Country Girl escrita por Deh


Capítulo 6
“Don't hide in the dark, you were born to shine”


Notas iniciais do capítulo

Estavam com saudades???
Capítulo novinho para vcs, espero que gostem *-*



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In a world full of hate, be a light

When you do somebody wrong, make it right

Don't hide in the dark, you were born to shine

In a world full of hate, be a light

Be a light - Thomas Rhett

Acordo com meu celular tocando a minha música usual e então me levanto para começar a me preparar para o dia.

Quando já estou pronta, vou em direção a cozinha para tomar café e a visão que tenho do meu pai e avô sentados a mesa tomando café, enquanto leem o jornal, não deixa de ser um tanto quanto perturbadora.

—Bom dia. –Eu digo anunciando minha chegada.

—Bom dia. –Papai diz.

Buongiorno Chiara! – Vovô diz animadamente.

Eu então pego a minha tigela de cereal favorita e me sirvo de uma porção razoável de cereal e leite, e assim silenciosamente ocorre o nosso café da manhã.

—Bom dia DiNozzo’s. –Jack diz fazendo-se presente, quando eu já estava acabando o meu café da manhã.

—Bom dia. –Papai e eu dizemos ao mesmo tempo.

Ao passo que Vovô, não hesita em usar o seu charme italiano:

Buongiorno senhorita Sloane.

—Tenho coisas a fazer por aí e vim saber se alguém quer carona para a escola. –Jack disse antes de ir em direção ao armário e pegar uma caneca de café.

—Só um minuto que vou buscar minha mochila. –Eu disse, já que havia terminado meu café da manhã.

Antes de sair, eu ainda fui capaz de ouvir meu pai dizer, enquanto a Jack se servia de café:

—Sinta-se em casa.

—Oh Tony você é tão gentil! –Jack disse sarcástica, enquanto eu me segurava para não rir...

O caminho para a escola foi tranquilo, Jack ligou o som do carro na sua playlist favorita, não que isso seja novidade, e então meu percurso até a escola foi embalado pela trilha sonora de Tim McGraw.

—Valeu pela carona Jack. –Eu digo antes de descer do carro e me encontrar com meus amigos.

—Bom dia nerds! –Eu digo quando encontro com Abby, Tim e Ellie reunidos do lado de dentro da escola.

—Bom dia Kiki. –Abby e Ellie dizem animadamente.

Enquanto isso Tim resmunga:

—Bom dia.

—Qual a razão para o seu mau-humor Timmy? –Eu pergunto curiosa.

—A senhorita Borin achou que seria uma boa ideia o Tim falar com a conselheira estudantil. –Abby disse.

—E o que isso tem demais? –Perguntei franzindo o cenho.

—Eu tenho um horário, após o almoço para conversar com a senhora Fornell. –Tim disse mal-humorado.

—E? –Perguntei ainda não entendendo a razão de tanto drama.

—Eu disse que não precisava, mas aparentemente a senhorita Borin acha que minhas habilidades de comunicação são falhas. –Tim finalmente explicou a razão de seu aborrecimento.

—Diane é legal Tim. –Abby disse, enquanto Tim e Ellie a olhavam como se ela fosse uma extraterrestre.

—Que foi? –Abby perguntou confusa.

—Você achou uma afronta ter que conversar com ela há algumas semanas. –Ellie explicou.

—Isso foi por causa que minha mãe achou que seria uma boa eu conversar com alguém sobre minha “fase” gótica. –Abby disse um pouco impaciente e fazendo aspas na palavra fase.

—Jenny ainda não superou o fato da Abby ter esperdiçado um guarda roupa cheio de roupas coloridas. –Eu expliquei, não deixando de rir com a situação, pois Jenny realmente não consegue entender o que Abby acha de vestir-se com roupas pretas, e assim ela nem imagina os planos da filha em pintar o cabelo castanho-avermelhado de preto, não sou vidente, mas tenho certeza que a diretora vai ter um treco.

E assim, após incentivarmos Tim a ir ver a senhora Fornell, tive um dia de aulas normal, enquanto Abby dizia que Ziva precisava que eu fosse treinar, então fui obrigada a inventar uma desculpa para ir até a casa de Abby.

Eu mandei mensagem para Jack como de costume, entretanto, dessa vez a resposta veio diferente:

Seu pai e avô querem jantar com você, alguém estará te buscando às 18h00min.

Eu franzi o cenho, desde quando papai exigia a minha presença no jantar?

Mas deixei isso de lado, enquanto Abby e eu caminhávamos até a velha F1000 do senhor Gibbs.

—Oi pai. –Abby disse assim que adentrou.

—Ei Abbs, Chiara. –Gibbs nos cumprimentou, como sempre um homem de poucas palavras.

O caminho até o Haras Semper Fi foi embalado pela voz de Reba McEntire, que de acordo com Abby é a cantora favorita de seu pai, ela sempre diz que tem algo a ver com ruivas, eu pessoalmente não entendi, mas enfim...

Quando chegamos ao Haras, eu mal desci do carro e Ziva já estava lá nos encarando com os braços cruzados e uma cara mal-humorada.

—Vocês demoraram. –Foi o que ela disse e então me olhou de cima a baixo antes de dizer –Troque-se que Desert Storm já está selada.

Não foi preciso ela falar duas vezes e logo eu estava indo em direção ao quarto de Abby, pegar uma de suas roupas de montaria emprestada.

