aconteça. Não pode esperar a oportunidade cair do céu ou que ela rejeite os outros garotos só a sua espera. Ela pode preferir você, mas Bella não é do tipo que magoa as pessoas, com isso, pode acabar aceitando algum convite para não desmerecer o garoto.

— E como sabe que ela não fará isso comigo? Que aceitará meu convite apenas para não me magoar?

— Emm, tem certeza que Edward não caiu do berço quando bebê?

Alice perguntou ao meu irmão ignorando minha pergunta.

— Eu? Pelo contrário, tenho quase certeza que caiu.

Emm respondeu e bufei revirando os olhos passando a olhar pela janela e ignorando-os.

— Edward, escute. – Alice chamou minha atenção depois de um tempo, quando já nos aproximamos da nossa rua. – A decisão é sua. Você pode convidá-la ou não. Ela também poderá aceitar ou não. Mas por que ao menos não tentar, sim? Pense nisso, no que você verdadeiramente quer. Somos seus amigos, um irmão e praticamente uma irmã e só queremos sua felicidade.

Virei o rosto novamente na direção dos dois encontrando olhares compreensivos.

— Obrigado.

Foi só o que consegui responder.

Quando Emm parou em frente a nossa casa, Alice logo saiu se despedindo, enquanto entramos para seguir com nossa rotina da tarde.

É claro que não consegui fazer mais nada, além de pensar em Bella, na conversa que tive com meus amigos e em minhas próprias aspirações.

No meio da tarde, sabendo que se não fizer algo enlouquecerei, resolvi sair para caminhar, peguei minha capa de chuva, pois é claro que está ao menos garoando e a possibilidade da chuva aumentar é grande e sai.

De início, apenas caminhei pelas ruas vazias de tons esverdeados. Bella comentou um dia como Forks é verde demais, como até as coisas que deveriam ter outras cores, aqui se cobrem de verde, perguntei se ela se incomodava com isso, mas supreendentemente respondeu que não.

Que começou a gostar do verde desde que veio para cá, ainda que de vez em quando, sinta falta de sua vida em Phoenix...

Preciso dizer que de forma consciente ou não fui parar em frente a sua casa?

A casa branca de dois andares dos Swan se destaca na rua, mas não é sua arquitetura que me interessa no momento e sim uma das moradoras.

Munido de uma coragem até então desconhecida, bati na porta, desejando aos deuses que seja Bella a abri-la, caso contrário, não sei se terei forças para me explicar aos seus avós.

E como primeiro sinal de que estou com sorte, os lindos olhos chocolates foram à primeira coisa que vi.

— Oi Edward. Que surpresa.

— Pois é, desculpe vir sem avisar, mas é que queria falar uma coisa com você e não podia esperar.

— Tudo bem, não tem problema. Você quer entrar? – Propôs.

— Seus avós estão em casa?

— Sim, por quê?

— Será que podemos conversar por um momento aqui fora? A sós? – Pedi.

— É claro.

Bella encostou a porta e caminhou até parar ao meu lado.

Outra sorte foi que a garoa deu uma trégua então não nos molharemos nesse tempo aqui fora.

— O que houve Edward? Você parece nervoso. Está me assustando.

Bella questionou diante do meu silêncio.

— Desculpe. Não precisa se preocupar. É que quero falar sobre uma coisa com você e já deveria ter dito antes, mas não sabia bem o que dizer ou como. Mas hoje não consegui desligar desse pensamento e sai de casa para caminhar e quando vi, estava aqui.

— Certo. Então diga o que veio falar. Estou curiosa para saber o que o deixou tão consternado dessa forma.

Sorriu ao terminar de falar.

E seu sorriso foi o que me deu a coragem necessária para dizer.

Pode ser que ela não queria ir ao baile comigo, nem mesmo como amiga.

Pode ser que revele estar interessada em outro garoto e só não teve coragem de dizer.

Mas de todo modo, não importa qual seja sua resposta, no fundo preciso saber que tentei.

— Bella, gostaria de saber se você aceita ir ao baile comigo.

Falei de uma vez.

Seus olhos arregalaram e sua boca abriu em um O perfeito.

Isso é um bom ou mau sinal?

Acredito que o silêncio que se seguiu por alguns instantes não seja coisa boa.

Mas já tive meu momento de coragem em convidá-la, para essa conversa prosseguir, ela terá que responder algo.

 - Eu, nossa, estou surpresa.

— Surpresa de um modo bom ou ruim?

Pronunciei meus pensamentos.

— De modo bom é claro. É que nunca fui convidada para um baile.

Comentou de forma simples, corando em seguida.

— Eu também nunca convidei ninguém. É provável que se você não tivesse se mudado, nem comparecesse ao baile como em outros anos. – Respondi.

— E por que resolveu me convidar? É porque pensou que fosse querer ir, por ser a aluna nova?

