A Segunda Onda escrita por Pandora Ventrue Black, Ella


Capítulo 7
Capítulo 6: Mudanças são necessárias


Notas iniciais do capítulo

"Toda reforma interior e toda mudança para melhor dependem exclusivamente da aplicação do nosso próprio esforço." - Immanuel Kant



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P.O.V Altair

 

Já fazia duas semanas desde o massacre em Entrisk. 

Duas semanas desde que todos aqueles inocentes foram massacrados, sem nenhum motivo. 

Eu havia juntado um grupo grande da irmandade para enterrar a todo. Os Irmãos do Sol haviam feito um funeral conjunto para todos os mortos, com piras e rituais. Várias pessoas de bairros vizinhos compareceram, todos com olhos vazios, e aquele foi o último dia em que alguma aglomeração ocorreu. 

Medo. Esse era o único sentimento em toda a cidade. 

Excetuando em claro, os bairros nobres e as máfias. 

Eu vinha planejando golpe atrás de golpe. Roubara não só nobres, mas bancos, secretarias de Estado, cofres, onde tinha dinheiro público, nós atacávamos. Ao mesmo tempo, eu começara a caçar alguns membros da realeza que estiveram envolvidos na perseguição aos membros da Revolução da Lua. 

Antes de morrer, minha mãe havia me contado que meu pai fora um dos líderes, juntamente com Salazar, o pirata, e Niklaus Stryker. Os três fizeram levantes por todo o país, mas falharam. Num período de dois anos, todos foram caçados e executados de forma pública, enquanto outros membros do alto escalão da revolução foram presos e passaram a  trabalhar como escravos. 

Meu objetivo era encontrá-los, mapeá-los, e restabelecer a revolução. 

A casa Imperial fora longe demais. 

Minha mãe também havia me contado sobre as filhas de Salazar e Niklaus. Elas estavam por aí, em algum lugar, e talvez tivessem mais informações sobre o que acontecera.  Nessas últimas semanas, eu vinha tentando encontrar todos eles. 

Hoje eu encontrara a primeira informação concreta: a filha de Salazar se chamava Aurora del Brofemon e era uma pirata ativa a quase dez anos.  Seu navio era grande e sua bandeira é prateada, e ela era um dos maiores calos no pé do governo.

Eu ia achá-la. 

Observo mapa na minha frente. Eu marcara algumas das aparições de Aurora no último ano. Ela aparecia frequentemente nas ilhas do leste. Eu deveria-

Sou tirada dos meus devaneios por batidas na porta.

— Altair! — Reconheço a voz de Harmonia — Temos uma emergência! 

Suspiro e abro a porta. 

— O que aconteceu? 

— Kylo, Jordan e Imanuel encontraram três pessoas estranhas em uma espelunca. A mulher disse que estava procurando por você e atacou Kylo. Eles sequestraram os três e os trouxeram pra cá.

— Procurando por mim? — Estreito os olhos —  Me leve até eles. 

Harmonia me guia até o subsolo. Atravessando o depósito de armas, chegamos na sala de interrogatórios, onde três pessoas estão amarradas a cadeiras. Duas mulheres, uma de 16 anos e outra por volta de 20, e um homem, que tem provavelmente por volta dos 25. Kylo era o único da sala, e segurava uma pistola enquanto observava os três prisioneiros amordaçados. 

— Qual delas que estava me procurando? 

— A do meio — responde o moreno. 

Desvio minha atenção para a mulher de vinte anos. Seus olhos era azuis e intensos, e seu completo despeito era claro em sua expressão, mesmo estando amarrada e amordaçada. Puxo uma das cadeiras e me sento em frente a ela, com meus braços apoiados no encosto da cadeira e a pistola na mão.

— Você tem trinta segundos para me dizer exatamente o que quer comigo — digo tirando a mordaça de sua boca. 

— Eu estava te procurando por causa do seu pai e do envolvimento dele com a Revolução da Lua. 

Gelo por um segundo. 

—  Você é a Aurora del Brofemon? 

—  Não —  responde ela —  Meu nome é Aloisia Stryker, filha de-

—  Niklaus Stryker —  Corto ela, meu choque transparecendo no meu tom. 

A filha do terceiro líder. E ela estava me procurando…?

—  Desamarre-os —  Ordeno a Kylo, que rapidamente me obedece.

—  Finalmente —  O homem resmunga, mas eu mantenho meus olhos na mulher. Ela me encara de volta, os olhos azuis cortantes. 

Sorrio. 

—  Meu nome é Altair Abellona, filha de Darius Abellona, mas acho que você já sabia disso —  Falo por fim —  Creio que temos muito o que conversar, Aloisia. Me sigam. 

Sem esperar para ver como sua reação, eu me viro, indo em direção ao meu escritório. Harmonia me segue sem dizer nada, mas sua expressão está extremamente fechada. 