Uma hora e meia de treino.

Uma hora e meia fazendo o que eu gosto.

MAS, também foi uma hora e meia ouvindo Ziva gritar ordens e reclamar do meu tempo, sinceramente a mulher mais parece um general do que uma treinadora.

Quando eu desci de Storm, eu a acariciei, enquanto sussurrava:

—Está chegando o grande dia menina, vamos deixar mamãe orgulhosa.

Em resposta a égua tordilha relinchou.

—Kiki!!! Já são cinco e meia, você precisa tomar banho antes que minha mãe chegue. –Abby anunciou ansiosa.

—Até a próxima Storm. –Eu me despedi da égua anglo-árabe.

E logo eu estava correndo para dentro da casa de Abby e tomando um banho muito veloz, afinal de contas, desde o dia que Jack desconfiou do cheiro eu estou tomando cuidado redobrado.

Depois de tomar o banho mais rápido da minha vida, Abby e eu descemos para a sala de estar no exato momento em que Jenny abre a porta da entrada.

—Oi mãe. –Abby a cumprimenta.

—Boa tarde Jenny. –Eu a cumprimento.

—Boa tarde meninas! –Jenny nos cumprimenta com um leve sorriso e logo acrescenta –Onde está seu pai Abby?

—Concertando a cerca do lado leste. –Abby respondeu simplesmente.

Nem meia hora depois que Jenny chegou, ouço alguém buzinar e logo visualizo Jack descendo de sua Ranger.

—Ei Jack! –Eu digo abrindo a porta da entrada.

—Ei jumper, já podemos ir? –Ela diz.

—Entre primeiro Jack. –Abby diz aparecendo ao meu lado.

Jack sorri sem graça e diz:

—Desculpe Abby.

E assim Jack adentra a casa dos Gibbs.

—Como estão seus pais Abby? –Jack se lembra da boa educação.

Enquanto isso, eu corro para o quarto de Abby para pegar minha mochila e não muito tempo depois já me encontro dentro da picape de Jack, enquanto ela dirige em direção a minha casa.

Chegamos em casa as seis e quarenta e enquanto entravamos no elevador, Jack foi logo dizendo:

—Ao que parece vocês três vão jantar fora hoje.

Eu dou de ombros, só espero que não seja um jantar de negócios muito chato, pois eu odeio os que sou obrigada a ir, sob pena de ter meu acesso a internet cortado. Sim eu sei, as vezes é como se eu fosse uma prisioneira.

—Você não pode ir conosco? –Pergunto esperançosa.

A loira então me dirige um sorriso de canto e diz:

—Por mais que eu adore vestir lindas roupas desconfortáveis e jantar em um restaurante cinco estrelas, eu vou passar essa.

Eu a olho não muito convencida e então digo:

—Você não quer ir. –Eu aponto o óbvio.

—Exatamente. –Ela confessa sem um pingo de remorso.

—Mas Jack... –Eu começo a protestar, mas ela me interrompe.

—Chiara, você sabe que eu te amo, mas você também precisa passar um tempo com sua família. –Jack diz calmamente.

Eu suspiro em derrota, entretanto, eu ainda sou Chiara Todd e não me dou por vencida.

—Você também é parte da minha família Jack. –Eu digo.

Percebo então que seu olhar é diferente sobre mim, vejo que está mais emocional do que o normal, mas antes que ela possa dizer qualquer coisa, o elevador se abre na cobertura e vovô vai logo dizendo:

Bella, finalmente você chegou..

E assim, sou obrigada a ir para o meu quarto me preparar para o tal jantar com a família. Depois de quase uma hora eu finalmente estou pronta e assim me junto ao meu pai e avô na sala de estar.

O caminho até o restaurante é silencioso, exceto por vovô tentando fazer a conversa fiada, sinceramente se eu fosse ele guardaria ela para o jantar.

Estamos já acomodados em nossa mesa e aguardando a chegada da entrada, quando uma mulher de cabelos castanho claro e olhos extremamente azuis se aproxima de nossa mesa.

—Tony! Mil desculpas pelo atraso, mas houve um imprevisto. –Ela diz e sorri sem graça.

—Tudo bem, Jeanne. –Papai diz com o sorriso um pouco tenso.

—Chiara, pai essa é Jeanne Benoit. –Papai inicia as apresentações.

—É um prazer finalmente conhecê-los. –Jeanne diz com um grande sorriso, mas o tom de sua voz me indica que ela está forçando um pouco.

Eu assinto, enquanto que vovô, sendo o vovô, começa os seus galanteios.

Durante o jantar eu opto por falar apenas quando algo me é perguntado diretamente e, embora eu não queira, eu passo a maior parte do tempo observando a interação entre Jeanne e meu pai e por algum motivo eu não estou gostando nenhum pouco disso.

É durante a sobremesa, quando finalmente o meu suflê de chocolate chega, que ela me diz:

—Soube que você gosta muito de suflê de chocolate Chiara, por isso pedi ao seu pai que o jantar fosse aqui, por que eles tem o melhor suflê de chocolate.

Eu me limitei a assentir, duvidando que esse suflê fosse melhor do que o que minha mãe fazia.

—Soube também que você adora esquiar, acho que vai gostar do nosso fim de semana nos Alpes. –Ela disse chamando minha atenção.

—Fim de semana nos Alpes? –Perguntei curiosa.

