Você quer escrever uma história comigo? escrita por HinataSol


Capítulo 3
Gentileza em meio a repreensão: nosso (re)começo


Notas iniciais do capítulo

Bom, voltei!
Agradeço ao comentário que a Kelly DPaula deixou no capítulo anterior. ♥

Pessoal do Nyah! não sejam fantasmas! >.>

Resmonear = resmungar
Aterrador = aterrorizador
Condescendente = flexível
Magnânima = generoso, bondoso
Botei o significado dessas palavras, pois... não sei. Achei que seria melhor. Mas me digam, se preferirem, eu retiro :)

Boa leitura!



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Depois de cinco semanas trabalhando com Hinata, e sem qualquer progresso com o livro, eu simplesmente cheguei à conclusão de que devia descartar a história.

— Você não pode fazer isso com o seu livro! — ela me repreendeu, pela enésima vez. Tirou o impresso do lixo exclusivo para papéis e jogou sobre a mesa à minha frente, olhando-me de maneira grave e intimidante.

Encolhi-me na cadeira giratória e engoli a seco.

— Olha, Hinata, eu aprecio a sua disposição em me ajudar. De verdade. Mas, não dá! Esse livro está uma merda! — disse e, vendo seu rosto se contorcer, pedi — Desculpe a expressão.

Ela respirou profundamente e colocou o polegar e o indicador sobre o nariz, próximo ao vale entre os olhos. Hinata se assentou na cadeira que ficava de frente para a minha e fechou os olhos por uma brevidade de momento.

Era estranho. Mas nesse período tão curto em que estive com Hinata eu já poderia dizer que a considerava uma amiga.

Se houvesse aceitado a aposta do ero-sennin antes, com certeza eu perderia. Ele possuía plena razão sobre ela.

Ao primeiro contato, considerei que Hinata parecia um tanto estranha. Os olhos dela desviavam com facilidade conforme ela falava, sua voz muitas vezes soava baixinho, ela tinha um jeito introvertido que à primeira vista soava esquisito, mas que com o tempo se tornava realmente interessante. Ela era... hm, agradável e, talvez, exigente.

— Olha, eu te entendo. De verdade. Eu não sou escritora e não tenho uma trilogia de sucesso... Meu nome não está em risco de ir para a lama como o seu, mas eu te entendo. Quanto mais a gente tenta remendar a história, mas esburacada ela fica. Está sendo complicado para mim também, porque eu quero te ajudar a fazer isso dar certo — ela disse com sinceridade. — Mas você precisa colaborar um pouco também. Se for para reclamar que está tudo “uma merda” ou “uma bosta” toda vez que a gente tentar modificar algo, não faz sentido ficarmos aqui insistindo nisso. É, e continuará sendo, uma perda de tempo. Você precisa querer fazer isso dar certo.

Sim, Hinata era incrivelmente rígida, embora também fosse extremamente compreensiva e gentil. Ela tentava entender o lado alheio ao mesmo tempo que dava um “choque de realidade” na pessoa. Ela lhe esbofeteava com a verdade, mas também confortava com palavras de consolo e incentivo.

Ela era incrível!

Eu respirei fundo e joguei a cabeça para trás, sobre o encosto, enquanto refletia sobre isso.

Estava à vontade.

— E o que você me sugere? Não seria melhor eu jogar isso fora ao invés de ficarmos aqui desperdiçando nosso tempo? Eu já vi que não levo jeito para esse tipo de história.

Hinata me olhou com resignação.

— Eu não acredito nisso! — ela murmurejou. — O Menma nunca desistiria por conta de uma dificuldade ou duas — ela acusou, talvez tentando me intimidar.

Não iria funcionar, obviamente.

— O Menma não é real, Hinata. E, também, mesmo ele desistiria depois de umas trinta dificuldades.

A expressão dela de ultraje seria cômica se não fosse constrangedora. Parecia que eu havia insultado alguém de sua família.

— Até parece que não conhece o personagem que criou — o tom dela era acusatório e, mesmo assim, quase sonhador. — Menma-kun não desistiria assim tão facilmente. Eu tenho certeza.

Resmoneei.

Eu já sabia disso, mas ainda era assustador saber o quanto alguém pode ser influenciado por uma história. O quanto as reflexões as quais alguém se deixa ser exposto podem influenciar seu modo de pensar e viver. É profundo em demasia enxergar que os ideais do meu personagem encantaram tanto alguém como Hinata. Era aterrador ver o como ela havia se conectado a uma história, o quanto ela parecia ter sido marcada por aquilo.

— Menma tem alguém que não desiste dele — eu rebati, com brandura. — Mesmo quando ele pensa em desistir, ela está lá com ele. Apoiando e incentivando ele, não deixando ele se entregar à própria tristeza.

Ela encheu as bochechas de ar e eu ri fracamente.

— Eu estou aqui para isso — ela contou, a fazer com que eu a admirasse, cheio de surpresa. — Pensei que já houvesse entendido.

— Hinata... — eu iniciei.

Apesar de estarmos nos dando bem, nós não éramos as pessoas mais próximas do mundo.