— Não, é claro que não Bella. Estou te convidando porque gostaria que fosse comigo. Acho que poderemos aproveitar a noite juntos. Mas caso não queira...

Comecei a completar a negativa, porém ela me deteve.

Não. Quer dizer sim. Não pense que não gostaria de ir ao baile com você. Seria uma honra. Então minha resposta ao seu convite é sim.

— Jura?

Agora foi minha vez de abrir um sorriso, um tão grande que acho que Bella está sendo capaz de ver todos os meus dentes, mas no momento, não posso me importar menos.

— Sim. Mas tenho que te alertar sobre uma coisa. – Informou séria.

— Que precisarei pedir permissão aos seus avós? Estou ciente disso, mas agora que tenho sua afirmativa, podemos entrar e conversar com eles.

— Isso também. Mas não me referia a permissão e sim sobre um aspecto do baile.

— E o que é? – Perguntei realmente curioso.

É que eu não sei dançar. Preciso deixar isso claro, antes que chegue o dia e você me convide para uma dança e eu acabe tropeçando em meus próprios pés, pisando nos seus ou algo do tipo.

— Não se preocupe Bella, me considero um bom condutor. Mamãe ensinou Emmett e eu a dançar, assim como fez com meu pai no passado. Além do que, podemos nem dançar se não quiser. Passar a noite ao seu lado, seja da forma que for, já fará desse baile uma ocasião mais do que especial. – Afirmei.

— Obrigada. Agora que já está ciente das minhas dificuldades e ainda sim, quer manter o convite, podemos entrar e conversar com os meus avós.

— Nada me faria desistir de acompanhá-la Bella. – Enfatizei.

Ela baixou a cabeça e começou a caminhar em direção a casa, a segui mantendo o sorriso cintilante pronto para conversar com o senhor e a senhora Swan, sabendo que daqui a alguns dias, desfrutarei do rito de passagem adolescente acompanhado por Bella...

***

— Ai vocês estão tão lindos. Mais uma foto, por favor.

— Mãe! Desse jeito vamos nos atrasar. E o Edward ainda vai me deixar primeiro antes de ir buscar a Bella.

Emm protestou frente à sessão de fotos que mamãe está insistindo em fazer.

— Tudo bem, tudo bem, podem ir. Não quero que suas acompanhantes fiquem esperando. – Comentou por fim.

— E juízo os dois. Não façam nada imprudente. Hoje é uma noite especial, mas amanhã a vida continua e o que fizerem pode ter consequência por muito tempo no futuro.

— Pode deixar pai. Vamos nos cuidar. – Informei já pronto para sair.

— Vão meninos. Vão e aproveitem.

Mamãe nos desejou após beijar nossos rostos. Assim Emm e eu saímos em direção ao carro.

— Papai ficou falando para termos juízo, mas não tenho dúvida que ele e a mamãe aproveitarão a noite sem nossa presença, isso sim.

— Ai Emm, dá um tempo. Não preciso pensar nisso. Mas de todo modo, eles merecem aproveitar um pouco, já que papai quase não tem folga em um sábado a noite.

— Pois é. Isso é verdade. Mas agora vamos irmãozinho, pois uma noite animada nos aguarda.

Assenti e sai com o carro da garagem. Pela janela vi nossos pais acenando da sala, buzinei e segui.

Realmente com o trabalho atribulado do papai no hospital e as questões que mamãe cuida como secretária na prefeitura, são raros os dias que podem aproveitar um tempo tranquilo, sem atribulações, com isso, espero que tenham uma boa noite também.

Emm começou a mexer no rádio enquanto sigo para a casa da sua acompanhante.

De primeira pensei que teríamos que ir juntos, Bella e eu, Emm e Irina, sua colega de turma e acompanhante para o baile.

Porém Emm foi muito solícito em deixar que Bella e eu usemos o carro sozinhos. Já que Irina também tem um, o deixarei na casa dela e eles seguirão em seu carro, enquanto buscarei Bella sozinho.

No dia que pedi permissão aos avós de Bella, eles foram bem solícitos com a ideia, acredito que por já me conhecerem e também a minha família. E diante de tudo que a neta passou no ano, não imagino que barrariam um evento inocente como o baile.

Duas semanas se passaram desde que criei coragem e fiz o convite.

Alice e Emmett tomaram o dia seguinte para encher meu saco com provocações, ao mesmo tempo em que comemoraram minha iniciativa.

Fato é que as coisas entre Bella e eu não mudaram nesses dias, continuamos os mesmos amigos de sempre.

Não tenho ideia se alguma coisa acontecerá hoje, mas de todo modo, como disse no dia que a convidei, apenas por passar a noite em sua companhia, esse baile já será mais do que especial.

Quando parei em frente a sua casa, senti minhas mãos suarem, respirei fundo alguns instantes então desci caminhando até a entrada da casa.