—Sim, viajaremos na sexta-feira dia 15 de maio. Seu pai não lhe contou? –Ela disse e então olhou para o meu pai confusa.

Não sei aonde isso estava indo, mas eu não estava gostando nenhum pouco do rumo dessa conversa.

E foi então que eu vi.

Meu pai colocou a mão sobre a dela em cima da mesa, um gesto que ele sempre fazia com minha mãe, principalmente quando queria em vão acalma-la, e então eu soube. No entanto, eu simplesmente não podia acreditar.

—Vocês estão namorando? –Eu perguntei não me contendo.

Eu olhei dela para ele, finalmente fixando o olhar nos olhos do meu pai, rezando para que ele negasse, mas então ele confessou:

—Estamos.

E com uma simples palavra eu senti todo o meu estômago revirar.

Ele não podia estar fazendo isso.

Ele simplesmente não podia ter uma namorada.

Logo quando eu achei que talvez devesse seguir o conselho da senhora Fornell, ele vem e me prova que eu não posso confiar nele.

—Uau, é uma notícia e tanto, não é Chiara? –Vovô interferiu, me fazendo lembrar que ele também estava a mesa.

Depois dessa revelação eu mal conseguir dar mais do que três colheradas no meu suflê, que de repente tinha um gosto muito amargo e o fim da noite passou em um borrão para mim.

Mal sei como cheguei ao meu quarto, quando dou por mim, estou trancando minha porta e me deitando em posição fetal com a visão muito embaçada por minhas lágrimas.

Eu mal prego os olhos durante a noite, e quando finalmente consigo fechar meus olhos, meu celular desperta anunciando que o grande dia do torneio havia chegado, entretanto, eu já não estava tão feliz como até doze horas atrás.

Me preparo rapidamente, para o que seria um dia normal, pego minha mochila e coloco roupas ali, afinal de contas eu estava planejando dormir na casa de Abby de qualquer jeito.

Quando vou tomar o café da manhã, apenas vovô está ali e então tomamos o café da manhã juntos.

—Foi uma grande notícia. –Vovô tenta puxar assunto.

Eu assinto e não satisfeito por eu não ter falado nada, ele pergunta:

—O que você achou?

—Eu não ligo para que o Tony faz. –Eu minto.

Vovô me olha desconfiado, mas então muda de assunto:

—Recebi uma ligação essa manhã e terei que voltar para casa mais cedo do que pensei.

Eu não deixei de olhar surpresa para ele, tudo bem que eu sabia que o vovô não estava de mudança para Ocala, mas não pensei que ele iria embora justo agora.

—Você vai ficar bem? –Ele então perguntou preocupado.

—É claro que eu vou. –Eu digo tentando parecer o mais convicta que posso.

E embora ele me dirija um olhar não muito confiante, ele muda de assunto.

O restante da manhã passa em um vulto, eu me despeço do vovô, lembro meu pai que iria passar o final de semana na casa de Abby e assim depois do almoço eu estou na porta do meu prédio a espera da minha carona.

Não demora muito e logo Jimmy aparece em uma picape quase tão velha quanto a F1000 de Gibbs.

—Anda logo Kiki, vamos acabar chegando atrasados. –Abby diz do lado do passageiro e não preciso que ela fale uma segunda vez.

Enquanto Jimmy dirige ao som de My Church, eu não deixo de provocá-lo:

—Ouvindo Maren Morris Jimmy?

—É uma obra prima Chiara. –Ele resmunga, enquanto eu e Abby damos uma risadinha.

—Onde está o restante do grupo Abby? –Pergunto.

—Ziva saiu na nossa frente levando Desert Storm, papai falou que iria enrolar a mamãe, não sei como ele vai é fazer isso. –Ela disse.

—A F1000 dá um jeito. –Jimmy sussurra, mas não baixo o suficiente para que Abby e eu não sejamos capazes de ouvir.

Quando chegamos, Abby vai comigo até um banheiro para que eu possa me trocar e ao sair de lá já pronta ela está no celular e ao me ver ela desliga.

—Ziva está fazendo a sua inscrição, vamos até Storm. –Abby diz.

E assim eu a sigo até o local, enquanto sinto uma onda de nervosismo se espalhar pelo meu corpo, não sei ao certo se é pelo fato da competição em si ou ainda pela notícia de ontem à noite.

Eu estou conversando com Storm quando Ziva chega e anuncia que serei a oitava competidora.

A segunda competidora já está na pista, quando eu petrificada ao lado de Storm, com Ziva ao meu lado, não deixo de pensar que eu queria que mamãe estivesse aqui. Ela nunca havia perdido nenhuma das minhas competições e se ela estivesse aqui tudo seria diferente.

Eu estava apreensiva, mas tentava ao máximo respirar profundamente, como mamãe havia me ensinado para acalmar, afinal de contas era preciso que eu estivesse calma, para transmitir tal sentimento a Storm, já que um cavaleiro e cavalo nervosos, geralmente não dão uma combinação.

No entanto, todos os meus pensamentos vão pelos ares quando eu ouço uma voz muito conhecida por mim dizer:

—É uma bela tarde para saltar.

Instantaneamente eu me viro em direção  a voz e é inevitável que eu não fique chocada ao vê-la.

—Jack! – Eu digo surpresa.

Ela me dirige um de seus sorrisos reconfortantes e é inevitável que eu não pergunte:

—Mas como?

