Country Girl escrita por Deh


Capítulo 3
“This is your journey”


Notas iniciais do capítulo

Depois daquele capítulo gigante, trago um menor para vcs :)
Espero que gostem *-*



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Never saw it coming

It was never a plan

Everyday like the other

Good times were bad

Suddenly your calling

Like a voice within

This is your journey

And it's about to begin

Don't be afraid to let yourself love

Don't be afraid to cry

Save Yourself – Jory

—Senhor Palmer, monte novamente. –Ziva diz em auto e bom som, deixando bem evidente o seu sotaque estrangeiro.

—Desculpe treinadora, mas o senhor Gibbs me paga para cuidar dos cavalos e não para cair dessa égua doida. –Jimmy Palmer diz surpreendendo a mim e vejo que até mesmo Abby, afinal de contas Jimmy é sempre da paz, mas enfim Storm não é uma égua fácil de se lidar, ao menos para a maioria.

E assim, me vejo caminhando em direção a cerca e observo Ziva bufar frustrada, enquanto que Palmer caminha para longe dali, então me vejo obrigada a compartilhar um segredo, que creio não ser de conhecimento geral, para que possa assim livrar o pobre Jimmy de quedas futuras.

Storm não gosta de homens. –Eu digo simplesmente, atraindo a atenção de Ziva e também de Storm, que vem trotando em minha direção.

Ziva bufa e cruza os braços e então me olha com um certo desdém, antes de então dizer:

—E você entende de cavalos por acaso?

Rolo os olhos, não é porque só tenho quinze anos que eu não entendo de cavalos, fui criada em um Haras, praticamente cresci com cavalos, minha mãe era uma campeã olímpica e criadora de excelentes cavalos, era meio que minha obrigação saber, tanto é que Jack sempre brincou que aprendi a montar, bem antes de aprender a caminhar.

A essa altura, Storm já está próxima a mim na cerca querendo carinho, assim enquanto acaricio a égua tordilha, me vejo respondendo:

Storm não é qualquer cavalo, ela é excepcional.

Ziva caminha em minha direção e ao lado de Storm, observa nossa interação.

—Essa égua refuga com praticamente todo mundo e ao ouvir sua voz ela vem trotando feliz? É verdade o que dizem, ela é louca. –Ziva diz levemente irritada, o que deixa seu sotaque em evidência.

Desert Storm era a égua da mãe dela. –Abby, que eu nem havia notado, disse ao meu lado.

Vejo o rosto de Ziva franzir em confusão, até que o olhar de pena típico aparece em seu rosto, algo que diga-se de passagem eu não gosto.

—Sinto muito pelo que aconteceu. –Ziva disse sem graça.

—Já faz muito tempo. –Eu digo focando em Storm.

E assim Ziva analisou nossa interação em silêncio até que me perguntou:

—Você monta?

Fiz que sim com a cabeça.

—Você teria coragem de montá-la? –Ela me questionou e então olhei bem no fundo de seus olhos castanhos.

—Mas é claro. –Respondi confiante e assim pulei a cerca e em questão de segundos eu já me encontrava montada em Storm.

—Faça ela andar ao redor. –Ziva pediu em um tom bem menos autoritário e assim fiz o que ela pediu, ao passo que percebi que ela disse algo a Abby.

Enquanto guiava Storm, fiz ela galopar um pouco mais depressa, de modo que meu cabelo solto acabava vez ou outra se movendo com a força do movimento, não havia vento forte ou adrenalina como na corrida com Nick, aqui era apenas Storm e eu, velhas amigas que compartilhavam tantas coisas, inclusive a perda de alguém que tanto amamos.

Correr com Lanzallamas foi ao mesmo tempo desafiador e libertador, já cavalgar com Storm é ao mesmo tempo libertador e reconfortante, na verdade eu tenho a sensação de pertencimento, como se fosse o certo e estivéssemos destinadas a cavalgar juntas.

Parei então em frente as duas e percebi que Ziva segurava algo, um capacete, que me entregou dizendo:

—Você consegue fazer ela ir mais rápido? –Ziva me questiona.

Minha resposta é um sorriso, afinal de contas isso era uma pergunta estupida.