Bati a porta, que não demorou a ser aberta pelo senhor Swan.

— Boa noite Sr. Swan. – O cumprimentei.

— Boa noite meu jovem. – Retribuiu.

— Vim buscar Bella para o baile.

— Eu sei. Ela já vai descer. Acredito que já está pronta, porém minha esposa está conversando um instante com ela. – Comunicou.

— Entendo.

— Mas vamos, entre. Aguardaremos as duas na sala.

Ele abriu mais a porta e indicou para que passe, o fiz conforme ordenado, logo seguindo o senhor gentil até a pequena sala.

Ele sentou em uma poltrona, enquanto ocupei um dos sofás.

Por sorte, não demorei a ouvir vozes e passos na escada, fiquei de pé de pronto e quando virei vi Bella aparecendo em meu campo de visão.

Simplesmente linda. Perfeita. Maravilhosamente adorável. Espetacular.

Bella já é a menina mais linda que vi na vida no dia a dia, quando a vejo com as roupas usuais. Mas por conta do clima da cidade, quase nunca a vejo sem um casaco, uma camiseta de manga longa ou calças.

Porém agora, a vendo pela primeira vez com um vestido, junto a uma quantidade de pele considerável a mostra, comecei a sentir coisas indistintas...

— Oh Edward, você está tão bonito. Veja os dois juntos Joseph, não estão perfeitos?

Ouvi a voz da senhora Swan.

— Sim Marie, estão muito bonitos. E você minha neta, está parecendo uma princesa.

— Obrigada vovô.

Bella agradeceu corando.

— Oi.

Falei ao meu aproximar.

— Olá.

— Você está realmente muito linda. – Comentei.

Bella está usando um vestido azul.

Ele tem alças que vem do seu pescoço ao decote, nada vulgar, apenas combinando com o tecido. O vestido tem caimento justo, porém em determinado momento, cria alguns babados bem bonitos que vão até seu pé.

Por conta da descida, percebi que está usando uma sandália de salto alto, ainda sim, nossa diferença de altura continua considerável, o que mantém o toque protetor que tenho para com ela em foco.

Seu rosto está maquiado, isso é fato, mas nada exagerado, apenas realçando seus melhores traços e o cabelo está com duas presilhas sobre a orelha esquerda jogando-o quase que totalmente para o outro lado, deixando o pescoço lindo a mostra.

Como disse...

Linda, belíssima, espetacular, perfeita...

— Você também está muito lindo. – Retribuiu o elogio.

— Ah. é só um smoking. Todos os garotos devem estar usando um hoje à noite. – Comentei.

— Ainda não vi os outros, mas você ficou realmente muito bem com o seu.

— Obrigado. – Dei de ombros. – Trouxe isso para você.

Indiquei o corsage em minhas mãos.

Bella esticou o pulso do braço esquerdo e coloquei delicadamente o adorno, nesse instante, ouvi e percebi um flash de câmera.

Bella e eu olhamos curiosos para sua avó que acabou de tirar uma foto nossa.

— Vocês estão muito lindos. Não posso deixar de registrar esse momento. Vamos, juntem-se e sorriam, tirarei mais algumas.

Acatamos o pedido e quando a sessão de fotos acabou, assim como foi na minha casa, nos despedimos dos avós de Bella.

Prometi cuidar dela muito bem e trazê-la ao fim da noite em segurança.

Caminhamos lado a lado, mas sem dar as mãos, até meu carro. Abri a porta ajudando-a a se acomodar, depois segui assumindo o lugar do motorista, demos um último tchau aos seus avós e sai com o carro em direção ao colégio.

Não conversamos muito durante o trajeto, o rádio permaneceu ligado e as músicas embalaram o momento.

Não me incomodei com nosso silêncio, já que não é raro ficarmos assim na presença um do outro, às vezes acho até interessante, como nos sentimos confortáveis mesmo que sem falar nada.

Parei o carro no estacionamento, já que o baile acontece no ginásio. Com a quantidade de alunos, não é necessário alugar o salão principal pertencente à prefeitura, o ginásio de esportes consegue acoplar todos perfeitamente.

Ajudei Bella a descer e agora sim, de mãos dadas, seguimos até o local indicado.

A decoração que vimos criar forma dia a dia durante as aulas agora enche nossos olhos.

O baile não tem um tema central, porém, ainda sim, está muito bonito e harmonioso.

Balões enfeitam as pilastras, papéis e luzes dividem-se entre o chão e o teto. A mesa com as comidas e bebidas parece bem farta. E o som ambiente inspira tanto os dançantes, quanto as pessoas ao redor.

— Está muito bonito, não acha? – Bella comentou.

— Sim. Tenho que dar o braço a torcer a equipe de organização. – Respondi.

— Realmente. Vamos procurar nossos amigos ou circular um pouco?