—Você acha mesmo que eu não descobriria? –Ela perguntou com a sobrancelha erguida.

—Não custava tentar. –Eu disse timidamente.

—Ziva. –Jack a cumprimentou, enquanto Ziva limitou-se a assentir.

—Vou levar Desert Storm para mais perto, não demorem. –Ziva disse.

—Ansiosa? –Jack me pergunta.

Eu faço que sim com a cabeça e logo acrescento:

—Nervosa e com medo. 

—É normal querida. –Ela diz em um tom reconfortante, que eu quase posso imaginar que seja a minha mãe.

—E se eu falhar? –É inevitável que eu não pergunte.

—Você só falha quando não tenta Todd. –Ela diz enquanto me olha nos olhos.

Eu suspiro audivelmente.

—O que está lhe incomodando? –Ela pergunta em tom de preocupação.

—Eu queria que ela estivesse aqui. –Confesso.

—Mas ela está. –Ela diz convicta e eu não deixo de olhar para a loira confusa.

—Só por que você não a vê, não significa que ela não esteja Chiara. –Ela diz simplesmente e eu assinto com a cabeça.

—Agora eu quero que você vá até lá e salte, não por mim, por Gibbs ou sua mãe, mas por você, porque você é boa e eu acredito em você. –Jack disse e eu mal pude deixar de olhar para ela surpresa, quando é que Jack virou coach?

Sem saber o que dizer, eu simplesmente a abraço.

—Obrigada. –Eu sussurro, e enquanto sinto seus braços me envolverem é inevitável que eu não feche os olhos e por breves segundos imagine que outra amazona esteja ali.

—Agora é hora de saltar jumper. –Jack diz quando se afasta e assim eu me afasto a deixando com um pequeno sorriso no rosto.

Ziva me ajuda a montar e logo que a sétima amazona sai da pista eu sou anunciada:

—E agora temos a oitava competidora, Kyra Todd montando Desert Storm.

Eu engulo em seco, Kyra? De onde Ziva tirou isso? Eu havia apenas dito que era para falar Chiara Todd.

Eu não gostava que me chamassem de Kyra, apenas uma pessoa o fazia e ela já não estava aqui.

E assim, com tais pensamentos eu me dirige a pista, eu respirei fundo, fazendo o possível para me manter calma e então comecei o percurso.

Faltava apenas um último obstáculo, quando o locutor falou:

—Kyra está fazendo o percurso em um ótimo tempo.

E a simples menção do meu apelido dado por minha mãe, foi o bastante para que eu vacilasse no momento prestes a dar o último salto e então por um infortúnio do destino, Storm acabou por esbarrar no obstáculo.

—Desculpe Ziva. –Eu digo quando desço de Storm.

Não demora muito para que Abby apareça e me dê um de seus abraços de urso patenteados.

—Você foi ótima Kiki. –Ela sussurrou.

—Você foi muito bem Chiara. –Jimmy disse antes de pegar Storm e leva-la para descansar.

—Agora que você já saltou, vamos trocar de roupa, para curtimos o resto do dia. –Abby diz enquanto me arrasta em direção aos banheiros.

Sou capaz de me trocar e voltar a tempo para saber a colocação.

—Agora pessoal, vamos a colocação. Em terceiro lugar, Kyra Todd e Desert Storm.

—É uma boa colocação. –Jack, que a essa altura havia se juntados a nós novamente, disse.

Eu assenti, não era de todo o ruim, entretanto, também não era o primeiro lugar.

Jack acaba por levar Abby e eu até algumas barracas de jogos, quando nos esbarramos na novata.

—Kayla você veio! –Abby disse entusiasmada ao vê-la e logo a puxando para um abraço.

—Ei Kayla, tudo bem? –Eu disse educadamente.

—Jack, essa é Kayla ela é nova na escola. –Abby apresentou Kayla à Jack.

—E um prazer Kayla. –Jack diz e quando eu me viro para observar a sempre sorridente Jack Sloane, ela estampa uma expressão atordoada no rosto.

—Esse é meu pai, Leon Vance. Papai, essas são Chiara e Abby. –Kayla prontamente nos apresenta ao seu pai.

—É um prazer conhecê-lo senhor Vance. –Abby e eu dizemos simultaneamente.

Antes que Jack possa se manifestar, seu celular toca e ela pede desculpas antes de atender, não tardando em retornar e nos dizer que Jenny e Gibbs haviam finalmente chegado.

Nos despedimos de Kayla e seu pai, e logo partimos para encontrar os pais de Abby.

—Jenny, Gibbs, vocês demoraram. –Jack diz assim que os vê.

—E quase que não conseguimos chegar, não é mesmo Jethro!? –Uma Jenny nem um pouco feliz diz, enquanto lança um olhar furioso para o Gibbs.

—O que aconteceu? –Abby pergunta.

—Aquela picape velha é o que acontece. –Jenny resmunga.

Ao mesmo tempo, Gibbs está prestes a abrir a boca, certamente para protestar, mas Jenny o corta:

—E nem venha me dizer que é item de colecionador, aquilo deveria ser item é de ferro velho, isso sim. –Jenny termina bufando.

Jack, Abby e eu nos olhamos sem saber ao certo o que dizer ou fazer, já que todo mundo sabe que uma Jenny estressada, é alguém que você não quer ver, conversar ou mesmo estar perto.