Hinata e eu não éramos bem dizer amigos. Minha relação com ela era praticamente contratual. Eu tinha um livro para publicar e Hinata estava encarregada de avaliá-lo. A história estava rasa e, após tantas remendas, ficou um verdadeiro lixo. Infelizmente, preciso admitir. Meu dever era escrever algo bom e o dela era dar o aval; ou rejeitar, caso estivesse ruim. E estava ruim, muito ruim.

Fazia-se necessária a admissão, tanto minha quanto de Hinata. Não fosse o fato d’ela ser fã da trilogia do Ninja da Folha, a rejeição do meu romance já estaria registrada no sistema eletrônico da editora naquela hora.

Talvez, apenas talvez, eu estivesse apoiando uma atitude condescendente de Hyuuga Hinata. Eu disse talvez.

E, mesmo que ela dissesse que o próprio nome não estivesse em risco de ir para a lama, eu poderia facilmente discordar. O que a diretoria diria se soubesse que o pedido de avaliação foi removido apenas por a revisora ser “fã” de outra obra do autor? E mais! Arrepio-me inteiramente somente por imaginar os olhos gélidos e sem piedade de Hiashi sobre a filha, julgando-a por ser em demasiado magnânima.

Suspirei.

Seria injusto com Hinata se eu não desse o meu melhor nesse livro. Eu seria ingrato se não me empenhasse em fazer tudo o que podia para a história ser verdadeiramente aceita por ela e aprovada pela editora.

Sorvi o ar com profundidade, decidido sobre o que faria.

— Hinata — repeti seu nome, porém de um jeito mais firme, resoluto —, jogue esse livro fora. Eu irei escrever uma nova história.

Vi quando os claros lábios dela se entreabriram em surpresa. Suas sobrancelhas bonitas e negras como a noite se arquearam, adornando a mais fina expressão de perplexidade.

Ela deixava visível sua dúvida e transparecia um estado de questionamento interno. No entanto, recompondo-se, meramente questionou:

— Você tem certeza?

Anui.

— Sim. Vamos modificar toda a história.

— Vamos? — ela questionou e eu ri. Já esperava o tom indagativo.

— Acho que é justo você me ajudar depois de ter recusado meu livro... — eu brinquei. — E, também, acredito que não consigo fazer isso sozinho. Foi você quem me fez ver o que havia de errado em tudo o que escrevi... Eu já percebi isso, que você tem bons olhos...

Ela fez silêncio por alguns instantes, enquanto pesava minhas palavras.

— Uau!... isso foi... inusitado. Eu... nem sei o que dizer... Mas essa foi uma decisão repentina.

— Na verdade, não — admiti e murmurei — Desde que começamos a tentar preencher as brechas, eu venho pensando que o melhor talvez seja recomeçar tudo do zero. Só não queria descartar tudo de uma vez sem tentar.

A expressão facial dela se converteu em um franzir de sobrecenho e um crispar fino de lábios.

— Acho que entendo seu ponto — falou ela. — Não é muito inteligente continuar insistindo em algo que está dando errado. Deixar de lado e começar algo melhor parece uma decisão mais sábia... Mas você já tem algo em mente, então?

Sorri enquanto balançava a cabeça.

— Vamos escrever algo simples, rotineiro e até cômodo, mas que traga a sensação de conforto e naturalidade. Algo que surge através do companheirismo, entre os altos e baixos da vida.

O rosto dela se iluminou.

— Sua ideia parece remeter a Menma e Hina — ela percebeu. — A relação deles se desenvolve em plano de fundo, com um sentimento forte e uma ligação mais forte ainda. Ela se inicia com a admiração e cresce com confiança, mutualidade e se torna algo forte, infindável e cheia de reciprocidade. Os dois se amam muito, de formas diferentes e demonstrações diferentes, mas se amam. É algo simples e duradouro. Incrivelmente comum. Mas forte, muito forte.

— Você capta as coisas de forma surpreendente — eu murmurei, quase constrangido.

A profundidade das observações de Hinata era aterradora. Ela conseguia extrair minúcias de coisas que aparentemente são supérfluas. Enxergava tudo com olhos clínicos. Peguei-me questionando se aqueles olhos bonitos não tinham quaisquer habilidades além da humana comum da visão.

Ela apenas sorriu.

E eu acrescentei:

— Mas vamos fazer as coisas do jeito certo. Quero registrar formalmente o pedido de retirada de avaliação da história. Não quero prejudicar você — resmunguei. — Quando terminarmos o novo livro, você pode abrir outro protocolo.

Hinata concordou emudecida, mas então questionou:

— Você já sabe o que quer escrever, mas já decidiu por onde começar?

Eu arqueei as sobrancelhas e depois sorri. Pus os braços cruzados atrás da cabeça e, fechando os olhos, respondi:

— Não mesmo!


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Notas finais do capítulo

Eu vou fazer uma pequena pausa (um pequeno semi-hiato) pelas próximas semanas, mas quis terminar esse capítulo e postar antes. :)
Como sempre, qualquer coisa referente à fanfic, avisem.
Não esqueçam da "Campanha NaruHina".
E não se esqueçam de comentar caso tenham gostado. Não digo só aqui, mas também nas fanfics que estão lendo e não têm comentários. Muita gente fica desanimado por falta de comentários. E eu já fiquei muito triste por ter fanfics que eu lia e o autor desistiu por falta de incentivo. :'(



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