— Podemos ver quem já chegou. Enquanto isso circulamos.

Ela assentiu e assim fizemos.

Pelo caminho fomos cumprimentados por algumas pessoas, colegas de classe e até professores, que estão aqui para vigiar e não deixar a empolgação dos jovens sair do controle.

Não demoramos a encontrar Angela e Ben sentados em uma mesa e resolvemos ir cumprimentá-los. Enquanto conversávamos, Alice e Jasper chegaram, juntando-se a nós.

Emmett e Irina também já estão circulando pelo salão, mas acredito que nessa noite, meu irmão optará por ficar com os colegas de turma, mas, ainda sim, em determinado momento, passaram para falar conosco e interagimos por alguns instantes.

Bella e eu ainda não nos aventuramos a dançar, nem sei se o faremos. Mas ao menos estamos passando a noite toda juntos. Seja conversando com nossos amigos, entre nós mesmos, com outras pessoas e até no momento de ir a mesa desfrutar das comidas e bebidas.

Não foi proposital ou forçado, apenas quando pensamos em fazer algo, questionamos ao outro se também quer e assim seguimos.

Nesse momento estamos sozinhos na mesa.

Jasper e Alice estão dançando. Enquanto Ben e Angela saíram para dar uma volta.

— Acha que a faculdade será como o high school?

Bella perguntou de repente.

— Você pergunta em que sentido?

— Em todos. As pessoas, o ambiente, as aulas.

— Nesse caso acho que não. O colégio, ainda mais um como esse de cidade pequena, tem um jeito próprio. A faculdade é um mundo completamente novo e distinto, ao menos penso assim. E você? O que acha?

— Concordo com você. Onde estudava em Phoenix já era diferente da Forks High. Só fico imaginando como serão meus anos na faculdade. O que viverei por lá. Ou se ao menos conseguirei entrar em alguma.

— É claro que vai Bella. Você entrará na faculdade que quiser. É uma das pessoas mais inteligentes que conheço. Ano que vem tirará de letra. – Respondi convicto.

— Obrigada. Também penso o mesmo sobre você. – Sorri em agradecimento – E Emmett, já decidiu para qual faculdade vai?

— Ainda não. Ele prestou para algumas, mas não tem preferência, tudo vai depender do destino.

— Acha que vocês irão para a mesma faculdade?

Virou em minha direção ao perguntar.

— Não sei. É como disse, ele precisa entrar em algum lugar para que saibamos se existe essa opção.

— E você gostaria de continuar estudando com ele? Ou com Alice e Jasper?

— Não imagino que faremos o mesmo curso. Mas seria legal continuar vendo-os pelo campus. Porém esse futuro não é algo que veja de forma concreta.

— É verdade. Eu mesma sei que não da para fazer planos muito longos.

Percebi que seu comentário não está ligado apenas às questões universitárias e antes que fique triste, resolvi voltar ao foco.

— Mas e você? Tentará voltar a Phoenix para estudar?

— Ainda não sei. Talvez acabe optando por uma faculdade mais próxima, para não ter que deixar meus avós. Sei que eles vivam bem sozinhos, mas agora, me acostumei à presença deles e eles a minha.

— Entendo. Mas ainda temos um ano todo para nos decidir quanto a isso. – Esclareci.

— É verdade. Só o que sei com certeza é que quero cursar letras. Não me vejo trabalhando com outra coisa.

— Eu também.

Respondi de pronto e Bella sorriu.

— Será que nós temos chances de continuar estudando juntos depois daqui? Talvez quem sabe até na mesma faculdade e turma?

Ao invés de responder sua pergunta, joguei outra no ar.

— Você gostaria que isso acontecesse?

— Acho que sim. Gostei muito de conhecê-lo Edward. Você é uma das melhores coisas que Forks me trouxe. Então seria bom na nova fase da minha vida já ter um amigo.

O início de sua resposta me animou, porém, de algum modo, saber que mesmo em longo prazo, ela só me vê como amigo, me deixou cabisbaixo.

— E você? Gostaria?

— É claro Bella. Como disse, continuar estudando com Emm, Alice e Jasper, assim como com você, seria ótimo. E se pretendemos fazer o mesmo curso, por que não tentar manter a união estudantil dessa forma?

— Exatamente.

Fixamos o olhar por um tempo, porém fomos interrompidos pela chegada de Jasper e Alice de volta a mesa, assim, prosseguimos com assuntos mais gerais.

Porém o casal não demorou a voltar à pista de dança, contestando se não dançaremos ao menos uma música, desconversei dizendo que iremos em breve e os dois seguiram.

— Edward?

Voltei minha atenção a Bella quando chamou meu nome.

— Sim?

— Você não me convidou para dançar por que não quer ou por que disse não saber?

— Imaginei que não fosse querer, já que me alertou aquele dia. Por quê? Você quer?