—Eu vou ver o leilão, Duck disse que teria cavalos muito interessantes. –Jack diz arranjando sua desculpa para sair.

—Kiki, acho que deveríamos encontrar Ellie. –Abby diz já me arrastando para longe – Até mais tarde mamãe e papai.

Apesar de ter ficado em terceiro lugar, atrás de Quinn e Lúcia Torres, o restante da tarde é divertido, e logo estou indo com os Gibbs para a sua casa, enquanto obviamente Jenny não deixa de comentar vez ou outra sobre os problemas da infame F1000.

No dia seguinte, Abby e eu acordamos e vamos direto à cozinha, ao adentrarmos, Jenny está lá nos fazendo panquecas, Abby logo se acomoda na mesa e eu me encarrego de perguntar:

—Precisa de ajuda Jenny?

—Oh não querida, muito gentil de sua parte perguntar. Você não acha Abigail? –Jenny agrade e ao mesmo tempo não perde a oportunidade de alfinetar a filha.

Abby então sussurra para mim, enquanto sua mãe está de costas para nós:

—Aposto que ela ainda está com raiva por causa do incidente com a F1000 ontem.

Nós duas então fazemos o possível para esconder nossos sorrisos, apesar de ser um esporte perigoso é até divertido os ataques de ódio da senhora Gibbs, desde que obviamente não nos envolva.

Enquanto já comíamos nossas panquecas, ouvimos o barulho da porta da frente ser aberta e logo ouvimos o som de conversa, não demora muito para que Gibbs e o doutor Mallard adentram o cômodo.

—Bom dia Duck! –Jenny diz sorridente, e Abby e eu seguimos o seu exemplo.

—Por favor, junte-se a nós para o café da manhã. –Jenny diz educadamente, enquanto Gibbs já está colocando panquecas em seu prato.

A conversa da manhã flui tranquilamente, isso até o momento em que Duck diz:

—Desert Storm está em ótima forma, a propósito Chiara, vocês duas foram muito bem ontem. Mereciam mais do que o terceiro lugar.

Uma simples frase que congelou eu, Abby e Gibbs em nossos lugares, trocamos olhares, enquanto obviamente Jenny se encarregou do show.

—Vocês o que? –Ela perguntou enquanto deixava seu talher cair no prato e fazer um som bem audível.

Nós três ficamos em silêncio, enquanto Duck pareceu descobrir que esse não deveria ser um assunto a se tratar na mesa, muito menos na presença da diretora de ferro.

—Por favor não me digam que Chiara saltou ontem.  –Jenny sussurrou um tanto exasperada.

Ficamos em silêncio até que Abby, sendo Abby, não se conteve em dizer:

—Então não diremos.

Instantaneamente eu vi Jenny fuzilar Gibbs com o olhar.

—Por que eu tenho a impressão que aquela picape velha não nos fez atrasar atoa Jethro? –Jenny diz em um tom ligeiramente ameaçador, enquanto que o corajoso Gibbs limitou-se a dar de ombros.

Percebendo a confusão em que nos meteu, Duck deu logo um jeito de sair:

—Sabem, acabei de me lembrar que tenho que verificar o cavalo da senhorita Torres ainda esta manhã, estava ótimo o café da manhã. Até mais.

E assim o covarde veterinário e professor foi-se embora, nos deixando em maus lençóis.

Jenny então se acomodou em sua cadeira e cruzando os braços disse para ninguém em especial:

—Estou aguardando as explicações.

E assim suspirando eu comecei a narrar a história, enquanto obviamente Abby fazia algumas interrupções e obviamente Gibbs permanecia em silêncio.

Ao terminar de narrar a história, Jenny então diz para Abby e Gibbs:

—Vocês dois eu resolvo mais tarde, agora deixem-me a sós com Chaira.

Os dois assentiram e não foi preciso ela falar duas vezes e os dois nos deixaram sozinhas na cozinha.

—Venha, me ajude com a louça. –Jenny disse enquanto recolhia os pratos.

Assim, enquanto ela lavava eu secava, por alguns poucos minutos em silêncio, até que ela suspirou e então disse simplesmente:

—Sua mãe amava saltar, era bem mais do que um trabalho para ela e sempre que ela falava sobre isso ela tinha um brilho no olhar.

Eu não sabia o que dizer, então simplesmente assenti.

—Sabe, eu também vejo isso em você. –Ela disse antes de então finalmente me encarar e acrescentar –Sei que você ama saltar e tudo o que envolve cavalos Chiara, mas fazer isso pelas costas do seu pai não é certo.

Eu assenti e então suspirei em derrota.

—Mas ele não me entende Jenny, tudo o que ele quer é que eu fique naquele apartamento idiota, longe de tudo o que possa sequer lembrar cavalos, sinceramente não sei como ele ainda não me mandou para um internato. –Eu disse com os olhos quase que marejando.

Ela me dirigiu um sorriso tranquilizador e então disse:

—As pessoas não agem com a razão enquanto lidam com a dor de perder alguém Chara.

—Você está parecendo a senhora Fornell. –Eu digo.

Ela então ri e diz quase que em relutância:

—Conheço Diane há anos e apesar de as vezes questionar como ainda a aturo, uma coisa eu sou obrigada a dizer, ela costuma está certa.

