Você quer escrever uma história comigo? escrita por HinataSol


Capítulo 1
O caso de um coração partido com a rejeição


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!

Fanfic postada para a campanha NaruHina.
Leiam mais nas notas finais.
Boa leitura!



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Capítulo 1
Entre mim e meu livro: o caso de um coração partido com a rejeição

 

 

 

Conhecia Jiraiya desde quando eu era garoto. Afinal, ele era o meu padrinho e criou esse jovem órfão que vos fala — no caso, eu —, desde quando era um menino minguado. Então, no instante em que ele jogou o meu impresso sobre a mesa e suspirou, prendi a respiração.

Aquele era um hábito dele quando iniciaria um discurso o qual não gostaria de fazer: um suspiro, seguido da mão que passeava pelos cabelos brancos, passava sobre um lado da face e parava sob o queixo. Ou seja, viria uma notícia ruim; para mim, obviamente.

Jiraiya puxou a caneca de café que estava sobre o porta-copos de mesa e a serviu para si. Ofereceu-me uma outra e neguei.

A caneca era desenhada com o símbolo da bandana da folha, uma vila fictícia da última série de livros que escrevi, e o kanji que significa “fogo”. Ele bebeu um gole e, vagaroso, colocou ali sobre a mesa outra vez.

Meus olhos seguiam cada movimento seu.                               

E quando ele colocou os cotovelos sobre a mesa, cruzou as mãos e dedilhou a parte inferior dos lábios, eu revirei os olhos.

— Diga logo o que quer dizer. Não pode ser tão ruim assim, ero-sennin — reclamei com ele.

E, antes que haja qualquer estranheza para com a alcunha, ero-sennin foi o apelido que o dei quando eu ainda tinha por volta de 12 anos e descobri que meu padrinho era a pessoa mais tarada que alguém poderia conhecer; isso serve para justificar o ero. Já o sennin é porque, apesar disso, Jiraiya é uma pessoa brilhante, um sábio, por definição própria.

Nenhum pouco humilde, eu diria.

Ele fechou os estreitos olhos outra vez, antes de torná-los a abrir e exprimir a terrível sentença.

— O seu novo livro foi rejeitado, Naruto.

Ah, sim. O livro foi rejeitado...

Demorou breves segundos até que suas palavras finalmente fossem compreendidas por mim. E, quando o fiz, arregalei os olhos.

Okay! Digamos que eu não era lá o grande gênio dos romances. Sempre tive maior habilidade quando se tratava de escrever sobre fantasia, aventura e ação, mas ter a história rejeitada a essa altura do campeonato me surpreendeu.

Feriu completamente o meu ego, estraçalhou meu orgulho de escritor.

Não que fosse a primeira vez que eu sofri alguma rejeição com algo escrito por mim, todavia, eu já vinha construindo uma carreira, modéstia à parte, brilhante; de sucesso. E meus livros vendiam bem, muito bem. São aquele tipo de histórias que eu e a maioria dos jovens gostamos de ler. Apesar da minha trajetória estar em seu início, meu nome já vem a agregar algum peso. Não esperava uma rejeição agora. Não mesmo.

— Você só pode estar brincando — eu resmunguei, enquanto o ar saia lenta e pesadamente por entre meus lábios.

Meus olhos perderam o foco e, sim, a reação que tive foi a da não aceitação. Não me julgue!

Jiraiya suspirou audivelmente.

— Eu sinto muito, garoto. Eu sei que deve ser horrível para você, mas..., não tem jeito fácil de dizer isso... acho que você não leva muito jeito para romances.

Eu o olhei irritado.

A recusa já me dizia isso.

— Ora! Não me diga! — disparei. Logo, porém, recompus-me. Meu padrinho não tinha culpa da minha aparente incompetência para escrever uma história melosa. — Desculpa, ero-sennin, você não tem nada a ver com isso. É só que... eu dei tanto de mim nesse livro. Passei os últimos dez meses me dedicando a essa obra dia e noite. Esperava que ele fosse ser muito bem aceito.

— Sinto muito, filho — ele lamentou.

Eu balancei a cabeça.

Eu não estava mesmo preparado para isso, admito.

Não sou o escritor mais renomado do mundo, mas tenho uma bela trilogia de livros que me custaram cansativos quatro anos para serem profissionalmente terminados. Devido a isso, mesmo que fosse uma aposta em algo diferente do meu público alvo e preferência de leitura, quis me dispor a escrever um romance antes de iniciar outra saga.

— Eu queria arriscar em outro gênero, tentar algo diferente. Parece que eu falhei miseravelmente, não é?! — eu gracejei, intentando tornar a situação menos ruim ao externar.

Para constar, não deu muito certo. Apenas me senti ainda mais inútil.

— Olha! — Jiraiya exprimiu e se ajeitou sobre a cadeira do outro lado da mesa, parecia procurar a melhor maneira de continuar. — Não é de todo mal.

Eu arqueei as sobrancelhas e o interrompi.

— Não?