— Você disse que sua mãe te ensinou e que era um bom condutor. Posso não saber muito, mas tendo alguém que me guie, talvez consiga não ser tão ruim.

Comentou mexendo as mãos no colo em sinal de nervosismo.

Me desculpe Bella. Foi indelicadeza minha ao menos não ter questionado se queria dançar. Só pensei que era o que preferiria. Perdoe-me, de verdade.

— Está tudo bem.

— Não, não está. – Levantei estendendo a mão em sua direção. – Srta. Swan, me daria à extraordinária honra de dançar comigo?

Sorrindo tocou minha mão com a sua.

A honra será minha Sr. Cullen.

Entrou na brincadeira.

— Então vamos.

Ela levantou e nos guiei para a pista.

Paramos não muito próximos aos outros casais e no momento que fui puxá-la para perto, a música trocou. Uma balada começou a tocar fazendo com que os passos sejam conosco bem próximos, com os corpos quase colados.

Coloquei o braço direito atrás das costas de Bella, quase em sua cintura. Ela colocou o seu esquerdo no meu ombro, enquanto entrelaçamos as mãos.

Fiz um movimento para guiá-la e ela imediatamente olhou para o chão, acredito que para olhar nossos pés.

— Não Bella. – Ergui seu rosto. – Não olhe para baixo. A dança acontece entre nossos corpos. Os pés apenas são levados ao caminho que escolhemos.

Ela pareceu prender a respiração, porém não voltou a baixar o rosto, assim, comecei a dançar levando-a comigo.

Alguma coisa no destino fez com que as próximas músicas fossem todas no mesmo ritmo, fazendo com que não separemos os corpos ou olhares.

Perdi as contas após a terceira música, preocupado apenas em continuar sentindo Bella próxima a mim.

— Você é realmente um ótimo dançarino.

Comentou em determinado momento.

— Não sei se sou um ótimo dançarino, mas ao menos aprendi bem a conduzir. – Expliquei.

— Não, você é sim. Eu sei que sou péssima, então, só alguém muito bom para fazer com que não tropece ao menos uma vez e você conseguiu.

— Obrigado. – Sorri.

— Eu que agradeço. Essa noite está sendo linda e tudo graças a você.

Bella...

Seu nome saiu por meus lábios sem que ao menos percebesse, já que o impacto de suas palavras me desnorteou.

Porém, justo agora, o ritmo musical mudou e paramos em meio aos outros casais que começaram a se agitar.

— Você quer tomar um ponche? – Sugeri.

— Sim, aceito. Pode pegar o meu, por favor? Preciso de um pouco de ar. Te encontro na saída lateral, pode ser?

Apenas assenti e nos separamos.

Vi Bella caminhar entre as pessoas na direção que falou, enquanto segui até a mesa para pegar um pouco da bebida para nós dois.

Tomei logo um gole para ajudar a acalmar, então fui ao seu encontro. Quando a vi, foi próxima a uma árvore com os braços ao redor do corpo, provavelmente com frio.

A chuva deu uma trégua, mas o frio não. Dentro do ginásio, com a aglomeração de pessoas, não é perceptível, mas aqui fora não dá para escapar.

— Bella.

A chamei ao me aproximar. Ela virou deixando os braços caírem ao lado do corpo.

— Tome.

Entreguei-lhe o copo.

— Obrigada.

Ela deu o primeiro gole e voltou a olhar por entre as árvores.

— Bella?

— Sim?

Virou novamente.

— Vista isso.

Indiquei tirando o paletó do smoking.

— Não, não é preciso.

— Por favor, ao menos pelo tempo que ficarmos aqui fora.

— Podemos entrar.

— Não, vamos ficar um pouco aqui. Mas, por favor, vista o paletó.

Senti que ela queria contestar, mas acabou aceitando minha gentileza.

Ela não o vestiu com os braços, apenas colocou sobre os ombros e voltou a beber seu ponche, seguindo seu exemplo, também finalizei o meu.

Permanecemos um instante em silêncio. Ela olhando a natureza e eu a ela.

Quando finalizou a bebida, virou estendendo a mão para pegar meu copo, lhe entreguei a ela caminhou até uma lixeira próxima depositando-os, então voltou para onde estava, porém, dessa vez, parou diante de mim e não olhando para a paisagem a nossa frente.

— Bella.

— Edward.

Dissemos juntos e rimos.

— Pode falar. – Sugeri.

— Não, você ia comentar primeiro, por favor, continue.

— Eu ia dizer como você está linda. Sei que o fiz quando nos vimos, mas queria falar de novo.

— Obrigada.

— E você? O que ia dizer? – Perguntei.