Eu ergo a sobrancelha, tenho quase que certeza de que há uma história ali, entretanto, Jenny percebe a minha curiosidade e trata logo de me cortar:

—Mas o ponto aqui é suas ações Chiara e temo que não posso concordar com você seguindo a fazer o que faz pelas costas do seu pai.

Quando ela disse isso, eu simplesmente senti meus ombros caírem em derrota, eu sabia que ela diria algo assim, mas sinceramente ainda tinha um pingo de esperança que não fosse ocorrer, entretanto, aí estava a minha sentença.

—Converse com seu pai e o faça mudar de ideia. –Jenny disse como se fosse a coisa mais simples do mundo.

—Faça isso e eu não vejo problemas em você treinar aqui, mas enquanto isso temo que o seu treinamento com a senhorita David está suspenso. –Jenny disse agora em seu tom de diretora e eu sabia que não havia a quem recorrer, estava decidido.

Assim, eu simplesmente assenti e disse a ela que conversaria com meu pai.

Dessa forma, o restante do dia passou tranquilamente e quando era por volta das quatro horas da tarde, Jack apareceu para me buscar.

—Está tudo bem Kiki? –Ela me pergunta preocupada, enquanto dirige.

—Sim Jack. –Eu digo a ela, ainda protelando para contar acerca da minha suspensão.

—Sabe, o primeiro lugar não é tudo. –Jack disse na tentativa de me motivar, mal sabendo que o motivo pelo qual eu estou triste não é nem ao menos a minha classificação.

—Falou a jockey que não aceita outra classificação se não a primeira. –Eu disse na tentativa de fazê-la rir.

—Culpada. –Ela disse rindo, mas logo que parou ela não tardou em acrescentar –Mesmo assim, estou orgulhosa de você jumper.

Eu assenti e sorri em agradecimento, no fim das contas Jack é uma excelente babá, na verdade seu trabalho é superior ao de qualquer outra babá ou governanta.

Os dias passam lentamente e a medida que vejo o dia 17 de maio se aproximar, uma profunda tristeza começa a me invadir lentamente.

Se isso não fosse o suficiente, na quinta feira, meu pai me comunicou que viajaria no fim de semana com sua nova namorada e ainda teve a ousadia de me convidar. Eu simplesmente não podia acreditar no que ele dizia, sendo assim limitei a lhe dirigir um olhar não muito feliz e fui para o meu quarto.

Já na sexta-feira, tudo parecia sufocante, até mesmo a escola parecia exaustiva e sinceramente eu não estava muito a fim de conversar, acho que meus amigos tinham uma noção do porquê, já que me deram espaço e eu não sei nem como agradecer.

No entanto, Abby ainda é Abby e ela tentou me convencer a passar o fim de semana em sua casa, até mesmo com a promessa de ver Storm e se tivesse sorte poderia montá-la, entretanto, por incrível que pareça eu não estava com vontade.

Dessa forma, ao fim da aula Jack apareceu para me buscar e assim silenciosamente fizemos o caminho de volta para casa, não tendo nem a trilha sonora de Tim McGraw habitual.

Cheguei em casa e fiz meus deveres de casa como de costume, o jantar foi chinês e não muito tempo depois eu fui para o meu quarto com a desculpa que iria dormir, entretanto, tudo o que eu precisava era de um tempo a sós com as memórias de minha mãe.

Em um dado momento eu acabei por adormecer, tendo assim acordado por volta das dez da manhã de sábado, obviamente mais tarde do que o de costume, de qualquer forma parece que tudo no dia de hoje está errado.

Ainda de pijama, me dirigi a cozinha, onde me servi de um pouco de cereal e comi silenciosamente, isso até Jack chegar.

—Bom dia flor do dia! –Jack disse animada, embora eu tenha a certeza de que isso não passa de uma tentativa de me animar.

—Bom dia Jack. –Eu disse não fazendo questão de esconder, que eu não estava muito feliz.

—Pensei em irmos ao shopping hoje, gastar um pouco de dinheiro do seu pai e depois ao cinema, o que acha? –Jack sugeriu enquanto se sentava a mesa comigo.

Eu simplesmente dei de ombros e então disse simplesmente:

—Talvez outro dia.

—Chiara... –Ela começou e eu sabia que ela tentaria me persuadir a ir, sendo assim não vi outra opção a não ser interrompê-la.

—Jack não, por favor não insista. –Eu disse não muito feliz e logo peguei minha tigela de cereal e fui lavá-la.

Ela suspirou audivelmente.

Quando enfim eu me virei novamente, ela já não estava na cozinha.

Esperei então alguns segundos antes de retornar ao meu quarto, oportunidade em que eu a vi entretida em frente a televisão da sala de estar com algum jornal matinal.

Fiquei no meu quarto por mais algumas horas até que eu caísse no sono e dormisse por uma boa parte da tarde.

Acordei então suada e com fadiga, pensando que seria em razão do clima quente de Ocala  e talvez por eu mal ter comido durante o decorrer do dia, fui até a cozinha e tomei um copo de suco de laranja, oportunidade em que Jack perguntou o que eu queria para o jantar, eu então simplesmente dei de ombros e estava prestes a retornar para o meu quarto, quando ela então disse em um tom levemente autoritário:

—Tudo bem mocinha, sei que está passando por dias difíceis, mas eu não vou deixar que você passe o dia naquele quarto, então você vai me ajudar a fazer o jantar.

Juro que cheguei a abrir a boca para responde-la, mas ela então me deu um daqueles seus olhares malvados de treinadora e acrescentou:

—E isso não está em discussão Todd.