Ele bufou.

— Deixe-me falar, seu imbecil! — ele bradou, já se irritando. — A revisora, a que rejeitou seu livro, ela está disposta a te ajudar com os detalhes que faltam na história — ele falou. — Pode parecer maldade, mas eu afirmo com toda a certeza do mundo que ela não devia querer rejeitar seu texto.

— Você só pode estar brincando comigo — eu reclamei e bufei. — Ela quem decide isso! Se não quisesse, não teria rejeitado.

— Não. É sério. Ela é filha do Hiashi e é, assim, da sua idade. E, na verdade, acredito que ela goste das suas histórias. Hinata me disse que o livro não estava de todo ruim, só... que faltava algo. Ela disse que você pode fazer mais, que você pode melhorar o livro e, se fizer isso, então ela dá o aval para a publicação — ele contou e confidenciou. — Ela ainda não fez a rejeição “oficialmente”. Para a editora, sua história ainda está como “em análise”.

Eu rolei os olhos, prestando atenção em nada especificamente.

Filha do Hiashi?

Hm...

Não possuía certeza se isso seria bom ou ruim. A situação toda parecia ter se tornado uma grande merda, perdoe-me o termo.

A editora em que publiquei meus livros, e Jiraiya trabalha, se chama Lugar ao Sol e Hiashi é atualmente o acionista majoritário, sendo que a empresa é de sua família há mais de duzentos anos, desde a fundação. Ele é literalmente o dono daqui. E eu nunca tive contato com a filha dele, nem mesmo me recordo de tê-la visto por aqui. Nem sabia que ela existia, na verdade.  Mas, se for metade do pai, a chatice dela tornará insuportável qualquer proximidade.

— Hm, um Hyūga de saias? — fingi um tom pensante ao finalmente dizer algo. — Eu acho que não. Um romance de volume único não vale todo o sofrimento.

— Não seja cabeçudo! — Jiraiya ralhou. Ele emburrou a face. Parecia realmente ter se chateado. Se com minha atitude em si ou com o fato de zombar do Hyūga pai e da Hyūga filha, eu não o saberia dizer. — Sei que o Hiashi é complicado. Ele é muito rígido e metódico, mas não é esse monstro que você está pintando, não. Garanto que Hinata menos ainda. Aposto metade do meu salário que você se surpreenderá ao conhecê-la.

Arqueei as sobrancelhas.

Eu duvido muito.

— Ero-sennin, eu aprecio o que você tem feito por mim, mas não acho que realmente vale a pena.

O padrinho foi quem me introduziu no mundo da leitura. Ele escreveu vários contos de aventura e fantasia e eu era um de seus maiores fãs desde sempre. Sem dúvida alguma, Jiraiya foi minha maior fonte de inspiração e incentivo.

Ele suspirou.

— Não diga isso, Naruto. Se você escreveu essa história, ela tem, sim, algum valor. Talvez, você mesmo só não descobriu ainda.

Não acreditei muito naquilo. Qual o sentido, afinal? Se a história de um autor que já está, consideravelmente, famoso foi rejeitada, é por que ela deve estar bem ruinzinha, né?

— Está bem...

— Não seja tão dramático, Naruto — Jiraiya reclamou. — Pense que a editora tem um nome a zelar, assim como você. Você recebeu ótimas críticas com sua primeira trilogia. É ruim para você, agora experiente, escrever algo inferior e, também, é ruim para a Hyuuga publicar uma história que está propensa a receber avaliações negativas em massa.

Depois de ouvir isso, eu me levantei da cadeira e me despedi do padrinho, dando-lhe um tchau e fechando a porta ao sair. Não queria prolongar aquilo.

Naquele momento, eu não possuía muita certeza de nada sobre aquele livro. A partir do instante em que a palavra “rejeitado” foi associada a ele, qualquer prazer que poderia vir a sentir com a obra foi destruído. Não é como se eu esperasse dele a mesma sensação que tive ao construir a trilogia do ninja Menma, mas seria uma mentira sem tamanho dizer que não esperava algo bom vindo dele.

Quando cheguei em casa, fui direto até meu quarto e, antes de me jogar na cama para encarar o teto em sentimentos conflitantes, taquei na lixeira o impresso que havia escrito.

Simplesmente foi a minha maior frustração no ano até então.


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Notas finais do capítulo

:v Eu sei, eu sei. Não devia estar postando outra fanfic... Gomen.

Mas, gente! Vocês já ouviram falar da Campanha NaruHina?
Não? É uma campanha por mais fics NaruHina aqui no Spirit.
Postei um jornal no meu perfil no spirit há algum tempo. Leiam lá: https://www.spiritfanfiction.com/jornais/campanha-naruhina-18698639

:v

Se gostarem, não deixem de comentar, acompanhar e marcar o favorito. Significa muito pra mim.


P.S.: O kanji para "Hyuuga" pode ser lido como "Hinata" em japonês e "Hinata" significa "lugar ao sol" ou "lugar ensolarado".



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