— Também ia comentar de novo o quanto estou gostando dessa noite. De ter vindo ao baile com você. Na verdade queria dizer que estou gostando não só dessa noite, mas gostei de todos os momentos que passamos juntos. Quando tudo aconteceu com meus pais, achei que nunca mais fosse sorrir de novo, ao menos não verdadeiramente e desde que o conheci, o faço sempre de forma natural. Você me apresentou aos seus amigos, fez com que se tornassem meus também, fez com que o tempo no colégio seja algo feliz e não recluso. E hoje está me proporcionando essa noite incrível. Obrigada.

— Não precisa agradecer Bella. Você fez tudo. No dia que chegou, não tinha a mínima intenção de puxar conversa, mas quando a vi, algo mais forte do que eu me impeliu a falar com você. E o resto aconteceu porque é uma pessoa especial, que merece as melhores coisas do mundo. Meus amigos viraram seus amigos porque é fascinante. Eu me encantei assim que a vi, porque você é incrível e não tenho dúvida que tem um futuro maravilhoso à frente, porque merece vivê-lo. Me sinto honrado de ter vindo ao baile, não só com a garota mais linda do colégio, mas também com a melhor e mais incrível que já conheci.

Edward...

Meu nome sussurrado em seus lábios foi o catalizador final.

— Bella, receio não poder mais ser apenas seu amigo.

— O que? Por quê? O que eu...

Interrompi seu rompante.

— Escute. Acho que não posso continuar sendo apenas seu amigo, porque desejo ser mais. Nunca senti algo assim por ninguém, mas você... Você mudou tudo com sua chegada.

— Eu, eu...

Eu quero muito te beijar agora.

Sussurrei segurando seu rosto entre minhas mãos.

Posso não ser boa nisso. – Falou e sorri. - Como não sou dançando. 

— Você foi ótima dançando comigo essa noite. Aposto que se beijá-la, constatarei que é tão incrível quanto. Você quer?

— Sim.

Sua resposta foi tudo que precisei.

Entendendo que esse talvez seja seu primeiro beijo, me aproximei aos poucos.

Ela fechou os olhos e sua respiração acelerou.

Beijei um lado da sua bochecha, depois a outra.

Seu queixo bem próximo à boca e só então toquei nossos lábios.

Permaneci um bom tempo apenas com eles encostados, sentindo seu doce sabor, porém, quando ela abriu um pouco a boca e seu hálito doce me atingiu, fui dominado por um súbito desejo.

Toquei nossos lábios de forma mais urgente e só então infiltrei a língua em sua boca. E quando senti a sua tocando, ainda que de forma delicada e tímida, a minha, entendi o que todos os autores de livros que li querem dizer com o fascínio do primeiro toque e o poder da paixão...

O beijo começou lento, além da descoberta total para Bella, também foi uma descoberta minha.

Nunca antes foi assim, com as poucas garotas que beijei, as coisas foram boas, mas de certo modo, mecânicas, mas agora? Agora tudo parece ter encontrado o lugar certo.

Suas mãos de forma tímida tocaram meu peito por cima da camisa, puxando-me mais para perto, enquanto as minhas continuaram tocando seu lindo rosto ao apreciarmos o toque magistral do beijo.

Ao finalizá-lo, salpiquei pequenos selinhos antes de abrimos os olhos.

— Não disse?

Foram minhas primeiras palavras após o ato.

— O que?

Perguntou parecendo aérea.

— Que seu beijo seria excelente.

Respondi e mesmo a pouca luz noturna, notei seu rosto corar.

Com o gesto tão terno, não resisti em entrelaçar nossos lábios de novo.

Dessa vez, Bella já foi mais receptiva e também curiosa à ação, praticando comigo, mais do que só recebendo o gracejo.

É você...

Comentou ainda de olhos fechados.

— Eu o que?

— Você faz com que seja certo. Primeiro com a dança e agora com o beijo. – Abriu os olhos me presenteando com as orbes chocolates. – Só quero praticar ambos com você.

— Ah Bella...

Não resisti em beijá-la novamente.

Assim como perdi as contas de quantas músicas dançamos, acabei perdendo também as contas dos beijos.

Claro que não passaram de carícias entre nossas bocas, mas foram infinitamente perfeitas, só paramos em definitivo quando meu paletó que estava em seus ombros caiu no chão.

Abaixei para pegá-lo e quando ficamos novamente apostos, comentei.

— Por mim, passaria a noite toda te beijando. Nunca antes foi tão perfeito Bella. Só com você. Mas temos que entrar, está frio e alguém pode aparecer aqui.

Com minha fala ela pareceu se tocar do fato que poderíamos ser vistos.

— Tudo bem, podemos entrar.

Ela fez menção de começar a caminhar, mas a segurei, selando nossos lábios uma última vez, uma última vez por hora, é claro.

— Voltaremos ao salão e curtiremos o restante da noite. E ao fim, te deixarei em casa, mas amanhã quero saber se posso ir falar com os seus avós.

— Com os meus avós? Para que?