Eu a observei com o olho semicerrado e então bufei deixando bem claro meu desagrado, entretanto, eu a obedeci.

Mas obviamente não sem a provocar:

—Como se você cozinhasse Sloane.

Ela então sorriu de canto:

—Não há segredo em um espaguete jumper.

E assim nós fizemos um espaguete com almondegas levemente decente, que apesar de estar comestível eu comi  muito pouco. Jack percebeu, entretanto, não comentou, limitando-se a me dirigir um olhar carinhoso.

Depois do jantar, eu a ajudei com a louça e então retornei ao meu quarto, onde após ver alguns vídeos de Kate Todd no youtube eu acabei por adormecer.

Em um dado momento da madrugada eu acabei por acordar suada e com meu estômago dando cambalhotas. Sendo assim, verifiquei o horário do meu celular e vi que eram quatro e meia da manhã, mas antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa uma enorme ânsia de vômito me atingiu e eu fui imediatamente para o banheiro do meu quarto.

Após vomitar, lavei meu rosto e escovei os dentes. No entanto, meu estômago ainda dava cambalhotas, percebendo que eu precisava de um remédio, fui até o armário do banheiro principal, onde tirei a caixinha de primeiros socorros e procurei alguma coisa.

Não sei ao certo quanto tempo demorei procurando entre remédios e pesquisando a bula na internet, mas de repente uma voz conhecida me perguntou ainda sonolenta:

—O que você está procurando?

—Jack! Você me assustou. –Eu disse.

Ela limitou-se a rolar os olhos.

—Alguma coisa para meu estômago. –Respondi sua pergunta e percebendo o olhar que indicava que eu deveria continuar, acrescentei –Não estou me sentindo bem.

—Isso é visível Chiara. –Ela disse, enquanto colocava a mão virada em minha testa para sentir a temperatura.

—Droga, você está com febre. –Ela então murmurou.

E foi quando eu finalmente prestei atenção no espelho, isso explicava minhas bochechas muito vermelhas.

—O que mais você está sentindo? –Jack me perguntou preocupada.

—Enjoo, dor de cabeça e um pouco de frio. –Eu disse.

—Vá para o seu quarto abra a janela e  nada de cobertor, vou levar um remédio para você já, já. –Ela disse e eu a obedeci sem questionar.

Não demorou muito para que ela levasse o remédio para mim e uma garrafinha de água.

—Você tem que se manter hidratada. –Ela justificou e então percebi o pano molhado,

—Compressa? Eu não sou um bebê Jack. –Eu resmunguei baixinho.

Ela sorriu de canto.

—Aparentemente hoje você é o meu bebê senhorita DiNozzo. –Ela disse simplesmente e eu rolei os olhos, percebendo que nesse momento essa era uma ação que piorava a minha dor de cabeça.

Assim, eu tomei meu remédio e me deitei na cama, com Jack ao meu lado e um pano bem gelado na minha testa, não muito feliz eu me vi dizendo.

—Se eu sou um bebê, eu quero uma história então. –Eu disse, já que o silêncio não estava muito aconchegante e eu não estava com nenhum pouco de sono.

Ela forçou um sorriso e então me alfinetou:

—Você sempre será o bebê dessa casa jumper.

Eu a olhei feio e então com uma expressão quase que melancólica ela perguntou:

—Pode ser sobre sua mãe?

Eu fiz que sim com a cabeça, afinal de contas nada mais justo do que uma história sobre Kate Todd no dia de seu aniversário.

—Tudo bem, há oito anos eu sofri uma queda de cavalo, eu fiquei algumas semanas em coma e quando acordei o médico me disse que havia sido um verdadeiro milagre que eu acordasse, mas também me deu uma sentença fatal, se eu caísse novamente eu certamente não sobreviveria. Com uma sentença dessa, minha vida como jockey havia terminado, eu estava me aposentando sem ao menos uma grande corrida de despedida e isso pareceu o fim para mim. –Ela disse tudo isso olhando para o nada, quase como se fosse doloroso demais apenas as lembranças e na verdade eu suspeito que ainda seja.

—Eu então decidi ir para Los Angeles e curtir minha aposentadora. –Ela parou e então rolou os olhos antes de acrescentar –Vou apenas dizer que não foi uma boa ideia, mas então em uma certa manhã sua mãe apareceu, praticamente invadiu meu apartamento e me obrigou a voltar para Ocala.

Nós duas compartilhamos um sorriso, sabendo que Kate Todd realmente era alguém que obrigava as pessoas a fazerem o que ela queria.

—Devo dizer que voltei não muito animada, mas ela disse que precisava de uma treinadora e que minha égua não estava sendo muito amigável com seu novo jockey. Devo dizer que uma parte de mim estava orgulhosa de Heavy Rain por não deixar qualquer estranho montá-la, mas também estava triste porque ela é simplesmente fantástica e precisava estar no turfe, isso foi o suficiente para sua mãe me convencer... –Ela fez uma pausa e eu sabia que havia mais ali, entretanto, parecia que era pessoal demais para ela compartilhar, sendo assim eu optei por manter silêncio.