—Vamos lá Stormi. –Digo usando o “apelido” que dei a ela, quando eu era pequena, na verdade nós duas éramos.

E assim eu fiz e após duas voltas na pista, meu instinto me guiou a fazer algo que eu não fazia há tempos, me preparei a guiei para saltar o primeiro obstáculo.

—Você consegue Storm. –Eu a encorajo.

E assim como eu sabia que ela faria, ela saltou graciosamente.

Parei para observar Abby e Ziva que me olhavam boquiabertas, sendo assim me vi obrigada a cavalgar até elas.

—Isso foi maravilhoso Kiki. –Abby disse.

—É a primeira vez que a vejo saltar desde que cheguei e Gibbs tinha razão ela é fantástica. –Ziva disse, não tardando em acrescentar. –Na verdade vocês duas fazem uma combinação e tanto.

Em resposta eu apenas sorrio e acaricio o pescoço de Storm.

—Você consegue fazer o percurso completo? –Ziva me pergunta.

Dou de ombros.

—Então Stormi, o que acha de mostrarmos à Ziva o que você pode fazer? –Eu digo e quase que em resposta a égua relincha.

E assim partimos em direção ao primeiro obstáculo e não demora muito e fazemos todo o percurso completo.

Enquanto saltamos eu sinto o cheiro da liberdade, que eu nunca imaginei que fosse ser de shampoo de cavalo, é possível ainda sentir êxtase em cada salto e juro que posso ouvir a voz da minha mãe sussurrar em meu ouvido: é desse jeito, ou talvez não passe de um delírio meu ao ouvir o vento.

Seja o que for, é incontestável o fato de que saltar me faz sentir viva de novo, é como ter uma razão para acordar cedo novamente, um proposito na vida, sem falar do quão me sinto ligada a ela, afinal de contas Kate Todd fez da sua paixão, bem mais que um hobby, ela fez um modo de viver e, acredito eu, criou um legado.

Desert Storm é o que me sobrou dela e embora eu já tenha ouvido milhares de vezes meu pai excomungar a pobre égua, eu não a culpo como ele o faz. Storm não tem culpa de ter se assustado naquele fatídico dia, ela não tem culpa do maldito hábito da minha mãe em treinar sem capacete. Só espero que um dia meu pai entenda isso, mas enquanto esse dia não chega eu desfruto dos momentos roubados com o animal favorito da minha mãe.    

Terminarmos o percurso ao som de palmas e então vejo Ziva, Abby e até mesmo Jimmy aplaudindo.

—Perfeito. –Abby é a primeira a dizer.

—Só você para fazer essa égua doida saltar. –Jimmy diz e Storm relincha em resposta.

—A sincronia de vocês duas é fantástica, parece que treinaram a vida toda. –Ziva comenta.

Eu me limito a sorrir em resposta, ah se ela soubesse...

—O campeonato de saltos juvenil começará em poucas semanas, poderíamos competir, enquanto não achamos ninguém para montá-la. –Ziva então compartilhou sua ideia.

E ao mesmo tempo em que me senti ofendida por ela ainda buscar alguém para montar Storm, eu também fiquei incrivelmente maravilhada com sua sugestão, voltar a saltar era tudo o que eu queria desde o momento em que meu pai vendeu o Haras, como punição por mim ter desobedecido a clara proibição de montar novamente.

—Isso seria legal. –Eu disse.

—Mas se o seu pai descobrir.... –Abby como sempre pensando no pior, não consegue se conter.

—Abby! –Eu digo em tom repreendedor.

—O que tem seu pai? –Ziva me questionou.

Fui obrigada a desviar o olhar deles, ao me lembrar da ordem estupida do meu pai.

—Ele não permite que eu monte. –Eu digo a contragosto.

—Mas por que? Você tem potencial, vocês duas ainda são jovens, podem até chegar nas Olimpíadas. –Ziva diz.

E assim é inevitável que eu não vacile a postura, era tudo o que eu sempre quis. Ser uma campeã olímpica era meu sonho e desde a morte da minha mãe, eu só sabia que tinha que fazer isso em honra a sua memória e que forma melhor de fazer senão com Desert Storm, sua égua favorita, nascida do que muitos apelidaram como “O sonho ingênuo de Todd” de produzir uma égua anglo-árabe, com o cruzamento da temperamental puro sangue inglês, porém recordista em velocidade, Heavy Rain com o puro sangue árabe campeão nos saltos Desert Wind, cujo temperamento é bem mais agradável do que de seu proprietário, qual seja Leroy Jethro Gibbs.