— Para saber se tenho sua permissão para te pedir em namoro. – Como há alguns dias atrás, vi sua boca abrir em perfeito O de espanto. – É algo que gostaria?

Sim. Sim. Com certeza sim. – Agora ela mesma me puxou para um novo beijo. – O baile já estava perfeito, mas agora mal posso esperar por amanhã. Para me tornar oficialmente sua namorada.

— Eu também Bella. Eu também.

Sorrindo e de mãos dadas caminhamos de volta ao ginásio.

Ao entrar, fomos brindados com uma música animada e acredito que por conta da nossa alegria, Bella não teve receio de se jogar em uma dança diferente comigo, apenas a primeira de todas as que compartilharíamos juntos...

 

Forks, Washington – 13 de Setembro de 2040.

Ainda com Bella em meus braços, continuei a lembrar de todos os nossos momentos juntos, os que vivemos a partir daquele baile.

Como combinado. no dia seguinte fui até sua casa para pedir permissão aos seus avós. Eles fizeram muito gosto em nossa união e nos abençoaram firmemente.

Depois providenciei, com a ajuda da minha mãe, um jantar especial para pedir diretamente a Bella que namorasse comigo, sorrio só de lembrar em como as coisas eram na época.

A partir daquele abril de 1987, iniciamos nossa jornada como casal e com a graça de Deus, nunca mais nos separamos.

Permanecemos namorando durante o fim do high school e seguimos juntos para a faculdade. Cursamos o mesmo curso, ambos apaixonados pela literatura e entre nós. Foram anos incríveis. Aprendemos tanto sobre nós mesmos e com a vida durante nossos anos de graduação.

Então, após nossa formatura, que ocorreu no mês de junho, nos casamos em 13 de Agosto de 1992.

Foi uma cerimônia simples, porém perfeita.

Bella foi à noiva mais linda que já vi.

E naquela noite nos conhecemos e tornamo-nos um só.

Que lembrança maravilhosa...

Com a formatura e a vida de casados, iniciamos também nosso trabalho como professores na mesma instituição. Erámos conhecidos como os Cullens das letras. Professor e professora Cullen, lecionando literatura aos jovens de Forks.

Apesar de termos saído para cursar faculdade em outra cidade, não pensamos duas vezes em voltar à cidade quando concluímos tudo. Nossas famílias continuavam aqui e essa era nossa cidade, afinal de contas, o lugar que nos conhecemos, apaixonamos e decidimos prosseguir com a vida.

No ano de 1994, tivemos nosso primeiro filho, Bernardo. Ele não foi propriamente planejado, mas foi muito amado e esperado por nós.

Dois anos depois, tivemos nossa Bernadette, que muitos acham que ganhou esse nome por conta do irmão primogênito, mas a verdade é que Bella teve uma segunda gestação difícil, assim sendo, quando nossa menina nasceu saudável e bem, Bella agradeceu de forma firme a Santa Bernadete pelo feito.

Com um casal de filhos, a vida corrida de professores e após a segunda gestação complicada, pensamos ter encerrado a família, mas o destino mais uma vez nos surpreendeu, quando na virada do século fomos presenteados com nossa pequena Colette, batizada dessa vez em homenagem a uma de nossas escritoras favoritas.

Assim completamos nossa família de cinco. Bella, eu e nossos filhos.

Bear, apelido carinhoso dado pela irmã ainda na infância.

Quando começou a falar, nossa pequena não sabia pronunciar o nome do irmão de forma completa e começou a chamá-lo apenas de Bear, é claro que quando ele atingiu a fase adolescente e adulta, especialmente na época da faculdade, o apelido tomou outra conotação, mas para nossa família, ele sempre será apenas Bear, nosso primogênito.

Bernie, minha primeira menina, que Deus nos deu cheia de graça e amor. É muito parecida com Bella, enquanto o irmão, tem mais características minhas. Inclusive, puxou o senso de humor do tio, meu amado irmão Emmett.

E por fim nossa pequena Cole. Já não tão pequena assim, mas como dito por Bella mais cedo, ao fim sempre serão nossas crianças. Cole é uma mistura perfeita entre Bella e eu. Tanto que não pensou duas vezes em estudar letras e ser professora como nós. Ao menos como éramos antes da aposentadoria.

Bear seguiu os passos do avô paterno, estudando medicina, enquanto Bernie, optou por aventurar-se em estudos políticos, um orgulho tremendo. Mas todos os meus filhos são nosso orgulho máximo.

Lembro-me do nascimento de cada um, das fases de bebê a primeira infância, então pré-adolescência. Essas memórias guardo em um lugar mais restrito. Então a adolescência, juventude e fase adulta.

Dos primeiros amores e dos amores firmes que têm até hoje. Todos estão casados, vivendo suas próprias vidas e com filhos.

Se pensei que ser pai era uma alegria tremenda, ser avô é algo ainda mais surreal.