—Sua mãe provavelmente salvou a minha vida, quando quase arrombou a porta daquele apartamento e eu sou muito grata a ela. Sabe, eu já disse a você, mas parece que as vezes você esquece, você perdeu sua mãe e eu perdi a minha melhor amiga naquele dia. Eu também sinto falta dela Chiara. –Ela então disse me olhando fixamente e eu posso jurar que vi os olhos da durona Jack Sloane marejados. 

E assim, enquanto Jack falava suavemente sobre minha mãe eu comecei a piscar cada vez mais preguiçosamente e logo peguei no sono.

Acordei por volta de oito horas da manhã, Jack já não estava mais em meu quarto, mas eu era capaz de ouvir seus surros irritados no corredor, sendo assim eu me levantei e abri a porta do meu quarto a tempo dela me ver e dizer para a pessoa do outro lado da linha:

—Ela acabou de acordar, vou leva-la ao hospital.

Instantaneamente eu a fuzilei com o olhar, afinal de contas não é segredo para ninguém que eu não goste de hospitais.

—Eu não quero ir ao hospital. –Eu disse.

Jack me dirigiu um olhar levemente repreendedor e então se aproximou para medir minha temperatura com as costas de sua mão.

—Parece que abaixou, vou pegar um termômetro. Você pode tomar um banho antes. –Ela disse com um raro olhar de preocupação.

Eu assenti e assim o fiz.

Depois de tomar meu banho e ela medir minha temperatura, Jack me obrigou a tomar um suco mega natureba e se juntou a mim no meu quarto para assistirmos O Diabo Veste Prada pela milionésima vez.

Quando estávamos quase acabando o filme, ouço a campainha tocar e Jack diz que vai atender, me deixando assistir o restante do filme.

No entanto, não demora muito para que Jack adentre o meu quarto acompanhada de uma mulher de cachos negros e olhos azuis-esverdeados.

—Chiara, você se lembra da doutora Cuddy, não lembra? –Jack disse.

Eu me limitei a assentir e Jack então disse:

—Vou deixar vocês duas conversarem.

Eu me limitei a lhe dirigir um olhar traído.

—Desde quando você atende em casa? –Eu perguntei a médica da família.

—Somente em ocasiões especiais Chiara. –Ela me disse e eu a olhei ressabiada.

—Ou pacientes ricos. –Murmurei não muito feliz.

Ela não escondeu o sorriso e então brincou:

—Você está me lembrando muito meu marido rabugento.

Me limitei a rolar os olhos, enquanto ela fazia menção ao infame doutor House, uma lenda do diagnóstico e quase que uma estrela da cidade, entretanto, o homem é um pé no saco.

—Então como está se sentindo? –A doutora Cuddy me perguntou voltando ao assunto.

Eu relatei meus sintomas e por fim ela disse:

—Vou lhe prescrever um antitérmico e um analgésico e quero que você vá a sua terapeuta amanhã.

Eu a olhei desconfiada.

—Doutora Cuddy... –Eu comecei.

—Ou se preferir, pode conversar comigo mesma. –Ela caridosamente ofereceu.

—Acho que uma visita a senhora Fornell amanhã não será assim tão ruim. –Eu disse e a doutora Cuddy sorriu satisfeita.

Não demorou muito e logo ela se despediu, minutos depois Jack adentrou o quarto e eu fui rápida em dizer:

—Você é uma traidora Sloane.

O restante da tarde passou comigo ignorando as ligações de Abby e intercalando entre assistir comédias românticas, que Jack jura que não gosta, mas eu sei que ela está mentindo, e tirar algumas sonecas.

Quando Jack foi atender o entregador de pizza, eu finalmente peguei meu celular mandei uma mensagem para Abby, dizendo para ela que estava bem e inevitavelmente eu me vi abrindo minha galeria de fotos.

Percebi então que havia um destaque de três anos atrás, eu abri e vi as fotos do último aniversário da minha mãe passarem pela tela.

Ela e papai enquanto se beijavam.

Eu e ela abraçadas em frente ao bolo de chocolate com uma velinha de ponto de interrogação.

Ela, Jack e Jenny sentadas no banco de madeira que ficava em nossa varanda, cada uma com uma taça de uma bebida colorida e com grandes sorrisos bêbados.

Ela, Abby, Kelly e Gibbs, que usavam chapéus de aniversário infantil rosa muito engraçado, mas Gibbs tinha uma cara assustadora.

E por fim ela sozinha em frente ao bolo de aniversário, soprando a velinha de ponto de interrogação.

—Feliz aniversário mamãe. –Eu sussurro para a tela do meu celular, sentindo um pequeno aperto no meu coração.


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Notas finais do capítulo

Então quem vocês querem matar eu, Tony ou Jeanne? Sim, foi horrível Tony ter uma namorada, mas... Tony é Tony, e nessa história, Tony é um péssimo Tony -_-
O que acharam do momento pré-competição, com Jack incentivando nossa amazona favorita? Sei que a esperança de muitos (e até a minha) era que Chiara ficasse em primeiro lugar, entretanto, como já perceberam o caminho de Kiki não é tão fácil.
Nossa amazona favorita doente T-T
Mas Jack cuidando dela foi todo para mim ♥
ATENÇÃO:
Natal está chegado!!!! E sabem o que isso significa? Especial de Natal!!!!!
Esse ano, para continuar a tradição iniciada no ano passada, irei escrever o especial em uma categoria inédita!
Senhoras e Senhores, em especial os fãs de Agents of Shield, o especial de Natal estará disponível no dia 24/12 após as 12horas *-*



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