—O pai dela proibiu ela de montar, desde a morte da mãe dela. –Abby disse diante do meu silêncio.

—Isso é errado, porque é nítido que Chiara é tão boa quanto qualquer cavaleiro mais experiente. –Jimmy disse nos surpreendendo.

—Há alguma chance de convencer seu pai Kira? –Ziva perguntou esperançosa.

—Chiara. –Eu rapidamente a corrijo, não só por ela ter falado meu nome errado, mas também pelo fato de uma única pessoa me chamar assim e não estar mais aqui.

E assim que o faço, me ponho a pensar em Tony DiNozzo, pois conhecendo meu pai como eu conheço, eu sei muito bem que não há chance dele mudar de ideia, mas nesse momento uma ideia passa pela minha cabeça.

—Talvez. –Eu digo e percebo todos me olharem em expectativa, exceto por Abby que me olha desconfiada.

—Se eu conseguisse ganhar ao menos uma competição, meu pai se convenceria que eu posso competir e me sair bem. –Eu digo.

E vejo o olhar reprovador de Abby que percebe muito bem onde quero chegar.

—Vai haver um pequeno torneio nas redondezas em três semanas, talvez você tenha a chance. –Jimmy sugere.

—Ziva? –Chamo a minha quase treinadora.

—Eu não sei nem se Gibbs vai aprovar a mudança de faixa etária, quanto mais desobedecer seu pai. –Ziva diz.

—Podemos dizer ao meu pai que Palmer está treinando e quando contarmos ao Tony, também contaremos a ele. –Abby diz e eu não posso negar que talvez ainda haja esperanças para ela.

Exceto que Gibbs tem de saber e meu pai não precisa saber.

Mas também tem o fato de que embora Gibbs seja carrancudo, creio que podemos convencê-lo mais fácil do que meu pai. Ao menos essa é a minha esperança.

—Então pessoal, o que me dizem? –Pergunto confiante.

—Estou dentro se vocês estiverem. –Palmer é o primeiro a dizer.

—Acho bom que você me ajude a limpar os estábulos quando meu pai descobrir Kiki. –Abby diz fazendo uma clara alusão ao castigo preferido do senhor Gibbs.

—Espero não me arrepender depois. –Ziva diz voltando a sua expressão taciturna habitual.

—Então vamos lá né Stormi. –Eu digo por fim e a égua tordilha relincha em resposta.

Eu que há pouco era solitária e não tinha muitos amigos, agora tenho uma equipe e um propósito: Desert Storm e Chiara Todd DiNozzo ainda vão conseguir o 1º lugar no Torneio de Salto Júnior Regional e ninguém vai nos impedir, nem mesmo Anthony "Tony" DiNozzo Jr.

Que Deus me ajude.

E que Jack não descubra, mas se ela descobrir, que ela me ajude também.

Por falar em Jack, lembro-me então que os pais de Abby já devem estar por chegar, sendo assim me apresso em descer da égua e dar por encerrada a reunião de hoje.

—Mas você não pode ir, temos que treinar mais. –Ziva diz.

—Os pais de Abby estão quase chegando, se eles me descobrem aqui... –Eu digo.

—Minha mãe provavelmente terá um treco, ela é cheia de paranoias. –Abby diz.

—E o senhor Gibbs provavelmente nos fará limpar até o teto dos estábulos. –Jimmy diz se encolhendo.

—Vocês tem toda a razão. –Ouço uma voz bem conhecida por mim dizer.

E então nós quatro nos viramos para encarar a figura ali nos observando a uma distância não tão segura.

Talvez agora fosse uma boa hora para haver um ser divino para interceder por nós.


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Notas finais do capítulo

E acabou com suspense!!!
Quem vocês acham que os encontrou? Que comecem as apostas *-*
Sei que esse capítulo foi beeeem menor que o anterior, mas foi para não cansar vocês, pq na verdade ele meio que faria parte do anterior, mas aí ele ficaria muito grande.



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