Sou um orgulhoso avô de sete netos.

Um casal por parte de Bear.

Duas meninas e um menino da Bernie.

E dois meninos filhos da Cole.

Minhas alegrias de viver. Todos eles, os filhos, netos e até meus genros e nora.

Meu coração de pai pode dormir tranquilo todas as noites sabendo que meus filhos encontraram companheiros tão bons quanto eu, mas não iguais ou melhores, porque como minha Bella, não há outra pessoa no mundo.

Que honra é ser casado com essa mulher, mas não sou apenas seu marido e ela minha esposa. Somos verdadeiros companheiros de vida e de alma. Nossa jornada juntos que começou há 53 anos, apenas se solidifica a cada dia.

O prazer que tenho ao acordar e ver que Bella está comigo dividindo não só a cama, mas toda a vida, é imensurável. Mesmo com o passar dos anos, sempre tenho em mente a menina tímida que conheci e que tornou-se minha amiga, então meu amor.

Lembro-me do baile em que nos beijamos pela primeira vez e de como entendi ali que a queria comigo para sempre e assim está sendo.

O sorriso se amplia com a lembrança dos primeiros aniversários que passamos juntos, o meu, em seguida o dela. Como tem sido até hoje.

Há poucos meses, comemoramos meus 70 anos e hoje é o dia de comemorar o dela, envolto a nossa família querida. Não completa, já que não contará com a presença de todos os familiares e amigos, mas, ainda sim, perfeita para nós.

Quando a música terminou, ergui seu rosto que estava apoiado em meu peito para falar olhando em seus olhos, os maravilhosos olhos chocolates que até hoje me fascinam.

Eu te amo.

Eu te amo. — Retribuiu.

— Compartilhar os anos ao seu lado é a síntese da minha felicidade. Você é tudo em minha vida Bella. Tudo que sempre quis e continuarei querendo para sempre. Minha amiga, esposa, companheira, mãe, amada e amante.

— Eu sei, pois é exatamente o que sinto. Você é e sempre será meu único amor. O homem que me ajudou a crescer e descobrir como viver a vida. Meu amigo, marido, companheiro, pai dos meus filhos, colega de profissão, amante e para sempre amor. A maior alegria de comemorar meu aniversário, é saber que continuarei apreciando a vida ao seu lado. Eu te amo Edward.

— Eu te amo Bella. Para sempre.

— Para sempre.

— Feliz aniversário meu verdadeiro e único amor.

Selamos as declarações com um beijo.

Porém, dessa vez, fomos interrompidos pelo barulho de carros entrando na residência.

Com um sorriso no rosto, nos separamos para recepcionar nossa família.

Deixei Bella seguir em frente para receber as felicitações de pronto.

Caminhando mais atrás, ergui um pouco a cabeça e agradeci a Deus pelos anos maravilhosos ao lado da mulher da minha vida.

Também pedi humildemente que possamos desfrutar de mais alguns...

Pois nenhum espaço de tempo com Bella jamais será suficiente, mas vivê-los em sua plenitude, envoltos ao nosso amor, é só do que preciso...

FIM.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então meninas, o que acharam da one? Gostaram? Se emocionaram? Amaram essa versão de Beward? De coração espero que tenham gostado, pois eu verdadeiramente amei. Ao fim da escrita, me encontrava chorando emocionada com eles.
Quem já leu outra one minha chamada I Want More, sabe como tenho apego por casais de idosos e dessas vez, pude trabalhar com Beward dessa forma. Sabendo que viveram uma vida plena e até hoje, depois de tanto tempo, continuam se amando plenamente.
Explicando sobre a música e a inspiração. Quem ouviu ou conhece, sabe que é uma canção alegre e divertida. E assim que pensei nela, só me veio à ideia de um baile, mas não poderia ser atual, por isso surgiu à narrativa deles em décadas passadas, porém, ainda tinha que condizer com o ano atual da canção. Ai veio à decisão de contar a narrativa em forma de lembrança. E soube também que tinha que ser POV Edward.
Vinda da emoção que é Sol da Meia-Noite, com a percepção do Edward sobre a Bella da tia Steph, meu Edward também foi o encarregado de contar como a relação com a sua Bella surgiu. Gostaram?
Essa foi à segunda one do projeto. Quem ainda não leu – Stars, a história que postei semana passada, fique a vontade para fazê-lo e também conhecer minhas outras fanfics já postadas. Domingo que vem volto com a terceira one, que homenageará o aniversário do nosso amado Robert.
Agora é com vocês. Se chegou até aqui, após não só minha escrita prolixa, mas também as notas, por favor, comente. Vocês não sabem como receber feedback é fundamental, ainda mais, em um projeto feito tão de coração como esse. Para maiores informações e interações, basta seguir meu twitter: @KNRobsten. Espero que todas tenham uma boa semana.
~Kiss K Nanda.



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