Subo as escadas até o segundo andar e abro a porta do meu escritório particular. Me sento na minha cadeira costumeira, e minha imediata fica parada em pé ao meu lado.  Os outros três se sentam na minha frente, a mais nova parecendo extremamente nervosa. 

— Quem são os outros dois? 

— Essa é Gaia. Ela ia me ajudar a encontrá-los, mas bem… vocês me encontraram antes. E esse é Ragnar, meu colega de trabalho. 

Nenhum deles faz menção de me comprimentar. Eu apenas aceno com a cabeça, indicando que entendi, e continuo a observá-los. Não esperava ser encontrada por alguém ligado a revolução, muito menos pela filha de Niklaus e ainda mais tão cedo. Alguma coisa claramente estava acontecendo, apesar de eu não saber exatamente o que, eu iria descobrir. 

— Bom, isso claramente tem haver com a Revolução da Lua —  Encaro Aloisia firmemente, estudando sua expressão. Seu rosto não trai nada, mas seus olhos estão levemente tempestuosos e sua postura rígida — O que você quer comigo, Stryker? 

— Eu quero saber o que você sabe sobre a Revolução. 

Continuo a estudando, pensando em minha mente o que exatamente deveria contar a ela. Deveria deixar clara a minha ignorância? Blefar?

—  Não muito — Admito por fim, deixando minha irritação com a situação transparecer — Minha mãe apenas mencionou o básico antes de morrer, e os documentos da nobreza se mostraram bem… escassos em informação. Honestamente, eu nem sabia quem você era, apenas seu pai. Eu descobri sobre a Aurora, e sei que ela vem atacando o governo, principalmente nas ilhas do leste, mas não consegui rastreá-la ainda, ou qualquer outro revolucionário conhecido, apesar de ter alguns nomes. E você? 

— Meu chefe conhecia nossos pais e ele me contou um pouco sobre isso. Ele também conhece você, já que a Irmandade fornece armas para ele. Seu nome é Drake. 

Franzo as sobrancelhas, tentando localizar exatamente quem ela mencionou. Olho de relance para Harmonia que responde o questionamento em meus olhos:

— Drake é o líder da Sanguinium, da cidade de Serry.

Evito demonstrar surpresa, mas minhas mãos se aproximam da pistola imediatamente. 

A Sanguinium era uma das maiores Seitas de Assassinos do país. O que significa que tanto Aloisia quanto Ragnar são mais do que capazes de matar todos nós se eles quiserem. 

Imediatamente uso meu sentido de metais para ver as armas que eles carregam, e noto a falta de precaução de Kylo ao perceber que ambos ainda estavam armados. Drake era um cliente fiel e fornecíamos suas armas há anos, mas isso não significava que eu confiava em nenhum dos dois assassinos na minha frente de não atacar. 

— Se você investigou a Aurora, você pode me dizer se ela terá as informações que eu preciso? — Pergunta a assassina quebrando o silêncio tenso que se instalara.

— Provavelmente — respondo — Ela já tinha 15 anos quando o pai dela morreu e, além disso, a mãe dela ainda aparece como uma pirata ativa no governo. Mesmo que Aurora não saiba muito…

— A mãe dela deve saber — conclui Aloisia — E você não sabe onde ela está? 

— Não. Eu estava ainda reconstruindo as rotas dela dos últimos meses para tentar descobrir onde ela deve atacar da próxima vez. 

— Então você é inútil — retorquiu a morena com um tom irritadiço — Não acredito que eu tive que aguentar ser sequestrada para nada. 

— E eu não acredito que tive minha folga da noite interrompida por que você resolveu antagonizar meus homens — Retruco no mesmo tom — Você que veio para o meu território, não tenho culpa se não gostou do que encontrou. Aliás, por quê agora, depois de todos esses anos, você está procurando informações sobre a Revolução?

— Por quê você está?

— Eu perguntei primeiro — Falo depois de uma longa pausa.

— O governo matou alguém, — Responde ela por fim — alguém que merecia mais. 

De repente, sinto a irritação desaparecer. é tão fácil redirecionar minha raiva e tentar pensar em tudo da forma mais racional possível que eu nem percebera um fato que agora era claro como o dia. 

Aloisia era igual a mim. Ela havia perdido o pai para o governo, passou por dificuldades, se tornou uma criminosa — e agora tivera a gota d‘água. Deixo meu escudo abaixar um pouco, e minha tristeza aparecer em meu rosto. 

— Eles massacraram todo um bairro. Faz apenas duas semanas — Conto baixinho — Tantas pessoas inocentes…

Balanço minha cabeça, afastando o pesar. Estou prestes a falar algo quando vejo a expressão de ódio no rosto de Aloisia, mas não direcionada a mim. 

Me viro para a janela, e vejo no porto, um navio vermelho com bandeiras prateadas. E, caminhando em sua direção, a guarda de Seranska, pesadamente armada. 


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